POV EROSHospital…Uma enfermeira me indicou o quarto da Sra. Gomez. Ela bateu na porta antes de abri-la.Pude ver a surpresa no rosto do Sr. Gomez no momento em que me viu. Ele estava sentado numa cadeira perto da cama onde sua esposa dormia.Ele se levantou e pediu para a enfermeira ficar de olho na esposa por um tempo. Me levou para fora do quarto e me convidou a sentar ao lado dele em uma das cadeiras de aço.— Há quanto tempo ela está lutando contra isso?— Um ano. Ela fez uma mastectomia há seis meses. Achamos que ficaria tudo bem, mas virou metástase. As células cancerígenas se espalharam para os órgãos vitais.Meu Deus. Seis meses atrás foi quando dei o dinheiro. Provavelmente ela usou para a cirurgia.— Sinto muito. O que o médico disse? Há alguma chance de recuperação rápida?Ele levou a mão à boca. Pude ver que tentava se controlar para não desmoronar. Depois balançou a cabeça lentamente.— Não, e acho que ela não vai se recuperar — disse ele, com a voz embargada antes de c
POV EROSO bebê está chegando!Deixei o microfone cair e corri até Celeste. Eu não conseguia entender o que estava sentindo naquele momento. Estava muito nervoso por causa da Celeste e preocupado se ela estava ferida, mas ao mesmo tempo muito animado para conhecer nossa pequena princesa.— Amor, você está bem?— Sim. Estou bem — disse Celeste, agarrando meu braço. Seus dedos tremiam e estavam gelados como gelo.Olhei para o líquido amniótico no chão, depois para suas pernas e sapatos molhados.— Tem certeza? — Eu a abracei e ela respondeu apoiando o corpo no meu. — Você está em trabalho de parto!— Sim! — disse ela, animada.Ok. Tenho que manter a calma e levá-la ao hospital. Imediatamente. Mas antes...Procurei o lenço nos bolsos da calça para limpar as pernas de Celeste. Me agachei, mas meus pais me interromperam.— Eros, você deveria levar a Celeste ao hospital agora mesmo — disse minha mãe com uma voz bem autoritária.— Tá esperando o quê, filho? Pelo amor de Deus, ela vai dar à l
POV CELESTEANOS DEPOIS—Vai pro inferno!Eros largou o café e me olhou com os olhos bem arregalados.—O que ela disse?—Não sei —sussurrei, e depois olhei para Wade, que comia seu cereal.—Ela disse VAI PRO INFERNO —disse Wade bem alto, fazendo com que os olhos espertos de Esmeralda se fixassem nele.—Não diga isso —disse Eros para Wade.—Acho que ouvimos errado. Provavelmente ela disse algo... diferente —falei, quase num sussurro.—Sim, você tem razão, querida. —Eros sorriu e voltou a tomar seu café—. Não consigo imaginar nossa princesinha dizendo uma palavra dessas.—Não. Ela não diria. Somos muito cuidadosos. —Sorri para meu marido—. Além disso... onde ela ouviria uma palavra dessas?—Sério, mãe? Está em todo lugar. Na TV, na internet. O tio Kriss às vezes diz a palavra com “i”... o zelador da escola fala isso o tempo todo —Wade, que tinha acabado de fazer nove anos, sabia muito bem se expressar. Era um menino muito inteligente e com opiniões firmes sobre tudo. Uma característica
POV CELESTE—O que aconteceu com seu olho? — Me surpreendi ao ver o olho direito de Wade tão vermelho. Ele estava com a roupa suja e o cabelo bagunçado.Eu estava na cozinha experimentando uma nova receita quando ele entrou pela porta, segurando seu skate.—Não é nada, mãe — disse ele, e saiu correndo da cozinha.—Ei! Nada disso. Volta aqui — gritei.Ele voltou, encolhido. Estava com a cabeça baixa e evitava me encarar.Sequei as mãos e fui até ele. Levantei seu queixo e examinei seu rosto. O olho direito estava vermelho e a pele ao redor estava roxa, ficando cada vez mais escura.—Você está com um olho roxo!Ele afastou o rosto das minhas mãos e se distanciou.—Não é nada, mãe — disse, me lançando um olhar de cachorrinho, o que me deixou com pena. —Nem está doendo.—Sério mesmo, superman? Vem aqui, vamos colocar gelo nesse olho.Ele se sentou em um banquinho e esperou.—Quem fez isso com você?Ele não respondeu e continuou evitando meu olhar.—Wade. Quem fez isso com você? — pergunte
POV WADE—Não entendo. Seus pais são os dois Pedrosa. Como é que você é um Gomez?De repente, meu corpo ficou rígido. Meu melhor amigo, Leonidas, finalmente teve coragem de fazer a pergunta que eu temia responder.—Tá vendo? Um P maiúsculo. Pedrosa. —Leonidas tocou o metal brilhante da letra P no meio do portão de ferro da nossa mansão.Nossa. Ou deles?—É uma história complicada, cara —disse ao Leonidas, tentando mudar de assunto.Mamãe sempre dizia que eu sou filho dela. Ela ficou grávida de mim com dezoito anos. E meu pai, Eros Pedrosa, é meu pai de verdade.Será mesmo? Ainda não entendo.Não tenho nenhuma foto de bebê com eles, diferente da Esmeralda. As fotos dela estavam espalhadas pelo quarto e pela sala. Tinha foto dela apagando a vela do primeiro aniversário. As minhas começavam aos cinco anos.As fotos com mamãe e papai começaram no casamento deles. Eu estava em quase todas, com eles.Tinha cinco anos quando comecei o jardim de infância. Aprendi a escrever meu nome com o sob
POV EROS—O jardim está lindo. As flores são lindas e cheiram maravilhosamente bem — Celeste afundou o rosto no meu pescoço, com os braços ao redor da minha cintura.—Fico feliz que você tenha gostado — abracei-a com força e beijei sua cabeça.—Eu adorei. Obrigada por plantar todas essas flores tão bonitas — ela se pôs na ponta dos pés e me beijou nos lábios.Retribuí o beijo com intensidade.—Tudo isso é para você. Porque você é tão linda e eu te amo tanto.—Eu também te amo, Eros. Você é um marido e um pai maravilhoso para nossos filhos — ela voltou a chorar.—Vamos, não fique triste — sequei suas lágrimas com o polegar. —Vamos para o nosso quarto e vamos fazer outro Wade — levei-a lentamente para dentro de casa.Ela se afastou.—Para de brincar comigo. Você sabe que estou muito triste.—Eu também estou triste. Mas, amor, temos que ser fortes.Ficamos na nossa mansão na Geórgia por uma semana. Era o recesso escolar e Wade tinha que voltar para a casa dos pais adotivos. Foi muito dif
POV EROS—Não tem problema, querida. Vai passar —disse a Celeste, tentando tranquilizá-la.Olhei para o enorme nome preto “Esmeralda” estampado no meio do nosso novo conjunto de sofás de couro branco. Era uma peça clássica italiana antiga e valia uma fortuna.—Faz anos que explico para ela que escrever e desenhar é só no papel, não nas paredes, móveis ou eletrodomésticos. Mas ela não entende.—Ela é uma criança, não vai entender —puxei Celeste para perto e envolvi meu braço sobre os ombros dela.—Ela está colocando o nome dela em todo lugar. Na tela da TV, na geladeira, na minha bolsa nova, no seu notebook, no boné do Wade e até na porta da frente.É. Lembrei que vi a TV ontem à noite. Foi estranho ver o nome “Esmeralda” bem no meio da tela. Até hesitei em tomar uma cerveja, porque o nome dela estava na garrafa.—Acho que ela está empolgada porque aprendeu a escrever o próprio nome.—Queria saber onde ela achou essa caneta preta. Eu me certifiquei de manter todas as canetas longe dela
POV WADE— Ela é tão fofa! Por que ela é tão fofa? Vocês viram como o cabelo dela caiu sobre os olhos quando ela se abaixou? Caramba… Eu adoraria tirar uma foto dela. Ela é tão bonita, cara, e ela sorriu pra mim... ela sorriu pra mim! Não acredito nisso — Isma não parava de falar da Carla.— Calma! Ela sorriu pra gente, beleza? Pros três — disse Leonidas, dando um tapinha no ombro do Isma.Estávamos na piscina da casa do Leonidas e da Lara, nadando, quando a Carla chegou. Ela disse “oi” e logo entrou pra passar o tempo com a Lara. Estava linda com um jeans azul escuro e uma camisa branca folgada, combinando com os tênis brancos Adidas Superstar.Não entendo. Não acho ela atraente. Fico me perguntando o que o Isma vê nela. Pra mim, ela é magra demais e sem graça. Prefiro garotas como a Martha. Bonita, um pouco tímida, inteligente e talentosa. Ela fica incrível com qualquer roupa — talvez até com um saco de batatas. A maioria dos meninos da escola é apaixonada por ela. Não posso culpá-l