ALEJANDRO
OS RUÍDOS QUE SAÍRAM por entre os meus lábios penetraram na escuridão. Meu corpo todo estava em chamas e o suor descia pela minha face. Meu coração batia muito forte, enquanto os meus pulmões estavam funcionando aos espasmos.Lutando contra a dor aguda que me envolveu por completo, consegui alcançar o abajur e no instante em que a claridade invadiu o ambiente, por uma fração de segundo fechei os meus olhos e, quando os abri novamente, assim que meu olhar ficou fixado na enorme cicatriz em meu peito, as lembranças que tanto tentei esconder invadiram a minha mente.Trinta anos atrás...— Por favor! Tenha piedade.— Faça agora, Alejandro!Minhas mãos não paravam de tremer enquanto eu segurava firme o objeto, que no final da sua extensão estava em brasas. Sem que eu pudesse controlar, as lágrimas surgiram no meu rosto e com a voz carregada de medo, levantei a cabeça, me deparando com os olhos do homem que não refletiam nada, além de um ódio descomunal.— Eu não consigo — falei, enquanto o homem que estava ajoelhado no chão não parava de se debater e gritar, tamanho era o seu pânico. Mas, a voz horripilante do meu pai logo me tirou do estado catatônico que me encontrava, fazendo um tremor violento tomar conta de todo o meu ser.— É permitido chorar, Alejandro?Sacudi a cabeça em negativa, pois a minha garganta se fechou e nem a minha própria saliva descia por ela. No entanto, o meu gesto só o deixou mais possuído de raiva.— Tudo que você precisa é só encostar o ferro no peito desse desgraçado.Todo o meu corpo paralisou, eu permaneci no mesmo lugar, totalmente imóvel. Segundos, que foram o estopim para a raiva do meu pai atingir cada polegada do seu corpo e num movimento brusco, ele pegou o objeto escaldante das minhas mãos e pediu que um dos seus homens me segurasse. E, em seguida minha camisa foi arrancada do meu corpo.— Você vai aprender que medo ou esses sentimentos tolos não podem fazer parte da sua vida. Um maldito ladrão deve receber a punição que merece e como meu único herdeiro, terá que comandar tudo isso e não será demostrando fraqueza que se tornará temido por todos.Suas palavras no tom frio ecoaram no espaço e quando ele moveu o objeto em minha direção, a voz de Joseph reverberou no espaço.— Senhor! Ele é só um menino.— Calado ou você será o próximo.O que veio em seguida foi o pior momento de toda a minha vida. Eu nunca havia sentindo uma dor tão imensurável, capaz de fazer cada fibra do meu corpo latejar, ao ponto de eu perder o controle das minhas ações e fazer xixi nas calças, tamanha foi à dor que envolveu todo o meu ser.Como num estalar de dedos, eu fui arrancado dos meus devaneios e imediatamente me levantei indo em direção ao banheiro.Naquele dia, eu aprendi que jamais deveria ter medo. Que piedade não fazia parte da vida de um Casillas, pois o meu pai havia quebrado algo dentro de mim, que jamais seria restaurado. Ele me moldou para me tornar tão sombrio quanto ele era e, se ainda existe algum fio de luz dentro de mim, deve ser por influência de Joseph, que contra as ordens do seu chefe e tudo de ruim que meu pai me ensinava, ele sempre dizia que eu deveria escolher quem realmente queria ser.Assim como perdi a minha mãe antes mesmo de conseguir dar os meus primeiros passos, quando completei a maior idade, o homem que nunca me tratou como um filho: morreu. Mas eu, Alejandro Casillas, em pouco tempo conquistei muito mais que o meu pai que se julgava tão superior, não só me tornei temido, mas respeitado e uma coisa jamais irei esquecer.Um traidor, um ladrão não merece piedade.Três dias depois...— Alejandro!O som da voz de Joseph soou do outro lado da porta. Olhei para o relógio em meu pulso, eram quase cinco horas da manhã. Com passos largos, fui em direção à porta e assim que ela foi aberta, novamente o som da voz do meu fiel companheiro ressoou no espaço.— Tudo está pronto.— Então vamos!Passamos pelo longo corredor e depois descemos os inúmeros degraus e ao passar pela porta dupla de madeira, um sorriso surgiu em meu rosto. Meus olhos ficaram cravados nos três monstrinhos a minha frente, que foram treinados exatamente para uma situação dessas e ao meu comando, eles irão estraçalhar qualquer infeliz.— Hoje eu farei aquele miserável lamentar por cada dia da sua existência.EMMAAcordei logo nas primeiras horas da manhã. Meus pais ainda estavam dormindo, enquanto eu e Luana já estávamos prontas. Havia colocado uma roupa toda preta. Puxei o capuz do casaco, cobrindo minha cabeça. E com as lanternas em mãos, seguimos para o lugar que se tornou parte da nossa rotina.Teríamos pouco tempo antes que a escuridão da noite desse lugar de vez a claridade do dia e, aproveitando que esse horário era o melhor para que ninguém viesse a nos descobrir, com passadas precisas e apressadas, seguimos o nosso caminho. Embora já conhecesse o trajeto como a palma da minha mão, e, até de olhos fechados conseguiria chegar ao meu destino, tanto eu, quanto Luana gostava de trazer as lanternas, minutos se passaram até que chegamos ao refúgio da minha irmã.Enquanto ela ficou me aguardando, com a sacola em mãos, aumentei o ritmo dos meus passos. Instante depois, andando praticamente nas pontas dos pés, entrei no galinheiro e as coitadas pareciam que já estavam tão acostumadas com a minha visita, que o ambiente permaneceu em silêncio.Eu estava com a sacola cheia, peguei tudo para que só precisasse voltar na próxima semana. Mas, o silêncio foi cortado pelo pio de uma coruja, fazendo tremores percorrer todo o meu corpo. Aquilo era um presságio de morte iminente, não perdi tempo e saí rapidamente dali.No entanto, assim que ouvi sons de vozes se aproximando e o latido de cachorros, meu coração gelou. Saí feito uma louca, morrendo de medo, pois já estava acostumada com o peso da sacola. Meu coração estava a ponto de sair pela minha boca, meus pulmões funcionando a todo vapor e quanto mais eu corria, sabia que estava sendo seguida, pois os latidos dos cães eram cada vez mais altos. Naquele momento eu só conseguia pensar na minha família e quando já estava me aproximando de onde a minha irmã estava, com toda minha força, joguei a sacola a distância e me movi em outra direção.Seja quem for, eu não poderia deixar que pegasse Luana. Mas, não demorou muito para que o meu corpo fosse de encontro ao chão e várias patas ser colocadas em cima de mim. Levantei a cabeça me deparando com três cães furiosos, mostrando seus dentes afiados."— Este será o meu fim” — pensei apavorada.EMMAMEDO E VÁRIAS SENSAÇÕES ruins se fizeram presentes. Os órgãos dentro da minha caixa torácica estavam funcionando a todo vapor e em meu peito, parecia que havia tambores em vez de um coração. As fortes batidas ressoavam tão alto que só demostrava o quanto era grande o meu desespero.Mesmo com toda a agilidade que Luana e eu temos, nunca descartamos a possibilidade de que um dia isso viesse a acontecer e prometermos que faríamos de tudo para que uma de nós duas saísse ilesa, pois nossos pais não poderiam ficar sozinhos. Mesmo sendo a mais nova, eu sempre fui mais corajosa e pela minha família e principalmente pela minha irmã, eu daria a minha vida para que nada de ruim viesse acontecer.Os meus pais já perderam muito nessa vida e nunca aprovaram o que estávamos fazendo. Foram nossas escolhas que resultou nessa situação e era chegada a hora de encara o meu destino. O cainhar emitido pelos cachorros me trouxe de volta a realidade e no momento que olhei a saliva escorrer pela boca d
LUANAPETRIFICADA!!!!Meu coração estava batendo próximo a minha garganta, funcionando cada vez com mais dificuldade, enquanto meus pulmões lutavam para captar o máximo de ar. Tremores tomaram conta de todo o meu corpo ao ouvir os gritos ensurdecedores da minha irmã, que ressoavam no espaço.Meu rosto estava banhado pelas lágrimas grossas que desciam abundantemente. Eu tentei me concentrar e não perder o foco, mas, as lágrimas atrapalhavam minha visão. Mesmo através dos arbustos, dava para ver todo o cenário que se formou a alguns metros de distância e por mais que eu quisesse ir ao encontro dela, meu corpo todo estava pesado e as lembranças do passado me impediam de sair do lugar em que estava.Eu prometi a ela que se isso viesse a acontecer, qualquer uma de nós duas colocaria os nossos pais em primeiro lugar, nem que para isso tivéssemos que desistir da nossa própria vida. No entanto, meu coração estava dilacerado e quanto mais eu escutava os seus gritos, a minha vontade em quebrar
MéxicoDÁRIOA RAIVA ME ENFURECE como fogo ardente. Depois de meses sondando os passos do infeliz, eu vi a oportunidade perfeita para acabar de vez com aquele desgraçado. No entanto, mais uma vez a emboscada que tinha tudo para ter êxito total, foi reduzida ao fracasso.Ao lado do meu pai, consegui o respeito e a admiração dos membros da nossa organização, e, devido ao seu estado de saúde, acabei me tornando o chefe da máfia mexicana. Um longo caminho a percorrer, mas tudo estava saindo como planejei, até que Alejandro Casillas se tornou o maior obstáculo no meu caminho.O maldito conquistou muito mais do que qualquer outro no meio em que vivemos e atuamos. Praticamente isolado, conseguiu comandar o maior narcotráfico internacional e se infiltrar entre os territórios mais fortes, como se fosse uma erva daninha. Ao contrário do meu pai e de todos os outros que já tentaram exterminar os Casillas, eu, Dário González, darei até a minha alma ao diabo para ver o fim daquele miserável.ALEJA
LUANNAEM MEIO A TANTOS obstáculos, a esperança e o amor sempre fizeram com que acreditássemos num futuro melhor. Emma desde criança, sempre nos contagiou com seu sorriso, sempre foi o melhor presente que a vida deu a nossa família. Ainda lembro que quando a comida era pouca e os nossos pais davam prioridade para nós, ela era a primeira que se levantava com o prato em suas mãos, nos incitando a devolver parte da comida para que eles também viessem a se alimentar. Ela sempre dizia que a nossa imaginação era a melhor arma para vencer a dor da fome e sempre imaginávamos que a nossa frente tinha um verdadeiro banquete e éramos privilegiados por ter mesmo que pouco, algo para nos manter vivos.Depois da morte de Michel e a doença do nosso pai, aquela menina de olhos negros como a escuridão, se tornou o meu porto seguro. Sempre fui a mais medrosa, mas ver a minha irmã caçula tão determinada, me fez ter forças para seguir em frente e fazer de tudo para ajudar os nossos pais.Sei que era erra
EMMACONGELADA. SINTO AS BATIDAS do meu coração tão fortes, que parece que vão pular de dentro do meu peito. Lágrimas descem pelo meu rosto sem que eu consiga contê-las e tudo que passa em minha mente, são os minutos vividos instantes atrás, que foram os mais longos da minha existência. A sensação que eu tinha era que minha garganta tinha se fechado e lentamente eu estava sufocando, jamais pensei que ver aquele demônio, que por incontáveis vezes esteve presente em minhas piores lembranças, de alguma forma trouxesse uma luz em meio a escuridão em que eu estava. Gritos de dor e desespero ressoavam no ar, o que fez tremores invadir o meu corpo e a cada barulho que atingia os meus tímpanos, a imagem daqueles três surgia como flashes a minha frente. Aquilo parecia que ia durar uma eternidade, gritos estrangulados e ao mesmo tempo outros como se tivessem em comemoração. Como diz o velho ditado, colhemos o que plantamos, pois o preço pelo meu pecado em ter pegado algo que não era meu
redericksburg – Cidade no TexasEMMA— QUEM É VOCÊ?Seu olhar continuava fixo em mim. Ela me olhava como se eu tivesse alguma doença contagiosa, o que fez meus batimentos cardíacos acelerar, assim como alguns pensamentos surgiram em minha cabeça e com eles as dúvidas. Será que ela é alguma parenta dele ou é a esposa do demônio?— Você é surda, eu perguntei quem é você?Fechei uma de minhas mãos para controlar o calor que tomou conta do meu corpo e antes que o meu sangue esquentasse mais do que já estava e eu deixasse a minha educação de lado, meus lábios se moveram, porém, as palavras que ecoaram no ambiente fizeram-me fechar a boca novamente.— Filha! Ela é hospede do patrão — disse Marina que surgiu do nada em nossa frente. Depois de alguns segundos voltou a falar. — Essa é minha filha, Bárbara. Veio passar as férias, chegou hoje pela manhã da capital.— Meu nome é Emma — disse sem desviar o olhar da nojentinha à minha frente.Ela continuou com seu ar de soberba e caminhou em dir
EMMAEU ESTAVA SUANDO FRIO. Desde a hora que ouvi o que ele tinha dito na sala, que meus pensamentos ficaram direcionados para o que eu iria fazer. Durante as duas refeições, a Dra. Simone, estava presente com seu esposo, pelo pouco que pude observar, por trás da armadura de ferro, eles dois pareciam ser os únicos capazes de fazer o demônio deixar por alguns minutos sua expressão facial séria, sombria e truncada. Depois que vim para o quarto, aproveitei logo para tomar um banho, coloquei uma camisola e novamente as palavras dele começaram a ecoar em minha cabeça. Vários pensamentos surgiram em minha mente e eu só tinha três opções, mas o que parecia uma grande vantagem, só uma, eu teria chance de escapar.Se usasse a janela, eu iria direto para o confronto com aqueles cães raivosos. Bater de frente com ele, eu novamente sentiria o peso da sua mão e a única solução que encontrei foi trancar a porta com a chave, dessa forma, o meu corpo não serviria de objeto para que ele viesse a usar
EMMARESPIRO ALIVIADA AO VER que ele finalmente dormiu. Eu já não conseguia mais nem respirar direito, sentia o ar se esvair de meus pulmões gradativamente. Minha pulsação ressoava nos meus ouvidos e a certa altura, eu nem conseguia mais me mexer. Só fiquei observando ele se movendo, entrando e saindo de dentro de mim.Gemidos saiam por entre seus lábios, seu membro pulsante e incansável, me estocava cada vez mais fundo e forte. Seus olhos pareciam duas bolas fogo e o ambiente estava impregnado com cheiro estimulante de suor e sexo. Eu mais parecia uma boneca, onde ele jogava de um lado para outro, me deixando em cada posição que era totalmente desconhecida por mim. Alejandro continuou a me penetrar e no ritmo que ele estava indo, eu temia que tão cedo não fosse se dá por satisfeito. Não nego que quando o tirano me levou para o banheiro, dentro do box, suas mãos começaram a explorar o meu corpo inteiro, embora a água escorria pelo meu corpo, não foi suficiente para apagar o fogo que