MarianaAssim que Henrique desligou, fiquei parada no meio da sala, segurando o telefone com força. Meu coração martelava no peito, e minha cabeça parecia rodar. Eu queria acreditar que tudo isso era um grande engano, que era apenas uma paranoia minha, mas não era. Henrique não falaria algo assim se não tivesse certeza.Eles queriam minha filha. Minha filha!Meu corpo tremia, e as lágrimas começaram a arder nos meus olhos antes mesmo que eu percebesse. Minhas pernas perderam a força, e eu me sentei no sofá, tentando processar tudo.Isso não pode estar acontecendo. Isso não pode estar acontecendo.Eu precisava falar com alguém. Eu precisava de Karina.Com mãos trêmulas, disquei o número dela. O telefone chamou algumas vezes antes de ela atender.— Amiga? Tá tudo bem? — A voz dela veio preocupada do outro lado da linha.Eu tentei responder, mas um soluço escapou da minha garganta antes que eu conseguisse dizer qualquer coisa.— Mariana? Fala comigo! O que aconteceu?Tentei respirar fund
Karina Eu nunca fui de perder a cabeça fácil. Sempre fui aquela que pensa antes de agir, que tenta manter a calma mesmo quando tudo tá desmoronando. Mas quando a Mariana me contou sobre essa história absurda, sobre esse desgraçado do Leonardo querendo tirar a Isabela dela, eu vi vermelho. No momento em que desliguei o telefone, eu já estava calçando os sapatos e pegando a chave do carro. Meu coração batia tão forte que eu sentia o sangue latejando nos ouvidos. Eu queria socar alguma coisa. Não, eu queria socar alguém. Pisei fundo no acelerador, cortando as ruas como se minha raiva fosse combustível. O trânsito noturno ajudava, não tinha quase ninguém na rua, o que só me fazia acelerar ainda mais. Quem esse canalha pensa que é? Depois de todo esse tempo sem olhar na cara da Mariana, sem dar um centavo pra filha, ele de repente decide que tem direito sobre a menina? Agora que a mulher dele não pode ter filhos, ele acha que pode roubar a Is
Mariana Estava difícil respirar enquanto caminhava em direção ao centro oncológico com Karina ao meu lado. O coração estava apertado, e as mãos suavam. Hoje era o dia. O tratamento começaria, e eu não sabia o que esperar. Isabela estava quietinha nos meus braços, quase como se sentisse o peso do que estava por vir. — Vai dar tudo certo, Mariana. Você vai ver. Eu estou aqui com você, como sempre estive. — Karina falou baixinho, como se tentasse me acalmar, mas, na verdade, não estava nada calma por dentro. Eu não queria que ela visse meu medo. Era quase como se, ao encarar a realidade da minha doença, eu estivesse me enfraquecendo. Mas não podia esconder mais. Eu estava com medo. Medo do tratamento, medo do futuro, medo de tudo o que poderia acontecer com Isabela. Ao chegar ao consultório, Henrique estava sentado atrás da mesa. Ele levantou rapidamente ao nos ver entrar, e, ao ver Isabela nos meus braços, seus olhos brilhara
MarianaA sala estava fria e silenciosa. Eu estava sentada na cadeira, esperando que o técnico se preparasse para o que estava por vir. Radioterapia, ele tinha dito, me explicando com calma e paciência sobre o processo. Mas nada me preparou para o que realmente sentiria.Meus olhos estavam fixos nas paredes, tentando não pensar no que estava prestes a acontecer. Eu estava com medo. Medo de tudo que estava por vir, de sentir cada etapa do tratamento e, principalmente, medo de que não fosse o suficiente. O câncer estava ali, como uma sombra, e a radioterapia era a minha única esperança de combatê-lo.A enfermeira entrou novamente, com um sorriso simpático no rosto, tentando me transmitir calma, mas eu sentia o coração bater forte, querendo escapar do meu peito. Ela me pediu para deitar na maca, para me posicionar corretamente, de acordo com a área que seria tratada. Eu segui as instruções dela, tentando não mostrar o nervosismo que estava tomando conta de mi
MarianaSaí da sala de radioterapia sentindo o peso do mundo sobre mim. Meu corpo parecia exausto, como se eu tivesse corrido uma maratona sem preparação alguma. Eu só queria ir para casa e me deitar, esquecer de tudo por algumas horas. Mas eu sabia que isso não ia acontecer. Sabia que o tratamento estava apenas começando e que os próximos dias seriam um teste para a minha resistência.Karina estava lá fora, me esperando com aquela preocupação que ela tentava disfarçar, mas eu conhecia bem. Ela abriu um sorriso pequeno quando me viu, mas seus olhos escuros me analisavam, como se quisessem encontrar qualquer sinal de fraqueza.— Como foi? — Ela perguntou, enquanto se aproximava.Eu queria mentir, queria dizer que tinha sido tranquilo, que estava bem. Mas não consegui.— Cansativo — respondi, respirando fundo. — Acho que ainda não caiu a ficha de que isso é só o começo.Ela assentiu e segurou minha mão.— Você vai conseguir passar por isso, Mari. Eu sei que vai.Eu queria acreditar niss
MarianaEu não consegui dormir naquela noite. Depois da proposta absurda de Henrique, minha mente girava sem parar. Casamento? Como se isso fosse algo tão simples assim. Como se fosse apenas assinar um papel e pronto, problema resolvido.Mas ao mesmo tempo, seria isso mesmo?Eu já sabia que minha situação financeira e minha doença pesariam contra mim na justiça. E Henrique tinha razão: com ele ao meu lado, sendo um homem estável, rico e respeitado, eu teria mais chances de manter a guarda de Isabela.Mas isso significava me casar com um homem que eu mal conhecia direito.Eu virei de um lado para o outro na cama, o travesseiro abafando minha frustração. O quarto estava escuro, mas minha cabeça estava um caos. Será que eu estava sendo orgulhosa? Será que realmente importava se o casamento fosse de mentira, se no final das contas minha filha ficasse comigo?A verdade era que eu estava desesperada. E o desespero faz a gente considerar coisas que nunca imaginaria.---Na manhã seguinte, Ka
MarianaPassei o resto do dia com um nó no peito. Eu tinha acabado de ouvir uma proposta que poderia mudar completamente minha vida e a de Isabela. Mas, ao mesmo tempo, parecia que eu estava prestes a fazer um pacto com consequências que ainda nem conseguia imaginar.Karina não atendeu minhas ligações, o que era esperado. Ela estava furiosa e provavelmente precisava de um tempo para não explodir de vez. Então, eu estava sozinha com meus pensamentos, encarando o teto do meu quarto enquanto Isabela dormia tranquila ao meu lado.Eu queria poder ter essa mesma tranquilidade.Mas a verdade era que minha cabeça estava um caos.E se eu aceitasse?Seria mesmo a melhor decisão?Ou eu estaria me jogando em uma situação ainda pior?Mas qual outra opção eu tinha?Meus olhos ardiam de tanto pensar, de tanto me preocupar. A realidade era dura: eu não tinha dinheiro suficiente para um bom advogado, estava doente e ainda vulnerável. Sozinha, eu tinha poucas chances contra Leonardo.Henrique era minha
Henrique Sentei na sala da casa dos meus pais, sentindo a tensão crescer dentro do meu peito. Eu nunca fui um homem de grandes discursos, mas sabia que aquela conversa precisava acontecer. Meu pai estava no sofá, com uma xícara de café nas mãos, observando-me com sua costumeira expressão séria. Meu irmão, Daniel, estava ao lado dele, folheando um jornal, mas eu sabia que ele estava atento. E minha mãe… bem, minha mãe me olhava como se já soubesse o que estava por vir. Respirei fundo. — Preciso falar com vocês sobre algo importante. Os três me encararam. — Eu vou me casar. Minha mãe arregalou os olhos, Daniel abaixou o jornal e meu pai franziu a testa. O silêncio foi quase ensurdecedor. — Como é? — Daniel foi o primeiro a falar. — Você vai se casar? Assim, do nada? — Não é do nada — corrigi, tentando manter a calma. — Mas não é exatamente por amor. Minha mãe inclinou a cabeça, claramente confusa. — Henrique, do que você está falando? Suspirei, passando as mão