Siena desceu as escadas. As pernas ainda tremiam, mas ter a garota ao lado dela dava ao menos alguma segurança. Aos mãos estavam coladas umas as outras quando finalmente chegaram a área externa da mansão. Os funcionários ainda andavam pelos territórios da fazenda. Ainda havia uma atmosfera odiosa que rodeava Siena Robins. As pessoas ainda paravam quando ela passava por eles. Elas ainda se sentiam atormentadas toda vez que viam a mulher andando livremente. Era um absurdo que a Pax ainda mantivesse o mesmo estilo de vida, as mesmas joias, a mesma maldita beleza. Ela deveria perder tudo, inclusive a sanidade, e eles tirariam tudo dela se pudessem. Siena andava orgulhosamente ao lado da garota. A menina ainda usava um grande chapéu dourado na cabeça, e parecia a figura mais estranha daquelas terras. Ninguém jamais podia reconhece-la enquanto Siena subiu em um dos carros. A capota estava aberta quando ela abriu a porta para a doce menina ao lado dela. Dirigiram até a cidade, onde os hom
– Papai? – Siena Robins arregalou os olhos. Ela olhou para baixo e viu a expressão de pavor na criança que estava abraçada a ela. Sebastian Black parecia entorpecido. Não havia qualquer sinal de reação. Ele não estava bravo, muito menos chateado. Parecia ter se esquecido que ela havia saído sozinha. – Zoe, como? O que você faz aqui fora? Siena Robins olhou para a menina. Ela se encolheu completamente. Parecia ter medo do mundo inteiro, menos dela. Por que não dela? Todos a odiavam tanto, mas aquela criança... Ela a amava, e Siena não fazia ideia do porque. – Então era você que a mantinha trancada naquele quarto? Você é uma monstro! – Ela gritou. Foi a primeira vez que Siena Robins o confrontou. Ele finalmente olhou para ela, mas as sobrancelhas franzidas o faziam parecer esquisito. Ele nunca esteve assim antes, e aquela expressão parecia uma aparição rara que deveria ser aproveitada. – Eu sou um monstro? As vezes você se esquece de quem é! A menina abraçou Siena Robins com ainda m
Sebastian abriu a porta do quarto. Era muito tarde, e ele estava molhado. As roupas estavam amassadas. Siena soube imediatamente aonde ele tinha estado, não sabia apenas na cama de qual delas ele dormiu até a madrugada. Ela se virou e fingiu que estava dormindo, mas a lagrima ainda saiu, mesmo com os olhos fechados. Não importava o quanto a Pax fosse cruel, ainda doía pensar que ele tinha aquele tipo de ódio por ela. Siena Robins não era uma pessoa ruim de forma alguma, e nem mesmo podia entender como a Pax tinha matado a esposa dele. Aquela mulher sim era ruim, e pior, ela estava pagando pelos pecados de um demônio de cabelo vermelho iguais aos dela. Aquilo parecia uma coincidência estranha demais. Por que elas tinham uma semelhança quase gêmeas? Siena perguntaria a mãe se pudesse, mas não se falavam mais, e ela duvidava que procurasse por aquela mulher algum dia. – Não precisa fingir que está dormindo! – Ele revelou. Ainda guardava as roupas usadas, trocando por novas. Estava escu
Quando ela abriu os olhos, ainda estava molhada. Siena Robins sentiu a lágrima quente esquentando seu rosto. Era a única parte aquecida nela. Tentou se arrastar para fora da tempestade, mas não conseguiu. Ela estava tão fraca. Siena sabia que não deveria ter se esforçado tanto, mas só queria provar que podia ser útil, e ela sabia bem para quem. Agora entendia o seu erro. Agora ela podia compreender o médico, quando ele disse que ela deveria ficar de repouso o máximo que pudesse. Aonde estava a Dáda? Siena se perguntou, caída no meio da chuva. A poça de água já começava a se formar entre ela e a escada da mansão. Estava começando a anoitecer, e ninguém a tirou daquele inferno. ‘Um pouco de água vai tirar o cheiro de enxofre dessa maldita’, ela ouviu, vindo da janela, no segundo andar. E Siena sabia exatamente de quem era aquela voz tão afrontosa. Ela não podia olhar para cima, e mesmo que pudesse se virar, a agua certamente a mataria sufocada. De qualquer forma, a voz da Sia Campbell
Ainda chovia lá fora. Ele acordou com barulhos na casa. O relógio apontava para meio dia. Meio dia? Droga! Sebastian Black levantou a cabeça. Como ele conseguiu dormir por tanto tempo? O homem parecia completamente confuso. Olhou para a frente. Os braços ainda agarravam a cintura fina quente como o fogo, e as coxas dela estavam entrelaçadas as pernas dele. Maldição... Ela o fez dormir daquela maneira? A mulher que tirou seu sono por tantos anos também podia devolver sua capacidade de voltar a dormir... Ele jogou os lençóis para o lado e saltou da cama em um pulo só. Era como um gato assustado, e embora mantesse a postura militar formal, odiava ter aquela maldita expressão de surpresa no rosto. Sebastian fechou os olhos. Ele ainda tentou manter sua mente focada no que deveria fazer, mas os olhos fechados da Pax pareciam atrai-los tanto quanto abertos. De repente, a cama parecia o melhor lugar para estar, e ele quase se jogou naqueles lençóis macios outra vez. – Acorda! – Ele disse, m
Talvez todo aquele mal estar... Talvez a Pax estivesse gravida agora. Como ele não havia pensado naquilo antes? Mas se realmente ela estivesse, talvez já tivesse usado aquilo para parar as humilhações. Sim, ela definitivamente teria usado qualquer coisa se pudesse. Ele andou para todos os lados do quarto... Haviam cochichos ensurdecedores do lado de fora da mansão. Pessoas não paravam de especular sobre o estado de saúde da mulher que, depois de bater a cabeça, ainda estava desacordada. ‘Isso é um péssimo sinal'‘Conheci uma pessoa que bateu a cabeça e ficou louca’ ‘Vi um caso de...’ Cochichos e mais cochichos. Sebastian Black não aguentava mais. Ela estava tonta quando caiu? Sia estava com ela, e definitivamente, ele sabia que apenas tontura não seria a questão, ou seria? Pax também havia desmaiado do lado de fora da mansão. A porta finalmente se abriu. Sebastian Black tentou conter a ansiedade, mas não conseguiu. Ele não podia mais aguentar. – Finalmente. Você demorou demais.
Siena abriu os olhos. Dáda estava ao seu lado. O corpo completamente nu a alertou. Algo tinha acontecido enquanto ela dormia? Por que custava a se lembrar do que aconteceu para sentir aquela dor tão insuportável. Sua cabeça se ergueu, e ela olhou para a mulher distraída, que encarava um ponto específico do seu corpo. – Água... – Ela murmurou. Mal conseguia dizer algo, e estava confusa. Seus olhos procuraram pelo marido, mas ele não estava com ela, é claro. Ela nem mesmo entendia por que ainda esperava que ele cuidasse dela. Sebastian Black a odiava profundamente, e certamente desejava que ela estivesse morta. – O que disse? – Dáda ergueu a cabeça. Estava finalmente olhando para a Siena Robins. – Água... Por favor, eu... – Oh, sim, é claro. Água. Eu vou pegar para você. – Dáda ainda agia de uma maneira muito estranha. Parecia bastante perplexa com algo que tinha visto. A mulher de virou e alcançou a mesa de cabeceira. Ela segurou o jarro de água, despejando o liquido em um copo. –
Sebastian Black estava cansado quando voltou para casa. Seu terno caro exalava um cheiro de bebida e cigarro. Ele provavelmente esteve em algum lugar, em frente ao mar, pensando no que deveria fazer agora. Pax estava doente, e sua mente entrou em conflito. Tantos anos acreditando que odiava aquela mulher com todo o seu ser, e agora, ele não parava de se preocupar com ela. Por que a vida tinha que ser sempre tão injusta. Sua mente estava, novamente, em anos atrás, quando ele ainda era um prisioneiro da Pax. Prisioneiro... Aquela palavra ainda trazia um gosto amargo na boca. Era como uma maldição que o acompanhava por toda a vida. Sebastian andou pelo quarto escuro. Ele arrancou seu terno, colocando sobre a cadeira mais próxima. Seus pés instintivamente andaram até a cama, e pararam ao lado dela. Ele nem mesmo calculou que faria aquilo, mas suas mãos grandes tocaram a testa da mulher que deveria estar dormindo. Siena Robins abriu os olhos, mas ele não poderia vê-la com a falta de lum