POV CARLA—O que está acontecendo? Não entendo —disse Lia enquanto estávamos na cama dela, prontas para dormir. Passei a véspera de Natal com a família dela. Sempre fazia isso desde que meu pai morreu.—Eu também não —suspirei profundamente e abracei um travesseiro em forma de coração.—Ele não te ligou nem mandou mensagem. Não era um encontro? —Lia virou-se para mim com uma expressão compreensiva.—Sim. Já te disse. Ele só estava sendo gentil. Teve pena de mim quando contei que sentia falta de ir ao Rockefeller Center com meus pais nas férias de Natal.—Hmm... Talvez. É como um problema de matemática, muito difícil de resolver. Não sei qual é a dele, mas um garoto não convida uma garota para passar o dia inteiro junto, almoçar em um restaurante chique, andar de mãos dadas vendo vitrines de Natal e patinar no gelo sem sentir nada por ela.—Você acha? —franzi a testa.—Sim!—E o que eu faço? —perguntei, muito confusa. —Devo ligar para ele?—NÃO! Nem pense nisso. Você já mandou mensagem
POV WADEEla ficou sem palavras. Ficou parada ali, apoiada no balcão da cozinha, me olhando. Droga. A reação dela me fez pensar se eu estava fazendo a coisa certa ao dizer o que sentia.Levantei a mão, tentando me explicar.— Não estou te pressionando, Carla. Está tudo bem. Você não precisa sentir o mesmo por mim.Ela parecia atordoada.— Por quê?Baixei as mãos e enfiei nos bolsos. Não consegui evitar que tremessem. Nunca estive tão nervoso na vida. Me sentia como se estivesse sendo condenado à morte.Desviei o olhar dela e endireitei as costas para aliviar a tensão.Merda! O que eu fiz?Sinceramente, não planejava confessar meus sentimentos. Só queria vê-la. Estar com ela. Mesmo que fosse só por um momento.O Natal costumava ser divertido com a família, parentes e amigos próximos... mas agora tinha se tornado entediante e sem vida. Faltava algo, e descobri que era a Carla.Depois de levá-la ao Rockefeller Center, tentei manter distância. Pelo menos, ajudei ela a ter boas festas.Mas
POV WADE—Eu adoro ler livros. Isso me motiva a perseguir meus objetivos na vida, explorar o mundo e experimentar coisas novas. Também me deu vontade de viajar — disse Carla quando perguntei o que ela tinha feito nos últimos dias.Estávamos sentados um de frente para o outro na cozinha, com uma pequena mesa entre nós. Conversando. Sorrindo e rindo sem motivo. Observando e encarando um ao outro.Era desconfortável, me deixava tímido, mas a felicidade era esmagadora. Não havia nenhum outro lugar onde eu preferisse estar naquele momento. Observando suas expressões e gestos. A maneira como seus dedos às vezes deslizavam pelo cabelo e como ela mordia o lábio quando pensava. Tudo nela me cativava.—Para onde você gostaria de viajar? — perguntei curioso, olhando para a mão dela descansando sobre a mesa entre nós.—Para qualquer lugar do mundo. Nova Zelândia, por exemplo. Paris, Milão, Barcelona, Austrália...Era estranho, pois eu já havia estado em todos os lugares que ela mencionava. Viajav
POV CARLA— Como está o Jordy? Ele está bem? Você deu algo especial para ele no Natal? Me mande uma foto dele — disse a tia Abigail ao telefone.— O quê? — perguntei confusa, desorientada por ter acordado de repente.— Sua idiota! Onde está o Jordy? — gritou a tia Abigail.Afastei o telefone da orelha e olhei para o relógio. Era uma da manhã.— Ele está lá em cima, na sala — respondi.— Você ligou o aquecimento? Ele pode pegar um resfriado — disse a tia Abigail. De repente, foi a Ângela quem falou comigo. — Se ele ficar doente, vou colocar a culpa em você. Vai, tire uma foto do Jordy, já estou morrendo de saudades do meu bebê. Depressa!Subi as escadas e acendi as luzes. Tirei uma foto do Jordy e enviei para Ângela.Sem agradecer, sem desejar feliz Natal, sem demonstrar preocupação... só ordens e gritos. Nunca me trataram como parte da família. Jordy tem mais sorte do que eu.Voltei para a cama e pensei no Wade. Pensar nele me fazia feliz.Falava com ele todos os dias desde que ele ch
POV WADEDepois de tomar a aspirina, voltei para a cozinha com a mamãe, Margaret e Rubi. Estava tomando chá. Agora me sentia muito melhor.Rubi segurava um sorvete, sentada em um banco ao meu lado. Estava falando sobre as princesas da Disney.—Mas eu gosto mais da Moana —disse enquanto lambia o sorvete que escorria pela mão. Nosso cachorro, Marsh, esperava, lambendo cada gota de sorvete do chão.Esmeralda apareceu usando uma coroa. Metade dos convidados achou que era o aniversário dela.—Meu Deus! Meu Deus! Vocês viram?—. Esmeralda entrou na cozinha parecendo histérica. —Claro que não. Vocês estão todos aqui escondidos na cozinha.—O que aconteceu? —perguntou mamãe.—Eu não deveria ter convidado ela. Ela roubou toda a atenção! Está de novo sendo o centro das atenções. Grrr!—Quem? —perguntei.—Quem mais? A Regina! Eu odeio ela. Me arrependo tanto de ter convidado. Como pude ser tão burra! Ela está no palco com o DJ. Nem sabia que cantava tão bem—. Murmurava, reclamava, falava sozinha
POV WADEMeu coração disparou no momento em que Carla abriu a porta. Ela estava tão linda com o pijama e a jaqueta acolchoada. Seu cabelo preto bagunçado a deixava ainda mais bonita. Tirou meu fôlego.Eu sentia saudades dela.Já tinha planejado vê-la esta noite. Só estava esperando a festa acalmar um pouco. Dei sorte quando meu pai sugeriu que eu dirigisse o carro. Eu queria muito sair da festa. Estava barulhento e cheio de gente.E agora, com Carla ao meu lado, meu aniversário estava perfeito.Contei para Carla sobre a festa. Sobre o DJ que meu pai tinha contratado e como acabou parecendo a festa de aniversário da minha irmã Esmeralda.— Parece linda.— Ela é, mas às vezes é um pouco chata. — Amo muito minha irmã Esmeralda. Mas às vezes ela queria toda a atenção para si. Meu pai diz que minha tia Seraphina também era assim quando era pequena.— Meninas são assim.Olhei para Carla. Os faróis dos carros que passavam iluminavam seu rosto. Ela tinha um rosto bonito. Seus traços eram deli
POV WADEJá era meia-noite quando cheguei em casa. Os convidados já tinham ido embora e os empregados estavam ocupados com a limpeza.Papai estava conversando com meu avô, Markos Pedrosa, quando passei pela sala.— Já voltou. E o carro? Está funcionando bem? — perguntou meu pai, acenando para que eu me aproximasse.— Sim, muito bem. — Sentei ao lado do vovô, que me deu um tapinha no ombro.— Você está crescendo rápido, meu filho. Em poucos anos, vai estar à frente da empresa Pedrosa — disse o vovô.— Assim que ele se formar na faculdade — acrescentou meu pai, orgulhoso.Eu queria viajar e explorar o mundo depois de terminar meus estudos. Ficar sozinho por um ou dois anos. Meu sonho era aprender e conhecer outras culturas. Depois, poderia me concentrar no trabalho na empresa.Meu pai entenderia. Sempre entendeu.— Vou ver como está a Celeste na cozinha. Acho que ela está com a sua mãe — disse meu pai, levantando-se e se espreguiçando enquanto bocejava.— Diga para sua mãe que estou pro
POV ALICIAOh, Deus! Onde está meu celular?Dei um tapa na testa e depois cocei a cabeça. Senti pequenos flocos brancos caindo no meu terno preto de negócios, como se fossem flocos de neve.Droga! Essa caspa está piorando. Talvez seja porque sempre uso o cabelo preso em um coque, como meu namorado gosta, ou talvez seja culpa daquele novo shampoo que experimentei recentemente. Seja o que for… não importa agora. Só preciso encontrar meu celular.Desesperada, comecei a jogar almofadas, roupas, revistas e qualquer coisa que estivesse no caminho, procurando no meu pequeno apartamento de cinquenta metros quadrados. Onde diabos eu o deixei? Lembro-me de que, ao chegar em casa, só passei pelo banheiro, tirei o casaco e me joguei na cama.Oh, não…! Acho que o deixei no escritório! Olhei as horas no meu relógio: já eram seis da tarde. Ótimo. Eu precisava do meu celular; Jay me ligaria hoje à noite por volta das oito.Jay Bredom, meu namorado, é um jovem repórter de campo da rede ABZ Television