Mariana O quarto estava iluminado suavemente pela luz quente dos abajures, criando um ambiente íntimo e acolhedor. O som distante das ondas quebrando na praia misturava-se ao silêncio confortável entre nós. Depois de checarmos Isabela e confirmarmos que tudo estava bem, voltamos para o nosso quarto, e eu senti uma ansiedade gostosa percorrer meu corpo.Fui até o banheiro, minhas mãos um pouco trêmulas. Olhei para o reflexo no espelho e respirei fundo antes de tirar o roupão e vestir a lingerie que havia comprado no shopping com Karina e Virgínia. O conjunto era de renda vermelha, delicado e ao mesmo tempo provocante. O sutiã realçava meus seios, e a calcinha cavada destacava minhas curvas. Meu coração batia forte.Eu nunca tinha me sentido tão vulnerável e, ao mesmo tempo, tão desejada.Quando saí do banheiro, Henrique estava de costas, mexendo em algo na mesa. Ele se virou ao ouvir meus passos, e a expressão dele mudou instantaneamente. Seus olh
Henrique A brisa morna da manhã acariciava meu rosto enquanto caminhávamos pelas ruas de paralelepípedo da pequena cidade litorânea. O céu estava limpo, um azul vibrante sem nenhuma nuvem à vista. O sol brilhava alto, refletindo-se no mar calmo que se estendia até o horizonte. Mariana segurava minha mão, seus dedos entrelaçados nos meus com delicadeza. Eu olhava para ela e via algo que não enxergava há muito tempo: paz. Sua pele, antes tão pálida pelo tratamento, agora tinha um leve tom corado. O brilho nos olhos dela, que tantas vezes fora substituído pelo cansaço e pela dor, agora resplandecia com uma leveza que me aquecia por dentro. Isabela seguia um pouco à frente, no colo da babá, encantada com tudo ao redor. A felicidade dela era contagiante. Era como se, naquele momento, não houvesse preocupações, apenas nós três aproveitando o agora. — Essa cidade é linda — Mariana comentou, olhando ao redor. — Eu sabia que você ia gostar. É um lugar tranquilo, longe da correria e d
Clara Eu andava de um lado para o outro na sala, sentindo meu sangue ferver a cada segundo que passava sem uma resposta do advogado. Peguei o celular da mesa e chequei as mensagens pela milésima vez. Nenhuma atualização. Nenhum avanço no processo de reconhecimento de paternidade.— Isso é um absurdo! — resmunguei, jogando o celular no sofá com força.Leonardo, sentado na poltrona ao lado, levantou os olhos para mim com cansaço. Ele parecia exausto, mas eu não me importava. Eu também estava.— Clara, essas coisas levam tempo. Você precisa ter paciência.Paciência? Como ele queria que eu tivesse paciência? Mariana estava com Isabella há meses, criando a menina como se fosse só dela, enquanto a justiça simplesmente ignorava o fato de que Leonardo era o pai biológico. Isso não podia continuar assim!— Eu não posso esperar mais! Eles estão me roubando a minha filha!Leonardo suspirou e massageou a têmpora, como se estivesse tentando conter a própria irritação.— Isabella não está sendo ro
Mariana O voo de volta foi tranquilo, como o céu claro que passava diante dos nossos olhos. As nuvens estavam dispersas, e a sensação de ter terminado nossa lua de mel – uma viagem que parecia mais um sonho do que uma realidade – era agridoce. Mas o que realmente me aquecia o coração era o fato de que estávamos voltando para casa, e, agora, em nossa casa, éramos uma família de verdade. Com Isabella nos braços, era impossível não perceber o quanto tudo tinha mudado em tão pouco tempo. O amor que sentia por ela e o carinho crescente por Lucas eram agora algo inegável. Lucas estava ao meu lado, observando Isabella, que dormia tranquila em meu colo, a babá ao nosso lado para garantir que tudo corresse bem, mas, mesmo assim, o foco era ela. Isabella, com apenas seis meses, já parecia ter conquistado todos os corações ao nosso redor, especialmente o de Lucas, que a tratava com a mesma devoção que qualquer pai poderia ter. Eu olhei para ele, ele percebeu e me sorriu suavemente, com a
Mariana um mês depois...Acordei com o som do despertador, e, por um momento, fiquei deitada, sentindo o peso do que estava prestes a acontecer. Hoje seria o dia da minha última sessão de radioterapia. Eu sabia que esse dia estava chegando, mas, mesmo assim, uma mistura de alívio e ansiedade tomava conta de mim. Tinha sido uma jornada longa e cansativa, e embora eu estivesse exausta, a sensação de que finalmente estava chegando ao fim me deixava um pouco mais leve.Karina entrou no quarto com um sorriso no rosto, trazendo aquele ânimo dela que eu tanto apreciava. Ela estava lá para me apoiar em mais esse dia, e isso fazia toda a diferença. Nunca imaginei que alguém pudesse ser tão forte ao meu lado durante um momento tão frágil da minha vida. Karina, com seu jeito de sempre, fez tudo parecer mais simples, e naquele momento, eu só queria que ela me deixasse respirar um pouco.— Vamos lá, amiga! A última! — ela falou, com uma energia contagiante, ajudando-me a sair da cama.Eu respirei
A tensão no escritório de Marcello era palpável. Clara e Leonardo estavam sentados à frente do advogado, esperando ansiosamente por uma atualização sobre o processo. A sala de reunião era iluminada por uma luz suave, mas o clima estava longe de ser reconfortante. Clara apertava as mãos, sentindo o peso das notícias que estavam por vir, enquanto Leonardo observava, sério, a postura de Marcello. Ele já sabia que a batalha pela guarda de Isabela não seria fácil, mas ainda assim, queria acreditar que tudo estava sob controle.Marcello se recostou na cadeira, tirando os óculos do rosto e fazendo uma pausa dramática, como se quisesse medir o impacto de suas palavras. Ele sabia que estava prestes a entregar uma informação que poderia alterar o rumo da guerra entre as famílias.— Eu tenho uma atualização para vocês. — Marcello começou, a voz firme, mas com um toque de cautela. — Mariana se mudou. Ela não está mais morando naquele bairro simples que ela vivia. Agora, e
Leonardo Eu nunca fui um homem fácil de se lidar. Sempre soube o que queria e nunca aceitei que ninguém tomasse algo meu. Mas naquele momento, sentado no sofá da sala, sentindo meu sangue ferver, percebi que Mariana tinha conseguido fazer algo que poucas pessoas conseguiram: me tirar completamente do controle.— Aquela desgraçada se casou com ele! — gritei, cerrando os punhos.Clara, que estava sentada ao meu lado, me olhou, confusa.— Do que você tá falando, Leonardo?Levantei-me de supetão, passando a mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. Mas como? Como eu não vi isso antes?— O médico, Clara! Aquele maldito médico! — rosnei, me virando para encará-la. — Eu sabia que ele não era só um amigo dela! Eu sabia! Quando eu cheguei na cidade e fui no apartamento dela, tinha um homem lá. Ele estava segurando a minha filha no colo, como se tivesse algum direito sobre ela!Clara estreitou os olhos, cruzando os braço
Mariana Eu estava em casa, tentando encontrar um pouco de paz no meio da tempestade que parecia ter se formado ao meu redor. Henrique estava comigo, sentado ao meu lado, e ainda assim não conseguia deixar de sentir o peso de tudo o que estava acontecendo. Não sabia como, mas sabia que as coisas estavam prestes a mudar. E, para ser honesta, eu estava com medo. O som da campainha quebrou o silêncio. Eu sabia o que era, eu sentia que algo estava para acontecer. Levantei-me rapidamente e fui até a porta. Quando a abri, o oficial de justiça estava ali, com aquele olhar sério e uma pasta em mãos. Um frio percorreu minha espinha, como se tudo estivesse prestes a desmoronar. — Mariana Oliveira? — perguntou o oficial, de forma formal, e eu apenas assenti. — Sou eu. — Fui rápida e direta, tentando manter a calma, embora meu coração estivesse acelerado. O oficial então estendeu a pasta para mim. — Estou aqui para entregar a solicitação de pedido de paternidade de Leonardo. O senhor so