Capítulo 103Vincenzo MariniFrança | 24 de MaioAquele escritório estava começando a me sufocar, porque o meu pai continuava falando sobre Marcelus precisar ir para a Itália, e o meu irmão por outro lado… não tinha paciência nenhuma para isso. Ele sentava ali, fingindo prestar atenção, enquanto eu sabia que, por dentro, ele já tinha tomado sua decisão há muito tempo — que no caso, era não voltar para a Itália tão cedo. — Marcelus, isso não é só sobre você. — Meu pai repetiu pela milésima vez, a voz grave dele ressoando na sala. — Não dá pra continuar ignorando isso.Marcelus só deu aquele sorriso irônico de sempre. Ele não estava nem um pouco preocupado com o que nosso pai achava. E eu? Bom, eu estava mais interessado em ver como Marcelus ia escapar dessa conversa do que em discutir a logística de voltar para a Itália, — porque pra mim? Era óbvio que meu irmão já estava preparando sua saída.— Eu volto quando achar que é a hora certa. — Ele respondeu, com aquele tom calmo que irrita
Capítulo 104Clare VallenceFrança | 24 de MaioQuando cheguei na varanda do segundo andar e percebi que Mia não estava lá, meu primeiro instinto foi descer de volta e me afastar de todo o caos que estava acontecendo naquela casa. Minha cabeça estava um turbilhão de pensamentos, como se fosse impossível separar o que eu realmente sentia sobre tudo. "Merda, Clare, você deveria estar longe daqui…" pensei, considerando a ideia de ir para a cabana e organizar meus pensamentos, porque naquele momento… essa parecia ser a única alternativa plausivél.Mas antes que eu pudesse tomar uma decisão, Anders começou a conversar comigo, e de algum jeito, a leveza no jeito dele me prendeu ali. A forma como ele falava, o tom bem-humorado, me fez relaxar um pouco, o que parecia impossível considerando tudo que eu tinha acabado de passar. Não havia nenhuma tensão nas palavras dele, nada de manipulações ou joguinhos, apenas uma conversa descontraída.— Mia deve ter se distraído no caminho. — Ele disse co
Capítulo 105Marcelus MoreauFrança | 24 de MaioSaí do escritório às pressas — porque eu não queria correr o risco do meu pai voltar —, com o som das palavras do meu pai ainda ecoando na minha cabeça. Eu estava cansado da mesma conversa de sempre, e tudo o que eu queria agora era fugir da ideia de ir pra Itália. Meu pai, como sempre, tentava me convencer de que “era o melhor para a família”, que eu precisava “me reconectar com as raízes”. Que diabos isso significava? Eu já tinha minha vida aqui, já tinha construído tudo o que queria pra mim na França. O que eles achavam que ia mudar? No segundo que eu pisasse naquele país, os velhos da família iam me enfiar uma aliança no dedo e me arrastar de volta pro jogo de poder deles? Negócios familiares, e todo o ciclo de controle que eu sempre tentei evitar. "É como se eu fosse só uma peça num tabuleiro," pensei, sentindo a raiva crescendo no fundo da minha mente. E por quê? Porque eles nunca aceitariam o que eu realmente queria. Eles nun
Capítulo 106Marcelus MoreauFrança | 24 de MaioQue Clare era capaz de bater em alguém, disso eu não duvidava nem por um segundo. Eu já tinha visto o fogo nos olhos dela quando ficava irritada — e claro, o jeito que ela puxou o cabelo de Íris pra tirar ela de cima de mim, mais de uma vez —, e confesso que parte de mim até gostava disso. Clare não era frágil, ela tinha força. Mas agora, pensar que ela teria batido em Íris porque... queria ficar com Anders? Isso pra mim, só parecia uma puta piada de mau gosto. Mesmo assim, o sangue começou a ferver só de imaginar a cena que Íris pintava. Não fazia o menor sentido… Clare e Anders? Só de pensar nisso, minha cabeça parecia que ia explodir.“Aquele filho da puta ainda não aprendeu a se colocar no próprio lugar?” Eu acabei pensando, fazendo com que os meus passos se tornassem mais pesados, mais rápidos. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim já estava infectada pela dúvida. "Clare com o Anders..." Aquela frase de Íris repetia na minha ment
Capítulo 107 Clare Vallence França | 24 de Maio Eu não sabia o que diabos estava acontecendo. Tudo parecia girar tão rápido que eu mal conseguia entender o que estava se passando. Antes, eu estava tendo uma conversa leve com Anders, tentando me desligar de toda aquela confusão, e agora, aqui estava eu, sendo arrastada pelos corredores por Marcelus, que estava completamente fora de si. O olhar dele era puro fogo, e eu sabia que qualquer palavra que eu dissesse agora seria inútil. Ele me puxava com força, sem sequer olhar para trás, os dedos dele firmes ao redor do meu braço como se quisesse me manter perto a qualquer custo. E eu? Eu não sabia como reagir. Parte de mim queria gritar, dizer que ele estava exagerando, que estava maluco por pensar que eu faria qualquer coisa com Anders. Mas o jeito que ele me olhava, a forma como me arrastava... era como se ele estivesse pronto para explodir a qualquer segundo, — e eu não tinha certeza de como isso terminaria. Meus pés se moviam qua
Capítulo 108Clare VallenceFrança | 24 de MaioEnquanto os nossos corpos iam até a cabana, o ar parecia ficar ainda mais denso, carregado com uma eletricidade palpável que ecoava em cada movimento que fazíamos. O silêncio, antes preenchido por pensamentos confusos e emoções conflitantes, agora era interrompido apenas pela respiração acelerada de Marcelus e pelo som abafado dos nossos corpos se movendo juntos. O espaço entre nós, que já era tão pequeno, parecia desaparecer por completo.E assim que entramos na cabana, e Marcelus trancou a porta atrás de si, ele estava tão perto, os olhos dele brilhando com uma intensidade que queimava como fogo. O toque dele não era mais suave; era possessivo, como se ele quisesse garantir que eu soubesse, sem sombra de dúvida, que naquele momento… eu era dele. Eu senti o calor das mãos de Marcelus na minha pele, cada toque dele enviando uma onda de eletricidade pelo meu corpo, como se cada célula estivesse acordando.Os beijos se tornavam mais intens
Capítulo 109 Clare Vallence França | 25 de Maio A luz suave da manhã invadiu a cabana, se filtrando pelas cortinas de maneira quase imperceptível. Meus olhos se abriram devagar, como se meu corpo estivesse tentando atrasar o inevitável. Tudo ao meu redor estava quieto, o único som era o das nossas respirações. Marcelus ainda dormia ao meu lado, o braço dele jogado de maneira descuidada sobre a minha cintura, como se até em seu sono ele precisasse me manter por perto. Minha cabeça girava, uma sensação familiar de confusão misturada ao cansaço que eu conhecia bem. A noite anterior parecia um borrão de calor, raiva, e algo mais profundo que eu não queria, — ou melhor não podia —, nomear. Meu corpo ainda sentia o eco do que aconteceu, mas minha mente estava longe de descansar. Ao contrário de Marcelus, que parecia relaxado, completamente entregue ao sono, eu não conseguia desligar. Meus pensamentos voltaram ao jantar, à taça de vinho que Anders me ofereceu, àquela conversa que deve
Capítulo 110Clare VallenceFrança | 25 de MaioEu sabia que não podia mais lutar contra o que sentia. Era inútil. A verdade me atingiu com uma força avassaladora: eu estava completamente apaixonada por Marcelus, e por mais que eu quisesse, não havia como fugir disso. Me apaixonei por ele, e essa realidade era como uma corrente que me arrastava para o fundo, porque eu até poderia tentar nadar contra, mas no final, só iria me afogar mais rápido.Olhei novamente para Marcelus, ainda dormindo, e percebi que não podia mais seguir aquele ciclo de destruição. Eu não podia continuar sendo apenas uma peça no jogo dele, alguém que ele mantinha por perto porque ele queria. Eu precisava tomar de volta o controle da minha vida. Se continuasse ali, as coisas só piorariam. Eu me perderia completamente nele, e não havia como voltar de uma queda tão profunda.Respirei fundo, tomando uma decisão. "Chega." Não era uma decisão fácil, mas era necessária. Eu não podia mais ficar naquela cabana, não pod