O travesseiro colocado no rosto estava tão perto, que a escuridão já podia alcançar a pobre Siena Robins. Era assim que ela deveria morrer? Não pela doença, mas pelo que havia feito para tratar a doença que a teria matado? Parecia irônico. Era ridículo pensar em uma ironia tão grande. Mas o travesseiro foi tirado as pressas. Ela ainda não conseguiu abrir os olhos imediatamente. A visão estava turva, e escurecida. O grito de fundo a alertou. Ela tinha que ver. Siena precisava abrir os olhos. ‘Vamos lá, você consegue’. – O que você está fazendo aqui? – Sebastian Black parecia bravo e alterado. Sua voz não manteve a mesma calma estranha. Ele não parecia ter algum controle. Era como ver um monstro em ação. O monstro que tinha acabado de salva-la da morte. – Eu só estava tentando ajudar, Sebastian. Ela estava aqui sozinha, e estava ardendo em febre. O que eu deveria ter feito. Mas ele ainda manteve o laço apertado, segurando o cabelo preto longo, bem apertado em suas mãos fortes. Ele p
Siena Robins parecia miserável. A dor ainda estava forte, embora ela se sentisse um pouco melhor agora. Os olhos abriram com a claridade do ambiente e os olhos claros percorreram as paredes do quarto outra vez. O café da manhã tinha um cheiro bom, mas ela definitivamente não poderia come-lo. Estava completamente sozinha naquele quarto luxuoso enorme, e uma pontada de dor surgiu em seu coração. Abandono... Sempre o abandono. Siena Robins se levantou. Suas pernas ainda estavam fracas enquanto ela caminhava para o banheiro. Precisava urgentemente tirar o suor do corpo. Ela arrancou as roupas e entrou no chuveiro. Seu estômago doía violentamente enquanto ela estava de pé, e ela não teve outra escolha além de procurar pelo vaso sanitário. Ela parecia ainda mais miserável quando tudo terminou. Ainda não podia acreditar que havia sido abandonada, como sempre acontecia. Seu antigo noivo, a essa hora, provavelmente estava dormindo com a mãe da Siena Robins, em uma cama quente, enquanto ela
Eles ainda mantinham um contato visual constrangedor. Siena tinha os olhos cheios de lágrimas outra vez. Havia sido tão pouco o alívio de saber que ele cuidou dela durante toda a noite, apenas para que agora tudo fosse por água a baixo. Siena Robins desejava contar a verdade. Ela desejava dizer que tinha pesadelos com aquele homem, e ele não era uma boa pessoa. Ela desejava contar o quanto ele a fez mal, e todas as vezes que ela fechou os olhos para as traições. Ela queria dizer a verdade. Ela desejava contar que não havia nenhum desejo por ele, que não sentia saudades do Bruce Jacobs, mas sabia que seria inútil. Ela podia enxergar através dos olhos frios do Sebastian Black que ele já havia se decidido e jamais teria volta. – Ele não tem importância. Sebastian Black não alterou o semblante, embora parecesse pensar profundamente sobre algo. – Eu imaginei que fosse dizer isso. – Sebastian, ele é alguém do passado. Não importa mais. – Eu também imaginei que diria isso. – Ele parecia
‘Isso só vai tornar as coisas mais fáceis para mim agora’, foi a última coisa que Siena Robins ouviu do Sebastian Black. Ela sabia que não podia esperar mais pelos cuidados. Ela sabia que ele a odiava tanto e tão intensamente que não se importaria se ela acabasse morrendo ali. Na verdade, ela também não parecia se importar. Estava dentro do próprio caos, e pior, havia percebido que estava começando a gostar dele também. Como ela podia ter superado um noivado de dois anos com Bruce Jacobs tão rápido? Como ela podia ter se apaixonado pelo homem de outra mulher? Como ela poderia estar encantada por alguém que a odiava daquela maneira? Siena estava cansada de chorar. Ela ainda se sentia mal, mas tratou de organizar a si mesma. Ela levantou da cama, penteou o cabelo longo e usou um dos vestidos caros que estavam dentro do armário. Ainda havia restado um pouco de dinheiro, e ela sabia bem o que desejava fazer. Siena saiu do quarto e estranhou não encontrar com a Sia Campbell pelo caminho
Siena desceu as escadas. As pernas ainda tremiam, mas ter a garota ao lado dela dava ao menos alguma segurança. Aos mãos estavam coladas umas as outras quando finalmente chegaram a área externa da mansão. Os funcionários ainda andavam pelos territórios da fazenda. Ainda havia uma atmosfera odiosa que rodeava Siena Robins. As pessoas ainda paravam quando ela passava por eles. Elas ainda se sentiam atormentadas toda vez que viam a mulher andando livremente. Era um absurdo que a Pax ainda mantivesse o mesmo estilo de vida, as mesmas joias, a mesma maldita beleza. Ela deveria perder tudo, inclusive a sanidade, e eles tirariam tudo dela se pudessem. Siena andava orgulhosamente ao lado da garota. A menina ainda usava um grande chapéu dourado na cabeça, e parecia a figura mais estranha daquelas terras. Ninguém jamais podia reconhece-la enquanto Siena subiu em um dos carros. A capota estava aberta quando ela abriu a porta para a doce menina ao lado dela. Dirigiram até a cidade, onde os hom
– Papai? – Siena Robins arregalou os olhos. Ela olhou para baixo e viu a expressão de pavor na criança que estava abraçada a ela. Sebastian Black parecia entorpecido. Não havia qualquer sinal de reação. Ele não estava bravo, muito menos chateado. Parecia ter se esquecido que ela havia saído sozinha. – Zoe, como? O que você faz aqui fora? Siena Robins olhou para a menina. Ela se encolheu completamente. Parecia ter medo do mundo inteiro, menos dela. Por que não dela? Todos a odiavam tanto, mas aquela criança... Ela a amava, e Siena não fazia ideia do porque. – Então era você que a mantinha trancada naquele quarto? Você é uma monstro! – Ela gritou. Foi a primeira vez que Siena Robins o confrontou. Ele finalmente olhou para ela, mas as sobrancelhas franzidas o faziam parecer esquisito. Ele nunca esteve assim antes, e aquela expressão parecia uma aparição rara que deveria ser aproveitada. – Eu sou um monstro? As vezes você se esquece de quem é! A menina abraçou Siena Robins com ainda m
Sebastian abriu a porta do quarto. Era muito tarde, e ele estava molhado. As roupas estavam amassadas. Siena soube imediatamente aonde ele tinha estado, não sabia apenas na cama de qual delas ele dormiu até a madrugada. Ela se virou e fingiu que estava dormindo, mas a lagrima ainda saiu, mesmo com os olhos fechados. Não importava o quanto a Pax fosse cruel, ainda doía pensar que ele tinha aquele tipo de ódio por ela. Siena Robins não era uma pessoa ruim de forma alguma, e nem mesmo podia entender como a Pax tinha matado a esposa dele. Aquela mulher sim era ruim, e pior, ela estava pagando pelos pecados de um demônio de cabelo vermelho iguais aos dela. Aquilo parecia uma coincidência estranha demais. Por que elas tinham uma semelhança quase gêmeas? Siena perguntaria a mãe se pudesse, mas não se falavam mais, e ela duvidava que procurasse por aquela mulher algum dia. – Não precisa fingir que está dormindo! – Ele revelou. Ainda guardava as roupas usadas, trocando por novas. Estava escu
Quando ela abriu os olhos, ainda estava molhada. Siena Robins sentiu a lágrima quente esquentando seu rosto. Era a única parte aquecida nela. Tentou se arrastar para fora da tempestade, mas não conseguiu. Ela estava tão fraca. Siena sabia que não deveria ter se esforçado tanto, mas só queria provar que podia ser útil, e ela sabia bem para quem. Agora entendia o seu erro. Agora ela podia compreender o médico, quando ele disse que ela deveria ficar de repouso o máximo que pudesse. Aonde estava a Dáda? Siena se perguntou, caída no meio da chuva. A poça de água já começava a se formar entre ela e a escada da mansão. Estava começando a anoitecer, e ninguém a tirou daquele inferno. ‘Um pouco de água vai tirar o cheiro de enxofre dessa maldita’, ela ouviu, vindo da janela, no segundo andar. E Siena sabia exatamente de quem era aquela voz tão afrontosa. Ela não podia olhar para cima, e mesmo que pudesse se virar, a agua certamente a mataria sufocada. De qualquer forma, a voz da Sia Campbell