Capítulo 108Clare VallenceFrança | 24 de MaioEnquanto os nossos corpos iam até a cabana, o ar parecia ficar ainda mais denso, carregado com uma eletricidade palpável que ecoava em cada movimento que fazíamos. O silêncio, antes preenchido por pensamentos confusos e emoções conflitantes, agora era interrompido apenas pela respiração acelerada de Marcelus e pelo som abafado dos nossos corpos se movendo juntos. O espaço entre nós, que já era tão pequeno, parecia desaparecer por completo.E assim que entramos na cabana, e Marcelus trancou a porta atrás de si, ele estava tão perto, os olhos dele brilhando com uma intensidade que queimava como fogo. O toque dele não era mais suave; era possessivo, como se ele quisesse garantir que eu soubesse, sem sombra de dúvida, que naquele momento… eu era dele. Eu senti o calor das mãos de Marcelus na minha pele, cada toque dele enviando uma onda de eletricidade pelo meu corpo, como se cada célula estivesse acordando.Os beijos se tornavam mais intens
Capítulo 109 Clare Vallence França | 25 de Maio A luz suave da manhã invadiu a cabana, se filtrando pelas cortinas de maneira quase imperceptível. Meus olhos se abriram devagar, como se meu corpo estivesse tentando atrasar o inevitável. Tudo ao meu redor estava quieto, o único som era o das nossas respirações. Marcelus ainda dormia ao meu lado, o braço dele jogado de maneira descuidada sobre a minha cintura, como se até em seu sono ele precisasse me manter por perto. Minha cabeça girava, uma sensação familiar de confusão misturada ao cansaço que eu conhecia bem. A noite anterior parecia um borrão de calor, raiva, e algo mais profundo que eu não queria, — ou melhor não podia —, nomear. Meu corpo ainda sentia o eco do que aconteceu, mas minha mente estava longe de descansar. Ao contrário de Marcelus, que parecia relaxado, completamente entregue ao sono, eu não conseguia desligar. Meus pensamentos voltaram ao jantar, à taça de vinho que Anders me ofereceu, àquela conversa que deve
Capítulo 110Clare VallenceFrança | 25 de MaioEu sabia que não podia mais lutar contra o que sentia. Era inútil. A verdade me atingiu com uma força avassaladora: eu estava completamente apaixonada por Marcelus, e por mais que eu quisesse, não havia como fugir disso. Me apaixonei por ele, e essa realidade era como uma corrente que me arrastava para o fundo, porque eu até poderia tentar nadar contra, mas no final, só iria me afogar mais rápido.Olhei novamente para Marcelus, ainda dormindo, e percebi que não podia mais seguir aquele ciclo de destruição. Eu não podia continuar sendo apenas uma peça no jogo dele, alguém que ele mantinha por perto porque ele queria. Eu precisava tomar de volta o controle da minha vida. Se continuasse ali, as coisas só piorariam. Eu me perderia completamente nele, e não havia como voltar de uma queda tão profunda.Respirei fundo, tomando uma decisão. "Chega." Não era uma decisão fácil, mas era necessária. Eu não podia mais ficar naquela cabana, não pod
Capítulo 111Marcelus MoreauFrança | 25 de MaioAcordei com uma sensação estranha, como se tivesse perdido algo. Estendi o braço pelo lençol, procurando Clare. O lado dela da cama estava vazio. No começo, pensei que fosse mais um daqueles dias em que ela acordava antes de mim e ia resolver alguma coisa, mas algo não parecia certo. Abri os olhos e olhei ao redor. A cabana estava silenciosa, mais do que o normal. Apenas o vazio.Me sentei devagar, ainda grogue do sono. Esfreguei os olhos e comecei a por Clare pela cabana — e claro, eu comecei pela cozinha, que era geralmente, onde ela estava. — Clare? — Eu a chamei, — você tá ai? — Acabei perguntando, mas… não tinha nenhum sinal dela, em lugar nenhuma. Nem na cozinha. Nem na sala. Nem no banheiro.Nada. — Onde porras ela se meteu? — Eu acabei soltado, apenas para me sentar na cama mais uma vez. Eu olhei para o celular. Nenhuma mensagem. Peguei o telefone e cliquei no número dela. O primeiro toque. Nada. O segundo toque. Nada
Capítulo 112Marcelus MoreauFrança | 25 de MaioEu andava de um lado para o outro na sala da mansão, o celular praticamente colado na mão. Já fazia horas que eu estava tentando ligar para Clare, mas o resultado era sempre o mesmo: caixa postal. Cada chamada não atendida era um soco no estômago, uma confirmação de que, pela primeira vez, ela estava realmente escapando das minhas mãos."Que porra aconteceu?" murmurei, jogando o telefone no sofá com mais força do que deveria. Eu sabia que havia perdido o controle há algum tempo, mas nunca imaginei que seria tão rápido, tão definitivo.Clare fugiu.Passei as mãos pelos cabelos, a frustração me corroendo. Eu precisava de respostas. Clare não podia ter simplesmente desaparecido do nada. O passaporte dela ainda estava comigo, trancado no cofre como uma segurança extra para garantir que ela não pudesse sumir sem aviso. Então, como diabos ela conseguiu sair?Eu sabia que ela tinha ajuda, claro. Mas quem? E por quê?Peguei o celular de novo, d
Capítulo 113Clare VallenceFrança | 25 de MaioEu não devia estar tão nervosa. Não fazia sentido, não quando eu estava voltando para casa, para o único lugar que deveria me trazer algum tipo de paz. Mas, no fundo, eu sabia que a paz não ia chegar tão fácil assim. O som insistente do celular vibrando no meu bolso não me deixava esquecer disso. Marcelus. Ele estava ligando. De novo.Olhei pela janela do jatinho, as nuvens pesadas de Londres começando a aparecer no horizonte. O céu estava cinza, típico. O friozinho que Londres sempre me trazia começava a tomar conta de mim, mas eu não estava exatamente aliviada. O coração ainda batia rápido, a mente confusa com tudo o que eu tinha deixado para trás.Apertei o celular com força na mão, sem coragem de atender. As chamadas de Marcelus não paravam. Eu sabia que ele não ia desistir — mas naquele momento? Eu queria tentar não pensar nisso. Eu suspirei, recostando a cabeça no assento confortável do jatinho. Eu achava que, uma vez longe, as
Capítulo 114Victor VallenceFrança | 25 de MaioEu conhecia minha filha bem demais para acreditar que ela só sentia falta de casa. Clare sempre foi uma mulher forte, independente, e nunca foi do tipo que foge de uma situação sem motivo. Ela dizia que não era nada, que só precisava de um tempo, mas o olhar nos olhos dela, as sombras que carregava nas costas, tudo isso me dizia outra coisa. Algo tinha acontecido na França. Algo sério. E ela… não parecia disposta a falar sobre isso. Eu respeitava o espaço dela. Sempre respeitei. Clare cresceu com liberdade e autonomia, e eu fiz questão de nunca sufocá-la com perguntas ou julgamentos. Sabia que, no momento certo, ela viria até mim se precisasse, como sempre fez. Mas, mesmo assim, não era fácil ver minha filha tão... perdida. Ou pelo menos, tentando esconder que estava.Enquanto ela subia para o quarto, notei o peso no caminhar dela. Um peso que ela não carregava da última vez que a vi. Clare sempre teve aquele jeito forte, determinada
Capítulo 115Clare VallenceFrança | 25 de MaioConversa com meu pai sempre tinha um efeito tranquilizador. Ele sabia exatamente como lidar comigo, respeitando meu espaço e me deixando à vontade para falar ou guardar meus pensamentos. Depois de tanto tempo lidando com a tempestade interna que era estar envolvida com alguém como Marcelus, estar de volta em casa, cercada pela tranquilidade de Londres, me trazia um alívio que eu mal conseguia explicar. Eu me senti quase… normal de novo.Mas, é claro, eu sabia que esse tipo de tranquilidade era temporário. Nada, absolutamente nada que envolvia Marcelus Moreau, ficava quieto por muito tempo. E o celular, vibrando incessantemente com as mensagens que eu insistia em ignorar, era uma prova viva disso.Eu já não contava quantas vezes ele tinha me ligado desde que saí da França, e parte de mim ainda se perguntava por que eu não o tinha bloqueado. Talvez fosse porque, no fundo, uma parte de mim queria saber o que ele estava pensando. Ou talvez