Um dia Estrela compartilhou com a mãe o desejo de estudar fora, aliás foram tantas vezes que se pegou falando sobre tais sonhos.
− Minha filha, você precisa amadurecer um pouco a ideia. Não é tão fácil morar em outro país como você pensa. Além da passagem e do curso para você pagar, tem a sua estadia.
− Poderia lavar prato.
− Estrela!
− O que? Eu lavo prato aqui em casa sem ganhar nada, posso lavar prato num restaurante ou numa lanchonete sendo paga.
− Vocês jovens acham que é tudo fácil.
 
A Porta MágicaBeatriz morava num apartamento junto com a família. Havia muito barulho em volta, uma zona de prostituição e, assaltos eram corriqueiros. Não haviam flores, não haviam árvores, apenas a sua imaginação querendo ter um lindo jardim em volta. Ela já havia lido o livro Alice no País das Maravilhas, Peter Pan, e muitos livros de fantasia, talvez o seu refúgio diante das diversas brigas dos pais. Beatriz era quieta e, havia se tornado mais ainda desde que havia entrado na puberdade. A escola era um lugar que ela não gostava, pois ela tinha quinze anos, era muito magra e, achava que era feia, porque seus próprios irmãos diziam que ela era. Beatriz acreditava e, se importava muito o que pensavam sobre ela. Às vezes, sonhava que um dia abriria a porta e, fugiria de casa, para então, quem sabe morar em outro país
A Congregação utilizava a tradição de ter o sino para acordar as meninas e a todas as irmãs, de manhãzinha. Era a superiora quem o batia rigidamente as cinco horas da manhã. Obviamente que quem estivesse escalada para aprontar o café da manhã, acordava antes do sol nascer. Aos domingos, as meninas podiam dormir meia hora a mais, para então, irem participar da missa. A vida religiosa era assim, regrada. E as irmãs diziam “um grande problema da sociedade atual é que as pessoas não possuem regras”. As regras, às vezes, para Estrela, pareciam tão pesadas de carregar, tão difíceis de conseguir cumprir. E na semana que precisava cozinhar, era tão difícil, porque era algo a mais que precisava fazer. Ela permaneceu salgando a comida por um bom tempo, mas aos poucos estava se aperfeiçoando, melhorando, e, qu
A Metamorfose da BorboletaHá muitos anos atrás, por volta do ano de 1900, havia um povo invisível... Ieda, uma princesa borboleta de asas azuis, nasceu entre o povo Geda que habitava um bosque. O povo Geda era um povo invisível para os humanos, porque elas eram lindas e frágeis borboletas e, era somente assim que os humanos os viam. Eles possuíam traços humanos, contudo, com olhos, cabelos e asas de diversas colorações. Os seres humanos não podiam ver a semelhança. A explicação para isso é que as borboletas no início da civilização precisaram se disfarçar e tornar-se pequenas, pois seus encantos e beleza causavam curiosidade nos humanos daquela época. Porém, alguns humanos tinham a permissão de descobrir esse segredo, se alguma borboleta resolve
A casa era grande, possuía inúmeros quartos. Os quartos das meninas ficavam em um corredor, os das irmãs outros. Conceição e Luiza sempre diziam que tinham medo de caminhar a noite pela casa, já com luzes apagadas, tal como já se sabe, tal lugar havia sido um hospital. Obviamente que só podiam caminhar até antes de dar a hora delas irem dormir. Estrela não tinha medo desse tipo de coisa. No entanto… certo dia, à noite, depois do jantar, enquanto ela estudava em uma das salas, subitamente a luz apagou. Havia faltado energia elétrica na casa. Estava sozinha, no último quarto. Um medo repentino apoderou-se dela. Estrela com passos rápidos e pesados, foi em direção ao salão e subiu as escadas no escuro, sem ter que cuidado que poderia tropeçar. Ela ouviu barulhos estranhos, o que lhe apavorou mais ainda. Então, depo
Depois de quase dois anos em formação, Estrela olhava-se no espelho, e via olheiras por causa das poucas noites de sono, do seu cansaço e, do seu sim, diário, que era cumprido a duras penas.O segundo ano, era o Postulantado. Ela ingressou neste de tal modo como ingressou no Aspirantado. Fizeram três dias de retiro de silêncio. Três dias sem conversar.Agora elas haviam mudado de cidade, e da pequena cidade foram para uma capital. A partir de então, a vida de oração era focada principalmente no Ofício das Horas. E Estrela passou a ter que acordar às quatro e meia da manhã. O que era tão doloroso. Então, a sua nova formadora, Ir. Tassila, dizia a ela que se um tivesse tido a experiência de trabalho, não re
O Grande AmorDora tinha vinte anos, era filha de uma família com cinco irmãos contando com ela. Seu pai era fazendeiro e, a sua situação financeira era muito boa. Ela era linda, possuía olhos azuis e, os cabelos loiros. Era desejada pelos homens da pequena cidade, no oeste do Pará, que viam da moça descendente de holandeses uma beleza diferente das outras moças do local. Todos os seus irmãos eram bonitos, mas nenhum com a mesma formosura que a dela, chamava atenção dos homens quando caminhava na rua, com lindas roupas elegantes. Ela também era a mais diferente, por isso, ela e a sua irmã Helena que queria ser freira constantemente discutiam. Mas vamos para antes dos seus vinte anos. Dora era uma jovem viva e alegre, que sempre frequentava os bailes da cidade. O melhor ano para el
Estrela precisava decidir. A cada dia que transcorria como postulante, parecia ser tão duro para Estrela. Ela sentia-se presa como um passarinho numa gaiola. Estrela percebeu que não queria mais adiar a ideia de fazer uma faculdade, talvez até quisesse formar uma família. Numa tarde, depois do almoço, ela rezava e, veio-lhe uma imagem a sua mente: ela, o marido, filhos… Certo dia, ela disse para uma das irmãs quanto queria cursar uma faculdade, então, esta a indagou:− O que mais você encontra no mundo, Estrela? Alguém com muita ciência ou alguém voltado para Deus? Estrela apenas abaixou a cabeça, pensando o por que não poderia te
Estrela estava com vinte anos, estudava Psicologia e, pensou por que havia submetido os seus sonhos em nome daquilo que não acreditava. A ideia havia partido dos seus pais que acreditavam que era melhor primeiramente fazer uma faculdade que lhe desse futuro e, submeter a viver os seus sonhos numa outra ocasião, ou seja, cursar primeiramente uma faculdade segura, depois estudar aquilo que de fato lhe faria feliz, “para que não passasse fome”, era o que diziam. E aos poucos, Estrela foi perdendo o desejo de ser Arquiteta ou Veterinária. Desde criança ela costumava imaginar como seria a sua casa, por dentro e, por fora; gostava de assistir programas que mostravam casas de celebridades ou de pessoas anônimas estrangeiras que realizavam o sonho de ter a casa própria. Ela sempre gostou de desenhar como seria a sua futura casa, n&atild