Capítulo 01

Fredericksburg – Cidade do Texas

Dias aatuais...

EMMA

O TEMPO PASSOU E aquela garotinha se tornou uma mulher, mas eu daria tudo para voltar no tempo e poder ter o meu irmão ao meu lado.

As lembranças daquele dia jamais serão esquecidas. As nossas vidas mudou para sempre, desde aquela m*****a noite. Michael mesmo tão novo conseguiu salvar a vida do nosso pai, mas por causas de bens materiais, ele foi consumido pelas chamas do fogo.

Se ele não tivesse entrado novamente dentro de casa com a intenção de salvar alguns objetos sem pensar que estava colocando a sua vida em risco, hoje ele estaria conosco. Mas, ali em meio às chamas começou todo o sofrimento da nossa família, as queimaduras e lesões nas pernas do meu pai o impossibilitaram de andar novamente, os obstáculos surgiram e o pouco que restou, conseguimos construir um pequeno casebre, já que até hoje ninguém sabe como aquele fogo começou, pois quando despertamos as chamas já estavam tomando conta da nossa antiga casa.

O dinheiro que recebemos do auxilio que o governo paga ao meu pai, praticamente vai para sua medicação, pois mesmo depois de amputar uma de suas pernas, sua saúde se tornou algo bem delicado, minha mãe por sua vez ficou responsável por cuidar dele e da casa, enquanto eu e Luana, desde cedo, começamos a trabalhar para ajudar nas despesas. No entanto, quando tudo parecia estar melhorando, por pouco a minha irmã não foi violada quando voltávamos de mais uma colheita de uma das fazendas que ficar nos redores.

O pânico me dominou e enquanto eu saí correndo, os dois malfeitores conseguiram pegar Luana, mas muito maior que o meu medo, era o amor que sinto pela minha irmã e, quando olhei um tronco de madeira jogado no chão, não hesitei em pegar e com um giro nos calcanhares, avancei para cima dos dois. Eu nem sei de onde tirei tanta força, mas enquanto eles estavam preocupados em violar o corpo dela, eu acabei com a distância e o golpe foi certeiro na cabeça de um deles e antes que o outro tivesse qualquer reação, a madeira já estava acertando a sua cabeça.

Mesmo com toda escassez que estamos vivendo, os meus pais não permitiram que voltássemos para aquele lugar. Mas, os dias passaram e já não via alternativa a não ser voltar ao lugar que eu jurei que nunca mais iria colocar o meu pé novamente. Sei que é errado pegar o que não nos pertence, mas eu sei que Deus terá piedade da minha alma, já que eu não posso deixar que minha família viesse a sucumbir diante dos meus olhos.

— Emma, vamos!

A voz da minha irmã me tirou dos meus devaneios. Levantei-me de imediato, e, juntas caminhamos em direção à porta, rumo a um único destino.

Nós duas quebramos o juramento que fizemos ao Michel de nunca voltar ao lugar aonde vimos aquele ato monstruoso, todavia, a vida colocou em nosso destino certas circunstâncias que nos levou a tomar rumos diferentes. Eu cresci sentindo os meus pés tocarem o chão deste lugar, sempre me senti como um pássaro livre, com asas para voar. As minhas pernas sempre se tornavam agíeis e, eu corria como se não tivesse limites e desta forma, eles nunca foram capazes de saber que durante os últimos meses, enquanto minha irmã ficava alguns metros de distância me esperando, é naquele lugar que doze anos atrás, eu estremeci de medo ao ponto de ter a sensação que o meu coração estava batendo próximo a minha garganta e acabei fazendo xixi na roupa sem querer e que se tornou a razão da nossa sobrevivência.

LEJANDRO

Senti uma bala perfurando e queimando o meu ombro. Meu coração bateu forte contra o meu peito, enquanto a adrenalina corria em minhas veias, apoderando-se de todo o meu corpo. Balas voavam em todas as direções e aquilo se tornou música para os meus ouvidos.

Lutando violentamente contra o latejar em minha pele, à medida que o sangue inundava o tecido da minha camisa, coloquei minha arma em punho e assim junto com os meus homens, avançamos para cima dos malditos que ousaram em cogitar que essa emboscada de merda seria o suficiente para deter um Casillas.

O cheiro de sangue era forte, enquanto almas eram enviadas para o inferno. Tiros e mais tiros ressoavam no espaço e o fogo só foi cessado quando um único alvo que gritava desesperadamente assim que a bala que saiu da minha pistola atingiu o seu estômago, o levando a cair de encontro ao chão.

— Alejandro!

O som da voz de Joseph ecoou no espaço e bastaram alguns segundos da sua distração para que o desgraçado que estava agonizando em meio à dor, levantasse o braço colocando sua arma apontada na direção dele. O sangue borbulhou em minhas veias, me queimando por dentro e um último disparo foi dado, arrastando mais uma alma miserável para as profundezas do inferno.

Passadas largas foram dadas em direção ao infeliz, enquanto Joseph tentava processar o que havia acontecido. Não estava em meus planos matar esse desgraçado ainda, pois tinha muita diversão pela frente, porém, não estava disposto a correr o risco de que o disparo fosse feito por ele e como consequência perder a única pessoa que é digna da minha confiança.

Parei em frente ao corpo sem vida e me agachei, soltando minha arma e em seguida minhas mãos rasgaram a camisa do infeliz. Meus olhos ficaram fixos na imagem a minha frente e pelo símbolo tatuado em sua pele, só me deu a confirmação que foi aquele miserável do Dário, que estava por trás de tudo isso.

Ele, assim como aquele maldito que tinha por pai, deseja assumir o controle do meu território, mas desta vez eu irei exterminar qualquer um que tenha o maldito sangue dos Gonzaléz correndo em suas veias.

Horas depois...

— Porra! — proferi, tomado pela dor excruciante assim que Joseph introduziu o objeto quente em minha pele, extraindo a bala que havia se alojado em meu braço.

— De certo o infeliz não tinha uma boa pontaria.

— Ainda não entendi o motivo de você ter ficado tão desligado, sempre me ensinou que um segundo pode ser fatal.

— Olhei a mancha de sangue próximo ao seu peito e não sabia em que direção havia sido atingido.

— Dá próxima vez, tenha em mente que a prioridade é sempre o nosso inimigo e não eu.

Aspirei profundamente, levando o ar do lugar que se tornou meu porto seguro aos pulmões. Já não via a hora de retornar a fazenda e mesmo tendo vários negócios na capital, eu já não aguentava mais permanecer em Austin.

Instantes depois, minha atenção se voltou para o homem que adentrou o ambiente e pela sua expressão, eu sabia que mais uma vez o incompetente era portador de uma péssima notícia.

— Chefe!

— Sem rodeios.

— Encontramos algumas pegadas no pomeiro e no galinheiro. São as mesmas que encontramos antes nas videiras.

Levantei-me em pulo. Não é de hoje que esse desgraçado vem roubando o que me pertence e por incrível que pareça, o maldito parecia ter o dom de se camuflar, pois ninguém antes havia escapado dos meus homens. Olhei para Joseph e como se lesse o que estava passando pela minha cabeça, a sua voz se fez presente.

— Eles vão chegar amanhã.

— Seja quem for esse larápio, da próxima vez terá uma grande surpresa e, ao contrário dos demais que sempre sentiram o poder do meu ferro em sua pele, esse maldito será estraçalhado

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