— Quando você me ligou, eu estava no banheiro com a Ângela. — Disse Roberto, ignorando a recusa dela, e acrescentou.— Não fale mais sobre isso, eu não quero ouvir! — Jaqueline cobriu os ouvidos. — Eu não quero saber o que vocês estavam fazendo lá!Roberto se aproximou e segurou suas mãos, forçando-as a baixar:— Por que não ouvir? O que você acha que eu estava fazendo com ela?— Você sabe muito bem o que fez. — Ela respondeu, furiosa.— Ha ha. — Roberto riu de repente. — Jaque, você finalmente entende esse sentimento?Jaqueline hesitou:— O que você quer dizer?— Ontem à noite, no hospital, você me culpou por não ouvir sua explicação, mas agora você também não quer ouvir a minha.Jaqueline parou.Ela realmente não queria ouvir a explicação dele, mas o que aconteceu entre ele e Ângela não necessitava de explicações.— Não é a mesma coisa! — Jaqueline retrucou, relutante.— O que há de diferente? — Roberto questionou. — Você só ouviu que eu estava com ela no banheiro, mas não quer saber
Cada vez que ele menciona isso, Jaqueline sente uma dor, pois ela sabe que não era verdade o que disse naquela época, ela o amava profundamente, como poderia estar cansada dele?— Se você não gosta de mim, por que guardar rancor? Eu e Ângela, por que você deveria sentir ciúmes?— E por que você fica infeliz quando estou com George? Se você pensa que não gosto de você, você pode ficar com outras mulheres, então vou procurar o George, procurar outros homens, afinal, homens é o que não falta nas ruas.— Jaqueline! — Roberto subitamente segurou seus ombros, com uma voz claramente irritada. — Não quero ouvir você falar assim novamente, entendeu?Olhando para o rosto irado dele, Jaqueline ficou surpresa e sentiu um arrepio, mas logo em seguida falou desafiadoramente:— Por que não posso falar? Você não sempre gostou de padrões duplos?— Isso não tem a ver com padrões duplos, você é uma mulher, segurança em primeiro lugar, como você pode sair procurando por homens perigosos? E se algo acontec
— Você está doente, por que eu não deveria voltar? — Roberto estava confuso com a pergunta dela. Afinal, ele é seu marido. Não deveria haver dúvidas sobre isso.— Ângela também está no hospital, não está?Ângela tentou suicídio cortando os pulsos, enquanto ela apenas tinha uma febre baixa. Embora sentisse que Ângela estava fingindo, pessoas que realmente desejam morrer raramente cortam os pulsos, para Roberto, Ângela era importante.— Você quer que eu volte para o hospital? — Roberto a encarou friamente, parecendo um pouco descontente.— Então volte, sua Ângela deve estar esperando por você.Ao ouvir o tom ciumento da mulher, Roberto também se sentiu impotente, sem saber se ela realmente queria que ele fosse embora ou se estava apenas com ciúmes.Ele suspirou e se sentou à beira da cama.Jaqueline viu sua expressão cansada e sentiu um aperto no coração, ele não tinha dormido a noite toda e, certamente, estava exausto. Se lembrando de quando ele se acidentou por dirigir cansado, ela nã
Roberto dormiu até as três da tarde. Então, Jaqueline o acordou, mas ele não queria se levantar, se virou e continuou a dormir, aparentando mal-humor.— Roberto, levanta. Não durma mais. — Disse ela, pegando sua mão e sacudindo ela.Irritado, Roberto afastou a mão e puxou o cobertor sobre a cabeça.Jaqueline balançou a cabeça, resignada, refletindo sobre como ele parecia uma criança, nada semelhante ao presidente autoritário que era.Após pensar um pouco, se levantou, foi até o banheiro, pegou uma toalha e a molhou com água fria, torcendo ela para que não pingasse. Então, voltou para o lado da cama e jogou a toalha fria em seu rosto.A sensação gelada fez Roberto abrir os olhos de repente, encontrando um objeto branco cobrindo sua visão.Ele pegou a toalha, acordou completamente e, ao ver a mulher ao seu lado, franziu a testa:— Você quer matar o marido?Jaqueline corou:— Que assassinato do marido? Quem mandou você dormir até tarde?Se ela quisesse assassinar o marido, teria simplesme
Roberto soltou um suspiro resignado:— Está bem, vou levantar e tomar um banho.Ele soltou a mão dela e caminhou em direção ao banheiro. Nesse momento, o som de um toque de celular ecoou. Roberto voltou, pegou o celular e olhou quem estava ligando. Ele levantou a cabeça e olhou para Jaqueline com um olhar complicado.Vendo o olhar do homem, Jaqueline já sabia quem estava ligando, não disse nada e deixou o quarto.Ela foi direto para a cozinha, transferiu a comida ainda quente da marmita para um prato e a colocou na mesa da sala. Era uma refeição que havia preparado para Roberto, preocupada que ele pudesse estar com fome ao acordar, e de fato, ele estava, provavelmente não tinha almoçado.Depois de arrumar a comida, ela voltou à porta do quarto, justo quando Roberto saía já vestido.— Deixei comida para você na sala, pode ir comer. — Disse Jaqueline, pronta para ir embora.Roberto a chamou:— Espera um segundo.— O que foi? — Jaqueline se virou.Roberto passou o celular para ela:—
Roberto acenou com a cabeça: — Sim.A essa altura, ele também não negava mais.— Tudo bem.Essa resposta foi dolorosa, tão dolorosa que a língua dela formigava.Na noite anterior, esse homem ainda cuidava dela com muita atenção. Hoje, ele voltou especialmente para explicar a ela, e eles dormiram juntos novamente, como um casal apaixonado. E agora...Ele se mostrava tão instável, que ela quase enlouquecia com isso."Melhor nos divorciarmos logo!"Segurando a tristeza, Jaqueline tirou o celular do bolso e discou um número.Rapidamente, ela começou a falar com um sorriso: — Vovó, sou eu. Como você tem se sentido esses dias? Roberto e eu queremos te visitar amanhã. Podemos almoçar juntos, tudo bem?— Ótimo, amanhã ao meio-dia eu e Roberto iremos.Após terminar de falar, Jaqueline desligou o telefone.Ela se virou para Roberto e disse: — Vamos planejar isso. Depois de chegarmos amanhã, vou distrair a vovó, e você vai ao quarto dela e pega o RG sem que ninguém perceba. Após conseguirmos o
A noite chegou rapidamente e Roberto, após tomar banho, se deitou na cama tentando dormir cedo. No entanto, se virava de um lado para o outro, incapaz de fechar os olhos. Se levantou da cama, saiu do quarto e se dirigiu até a porta do quarto de Jaqueline, onde bateu suavemente. Esperou por um tempo considerável, mas não obteve resposta. Roberto pensou em bater novamente, mas, diante do estado atual do relacionamento deles, hesitou. Mesmo que ela abrisse a porta, ele não sabia o que dizer, ele simplesmente queria vê-la, movido por um impulso inconsciente. Assim, voltou para seu quarto.Quando Roberto se sentou na cama, subitamente, alguém bateu à porta do quarto. A porta não estava trancada, e a pessoa do outro lado poderia ter entrado diretamente, mas ele rapidamente se levantou para abrir, reconhecendo o ritmo da batida como sendo de Jaqueline. Ela ainda mantinha a mão suspensa no ar, prestes a bater novamente, mas viu que Roberto já havia aberto a porta. Ela sorriu sem jeito e
— Chega, vovó, não fale mais, você sabe que sou tímida. — Disse Jaqueline, fingindo um ar de timidez.— Tudo bem, vovó não vai mais incomodar vocês, tchau.Catarina encerrou a chamada de vídeo.Jaqueline suspirou profundamente, abandonando rapidamente a expressão tímida e adotando uma postura serena. Ela se virou para Roberto:— Vou para o meu quarto agora, você também deveria descansar cedo.Ela estava prestes a se levantar da cama quando Roberto segurou sua mão firmemente:— Espere.Jaqueline se virou:— Algum problema?— Fique aqui e durma.Jaqueline sentiu um sobressalto no coração e rapidamente balançou a cabeça:— Não, não seria apropriado.Ela tentou se afastar, mas Roberto segurou sua mão ainda mais forte:— O que há de inapropriado? Ainda que vamos nos divorciar amanhã, ainda não chegou a hora, ainda somos marido e mulher, esta é a nossa última noite como um casal.O coração de Jaqueline doía a cada batida. Sim, depois de amanhã, ele não seria mais seu marido, ele seria de Âng