Capítulo 03

EMMA

MEDO E VÁRIAS SENSAÇÕES ruins se fizeram presentes. Os órgãos dentro da minha caixa torácica estavam funcionando a todo vapor e em meu peito, parecia que havia tambores em vez de um coração. As fortes batidas ressoavam tão alto que só demostrava o quanto era grande o meu desespero.

Mesmo com toda a agilidade que Luana e eu temos, nunca descartamos a possibilidade de que um dia isso viesse a acontecer e prometermos que faríamos de tudo para que uma de nós duas saísse ilesa, pois nossos pais não poderiam ficar sozinhos. Mesmo sendo a mais nova, eu sempre fui mais corajosa e pela minha família e principalmente pela minha irmã, eu daria a minha vida para que nada de ruim viesse acontecer.

Os meus pais já perderam muito nessa vida e nunca aprovaram o que estávamos fazendo. Foram nossas escolhas que resultou nessa situação e era chegada a hora de encara o meu destino. O cainhar emitido pelos cachorros me trouxe de volta a realidade e no momento que olhei a saliva escorrer pela boca dos monstros furiosos eu sabia que a qualquer segundo a minha vida chegaria ao fim.

Temerosa pelo pior, eu levei meus braços de encontro ao rosto como uma forma de proteção e, como se lessem o meu pensamento, um grito ensurdecedor saiu por entre meus lábios quando uma dor insuportável me envolveu por completo. De inicio a minha perna estava latejando, como se um prego tivesse sido enfiado em minha carne e novamente uma dor ainda maior atravessou a minha barriga.

Atordoada, comecei gritar e espernear freneticamente e só conseguia ouvir os ruídos que ecoavam a minha volta. E novamente a dor me atingiu e de novo, e de novo... Eu senti como se eles estivessem esperando o momento certo para começar a arrancar a minha pele.

Depois de alguns instantes, eu já não sabia de qual parte estava vindo à dor, eram como se vários pregos estivessem cravados em meu corpo.

— Detener!

O som de uma voz grave ressoou no espaço e os ruídos dos animais cessaram. Logo depois, novamente o som da mesma voz se fez presente e os cães se afastaram. Num impulso, afastei os meus braços do meu rosto e muito maior que a dor que estava sentindo por todo meu corpo, foi os tremores e o medo descomunal que se apossaram de mim. Medo este que eu só havia sentido uma única vez em toda minha vida, e ao ver novamente o rosto do homem que por anos esteve presente nas minhas piores lembranças, como o meu maior tormento, trouxe um pavor jamais sentido.

ALEJANDRO

A cada passo que eu dava, um desconforto terrível começou a se formar. De início no meu estômago e em questão de segundos era como se algo estivesse preso em minha garganta e, por mais que eu tentasse me livrar daquela sensação ruim, só fazia com que o frio que antes parecia estar congelando os meus ossos, desse lugar a um calor tão insuportável, me dando a sensação que havia fogo líquido correndo em cada fibra do meu corpo.

Com passos cautelosos, caminhei em direção ao lugar que certamente aquele gatuno estaria. No entanto, nada encontramos, pois tudo a nossa volta era um silêncio absoluto.

— Desgraçado! Parece que adivinhou que seria descoberto.

— Acho que não será hoje que vamos pegar o infel...

Suas palavras foram interrompidas pelo barulho dos latidos dos cães e de repente os animais saíram feitos loucos, ao ponto do idiota que estava segurando as coleiras ser jogado no chão e os três monstrinhos sair em disparada em direção ao galinheiro. A adrenalina bombeia através de mim, me fazendo correr em uma velocidade absurda, seguindo o mesmo percurso que os cachorros.

O ritmo das batidas do meu coração aumentou e o desconforto que antes tinha tomado conta de mim, agora havia se transformado em algo tão intenso, como nunca havia sentido antes. Algo estava me queimando por dentro, fazendo todos os meus demônios despertarem e quando avistei os cães parados a uma certa distância, aumentei minha velocidade e, embora eles já estavam fazendo aquilo que foram treinados para fazer, eu queria ver a cara do desgraçado antes que seu rosto fosse desfigurado.

Assim que cheguei próximo aos caninos que pareciam possuídos de fúria, enquanto o miserável que estava no chão não parava de se debater, o som da minha voz ecoou no espaço e bastou um único comando para que os animais ficassem paralisados. No entanto, quando o som da segunda palavra se fez presente e eles se afastaram do indivíduo, a imagem que surgiu em minha frente assim que os braços dele se afastaram de sua face, revelando sua verdadeira aparência, fez todo o meu corpo estremecer ao me deparar com o rosto semelhante ao de um anjo, com seus olhos arregalados de medo fixos em minha direção.

O barulho da minha voz a atingiu como se ela tivesse levado um choque, pois todo o seu corpo começou a tremer visivelmente. Todavia, eu não devia esquecer que a mulher, embora dona de uma beleza estonteante, não passava de uma ladra e certamente era uma rameira que achou um jeito mais fácil de ganhar a vida.

Dei mais alguns passos e em seguida o som da minha voz entoou no ar.

— Levante-se!

Ela ignorou a minha ordem e permaneceu imóvel no chão. A raiva me dominou e o meu corpo mais parecia uma fornalha humana. Agachei-me perto dela e uma de minhas mãos foi de encontro ao seu pescoço.

— Dê-me um único motivo para não acabar com a sua vida nesse exato momento.

Ela abriu a boca e tentou falar, porém nem um som saiu dos seus lábios. O silêncio predominou a nossa volta, desviei meu olhar do seu rosto, em seguida observei todo o seu corpo e um pensamento surgiu em minha cabeça.

Acabar com sua miserável vida seria um privilégio. Ela pagará por tudo que me roubou durante todo esse tempo, sem contar que servirá para me saciar e aos meus homens e no momento certo, a infeliz vai implorar pela própria morte, irei quebrá-la de todas as formas possíveis, ao ponto de ela desistir da própria vida.

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