Fredericksburg – Cidade no Texas
Nos arredores da fazenda Senhor dos céus, 12 anos antes...EMMAEU TENTAVA A TODO custo fazer com que eles me deixassem ir junto.— Eu quero ir com vocês!— Você é muito pequena. Sabe que ninguém pode nos ver.— Eu prometo que vou ficar quietinha.— Então vamos!Michel e Luana corriam muito rápido. Eu já estava muito cansada, mas sabia que se falasse algo, eles nunca mais iriam me trazer. Tudo que eu pensava era que logo estaria com vários cachos de uva em minhas mãos, pois elas eram tão docinhas.Passei minhas mãozinhas em meu rosto, tentando limpar o suor que escorria em minha pele e, quando já estava ficando sem ar de tanto correr, logo olhei todo aquele verde e entre ele, várias bolinhas roxas que me fizeram sorrir de tanta alegria.Assim que paramos, começamos a pegar os cachos de uvas e nos sentamos no chão. Minha barriga já estava doendo de tanto comer, quando de repente ouvi alguns ruídos e, mesmo com medo me levantei. Andei na direção daquele barulho que ficava cada vez mais alto e quando me afastei das videiras, me escondi no arbusto.Todo o meu corpo começou a tremer com tudo aquilo que estava acontecendo e tudo piorou quando uma voz assustadora se fez presente.— Você irá aprender que ninguém toca no que é meu.— Tenha piedade senhor — quando o homem a sua frente se moveu, ele começou a gritar sem parar.A minha cabeça começou a doer e meu corpo ficou pesado, não me deixando sair daquele lugar. O homem alto, de expressão sombria, vestido todo de vermelho como sangue caminhou em direção à fogueira. O senhor que estava gritando começou a se debater, mais logo eles rasgaram sua camisa e o fizeram ficar de joelhos.Meu coração começou a bater mais forte quando o homem mal que estava parado próximo às chamas do fogo se virou, e em suas mãos tinha um ferro em brasas. As lágrimas começaram a descer pelo meu rosto e quando ele diminuiu a distância, parou na frente do homem e naquele ferro tinha algo que nunca irei esquecer.— Toda vez que você olhar para o seu corpo, pensará duas vezes antes de me roubar e se cogitar em fazer isso novamente, eu irei marcar cada parte do seu corpo antes de enviá-lo direto ao inferno.Quando ele terminou de falar, o som mais terrível que ouvi na vida soou a minha volta, e ao pensar que ele poderia fazer isso comigo e meus irmãos, sem que eu pudesse controlar, comecei a fazer xixi na roupa. O homem mal continuava com o ferro quente grudado no peito do homem e, no seu rosto foi surgindo um sorriso, à medida que os gritos do homem aumentavam. Senti o ar se esvaindo dos meus pulmões quando algo tocou em meu ombro.— Vamos sair daqui, Emma.Olhei para os meus irmãos, que também estavam apavorados. Michel segurou em uma das minhas mãos e me ajudou a ficar em pé. Deixamos aquele lugar e a única certeza que eu tinha, era que jamais queria ver o diabo vestido de sangue novamente.Fredericksburg – Cidade do TexasDias aatuais...EMMAO TEMPO PASSOU E aquela garotinha se tornou uma mulher, mas eu daria tudo para voltar no tempo e poder ter o meu irmão ao meu lado. As lembranças daquele dia jamais serão esquecidas. As nossas vidas mudou para sempre, desde aquela maldita noite. Michael mesmo tão novo conseguiu salvar a vida do nosso pai, mas por causas de bens materiais, ele foi consumido pelas chamas do fogo. Se ele não tivesse entrado novamente dentro de casa com a intenção de salvar alguns objetos sem pensar que estava colocando a sua vida em risco, hoje ele estaria conosco. Mas, ali em meio às chamas começou todo o sofrimento da nossa família, as queimaduras e lesões nas pernas do meu pai o impossibilitaram de andar novamente, os obstáculos surgiram e o pouco que restou, conseguimos construir um pequeno casebre, já que até hoje ninguém sabe como aquele fogo começou, pois quando despertamos as chamas já estavam tomando conta da nossa antiga casa.O dinhe
ALEJANDROOS RUÍDOS QUE SAÍRAM por entre os meus lábios penetraram na escuridão. Meu corpo todo estava em chamas e o suor descia pela minha face. Meu coração batia muito forte, enquanto os meus pulmões estavam funcionando aos espasmos. Lutando contra a dor aguda que me envolveu por completo, consegui alcançar o abajur e no instante em que a claridade invadiu o ambiente, por uma fração de segundo fechei os meus olhos e, quando os abri novamente, assim que meu olhar ficou fixado na enorme cicatriz em meu peito, as lembranças que tanto tentei esconder invadiram a minha mente.Trinta anos atrás...— Por favor! Tenha piedade.— Faça agora, Alejandro!Minhas mãos não paravam de tremer enquanto eu segurava firme o objeto, que no final da sua extensão estava em brasas. Sem que eu pudesse controlar, as lágrimas surgiram no meu rosto e com a voz carregada de medo, levantei a cabeça, me deparando com os olhos do homem que não refletiam nada, além de um ódio descomunal. — Eu não consigo — falei
EMMAMEDO E VÁRIAS SENSAÇÕES ruins se fizeram presentes. Os órgãos dentro da minha caixa torácica estavam funcionando a todo vapor e em meu peito, parecia que havia tambores em vez de um coração. As fortes batidas ressoavam tão alto que só demostrava o quanto era grande o meu desespero.Mesmo com toda a agilidade que Luana e eu temos, nunca descartamos a possibilidade de que um dia isso viesse a acontecer e prometermos que faríamos de tudo para que uma de nós duas saísse ilesa, pois nossos pais não poderiam ficar sozinhos. Mesmo sendo a mais nova, eu sempre fui mais corajosa e pela minha família e principalmente pela minha irmã, eu daria a minha vida para que nada de ruim viesse acontecer.Os meus pais já perderam muito nessa vida e nunca aprovaram o que estávamos fazendo. Foram nossas escolhas que resultou nessa situação e era chegada a hora de encara o meu destino. O cainhar emitido pelos cachorros me trouxe de volta a realidade e no momento que olhei a saliva escorrer pela boca d
LUANAPETRIFICADA!!!!Meu coração estava batendo próximo a minha garganta, funcionando cada vez com mais dificuldade, enquanto meus pulmões lutavam para captar o máximo de ar. Tremores tomaram conta de todo o meu corpo ao ouvir os gritos ensurdecedores da minha irmã, que ressoavam no espaço.Meu rosto estava banhado pelas lágrimas grossas que desciam abundantemente. Eu tentei me concentrar e não perder o foco, mas, as lágrimas atrapalhavam minha visão. Mesmo através dos arbustos, dava para ver todo o cenário que se formou a alguns metros de distância e por mais que eu quisesse ir ao encontro dela, meu corpo todo estava pesado e as lembranças do passado me impediam de sair do lugar em que estava.Eu prometi a ela que se isso viesse a acontecer, qualquer uma de nós duas colocaria os nossos pais em primeiro lugar, nem que para isso tivéssemos que desistir da nossa própria vida. No entanto, meu coração estava dilacerado e quanto mais eu escutava os seus gritos, a minha vontade em quebrar
MéxicoDÁRIOA RAIVA ME ENFURECE como fogo ardente. Depois de meses sondando os passos do infeliz, eu vi a oportunidade perfeita para acabar de vez com aquele desgraçado. No entanto, mais uma vez a emboscada que tinha tudo para ter êxito total, foi reduzida ao fracasso.Ao lado do meu pai, consegui o respeito e a admiração dos membros da nossa organização, e, devido ao seu estado de saúde, acabei me tornando o chefe da máfia mexicana. Um longo caminho a percorrer, mas tudo estava saindo como planejei, até que Alejandro Casillas se tornou o maior obstáculo no meu caminho.O maldito conquistou muito mais do que qualquer outro no meio em que vivemos e atuamos. Praticamente isolado, conseguiu comandar o maior narcotráfico internacional e se infiltrar entre os territórios mais fortes, como se fosse uma erva daninha. Ao contrário do meu pai e de todos os outros que já tentaram exterminar os Casillas, eu, Dário González, darei até a minha alma ao diabo para ver o fim daquele miserável.ALEJA
LUANNAEM MEIO A TANTOS obstáculos, a esperança e o amor sempre fizeram com que acreditássemos num futuro melhor. Emma desde criança, sempre nos contagiou com seu sorriso, sempre foi o melhor presente que a vida deu a nossa família. Ainda lembro que quando a comida era pouca e os nossos pais davam prioridade para nós, ela era a primeira que se levantava com o prato em suas mãos, nos incitando a devolver parte da comida para que eles também viessem a se alimentar. Ela sempre dizia que a nossa imaginação era a melhor arma para vencer a dor da fome e sempre imaginávamos que a nossa frente tinha um verdadeiro banquete e éramos privilegiados por ter mesmo que pouco, algo para nos manter vivos.Depois da morte de Michel e a doença do nosso pai, aquela menina de olhos negros como a escuridão, se tornou o meu porto seguro. Sempre fui a mais medrosa, mas ver a minha irmã caçula tão determinada, me fez ter forças para seguir em frente e fazer de tudo para ajudar os nossos pais.Sei que era erra
EMMACONGELADA. SINTO AS BATIDAS do meu coração tão fortes, que parece que vão pular de dentro do meu peito. Lágrimas descem pelo meu rosto sem que eu consiga contê-las e tudo que passa em minha mente, são os minutos vividos instantes atrás, que foram os mais longos da minha existência. A sensação que eu tinha era que minha garganta tinha se fechado e lentamente eu estava sufocando, jamais pensei que ver aquele demônio, que por incontáveis vezes esteve presente em minhas piores lembranças, de alguma forma trouxesse uma luz em meio a escuridão em que eu estava. Gritos de dor e desespero ressoavam no ar, o que fez tremores invadir o meu corpo e a cada barulho que atingia os meus tímpanos, a imagem daqueles três surgia como flashes a minha frente. Aquilo parecia que ia durar uma eternidade, gritos estrangulados e ao mesmo tempo outros como se tivessem em comemoração. Como diz o velho ditado, colhemos o que plantamos, pois o preço pelo meu pecado em ter pegado algo que não era meu
redericksburg – Cidade no TexasEMMA— QUEM É VOCÊ?Seu olhar continuava fixo em mim. Ela me olhava como se eu tivesse alguma doença contagiosa, o que fez meus batimentos cardíacos acelerar, assim como alguns pensamentos surgiram em minha cabeça e com eles as dúvidas. Será que ela é alguma parenta dele ou é a esposa do demônio?— Você é surda, eu perguntei quem é você?Fechei uma de minhas mãos para controlar o calor que tomou conta do meu corpo e antes que o meu sangue esquentasse mais do que já estava e eu deixasse a minha educação de lado, meus lábios se moveram, porém, as palavras que ecoaram no ambiente fizeram-me fechar a boca novamente.— Filha! Ela é hospede do patrão — disse Marina que surgiu do nada em nossa frente. Depois de alguns segundos voltou a falar. — Essa é minha filha, Bárbara. Veio passar as férias, chegou hoje pela manhã da capital.— Meu nome é Emma — disse sem desviar o olhar da nojentinha à minha frente.Ela continuou com seu ar de soberba e caminhou em dir