Maia andava de um lado para o outro da sala, tentando imaginar o que estava acontecendo e se perguntando como Tiago havia conseguido tanto dinheiro em tão pouco tempo.— Aconteceu alguma coisa? Você parece um pouco preocupada. — Théo perguntou, adentrando a sala e vendo a mulher andando de um lado para o outro.Ela o encarou por alguns segundos, pensando em contar a ele o que o ex havia dito, mas retrocedeu, já que sabia que aquilo não era um assunto que dizia respeito a ele e nem que se importava.— Não, está tudo bem. — Mentiu.Ele examinou a sala, até perguntar.— Meu avô já chegou? Eu ouvi vozes aqui, neste instante.— A família Trajano já chegou, mas seu avô não veio com eles. — Respondeu, se recompondo.— Não? Como assim? — Fez cara de dúvida. Se eles saíram juntos, deviam chegar juntos também.— Eles disseram que seu avô acabou indo se encontrar com alguém.— Sério? Que estranho… Não terminando de falar, o motorista do carro, que trouxe a família Trajano, entrou na casa, carreg
Era estranho, mas ver Maia daquele jeito, tão vulnerável, fez Théo sentir que precisava protegê-la do que estava por vir.Não importava o que o ex-marido dela tentasse, ou falasse com seu avô, era obrigação dele dar um jeito. Já que foi ele quem decidiu revelar ao homem, que estava casado com Maia. De início, foi na emoção de ter visto o jeito que Tiago falou com ela ou o jeito que ele a tratou. Agora, nada daquilo importava, o que aconteceu não poderia ser mudado, o que se podia fazer naquele momento era manter a calma e pensar numa solução para aquele problema.Deixando a mulher sentada e servindo um copo de água, para ficar mais calma, ele começou a fazer algumas perguntas que tanto precisava saber a resposta. Notando que a mulher estava nervosa, resolveu perguntar de um jeito calmo, que não a deixasse mais preocupada do que já estava.— Maia, me escuta. O que você acha que seu ex quer com meu avô?— O Tiago é um canalha, manipulador e mentiroso. Sei que ele pode inventar um monte
A tensão entre os dois homens no escritório estava a mil. Nenhum ali queria ceder, já que sabia que o primeiro que cedesse teria as suas vontades anuladas.— Théo, não se esqueça de que sou seu avô, fui eu quem o criou. Desde que seus pais morreram, fui eu que te eduquei para se tornar o homem que é hoje. Não tente usar o que sabe, para ir contra mim, pode ter certeza de que, do mesmo jeito que te coloquei lá em cima, eu posso te derrubar! — Joaquim ameaçava.— Se acha que depois de tudo que fiz por aquela empresa e após tantos anos de esforços, podem ser jogados fora assim, por um simples capricho seu, então tudo bem, vá em frente! Coloque a empresa na mão de outra pessoa, então. Espero que viva bastante tempo, para ver seu império caindo gradualmente, nas mãos de pessoas erradas e sem capacidade.— Você acha que não tenho coragem de fazer isso? Do mesmo jeito que te treinei, para ficar à frente dela, poderei treinar outra pessoa. Não seja tolo, Théo, sabe que posso fazer isso, então
O casal se entreolhava, sem saber o que fazer ou dizer mutualmente.— Você devia ter apelado mais um pouco, antes de pedir dinheiro, Frederic, vai parecer que estamos aqui por interesse. — Louise dizia indignada.— E pelo que estamos, mesmo? — O homem respondeu indignado. — Se vermos que estamos perdendo, devemos nos retirar com o que podemos ganhar por aqui.Aceitar a fala de Théo estava fora de questão para Louise. Não poderia deixar que todos seus planos fossem jogados no lixo daquele modo, ainda mais, após contar e se gabar a todas as suas amigas, que a sua filha Lilian iria se casar com o único herdeiro de Joaquim Campos. Voltar para seu país e assumir que estava errada, lhe causaria muitos transtornos, que não queria passar de modo algum.— Mas não deveria ser tão direto.— O que queria que eu fizesse? Ele apareceu decidido. Acha mesmo que ele mudaria de ideia se eu apelasse? Esse bastardo é igual ao avô, duro na queda. Se decidiu, já está decidido!Frederic parecia mais acalmado
Chegando no quarto, onde Maia estava com a filha e a cuidadora, Théo entrou, sem demonstrar nenhum tipo de nervosismo.— Como estão as coisas por aqui? — Perguntou educadamente.— Tudo em ordem. — Maia respondeu, preocupada, sentindo que alguma coisa não estava certa.— Oi, tio? Estou desenhando com a tia Júlia. — Lis mostrava os lápis coloridos em suas mãos.— Que bom, princesa, depois quero ver seu desenho. — Passou a mão na cabeça da criança, delicadamente.— Vou desenhar um desenho para o senhor, que tal? — Irei amar, se ficar bonito, coloco com os outros quadros na sala, que tal?— Sério? — Perguntou empolgada. — Vou caprichar. — Seus olhinhos chegaram a brilhar.— Podemos conversar um pouco? — Perguntou, se direcionando à Maia.— Claro. — Respondeu. — Já volto. — Disse para as duas, que ficaram no quarto.— Está bom, mamãe. — Lis respondeu.Enquanto Júlia assentiu com a cabeça.Saindo dali, ele a pegou pela mão e a levou até seu quarto, trancando a porta.— O que aconteceu? Você
Andando de um lado para o outro pelo seu quarto, Maia sentia-se ansiosa, como uma adolescente que estava indo em seu primeiro encontro. Talvez, no fundo, encaminhasse daquela forma, já que tinha apenas 22 anos. Maia teve que se tornar uma mulher adulta precocemente. A morte dos pais fez com que ela amadurecesse antes do tempo, já que teve que morar com familiares, de casa em casa, feito nômade, pois ninguém queria ser responsável por ela. Quando conheceu Tiago, acreditou que ele seria o homem da sua vida; ele era um homem bem diferente do que se tornou atualmente. Os dois lutavam para conseguir as coisas. Planejavam ter a casa própria e crescer juntos na vida.Doce ilusão!Só ela tinha o sonho, só ela corria atrás das metas. Na primeira oportunidade que teve, Tiago foi embora, forçando-a amadurecer mais um pouco. Cuidar de uma criança com problemas cardíacos não era fácil, ainda mais quando tinha que se matar de trabalhar, para não acabar perdendo a casa e indo morar na rua.Agora qu
O restaurante que havia reservado para jantar com Maia ficava numa cobertura de um dos prédios mais altos da cidade, coincidência ou não, o prédio pertencia a um dos hotéis que ele mais gostava de frequentar, quando queria sair da rotina, com uma de suas amantes.Em sua mente, caso se desse bem na noite, ele já a levaria para uma das suítes de que mais gostava, e lá, consumaria de vez o desejo louco e incontrolável que sentia por ela. Mas sabia que, para realizar o seu desejo, teria que ser compreensivo, evitando palavras mal interpretadas. Seu plano tinha que dar certo, não podia mais dormir com aquela mulher invadindo seus pensamentos todas as noites.Enquanto Théo maquinava o mal em sua mente, Maia observava o lugar onde estava. Nunca em sua vida, pensaria que frequentaria um ambiente como aquele, ou teria uma vista linda da cidade, assim, diante de seus olhos.— O que achou do lugar? — Théo perguntou, enquanto o garçom servia uma taça de vinho.— Eu nem tenho palavras para descreve
Chegando em casa, Maia desceu do carro, porém Théo não. — Não vai descer? — Ela perguntou, ao vê-lo imóvel.— Não, acho que vou dar uma volta pela cidade, não estou a fim de entrar em casa agora. — Respondeu sério.— Mas você disse que não estava se sentindo bem. E se por acaso passar mal, estando sozinho?— Não se preocupe comigo. — Olhou-a. — Entre, está frio aqui fora.— Tudo bem, boa noite, então.Ela saiu dali, entrando na casa, sem entender a mudança de humor do marido.Ainda no carro, Théo se olhava no espelho do retrovisor, tentando entender o que estava sentindo.Saindo da residência de novo com o carro, dirigiu em direção a um bar que costuma frequentar. Já na entrada, saudou alguns conhecidos, indo em direção ao balcão. Queria beber sozinho.— O de sempre, por favor. — Pediu ao barman.— Claro, senhor. Não demorou muito, o homem voltou com um copo de whisky.— Pode deixar a garrafa aqui também. Sem dizer nada, o barman fez o que ele pediu.— Vejo que está com sede, hein?