Roberto acenou com a cabeça: — Sim.A essa altura, ele também não negava mais.— Tudo bem.Essa resposta foi dolorosa, tão dolorosa que a língua dela formigava.Na noite anterior, esse homem ainda cuidava dela com muita atenção. Hoje, ele voltou especialmente para explicar a ela, e eles dormiram juntos novamente, como um casal apaixonado. E agora...Ele se mostrava tão instável, que ela quase enlouquecia com isso."Melhor nos divorciarmos logo!"Segurando a tristeza, Jaqueline tirou o celular do bolso e discou um número.Rapidamente, ela começou a falar com um sorriso: — Vovó, sou eu. Como você tem se sentido esses dias? Roberto e eu queremos te visitar amanhã. Podemos almoçar juntos, tudo bem?— Ótimo, amanhã ao meio-dia eu e Roberto iremos.Após terminar de falar, Jaqueline desligou o telefone.Ela se virou para Roberto e disse: — Vamos planejar isso. Depois de chegarmos amanhã, vou distrair a vovó, e você vai ao quarto dela e pega o RG sem que ninguém perceba. Após conseguirmos o
A noite chegou rapidamente e Roberto, após tomar banho, se deitou na cama tentando dormir cedo. No entanto, se virava de um lado para o outro, incapaz de fechar os olhos. Se levantou da cama, saiu do quarto e se dirigiu até a porta do quarto de Jaqueline, onde bateu suavemente. Esperou por um tempo considerável, mas não obteve resposta. Roberto pensou em bater novamente, mas, diante do estado atual do relacionamento deles, hesitou. Mesmo que ela abrisse a porta, ele não sabia o que dizer, ele simplesmente queria vê-la, movido por um impulso inconsciente. Assim, voltou para seu quarto.Quando Roberto se sentou na cama, subitamente, alguém bateu à porta do quarto. A porta não estava trancada, e a pessoa do outro lado poderia ter entrado diretamente, mas ele rapidamente se levantou para abrir, reconhecendo o ritmo da batida como sendo de Jaqueline. Ela ainda mantinha a mão suspensa no ar, prestes a bater novamente, mas viu que Roberto já havia aberto a porta. Ela sorriu sem jeito e
— Chega, vovó, não fale mais, você sabe que sou tímida. — Disse Jaqueline, fingindo um ar de timidez.— Tudo bem, vovó não vai mais incomodar vocês, tchau.Catarina encerrou a chamada de vídeo.Jaqueline suspirou profundamente, abandonando rapidamente a expressão tímida e adotando uma postura serena. Ela se virou para Roberto:— Vou para o meu quarto agora, você também deveria descansar cedo.Ela estava prestes a se levantar da cama quando Roberto segurou sua mão firmemente:— Espere.Jaqueline se virou:— Algum problema?— Fique aqui e durma.Jaqueline sentiu um sobressalto no coração e rapidamente balançou a cabeça:— Não, não seria apropriado.Ela tentou se afastar, mas Roberto segurou sua mão ainda mais forte:— O que há de inapropriado? Ainda que vamos nos divorciar amanhã, ainda não chegou a hora, ainda somos marido e mulher, esta é a nossa última noite como um casal.O coração de Jaqueline doía a cada batida. Sim, depois de amanhã, ele não seria mais seu marido, ele seria de Âng
No dia seguinte, Jaqueline acordou e se viu deitada nos braços de um homem, algo que raramente se recordava de ter acontecido.Normalmente, ao acordar, ela encontrava Roberto já fora da cama, deixando ela sozinha.Enquanto observava o rosto adormecido e belo do homem ao seu lado, ela não pôde resistir a estender a mão e acariciar suavemente sua face, um vislumbre de relutância brilhando em seus olhos."Roberto, depois que nos divorciarmos hoje, você será livre."Parecendo sentir um formigamento na face, Roberto se mexeu e se virou para continuar dormindo.Jaqueline retirou a mão rapidamente, como se tivesse recebido um choque elétrico.Como só iriam visitar a avó ao meio-dia, ela decidiu não perturbar o descanso dele e deixou-o dormir, enquanto ela se levantava cedo.Já passava das nove horas quando Roberto finalmente despertou, sentindo uma dor de cabeça e tossindo algumas vezes. Ao perceber que Jaqueline não estava ao lado da cama, ele presumiu que ela já deveria ter se levantado.No
Jaqueline chegou à casa de Catarina por volta das dez e pouco. Catarina estava deitada na cama, lendo um livro com óculos para presbiopia.Ao ver Jaqueline, ela rapidamente pôs o livro de lado e, com um sorriso caloroso, disse: — Jaque, você chegou.— Vovó. — Jaqueline, sorrindo radiante, se sentou ao lado da cama. — O que a senhora está lendo?— Um romance. — Respondeu Catarina.Jaqueline olhou curiosa para a capa do livro, que era de fato uma daquelas novelas românticas para jovens. Ela expressou sua surpresa: — Vovó, não acredito que a senhora ainda lê romances.— O que há de errado? Só porque sou velha, não posso ler romances? — Catarina perguntou seriamente. — Só jovens podem ler? Você está me desprezando, sua velha?Apesar do tom severo, Catarina não estava realmente zangada.— Ah, vovó, claro que não quis dizer isso. Não imaginava que a senhora ainda tivesse um coração jovem, isso é maravilhoso, adoro ter uma avó assim.Jaqueline realmente apreciava pessoas que mantinham um e
— A vovó também fica feliz em te ver. — Disse Catarina, afagando carinhosamente sua cabeça.— Você certamente não está tão feliz quanto eu.— Olha só para você. — Catarina riu, incapaz de conter o sorriso. — Agindo como uma criança, competindo comigo.— É para competir com a vovó. — Ela disse travessamente.— Você, minha querida. — Catarina expressou com emoção. — Deveria estar competindo com seu marido, para ver quem ama mais o outro.O sorriso no rosto de Jaqueline congelou, e uma dor aguda surgiu em seu coração.Falar de amor, colocando isso entre ela e Roberto, era realmente irônico.Roberto ama Ângela.Jaqueline não podia revelar essa dor à avó, só podia reprimi-la dentro de si.Catarina, alheia, continuou:— Jaque, a vovó está do seu lado, eu te digo, nunca seja boa demais com os homens, eles não valorizarão isso, você tem que dar a eles um pouco de tormento de vez em quando, então você deve fazer com que Roberto te ame mais, você deve amá-lo um pouco menos.Jaqueline sentiu uma
Jaqueline olhou para o relógio e disse:— Certo.Ela pegou seu celular e fez uma ligação para Roberto. Não demorou muito para que atendessem do outro lado:— Alô?— Roberto, quando você vem? A vovó está esperando.— Estou resolvendo umas coisas na empresa, aguarde um pouco. — Ele respondeu.— Ah, e você vai demorar muito?— Não muito.De repente, uma voz feminina veio do outro lado do telefone:— Roberto, eu acidentalmente derramei água em mim, você pode me ajudar a trocar de roupa?Jaqueline ouviu a voz de Ângela e ficou imediatamente irritada."Esse homem não estava na empresa? Como ele foi parar na casa de Ângela?"Ela estava prestes a confrontá-lo, mas, como a avó estava ao lado, não ousou dizer mais nada e, friamente, disse a Roberto:— Se apresse, não faça a vovó esperar.Roberto respondeu de maneira indiferente. Após desligar o telefone, Jaqueline disse a Catarina:— Vovó, ele chegará em breve. Vou ver como estão os preparativos na cozinha, você descanse um pouco.— Tudo bem.
Jaqueline ouviu sem se irritar, apenas achou graça, Ângela era realmente ridícula. Parecia que Roberto não havia contado a ela sobre o roubo do documento de identidade. No entanto, era estranho, uma questão tão importante, mas Roberto não havia mencionado nada a Ângela, algo que os envolvia diretamente.Jaqueline disse:— É, ele se importa tanto com você, mas eu estou curiosa, por que ele não te contou sobre o que vai acontecer hoje?Ângela respondeu:— Eu sei o que vai acontecer hoje, ele me contou.— Ah, é? O que ele disse? — Perguntou Jaqueline, curiosa."Eu só quero ver como Ângela vai fazer papel de palhaça. Se ela realmente soubesse, ainda conseguiria ficar tão calma? Ela ainda iria deliberadamente atrasar Roberto para não deixá-lo vir?"— Roberto disse que hoje ao meio-dia vocês vão almoçar com a avó dele. Vocês não estiveram lá há alguns dias? Se ele se atrasar um pouco, não tem problema, certo?— Oh, entendi, ele só te disse que ele e eu íamos almoçar com a avó, mais nada?—