Era alta madrugada quando Benjamin saiu do banheiro após lavar o rosto e, trôpego, reentrou no saguão, desabando no chão com um baque surdo, fixando o olhar no homem bêbado encostado na janela de vidro.— Oi, já se passaram várias horas, o que aconteceu afinal? Fala alguma coisa, vai.Roberto havia chegado algumas horas antes e, sem dizer uma palavra, abriu seu armário de bebidas. Retirou todas as garrafas de sua coleção, uma após a outra, bebendo até ficar completamente embriagado, enquanto Benjamin tinha que, a contragosto, acompanhá-lo.Benjamin estava quase bêbado, mas Roberto parecia aguentar outra rodada.— Ah. — Benjamin desabou no chão exausto, soltando um longo suspiro. — Roberto, se você não falar, eu vou dormir.Para ele, dormir no chão mesmo não fazia diferença.Os dois homens, sentados no tapete, desarrumados e desgrenhados, já não exibiam nenhum de seus habituais brilhos ou elegâncias. As pessoas que parecem mais polidas externamente são, muitas vezes, as que mais querem
No vídeo, Jaqueline e George estavam jantando juntos, ambos vestidos de maneira muito elegante, até parecendo um casal com roupas harmonizadas, justamente no aniversário de Jaque. Roberto recordava que Jaqueline havia mencionado ter conhecido George pela primeira vez durante a cerimônia de graduação na universidade. Contudo, o vídeo que Benjamin enviou mostrava claramente que o encontro ocorreu antes de Jaque obter seu diploma de bacharel. Jaqueline o enganou todo esse tempo, fingindo que haviam se conhecido posteriormente, quando, na verdade, já conhecia George há bastante tempo.Ela estava envolvida com George e, por isso, mentiu sobre não conhecê-lo antes!"Essa Jaqueline!"Involuntariamente, Roberto se lembrou de que Jaqueline tinha expressado estar cansada deste casamento. Toda vez que pensava nisso, seu coração parecia ser comprimido por algo, incapaz de pulsar.Não era à toa que Jaqueline disse que estava cansada, era infeliz com ele, seu marido, pois já tinha alguém de quem
Jaqueline disse:— Vovó, posso lhe fazer uma pergunta? Você pode me contar a verdade?Catarina respondeu:— Que pergunta?— Quando Ângela fez a cirurgia de transplante de pulmão, foi você que impediu?— Transplante de pulmão? — Catarina refletiu por um momento, e um vislumbre de confusão atravessou seu olhar. — Ah, lembrei agora, de fato liguei para me informar.— Então você realmente impediu?Catarina respondeu:— Naquela época, soube que ela estava doente e precisava da cirurgia. Não acreditei, pensei que fosse simulação. Então, investiguei mais a fundo e fiz algumas ligações, mas o que aconteceu depois, eu realmente não sei. O que ocorreu?— Ângela me disse que, naquele ano, para forçar o Beto a se casar comigo, você impediu a cirurgia de transplante de pulmão dela. Isso atrasou o procedimento e um dos pulmões que lhe eram destinados teve problemas. Agora ela só tem um pulmão funcional e sua saúde se deteriorou muito, inclusive afetando o coração.Após ouvir isso, Catarina bateu na
Jaqueline disse:— Vovó, quando se ama alguém, mesmo sabendo que esse amor pode machucar, a gente simplesmente não se importa, nem vê isso como um perigo. O Beto deve sentir o mesmo, ele ama a Ângela, então ele não se preocupa com as consequências."Neste mundo, existem pessoas cujo amor é louco, que não consideram as consequências."Catarina então perguntou:— Deixa eu te perguntar, você realmente quer se divorciar dele? Ou é por causa da Ângela que você se sente obrigada a aceitar o divórcio?— Vovó, eu realmente quero me divorciar dele, mesmo que a Ângela desaparecesse de repente, eu ainda ia querer o divórcio. Isso já não tem mais muito a ver com ela, mas com o fato de que eu e o Beto não somos mais felizes juntos. — Temendo que Catarina pudesse entender mal, ela continuou explicando. — Não é que o Beto seja ruim comigo, eu... Eu só me sinto cansada, vovó, eu quero ser livre, não quero mais ser restrita por um homem, a partir de agora eu quero controlar minha própria vida, decidir
Durante o trajeto de volta, Jaqueline se sentou no carro, segurando seu RG e chorando incessantemente.O motorista apenas a escutava, sem saber como ajudar.Ao chegarem em casa, Jaqueline telefonou para Roberto, mas quem atendeu foi Benjamin.Jaqueline indagou: — Benjamin, por que você atendeu o telefone?— Jaque. — Benjamin, ao ouvir sua voz, demonstrou uma cortesia exagerada. — Precisa de algo?— Estou ligando para o celular do Beto, por que achou que era para você?Ela nunca havia tido contato privado com Benjamin.— Celular do Roberto? — A voz de Benjamin soava confusa.Ele estava embriagado, confundindo o celular de Roberto com o seu.Após um instante, Jaqueline ouviu ele gritar:— Roberto, sua esposa está te ligando. — Benjamin batia à porta com vigor. — Abre a porta, está ouvindo? Sua esposa está te ligando, abre!Benjamin aguardou por uma resposta que não veio, então exclamou:— Roberto, já é demais você ficar no meu quarto, você morreu aí dentro? Abre a porta!Jaqueline franz
Jaqueline Valente estava encolhida na cama, acariciando levemente sua barriga. Ela suspirou de alívio, feliz por saber que o bebê estava bem. Na noite anterior, Roberto Santana havia retornado e queria ter um momento de intimidade com ela. Eles não se viam há dois meses e ela não teve coragem de recusar ele.Roberto já tinha terminado de se arrumar. Vestido com um terno cinza feito sob medida, ele exibia uma figura alta e esbelta, elegante e atraente. Sentado em uma cadeira, ele trabalhava em seu tablet, deslizando os dedos na tela de forma lenta e preguiçosa, exalando uma aura de sensualidade.Ele notou a mulher na cama, enrolada no cobertor, com apenas a cabeça de fora. Seus olhos negros e brilhantes o observavam atentamente. Com um tom indiferente, ele disse: — Acordou? Levanta e vem tomar café da manhã.— Está bem. — Respondeu Jaqueline, corando enquanto se levantava da cama e vestia seu pijama.Na sala de jantar, Jaqueline continuava a cutucar os ovos no prato com seu garfo, enq
Ela abaixou a cabeça e deu um sorriso amargo.O que mais ela poderia desejar? Poder se casar com ele já havia esgotado toda a sorte que ela teria na próxima vida.Seus pais eram funcionários comuns do grupo SK. Em um incêndio, ficaram presos na sala de controle, mas antes de morrer conseguiram desligar um sistema importante, evitando a liberação de substâncias tóxicas e prevenindo mais mortes.Na época, a mídia noticiou o ocorrido por muitos dias e a última conversa dos seus pais com o mundo exterior ficou registrada.Com apenas 10 anos, ela teve que ir morar com sua tia.No entanto, a tia era fumante, alcoólatra e viciada em jogos de azar. Um ano depois, perdeu todo o dinheiro da indenização do grupo SK em apostas.Quando ela tinha 11 anos, sua tia a abandonou diretamente na porta da sede do grupo SK.Jaqueline ficou esperando na porta da empresa por dois dias, abraçada a sua mochila. Estava faminta e exausta, até que o presidente do grupo SK passou por ali e a levou para casa.Desde
— Eu não quis dizer isso. — Jaqueline estava um pouco irritada.Se ela tivesse essa intenção, como poderia ter deixado ele se aproximar na noite passada, estando grávida?Roberto não disse mais nada, carregou ela de volta para o quarto e a colocou na cama, cada movimento era suave e atencioso.Jaqueline quase levou toda a sua força para conter as lágrimas.Ele arrumou as roupas dela e sua mão grande acidentalmente tocou sua barriga.O coração de Jaqueline deu um salto e ela rapidamente empurrou a mão dele.Mesmo com sua barriga ainda plana, ela se sentia instintivamente culpada, preocupada que ele descobrisse algo.Roberto fez uma pausa.— O que houve?Estava para se divorciar, então agora não o deixava tocar ela?— Nada, apenas não dormi bem, minha cabeça está um pouco confusa. — Ela inventou uma desculpa.— Vou chamar um médico para vir aqui, você não está com uma boa aparência. — Ele disse e colocou a mão na testa dela, a temperatura estava normal, mas ele sentia que algo estava err