Capítulo 154Vincenzo Marini Itália | 9 de JunhoEu me sentei na poltrona da sala, esticando as pernas enquanto Mia me entregava uma xícara de café. A manhã estava calma, quase tranquila demais para o tanto de confusão que cercava a nossa família ultimamente. Marcelus, o grande gênio emocional, finalmente tinha percebido o que qualquer um com olhos já sabia há tempos. Eu não pude deixar de rir sozinho, balançando a cabeça, lembrando de como ele foi lento em perceber o que sentia por Clare.— Ele sempre foi meio tapado pra essas coisas, né? — Mia comentou, se ajeitando no sofá ao meu lado, com um sorriso nos lábios.— Mais do que tapado, Mia. — Respondi, rindo de novo. — Marcelus nunca soube lidar com sentimentos. Isso pra ele é como tentar desarmar uma bomba sem manual de instruções.Ela soltou uma gargalhada alta, se acomodando no sofá e puxando as pernas para cima.— E o melhor de tudo é que eles sempre foram tão óbvios. Toda vez que estavam no mesmo cômodo, era impossível não nota
Capítulo 155Clare Vallence Itália | 9 de JunhoEu mal podia acreditar que minha manhã havia começado com Mia e Vincenzo rindo descaradamente de mim e Marcelus. Quando finalmente conseguimos nos livrar das piadas e provocações sobre nossa "noite barulhenta", eu estava vermelha até a raiz do cabelo. Eles são impossíveis. Marcelus lidou bem, como sempre, mas eu? Estava pronta para desaparecer no chão.Assim que as coisas se acalmaram e o café da manhã acabou, Mia veio com uma ideia que, no início, me pegou de surpresa.— Clare, vamos fazer uma coisa divertida hoje. — Ela disse, me puxando para o lado antes mesmo de eu ter tempo de processar o que acabara de acontecer na sala. — Eu quero te levar a um lugar que conheço. É perfeito para o que você precisa.— Lugar perfeito? — Perguntei, ainda um pouco perdida. — Do que você tá falando?Mia sorriu, aquele sorriso cheio de segundas intenções que eu estava começando a entender melhor a cada dia. Ela era uma força da natureza, sempre com um
Capítulo 156Clare Vallence Itália | 17 de JunhoAquela semana tinha passado rápido demais. Desde o dia na estilista, eu e Mia estávamos praticamente inseparáveis. Ela era daquele tipo de pessoa que, uma vez que decide se aproximar de você, faz isso com tanta naturalidade que quando você percebe, já estão dividindo segredos e rindo de qualquer coisa. Eu estava começando a me sentir mais à vontade com ela, como se, de algum jeito, ela fosse minha irmã mais velha.Ainda assim, depois de experimentar o primeiro vestido, uma coisa ficou clara: eu precisava de Ágape ali comigo. Não tinha como tomar uma decisão tão importante sem a minha melhor amiga por perto, e eu sabia que, quando contasse sobre o noivado, ela ia surtar de felicidade. E, claro, não estava errada.Assim que saí da loja com Mia, não perdi tempo e liguei para Ágape. A ligação não demorou muito para se transformar em uma mistura de gritos de animação e um monte de perguntas.— COMO ASSIM VOCÊ TÁ NOIVA, MULHER?! — A voz dela
Capítulo 157Vincenzo Marini Itália | 17 de JunhoO sol brilhava, e o clima estava tão leve que mal parecia que eu tinha uma reunião importante mais tarde. Mia e eu almoçávamos juntos em um restaurante tranquilo, longe dos olhares curiosos que sempre acompanhavam alguém com o sobrenome Marini. Eu sabia que aquele momento era uma calmaria temporária, mas cada segundo ao lado dela fazia com que tudo parecesse mais simples, mais fácil.— Você acha que eles vão cooperar? — Mia perguntou, mexendo distraída em seu prato de salada.Ela sabia do encontro importante que eu teria com um grupo do sul da Itália, representantes de famílias que controlavam boa parte das importações naquela região. A verdade era que, nas últimas semanas, os problemas com as importações da nossa família estavam se acumulando. A família rival, os Lombardia, vinha fazendo de tudo para atrapalhar nossos negócios, e, sem o apoio do sul, a situação só ia piorar.Eu respirei fundo, ponderando a resposta.— Eles vão cooper
Capítulo 158Marcelus Moreau Marini Itália | 17 de JunhoA reunião com meu pai foi exatamente o que eu esperava: chata, cheia de detalhes sobre negócios que eu já sabia de cor e repetições sobre como eu precisava manter o foco na imagem da família. Como se eu já não tivesse ouvido isso minha vida inteira. Voltei para casa exausto, o som do motor do carro preenchendo o silêncio dos meus pensamentos. Estava ansioso para desligar o cérebro por algumas horas, talvez passar um tempo com Clare antes do jantar que Mia tinha sugerido mais cedo.Tudo parecia normal até o meu telefone vibrar. Eu olhei rapidamente para a tela enquanto ainda dirigia, e meu coração parou por um segundo quando vi a mensagem do meu pai."Mia foi assassinada."As palavras flutuaram na minha mente como um soco, demorando para fazer sentido. A primeira reação foi de incredulidade, como se fosse impossível. O mundo ao meu redor pareceu se estreitar, o som do motor do carro desapareceu, e tudo o que eu conseguia ouvir e
Capítulo 159Clare Vallence Itália | 17 de JunhoA noite estava estranhamente calma. Eu estava terminando de me arrumar, ajustando o vestido na frente do espelho e pensando no jantar que Mia havia sugerido. Ela sempre tinha ótimas ideias e, honestamente, depois de toda a confusão dos últimos dias, eu estava ansiosa para uma noite descontraída. Algo normal. Tranquilo.Mas, de repente, tudo mudou.A porta do quarto se abriu com tanta força que quase caiu das dobradiças, batendo na parede com um estrondo. Dei um salto de susto, me virando depressa para ver Marcelus entrando no quarto como uma tempestade, com uma expressão que eu não conseguia entender de imediato. Ele estava diferente, tenso, os olhos arregalados de um jeito que me fez sentir um arrepio instantâneo. Não era o Marcelus que eu conhecia.— Marcelus? — Minha voz saiu hesitante, ainda sem entender o que estava acontecendo. — O que aconteceu? Você está—— Não temos tempo. — Ele me interrompeu, a voz dura, quase desesperada. E
Capítulo 160Clare VallenceItália | 17 de JunhoEu estava sentada no banco do carro, ainda tentando entender tudo o que tinha acabado de acontecer. Meu corpo estava imóvel, o choque me deixando paralisada. Marcelus dirigia como se o próprio diabo estivesse nos perseguindo, as mãos firmes no volante, o maxilar travado, e o olhar fixo na estrada. Cada batida do meu coração era acompanhada pela dúvida: Isso realmente está acontecendo?A noite que começou tranquila, com planos para jantar com Mia, agora estava virada de cabeça para baixo. Mia estava morta. Assassinada. Aquelas palavras ainda não faziam sentido para mim, e quanto mais eu tentava processar, mais irreal tudo parecia.Marcelus não parava de acelerar, a tensão no ar era sufocante. Eu sabia que ele estava tentando me proteger, mas também sabia que ele estava lidando com o medo de uma maneira que não fazia sentido para mim. Isso tudo era um exagero, não era? Fugir assim? Deixar tudo para trás tão rápido?Eu precisava falar com
Capítulo 161Clare VallenceItália | 17 de JunhoEu queria que ele parasse. O helicóptero zumbia tão alto que parecia que minhas ideias se embaralhavam a cada batida das hélices, mas, mesmo sem aquele ruído, a confusão em mim seria a mesma. Eu queria que ele parasse de agir como se tudo estivesse sob controle, mas o rosto de Marcelus era uma parede intransponível, aquela expressão fechada de quem tinha um único objetivo e não estava disposto a ceder.— Marcelus, você precisa me ouvir! — Eu tentei gritar por cima do barulho, sentindo meu corpo ser pressionado contra o assento. Ele não desviou o olhar da frente, concentrado como um soldado em batalha, ignorando qualquer interferência externa, inclusive eu.— Não vamos discutir isso agora, Clare! — Ele disse, a voz dele saindo mais alta que o normal, tentando competir com o som ensurdecedor ao nosso redor.Senti uma onda de frustração misturada com medo. Ele simplesmente não ia parar, não ia me escutar. Por que ele sempre agia como se so