Capítulo 115Clare VallenceFrança | 25 de MaioConversa com meu pai sempre tinha um efeito tranquilizador. Ele sabia exatamente como lidar comigo, respeitando meu espaço e me deixando à vontade para falar ou guardar meus pensamentos. Depois de tanto tempo lidando com a tempestade interna que era estar envolvida com alguém como Marcelus, estar de volta em casa, cercada pela tranquilidade de Londres, me trazia um alívio que eu mal conseguia explicar. Eu me senti quase… normal de novo.Mas, é claro, eu sabia que esse tipo de tranquilidade era temporário. Nada, absolutamente nada que envolvia Marcelus Moreau, ficava quieto por muito tempo. E o celular, vibrando incessantemente com as mensagens que eu insistia em ignorar, era uma prova viva disso.Eu já não contava quantas vezes ele tinha me ligado desde que saí da França, e parte de mim ainda se perguntava por que eu não o tinha bloqueado. Talvez fosse porque, no fundo, uma parte de mim queria saber o que ele estava pensando. Ou talvez
Capítulo 116Marcelus MoreauFrança | 26 de MaioEu sabia que Clare tinha voltado direto pra Inglaterra por conta de Carlo. Mas, quando Nathaniel me ligou pra avisar que ela tinha marcado de passar na casa dele pra ver Ágape e as crianças, eu não acreditei. Não podia ser. Como assim Clare volta pra Londres, depois de todo o caos entre nós, e vai tomar chá, brincar de tia legal e fingir que nada aconteceu? Como se tudo tivesse sido… nada.A ligação foi rápida, mas deixei bem claro que não estava satisfeito.— Ela só quer manter as coisas calmas, Marcel. — Nathaniel disse, tentando apaziguar meu temperamento. — Clare precisa de um tempo pra processar tudo. Você sabe como ela é.— Tempo? — Eu praticamente rosnei na linha. — Nathaniel, eu tô falando de dias sem uma palavra. Sem explicação. Só silêncio. Agora você quer que eu acredite que ela volta e tá tudo bem? Como se nada tivesse acontecido?Nathaniel suspirou, e eu podia imaginar ele esfregando a testa do outro lado, frustrado com a m
Capítulo 117Mario MariniFrança | 26 de MaioEu sempre soube o que estava acontecendo na mansão, cada detalhe, cada movimento. Era impossível manter segredos em um ambiente controlado como aquele. A tensão entre Marcelus e Clare tinha chegado a um ponto em que ninguém conseguia ignorar, nem mesmo eu. Só que, dessa vez, eu queria ouvir da boca dele. Não as versões distorcidas que ouvi pelos corredores, mas a verdade que só ele podia me dar.O problema era que, embora eu soubesse que o relacionamento deles não era falso — qualquer um com olhos poderia ver que aquilo tinha profundidade e claro… muito ciúme —, eu precisava ter certeza de que essa situação não ia se transformar em um problema maior. Principalmente agora, com os anciãos observando cada passo que eu tomava, esperando que eu cometesse um deslize. Um casamento que não trouxesse alianças valiosas à família? Isso já era motivo suficiente para causar a porcaria de um conflito. Se dependesse dos velhos do conselho, Marcelus teri
Capítulo 118Vincenzo MariniFrança | 26 de MaioAssim que Marcelus saiu de casa com aquela expressão de fúria misturada com frustração, eu soube que as coisas ainda estavam longe de se resolver. Ele era assim, completamente impulsivo, se jogando de cabeça nas coisas, querendo resolver tudo do jeito dele. E quando o assunto era Clare, ele ficava ainda mais descontrolado. Aquele temperamento era exatamente o que o meu pai temia, e eu não o culpava. Eu sabia que, se as coisas continuassem assim, Marcelus acabaria tomando uma decisão errada.Suspirei, me levantando da cadeira onde eu tinha observado tudo e fui direto até meu pai, que ainda estava parado no meio da sala. O olhar dele estava perdido, mas eu sabia que sua mente estava a mil, calculando todas as consequências possíveis daquele relacionamento. — Pai, não adianta você pressionar o Marcelus agora. — Comecei, cruzando os braços e tentando manter a calma. — Isso é algo que ele precisa resolver com Clare, e só os dois. Se você co
Capítulo 119Íris ColomboFrança | 26 de MaioEu não conseguia acreditar. Não, isso simplesmente não podia estar acontecendo. Passei a mão pelos cabelos, frustrada, enquanto caminhava de um lado para o outro no salão vazio. Tudo parecia desmoronar à minha volta. Ninguém ali parecia me levar a sério, nem Marcelus, nem Mario, muito menso Vincenzo. Era como se eu fosse uma peça descartável nesse jogo sujo de poder e alianças — coisa que estava me deixando indignadíssima, afinal… eu claramente era a melhor opção, desde o começo.E pensar que eu tinha tentado, mais uma vez, me aproximar de Marcelus antes dele sair daquela casa feito um furacão. Eu vi a oportunidade perfeita quando ele estava claramente irritado, e achei que, talvez, com Clare fora do caminho, eu pudesse encontrar uma brecha. Criar uma cena dramática, algo que fizesse Marcelus lembrar que eu ainda estava ali, que eu poderia ser a mulher ao lado dele. Mas ele mal me deu atenção.Lembro perfeitamente de como tudo aconteceu.E
Capítulo 120 Clare Vallence Inglaterra | 27 de Maio Desliguei o celular, o jogando no banco do táxi enquanto olhava pela janela. Londres parecia estranhamente tranquila, diferente de como eu estava por dentro. Tentei afastar da mente os pensamentos sobre as mensagens de Marcelus, as ligações incessantes e a pressão que ele estava colocando em mim — última coisa que eu queria agora era lidar com isso. O táxi parou em frente à casa de Ágape, e por um momento, senti um alívio. Eu precisava disso — dessa leveza, de um momento sem complicações, sem mafiosos e sem toda a confusão emocional que estava me consumindo. Assim que desci do carro e me aproximei da porta, ela já estava aberta. Ágape estava lá, de braços abertos e aquele sorriso radiante no rosto — sempre tão acolhedora, sempre tão cheia de energia. — Clare! — Ela exclamou, antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa. — Finalmente, garota! Achei que você ia fugir de mim para sempre! Eu ri, sentindo o alívio me lavar como
Capítulo 121Nathaniel BeaufortInglaterra | 27 de MaioEu estava sentado em uma das cadeiras do bar — porque eu tinha que levar Marcel pra qualquer lugar que não fosse a minha casa —, observando Marcelus andar de um lado para o outro, como um leão enjaulado. A mão direita apertava o copo de whisky com uma força que quase parecia que ele ia quebrar o vidro, e a outra estava constantemente indo ao cabelo, o bagunçando como se ele tivesse ficado louco de vez. — Marcel… você precisa parar de andar em círculos, está me deixando com vertigem. — Comentei, tentando cortar o clima pesado que pairava sobre nós. Ele parou por um segundo, olhou pra mim com aquele olhar de quem poderia matar um naquele exato momento — e provavelmente aquele um seria eu se eu não ficasse quieto —, e eu soube que ele estava à beira de explodir. Mas ele se segurou, e engoliu a emoção como se fosse um shot de vodka ruim. — Eu não consigo... — Ele murmurou, voltando a se movimentar. — Não consigo tirar ela da ca
Capítulo 122Marcelus MoreauInglaterra | 27 de MaioEu estava quase explodindo. O whisky que eu tinha bebido até agora não estava fazendo efeito nenhum, só deixava o meu sangue fervendo mais rápido, enquanto Nathaniel estava sentado à minha frente, me olhando como se eu fosse o maior imbecil do mundo — e talvez eu fosse, pelo menos pra ele. Mas isso não importava. O que importava era que Clare tinha fugido de mim de novo, e eu precisava de um jeito de trazê-la de volta, e dessa vez… fazê-la ficar.Eu não queria mais isso. Não queria ela fugindo de mim mais uma vez. — Escuta, Nathaniel... — Comecei, me inclinando pra frente, os cotovelos apoiados na mesa de madeira desgastada. — Eu entendi, tá? Eu fui um idiota. Tirei o passaporte dela, enfiei a pobre mulher em um noivado falso... fiz um monte de merda. Mas agora que eu entendi isso, você pode me deixar falar com ela, porque pelo o que você disse… ela ainda está na sua casa.Nathaniel apenas balançou a cabeça, como se estivesse o