A Congregação utilizava a tradição de ter o sino para acordar as meninas e a todas as irmãs, de manhãzinha. Era a superiora quem o batia rigidamente as cinco horas da manhã. Obviamente que quem estivesse escalada para aprontar o café da manhã, acordava antes do sol nascer. Aos domingos, as meninas podiam dormir meia hora a mais, para então, irem participar da missa. A vida religiosa era assim, regrada. E as irmãs diziam “um grande problema da sociedade atual é que as pessoas não possuem regras”. As regras, às vezes, para Estrela, pareciam tão pesadas de carregar, tão difíceis de conseguir cumprir. E na semana que precisava cozinhar, era tão difícil, porque era algo a mais que precisava fazer. Ela permaneceu salgando a comida por um bom tempo, mas aos poucos estava se aperfeiçoando, melhorando, e, qu
A Metamorfose da BorboletaHá muitos anos atrás, por volta do ano de 1900, havia um povo invisível... Ieda, uma princesa borboleta de asas azuis, nasceu entre o povo Geda que habitava um bosque. O povo Geda era um povo invisível para os humanos, porque elas eram lindas e frágeis borboletas e, era somente assim que os humanos os viam. Eles possuíam traços humanos, contudo, com olhos, cabelos e asas de diversas colorações. Os seres humanos não podiam ver a semelhança. A explicação para isso é que as borboletas no início da civilização precisaram se disfarçar e tornar-se pequenas, pois seus encantos e beleza causavam curiosidade nos humanos daquela época. Porém, alguns humanos tinham a permissão de descobrir esse segredo, se alguma borboleta resolve
A casa era grande, possuía inúmeros quartos. Os quartos das meninas ficavam em um corredor, os das irmãs outros. Conceição e Luiza sempre diziam que tinham medo de caminhar a noite pela casa, já com luzes apagadas, tal como já se sabe, tal lugar havia sido um hospital. Obviamente que só podiam caminhar até antes de dar a hora delas irem dormir. Estrela não tinha medo desse tipo de coisa. No entanto… certo dia, à noite, depois do jantar, enquanto ela estudava em uma das salas, subitamente a luz apagou. Havia faltado energia elétrica na casa. Estava sozinha, no último quarto. Um medo repentino apoderou-se dela. Estrela com passos rápidos e pesados, foi em direção ao salão e subiu as escadas no escuro, sem ter que cuidado que poderia tropeçar. Ela ouviu barulhos estranhos, o que lhe apavorou mais ainda. Então, depo
Depois de quase dois anos em formação, Estrela olhava-se no espelho, e via olheiras por causa das poucas noites de sono, do seu cansaço e, do seu sim, diário, que era cumprido a duras penas.O segundo ano, era o Postulantado. Ela ingressou neste de tal modo como ingressou no Aspirantado. Fizeram três dias de retiro de silêncio. Três dias sem conversar.Agora elas haviam mudado de cidade, e da pequena cidade foram para uma capital. A partir de então, a vida de oração era focada principalmente no Ofício das Horas. E Estrela passou a ter que acordar às quatro e meia da manhã. O que era tão doloroso. Então, a sua nova formadora, Ir. Tassila, dizia a ela que se um tivesse tido a experiência de trabalho, não re
O Grande AmorDora tinha vinte anos, era filha de uma família com cinco irmãos contando com ela. Seu pai era fazendeiro e, a sua situação financeira era muito boa. Ela era linda, possuía olhos azuis e, os cabelos loiros. Era desejada pelos homens da pequena cidade, no oeste do Pará, que viam da moça descendente de holandeses uma beleza diferente das outras moças do local. Todos os seus irmãos eram bonitos, mas nenhum com a mesma formosura que a dela, chamava atenção dos homens quando caminhava na rua, com lindas roupas elegantes. Ela também era a mais diferente, por isso, ela e a sua irmã Helena que queria ser freira constantemente discutiam. Mas vamos para antes dos seus vinte anos. Dora era uma jovem viva e alegre, que sempre frequentava os bailes da cidade. O melhor ano para el
Estrela precisava decidir. A cada dia que transcorria como postulante, parecia ser tão duro para Estrela. Ela sentia-se presa como um passarinho numa gaiola. Estrela percebeu que não queria mais adiar a ideia de fazer uma faculdade, talvez até quisesse formar uma família. Numa tarde, depois do almoço, ela rezava e, veio-lhe uma imagem a sua mente: ela, o marido, filhos… Certo dia, ela disse para uma das irmãs quanto queria cursar uma faculdade, então, esta a indagou:− O que mais você encontra no mundo, Estrela? Alguém com muita ciência ou alguém voltado para Deus? Estrela apenas abaixou a cabeça, pensando o por que não poderia te
Estrela estava com vinte anos, estudava Psicologia e, pensou por que havia submetido os seus sonhos em nome daquilo que não acreditava. A ideia havia partido dos seus pais que acreditavam que era melhor primeiramente fazer uma faculdade que lhe desse futuro e, submeter a viver os seus sonhos numa outra ocasião, ou seja, cursar primeiramente uma faculdade segura, depois estudar aquilo que de fato lhe faria feliz, “para que não passasse fome”, era o que diziam. E aos poucos, Estrela foi perdendo o desejo de ser Arquiteta ou Veterinária. Desde criança ela costumava imaginar como seria a sua casa, por dentro e, por fora; gostava de assistir programas que mostravam casas de celebridades ou de pessoas anônimas estrangeiras que realizavam o sonho de ter a casa própria. Ela sempre gostou de desenhar como seria a sua futura casa, n&atild
Ela usava uma calça jeans, um coque, pois não tivera tempo de lavar os cabelos, e dar um jeitinho para os cachinhos ficarem viçosos. Estrela colocou o tênis, uma camiseta, um brinco somente com uma pedra e, batom clarinho. Ainda nos tempos da época sem maquiagem, de quando ia ser freira faziam por vezes parte dela. Ah, se houvesse Deus lhe entregado um script do que iria acontecer naquele final de tarde que ela resolveu descer uma rua de terra, na Avenida Rio Branco, para contemplar o rio. Os olhos mais lindos e brilhantes que havia visto e, um sorriso um pouco tímido, mas tão belo e doce. A voz grossa e firme veio de trás. − Com licença, senhorita! Ela havia ouvido isso mesmo? Senhorita?!
Estrela terminou de responder a prova e, sentiu que havia ido bem, apesar daquele domingo que ela havia reservado para estudar, ela não havia pego no livro, porque foi passear com o estrangeiro. Vez ou outra, enquanto todos os seus colegas conversavam, ela recordava-se das conversas com James e, de como ele tocava nas suas mãos. Era como se a faculdade, nada, fosse mais importante do que as conversas simples com ele. Seus pensamentos voaram naquele dia. Quatro dias se passaram e, Estrela ficou imaginando que James provavelmente já teria ido embora de Corumbá. Ele poderia pelo menos ter dito um “tchau” por mensagem no celular antes de partir. No entanto, ele era europeu, e ela não sabia exatamente como as despedidas ocorriam entre os britânicos. Aliás até entre os brasileiros, dependendo, não havia despedidas. Ah, mas que importava, pen