Henrique
Mariana estava deitada ao meu lado, a cabeça apoiada no meu peito, os dedos brincando distraidamente com o tecido da minha camiseta. O quarto estava silencioso, iluminado apenas pelo abajur ao lado da cama. — Henrique... — ela quebrou o silêncio, sua voz suave, mas carregada de preocupação. — Oi, meu amor. — Quantas sessões ainda faltam? Suspirei, já esperando aquela pergunta. Mariana estava tentando ser forte, mas eu via em seus olhos o peso do tratamento. — Ainda faltam quatro sessões, amor. Depois disso, vamos fazer exames para ver como o tumor reagiu. Ela ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo minha resposta. — E depois? O que acontece comigo? Segurei sua mão, entrelaçando nossos dedos. — Se tudo correr como esperado, você vai precisar de acompanhamento, mas o pior já vai ter passado. A radioterapia pode eliminaMariana Acordei com a luz suave da manhã entrando pela janela, iluminando o quarto de uma maneira tranquila e acolhedora. O cheiro de café fresco invadiu meu olfato antes mesmo de eu abrir os olhos, e um sorriso automaticamente se formou nos meus lábios. Não era incomum Henrique ser o primeiro a acordar, e logo percebi que ele já estava cuidando de tudo. Ao abrir os olhos, vi Henrique com uma bandeja na mão, com um sorriso carinhoso estampado no rosto. Ele se aproximou da cama, e eu pude ver a xícara de café fumegante e alguns pães e frutas dispostos com delicadeza. Colocou a bandeja sobre as cobertas e se inclinou para me beijar a testa, o que me fez suspirar de contentamento. “Bom dia, meu amor”, disse ele, sua voz suave e reconfortante. “Bom dia, Henrique”, respondi com um sorriso, ainda meio sonolenta, mas feliz. Ele sabia como me fazer sentir especial, sempre atento aos pequenos detalhes. Agradeci em silêncio por t
Mariana O grande dia havia chegado. A sensação de que tudo estava acontecendo rápido demais se misturava com a ansiedade e o nervosismo que eu sentia no fundo do peito. Ainda parecia um sonho, um sonho bom, daqueles que a gente quer viver para sempre. Ao chegar à igreja, meu coração disparou. O lugar estava perfeito, exatamente como eu queria: simples, mas bonito, delicado e cheio de amor em cada detalhe. Os bancos estavam enfeitados com arranjos de flores brancas e folhagens verdes, criando um corredor que parecia saído de um conto de fadas. No altar, um arco de flores em tons claros, com velas delicadas iluminando o espaço, dava um ar ainda mais acolhedor ao momento. O cheiro das flores se misturava com o incenso leve que preenchia o ambiente, criando uma atmosfera serena. Respirei fundo, tentando controlar a emoção. Estava prestes a dar um passo que eu jamais imaginei para mim. Me casar nunca esteve nos meus planos. Nunca achei que encontraria alguém que me fizesse sentir seg
MarianaA festa estava simplesmente perfeita. O salão era iluminado por luzes douradas suaves, as mesas decoradas com arranjos florais e velas que davam um toque romântico ao ambiente. O som da música animada preenchia o espaço, e eu me sentia leve, feliz, completamente em paz.Henrique não soltava minha mão por um segundo sequer. Ele estava radiante, sorrindo para todos e me puxando para dançar sempre que tinha oportunidade. Eu nunca imaginei que poderia sentir tanta felicidade em um único dia.— Você está linda — ele sussurrou no meu ouvido, me girando na pista de dança.— E você está incrível — sorri de volta, me perdendo nos olhos dele.As pessoas ao nosso redor se divertiam, brindavam à nossa felicidade, celebravam esse momento tão especial. Vi Karina sorrindo de longe, levantando a taça em um brinde discreto para mim. Ela sempre esteve ao meu lado, e saber que ela compartilhava minha alegria tornava tudo ainda mais especial.Depois de dançar, conversar e aproveitar cada segundo
Mariana O quarto estava iluminado suavemente pela luz quente dos abajures, criando um ambiente íntimo e acolhedor. O som distante das ondas quebrando na praia misturava-se ao silêncio confortável entre nós. Depois de checarmos Isabela e confirmarmos que tudo estava bem, voltamos para o nosso quarto, e eu senti uma ansiedade gostosa percorrer meu corpo.Fui até o banheiro, minhas mãos um pouco trêmulas. Olhei para o reflexo no espelho e respirei fundo antes de tirar o roupão e vestir a lingerie que havia comprado no shopping com Karina e Virgínia. O conjunto era de renda vermelha, delicado e ao mesmo tempo provocante. O sutiã realçava meus seios, e a calcinha cavada destacava minhas curvas. Meu coração batia forte.Eu nunca tinha me sentido tão vulnerável e, ao mesmo tempo, tão desejada.Quando saí do banheiro, Henrique estava de costas, mexendo em algo na mesa. Ele se virou ao ouvir meus passos, e a expressão dele mudou instantaneamente. Seus olh
Henrique A brisa morna da manhã acariciava meu rosto enquanto caminhávamos pelas ruas de paralelepípedo da pequena cidade litorânea. O céu estava limpo, um azul vibrante sem nenhuma nuvem à vista. O sol brilhava alto, refletindo-se no mar calmo que se estendia até o horizonte. Mariana segurava minha mão, seus dedos entrelaçados nos meus com delicadeza.Eu olhava para ela e via algo que não enxergava há muito tempo: paz. Sua pele, antes tão pálida pelo tratamento, agora tinha um leve tom corado. O brilho nos olhos dela, que tantas vezes fora substituído pelo cansaço e pela dor, agora resplandecia com uma leveza que me aquecia por dentro.Isabela seguia um pouco à frente, segurando a mão da babá, encantada com tudo ao redor. A felicidade dela era contagiante. Era como se, naquele momento, não houvesse preocupações, apenas nós três aproveitando o agora.— Essa cidade é linda — Mariana comentou, olhando ao redor.— Eu sabia que voc
Clara Eu andava de um lado para o outro na sala, sentindo meu sangue ferver a cada segundo que passava sem uma resposta do advogado. Peguei o celular da mesa e chequei as mensagens pela milésima vez. Nenhuma atualização. Nenhum avanço no processo de reconhecimento de paternidade.— Isso é um absurdo! — resmunguei, jogando o celular no sofá com força.Leonardo, sentado na poltrona ao lado, levantou os olhos para mim com cansaço. Ele parecia exausto, mas eu não me importava. Eu também estava.— Clara, essas coisas levam tempo. Você precisa ter paciência.Paciência? Como ele queria que eu tivesse paciência? Mariana estava com Isabella há meses, criando a menina como se fosse só dela, enquanto a justiça simplesmente ignorava o fato de que Leonardo era o pai biológico. Isso não podia continuar assim!— Eu não posso esperar mais! Eles estão me roubando a minha filha!Leonardo suspirou e massageou a têmpora, como se estivesse tentando conter a própria irritação.— Isabella não está sendo ro
Mariana Eu sempre soube que minha vida não seria fácil, mas ser mãe solteira aos 22 anos me trouxe uma realidade que eu nunca imaginei. Minha filha, Isabela, nasceu há quatro meses e trouxe uma alegria imensa para o meu coração, mas também trouxe muitas dificuldades. Eu sabia que ser mãe jovem, sem um parceiro ao meu lado, não seria fácil, mas a felicidade que Isabela me dava fazia tudo valer a pena. Eu me levantava todos os dias com um sorriso no rosto, por ela. Ela era a razão da minha existência agora, a razão pela qual eu lutava todos os dias. Naquela manhã, no entanto, algo estava diferente. Eu estava cansada, exausta, e o corpo não parecia responder como antes. Eu sentia uma dor estranha, uma pressão no peito que me fazia parar de vez em quando, como se estivesse tendo dificuldades para respirar. Mas, claro, como mãe, eu apenas empurrei para o fundo da minha mente e continuei com minha rotina. Isabela não iria esperar, ela precisava de mim. Mas o cansaço não passava. A do
Mariana O som suave da respiração de Isabela preenchia o quarto naquela manhã. Ela dormia em meu colo, com os bracinhos jogados para o lado e a boquinha ligeiramente aberta. Fiquei observando cada detalhe dela: os cílios pequenos, as bochechas rosadas e os dedos minúsculos que se moviam como se estivessem sonhando. Uma mistura de amor e angústia dominava meu coração. Eu a segurei com cuidado, tentando não acordá-la, mas precisava me levantar. A consulta no centro oncológico seria hoje. Era um passo difícil, mas eu sabia que precisava de ajuda para enfrentar o que vinha pela frente. — Meu amor, a mamãe vai cuidar de você... sempre que puder. — Sussurrei, beijando sua testa delicadamente. A pequena se mexeu, abrindo os olhos e olhando para mim com aquele brilho inocente que iluminava os cantos mais escuros da minha alma. Ela sorriu e estendeu a mãozinha, tocando meu rosto. — Você nem sabe o quanto me dá força, Isa. — Sorri, tentando disfarçar a dor que carregava. Depois de