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Mágoa e ressentimento.

Catherine Leblanc

  A Luz do sol vindo das grandes janelas do quarto de Haskel me despertam. Olho ao meu redor, estou deitada sobre o peito dele que ainda dorme tranquilamente, ainda estamos pelados por debaixo das cobertas. Uma cena tão memorável e nostálgica. Sento-me na cama e sinto meu corpo estar todo dolorido por causa da noite passada. De repente cai minha ficha e a preocupação toma conta de mim - que horas já são??

  Me estico para pegar o relógio de cabeceira dele - 10:30am - estou extremamente atrasada para o trabalho, eu entro as 10 horas!

- Ai meu deus - me levanto num pulo - Haskel acorda.

   Pego meu sutiã jogado no chão do quarto junto com minha calcinha e me visto.

- Haskel! - falo alto, despertando ele de vez.

- Bom dia meu amor - todo manhoso, ele parece aéreo coçando os olhos.

- Haskel são 10:30, você sabe que horas eu entro droga?

- 10 horas - apesar da afirmação, sua voz está totalmente tranquila.

- É! - grito.

- Fica logo aqui comigo Catter - ele se senta na cama - Você já está atrasada, falta hoje meu bem.

- Para de me chamar de "meu bem" e levanta - ordeno - Você vai ter que me levar, meu carro ta na empresa, lembra?

  Vou correndo pro banheiro me higienizar. Pego a primeira escova de dentes que vejo e escovo. Passo um desodorante que encontro e saio do banheiro, mas Haskel ainda está na mesma posição sobre a cama mexendo no celular, tranquilo e despreocupado.

- Você ta brincando comigo? Eu to atrasada, correndo aqui e você deitado mexendo no celular?

- Você é a vice-presidente Catherine, você pode chegar a hora que quiser, ir o dia que quiser! Vem cá... - Ele segura meu pulso e me puxa pra perto com certa torça, eu deslizo sobre os lençóis e Hask me agarra.

   Haskel adentra meus cabelos com uma mão aberta e segura meu rosto, me forçando a dar uma leve inclinada para cima. Os olhos dele são intensos e cheios de desejos. Aos poucos ele aproxima sua boca da minha e me beija intensamente, movendo meu corpo junto ao dele para o centro da cama.

   Com mãos firmes pelo meu corpo, ele me deita na cama e fica por cima, me prendendo debaixo dele. Ele ainda está nu e eu apenas de lingerie, consigo claramente ver o pau dele ficando rígido aos poucos. Haskel cola o corpo no meu e esfrega seu pênis na minha boceta em direção a minha entrada por cima da calcinha. Eu gemo.

- Para Haskel, eu já estou atrasada.

 - Uma rapidinha a mais não vai mudar muita coisa meu amor - ele volta a enterrar o rosto em meu pescoço, Hask me lambe e me beija vagarosamente.

   Com dois dedos ele puxa minha fina calcinha pro lado e estimula meu clitóris enquanto o pau dele ainda roça na minha vagina. Começo a enlouquecer debaixo do corpo forte dele.

- Oh Hask... - gemo fraco perto de seu ouvido.

- Isso meu amor, diga meu nome!

   Ele volta a me beijar. Quando ele puxa mais um pouco minha calcinha e se endireita para me penetrar, um surto de consciência me domina e eu fecho as pernas. Ele me olha confuso enquanto eu me afasto. 

- Não podemos Hask, tenho que ir.

- Não é o que sua boceta molhada dá a entender - ele tenta me puxar de volta pelo braço mas eu resisto, então ele me solta - Você realmente quer ir? Está tudo tão gostoso.

- sim, e irei pra Fittlive correndo.

   Me levando da cama e procuro meu vestido da noite anterior, Haskel já está de pé, vestindo uma cueca com o pau ainda meio duro, uma verdadeira tortura para o meu tesão. Ele veste uma blusa larga qualquer.

- Você viu meus saltos?

- Acho que ontem eu joguei ele no chão... - diz despreocupado. Ele passa por mim e entra no banheiro.

- Droga - bufo enfurecida.

   Acho meus saltos embaixo da cama. Dou uma rápida procurada por minha bolsa e lembro que não subi com ela. Desço as escadas e já posso ver ela na mesinha de centro da sala. Pego meu celular - alarme perdido - claro, o despertador tocou e o celular estava aqui embaixo. Tem três chamadas perdidas da Lola, uma do Lucas e muitas mensagens deles no what.spp.

- Haskel! - grito por ele - Anda logo porra!

- Calma Catter, eu já to aqui - ele desce as escadas já vestindo uma calça com a mesma blusa larga - Não fica estressada. Você é a vice da empresa, ninguém liga pra hora que você chega.

- Eu tinha uma reunião as 10am Haskel! A Lola vai me encher o saco - ele pega as chaves do carro e vai pra cozinha.

  Pego minha bolsa e saio da casa dele. Paro ao lado do carro que está fora da garagem e lhe espero. Em poucos segundos ele sai com duas garrafas d'água, destrava o carro para eu entrar e tranca a porta da casa.

- Você e seu casamento com o trabalho, por isso nosso casamento nunca aconteceu - ele coloca o cinto e me oferece uma água. Aceito.

- Por favor, não começa vai... - digo exausta.

- Só comentei um fato.

- Você sabe muito bem os motivos do nosso casamento nunca ter acontecido.

- Nem tudo foi culpa minha Catherine, você deveria assumir as suas culpas também - ele parece irritado, mas não altera o tom de voz.

- Não quero falar do passado Szymanski, por favor dirige mais rápido.

   Ele então acelera. Pego o celular e aviso Lola que estou indo, peço que ela segure as pontas por mim, apesar de sua fiel insistência querendo saber onde eu estou, não contei nada para ela. Deixo meu celular na porta do carro e bebo um pouco d'água. Abro a bolsa e tento passar alguma maquiagem que esconda minha cara de ressaca.

- Prontinho - diz Haskel parando em frente a Fittlive.

- Obrigada Hask - tento sair correndo do carro, mas a porta está travada.

- Quero meu beijo antes - ele se inclina em minha direção.

- Sério Szymanski? Agora? E na frente do meu trabalho? - ele permanece inclinado fazendo biquinho - Ok...

   Me inclino e grudo nossos lábios. Tento dar só um celinho, más ele puxa minha nuca e aprofunda o beijo.

- Amei nossa noite, foi maravilhosa - com a palma da mão ele acaricia o topo de minha nuca e suavemente desce os dedos por meus ombros.

- Ok, foi bom...

- Eu senti tanto a sua falta meu bem, temos que repetir a dose - Haskel segura meu queixo e tenta me dar outro beijo, mas eu me esquivo.

- Essa não é a hora nem o lugar pra falarmos sobre isso Haskel!

- Então deixa eu te levar pra jantar hoje, podemos conversar e...

- Haskel, não! Eu preciso de espaço - me afasto dele - Você pode respeitar isso?

   Apesar da pergunta ser bem simples - creio que até fácil de responder - Haskel fica pensativo me encarando e demora mais que o normal para me responder. Ele volta a ficar sério e se endireita no volante.

- Claro, você tem todo o espaço do mundo.

   Ele não me encara mais, chateado, ele apenas destrava o carro para que eu possa sair. Então eu saio e deixo ele e sua birra sozinhos. 

   Quando chego no meu andar encontro uma Fittlive calma e sem muito movimento. Lola está sozinha na recepção, nada de clientes.

- Catter? O que aconteceu? - Lola vem até mim.

- Oi, a reunião começou?

- Começar? Ela já acabou Catter!

- Acabou? - Digo ofegante.

- Já são 11:30, onde você estava?

- É uma história muito longa...

  Vou direto para a sala de reuniões e lá ainda está alguns sócios apenas, nada de clientes. No canto da sala de costas para mim, um homem alto e forte, com um terno bem alinhado cor índigo observa a vista da grande janela de vidro. Apenas quando ele se vira percebo que é Adam Gautier no auge de toda sua beleza máscula. Ele me foca sério, tão sombrio.

- Amiga, você está bem? - Lola passa por mim e entra na sala.

- Sim, estou - Sento-me atordoada. Vejo aos poucos os sócios se dissiparem da sala.

 - Você ta com o mesmo vestido de ontem? - Lola explode em ânimo.

- O que? Não!

- Mesmo? Faz sentido... - diz Adam se aproximando de nós duas.

- Adam Gautier

- Quem te chamou na conversa Adam? - Catherine parece mais irritada que o normal, tudo por ela ter perdido a reunião?

- Não fala assim com ele vai, ele ta curioso igual eu ue...

- Eu vi seu carro aí em baixo, achei que você já estava aqui quando cheguei Catherine - digo de modo sarcástico - Imagina a minha surpresa ao saber que não.

   Ela me encara severamente, temendo que eu tenha percebido o que houve com ela na noite passada. Só que esse temor é em vão pois eu já sei o que houve. 

   Como eu acabei ouvindo a voz dele na ligação de ontem, provavelmente só eu sei com quem ela saiu, com o Szymanski. Parte de mim quer negar profundamente saber o que houve. Ela foi pra casa de Haskel e eles transaram a noite toda, o que fez ela perder a hora. Infelizmente essa é a única explicação.

- Com quem você saiu noite passada amiga?

- Olha só, Já chega né - ela se levanta e anda em direção à porta - Eu não devo satisfação pra ninguém da minha vida pessoal, muito menos pra vocês dois!

- Catherine - uma voz masculina ressoa no corredor e se aproxima da sala, olho para a porta e Haskel está nela - Você esqueceu o seu celular na porta do meu carro - ele entrega o celular a ela, que se mantém imóvel.

- Aa... Obrigada - diz baixo.

- Imagina - Haskel vai até ela e dá um beijinho em sua bochecha - Bom trabalho meu bem - ele me olha com um sorriso debochado pra e vai embora. 

   Um ódio mortal me paralisou. Ciúmes? Talvez inveja dele... Não sei dizer o que eu estou sentindo, mas está me matando por dentro.

- Aah - graceja Lola - Então você e o Hask...

- Para Lola - Catherine também se mantém imóvel e séria.

- Você e o Haskel voltaram? - Lola fica cada vez mais animada, será que ela não consegue sentir o peso que o clima está?

   Voltaram? É isso mesmo? Eles passaram a noite juntos, é óbvio, e não acho que Catter seja mulher de uma noite só. Ela mentiu pra mim sobre estar solteira? A cada momento me sinto pior.

   Catherine fixa os olhos nos meus, ela também parece infeliz, também parece sentir dor... Não, Claro que não deve sentir! Enquanto eu estava bebendo pra esquecer o fora que ela me deu, ela estava trepando com o Szymanski. Sinto meu olhar sobre Catherine passar de dor à ódio.

- É claro, como eu sou idiota - a expressão dela passa a ser de espanto.

- Quê? Como assim Adam? - Lola me pergunta perdida.

- Nada, esqueça Lola - passo por elas em direção a porta - Felicitações ao casal, Catherine.

   Pego o elevador e vou embora possesso. Entro no meu carro e coloco o cinto.

- Está tudo bem, eu só preciso relaxar! - inspiro e expiro devagar, tentando me acalmar - Ah mas que droga. Aquele filho de uma put@! - Grito dando socos no volante, perdendo o resto de sanidade que eu tinha.

  Deito-me sobre o volante e sinto os soluços do choro tomar conta do ambiente. Eu desabo em lágrimas. Sinceramente não me lembro de ter desabado dessa forma desde de que eu era um adolescente, sempre tive sentimentos impenetráveis. Pego meu celular e ligo para talvez a única pessoa que me entenderia.

- Kamie? - digo entre soluços - Você está em casa? Eu preciso da sua ajuda.

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