Cap. 116: desconfiança silenciosa.Aurora estava encolhida em sua cama como se quisesse desaparecer dentro dos lençóis. O quarto permanecia em penumbra, mesmo com a tarde se desfazendo aos poucos lá fora. Os olhos ardiam, mas ela não havia chorado, não deixaria que isso acontecesse. Sentia-se ridícula por se importar tanto. Por esperar... o quê? Romance? Exclusividade? Amor?O clique suave da porta a fez prender a respiração.Andrews entrou devagar, sem dizer nada. Seu perfume fresco e suave preencheu o ambiente. Devia ter acabado de sair do banho, seu cabelo ainda úmido denunciava. Ele se deitou atrás dela, envolvendo-a com o corpo quente. Seus braços a abraçaram com naturalidade, e ela não reagiu. Apenas se encolheu mais.Mas ele não se afastou. Pelo contrário.Os lábios dele tocaram de leve sua nuca, brincando com sua pele arrepiada. Um beijo... depois outro... e outro, até que sua respiração começou a se acelerar. Seu corpo queria ceder, mas algo dentro dela estava preso. Andrews
Cap. 117 Frustração de Andrews.A manhã se arrastava como se o tempo fizesse questão de provocar Andrews. No escritório, ele encarava a tela do computador, mas seus dedos estavam imóveis sobre o teclado.A mandíbula travada, os olhos escuros semicerrados. Seu mau-humor era evidente, denso o suficiente para deixar o ambiente mais frio que o ar-condicionado.Rodrigo, recostado na porta com uma xícara de café, não demorou a notar.— Você está assim por causa dela, né? — disse, casualmente, tomando um gole. — Aurora ainda se sente deslocada nessa casa. Você devia tirar ela daqui. Mostrar o mundo lá fora, sei lá. Vai que ajuda. — Seu conselho parecia mais debochado do que amigável.— O que é? Anda vigiando a casa agora?— Eu não, mas foi desconfortável ver ela saindo correndo enrolada na toalha como se tivesse fugindo de alguém. Você deve ter aprontado. Não tentou forçar ela a nada, certo?— Acha que sou esse tipo de homem? Além disso, minha intimidade com Aurora não lhe diz respeito.— Só
Cap. 118: Mariana tem todas a atenções.Mesmo se sentindo excluída Aurora os seguiu, Por curiosidade. Por orgulho. Ou talvez por um desejo masoquista de saber o que estava prestes a doer.Parou em frente a porta os observando seguir para próximo a entrada, quando o carro preto e luxuoso apareceu ao longe, deslizando como uma sombra elegante. Ela não sabia por quê, mas seu estômago se revirou.Assim que o carro estacionou, o motorista deu a volta rapidamente e abriu a porta. E então ela apareceu.Mariana, uma mulher completamente fora da curva, com uma presença marcante, Alta, morena, com curvas marcantes e um andar de mulher que sabe exatamente o que representa. Usava óculos escuros, que tirou com uma leveza encantadora antes de sorrir para todos acenando um olá.Aurora cruzou os braços, sentindo o peito apertar e seu olhar vacilou se sentindo pequena como nunca se sentiu, ela nem sabia quem ela era, ainda assim, ela a deixou incomodada como helena nunca deixou, mesmo sendo alguém que
Cap. 119 Mariana e Aurora.Assim que Aurora saiu do quarto, seus passos hesitantes a levaram até o corredor, e ela parou ao ver Andrews entrando no quarto onde ambos dormiam… com Mariana logo atrás.O ar ficou pesado em seu peito. Ela não ouviu o que diziam, apenas viu os dois juntos. Naquele momento, tudo em que pensou foi que realmente eles tinham algum caso.Andrews, por sua vez, estava tão animado que arrastou uma cadeira, subiu nela e pegou uma caixa em cima do guarda-roupa.Seu olhar se fixou em Mariana, que parecia à vontade demais naquele espaço.Ela não sabia que Mariana apenas o ajudava a pegar caixas antigas com fotos e objetos pessoais que ele queria reorganizar.— Acho meio inapropriado estar aqui dentro, sabia? Esse é o quarto que você divide com a sua esposa. Não vou passar muito tempo aqui dentro, mesmo sendo sua irmã. Aurora ainda não sabe quem eu sou, porque o senhorito é descuidado desse jeito.Andrews desceu da cadeira com uma das caixas nos braços, sorrindo.— É v
Cap. 120: Hora errada para dormir.Aurora seguiu às pressas pelo corredor, o coração batendo descompassado. As palavras de Mariana ecoavam em sua mente como uma avalanche desordenada, mas o que mais doía era o sentimento de ter sido deixada de lado por Andrews, a forma como ele a ignorou como se nem existisse. Ela atravessou os corredores e encontrou Rodrigo saindo da sala de jogos, completamente cambaleante, com um copo vazio na mão.— Ele… ele ainda tá lá — murmurou Rodrigo com um meio sorriso bêbado, antes de seguir trôpego pelos corredores.Aurora entrou devagar. A luz baixa da sala de jogos revelava Andrews, largado no sofá, com os olhos semiabertos e a camisa desabotoada. Ele a olhou com uma expressão confusa, mas havia ali algo além da embriaguez, uma chateação evidente quando ele desviou o olhar, virando a taça de vinho pela metade.— Por que está bebendo tanto? — ela perguntou, se aproximando com cautela.— De quem será a culpa, se não da minha querida esposa. — Ele bufou, ma
Cap. 121: tramando uma noite perfeita.O sol ainda nem havia subido completamente quando Rodrigo estacionou em frente à universidade. Alice já estava ali, pontual como sempre, encostada em uma das colunas da entrada. Os braços cruzados, os olhos fixos no relógio e o semblante impaciente.— Sempre com cara de quem vai bater em alguém — comentou Rodrigo ao se aproximar, oferecendo um café que trouxe para ela.Alice arqueou uma sobrancelha.— E você sempre com esse sorriso irritante, como se o mundo fosse uma comédia romântica. O que está pensando em fazer? Eu te disse que não tenho tempo.— Você fala como se fosse alguém importante. Sinto que você deve ter tomado meu lugar — ele brincou. — Mas descanse, hoje você está com a manhã de folga. Vamos tornar esse dia importante para sua amiga e meu amigo. Está bem?— Eles deveriam fazer isso por eles mesmos, mas já que são tão cabeça dura, eu darei meu melhor hoje, Aurora! — Alice disse com determinação.Rodrigo riu, mas seus olhos se demorar
Cap. 122. drama de um apaixonado.O corredor do hospital estava silencioso, exceto pelo zumbido distante dos aparelhos e o som abafado de passos apressados. Rodrigo estava sentado na maca, o braço imobilizado por uma tala provisória, enquanto Alice permanecia de pé à sua frente, os braços cruzados e o olhar firme, quase inabalável.— Eu já pedi desculpas, não sei quantas vezes — ela disse, com a voz contida, mas decidida. — Foi reflexo. Instinto. Não fiz por mal.Rodrigo a encarava, ainda confuso com o rumo daquela manhã.— Eu entendi isso. O que eu não entendi foi... todo o resto.Alice desviou os olhos, respirou fundo.— Rodrigo, você é... divertido. Charmoso até. Mas eu não tô interessada em ninguém. Eu simplesmente... não funciono desse jeito.— Como assim “desse jeito”?Ela deu um passo para trás, mantendo distância.— Relacionamentos, aproximações, qualquer coisa que envolva mais do que cooperação profissional. Eu não sei lidar com isso. Nem quero.O silêncio que se seguiu foi m
Cap. 123: Expectativas da primeira noite.Entrei no apartamento com cautela, o coração acelerado sem motivo aparente. O ambiente era... lindo. Sofisticado. Os tons suaves da decoração pareciam sussurrar um convite perigoso. Havia velas espalhadas com sutileza, flores frescas e um aroma envolvente de baunilha e canela que me envolveu por inteiro. Era íntimo, acolhedor... preparado. Quase corei com a ideia. Hesitei por um segundo antes de cruzar completamente a porta, sentindo que estava entrando em um cenário de filme romântico — mas com um enredo do qual eu não conhecia o roteiro.Parei no centro da sala, surpresa. Segurei os documentos com força, quase como uma proteção.— Isso não parece uma reunião... — murmurei.A porta se abriu atrás de mim. Virei devagar e lá estava ele, Andrews, ajustando as mangas da camisa com a elegância que só ele parecia ter. Ele parecia que já estava aqui a algum tempo, mesmo que tenha acabado de entrar, sim, pelo fato dele estar tão casual e confortável,