Donatella Romanova Eu tentei segurar as lágrimas, mas elas ameaçavam transbordar. As emoções eram um turbilhão que me rasgava por dentro. Eu o odiava tanto quanto o desejava, e isso me destruía. Como podia ser? O homem que arruinou minha vida, que matou minha família, agora estava ali, me tirando do chão, da única força que eu tinha, e me fazendo sentir coisas que eu jamais admitiria em voz alta.Meu corpo tremia quando senti Roman se ajoelhar diante de mim. Era uma visão surreal, o temido chefe da Bratva, o homem mais implacável que eu conhecia, agora ajoelhado aos meus pés, com os olhos fixos em mim. Era como se ele estivesse quebrando alguma regra invisível, algo entre nós dois que jamais deveria ter sido ultrapassado.— Donatella, eu vou dispensar os convidados — ele disse, a voz mais suave do que eu esperava. — Você precisa descansar.Descansar. Como se o descanso pudesse curar o caos que ele trouxe para a minha vida. Mas, naquele momento, eu não consegui responder. Apenas o enc
Roman Ostrov Enquanto eu caminhava pelos corredores da mansão, cada passo pesado, meus pensamentos estavam presos em Donatella. A fragilidade dela, tão evidente em cada gesto, em cada palavra, me assombrava. A maneira como seus olhos brilhavam com um misto de raiva e insegurança, como seu corpo tremia, não por medo de mim, mas pelo que ela carregava dentro de si, uma bagagem emocional que eu não conseguia ainda entender completamente. Era impossível não notar a instabilidade emocional que a envolvia como um véu. Eu vi isso em seus olhos. Havia algo muito mais profundo do que o ódio que ela exibia. Era um abismo de dor e incerteza, algo que, por mais que eu tentasse decifrar, sempre escapava pelos meus dedos. E, no fundo, eu sabia que parte disso era minha culpa. Eu sempre soube que o caminho que escolhi para a minha vida deixaria destroços, mas ver isso tão de perto, ver o que eu fiz com Donatella... isso me atingia de uma forma que eu nunca pensei que algo pudesse. A culpa pes
Roman Ostrov Ela tentou me apressar, seus dedos cravando-se em meus ombros, puxando-me para mais perto, como se quisesse que eu tomasse tudo dela de uma vez. Mas eu não o fiz. Não ainda. Eu senti o momento em que ela cedeu completamente. Seus músculos relaxaram sob minhas mãos, e a respiração, antes acelerada e nervosa, começou a se acalmar. Meus dedos traçavam delicadamente o contorno do seu rosto, o toque suave, reverente. Seus olhos estavam fechados, os cílios longos descansando contra a pele pálida. Ela parecia quase frágil ali, entregue, mas não quebrada. Não dessa vez. Havia emoção e desejo cru. — Donatella... — minha voz saiu baixa, quase um sussurro. — Não quero que isso seja algo que você vai se arrepender depois. Ela me encarou por um longo momento, e depois de um suspiro, seus dedos encontraram meu rosto. O toque dela era hesitante, quase tímido, como se estivesse testando os limites do que era permitido entre nós. Mas quando finalmente falou, sua voz era firme,
Roman Ostrov Antes que qualquer outro comentário fosse feito, retirei o meu próprio casaco e me aproximei de Donatella, cobrindo-a rapidamente. Puxei o casaco sobre seus ombros e inclinei-me ligeiramente, minha voz baixa e firme ao seu ouvido. — Não precisamos fazer disso um espetáculo, doçura. Ela permaneceu em silêncio, mas seus olhos brilhavam com aquela mistura de raiva e frustração que agora eu estava começando a entender. Donatella estava testando os limites, mas eu não a deixaria exposta diante de Ivan ou de qualquer outro. Olhei para Lucy, a empregada, que nos observava atentamente. — Sirva o desjejum no deck externo — ordenei, mantendo minha voz firme, mas calma. — Senhor, está muito frio lá fora — ela avisou, a preocupação evidente em sua voz. — Perfeito — respondi, um sorriso surgindo em meus lábios. — Assim, garanto que minha esposa continuará vestida durante toda a refeição. Lucy hesitou por um momento, mas logo assentiu e saiu para preparar a refeição. D
Roman Ostrov Eu me aproximei, cruzando os braços, e o encarei com seriedade. — Diga logo — a impaciência transbordava na minha voz. Dmitry respirou fundo, como se estivesse se preparando para revelar algo que eu não gostaria de ouvir. — Roman, a saúde de Donatella está muito debilitada. E não estou falando apenas do estado emocional, mas físico também. Ela frequentava o hospital com uma frequência absurda, várias consultas por semana. A maioria dessas consultas não era com especialistas comuns... — ele fez uma pausa, ponderando o impacto do que viria a seguir — ...mas com um psiquiatra. Minha respiração ficou pesada. Isso explicava muita coisa. Eu já sabia que algo estava muito errado com Donatella, mas ouvir a confirmação de que ela estava sob tratamento psiquiátrico tornava tudo ainda mais complicado. — Psiquiatra? — perguntei, mais para processar a informação do que para realmente questionar. — Ela estava sendo tratada mentalmente? Dmitry assentiu, com o olhar sério.
Roman Ostrov O local era um armazém desativado nos arredores da cidade, um lugar onde ninguém questionaria os gritos que estavam prestes a sair. O silêncio era espesso, o ar carregado com um cheiro de ferrugem e umidade. Eu entrei no prédio com passos firmes, o som das minhas botas ecoando pelo chão de concreto. O desgraçado do psiquiatra estava acorrentado a uma cadeira no centro da sala, as luzes artificiais iluminando seu rosto pálido e suado. O medo estava estampado nos olhos do homem assim que me viu. Eu me aproximei devagar, os dedos estalando levemente enquanto me preparava. Dmitry tinha feito bem seu trabalho ao deixá-lo aqui, bem longe dos olhares curiosos da Bratva, e agora cabia a mim arrancar a verdade daquele verme. — Sabe por que está aqui, não sabe? — perguntei, minha voz fria, carregada de uma calma que precede a tempestade. O psiquiatra apenas balançou a cabeça, o suor escorrendo por suas têmporas. Sem esperar resposta, dei um passo à frente e segurei sua man
Roman Ostrov Eu saí do galpão com o gosto metálico da raiva ainda preso à minha língua, cada passo pesado, como se o chão estivesse tentando me puxar para baixo, para longe da realidade. O silêncio do armazém parecia ecoar dentro de mim, mas por fora, o mundo continuava. Dmitry estava encostado no carro, esperando, sua postura rígida, sempre atento. Quando entrei no carro, o cheiro de sangue fresco e pólvora ainda impregnava minhas roupas. Ele percebeu imediatamente, mas não fez perguntas. Dmitry sabia. Ele sempre sabia. Donatella estava no banco traseiro, dormindo profundamente, os fones de ouvido cobrindo suas orelhas delicadas. Ela parecia tão tranquila, alheia ao caos que me consumia por dentro, tão distante de tudo o que acabara de acontecer. — Dei o aparelho pra ela ouvir música — Dmitry disse, com um tom cuidadoso. — Por causa do barulho no galpão. Achei melhor não arriscar. Olhei para Donatella, seus olhos fechados, o rosto relaxado, e apenas dei de ombros. Não havi
Donatella Romanova Enquanto eu me trocava para o jantar, minha mente vagava para as lições que Anastacia havia me ensinado desde cedo. ― Sempre diga aos homens o que eles querem ouvir, Donatella ― ela costumava sussurrar, seus olhos escuros e experientes me encarando no espelho enquanto eu tentava entender como isso funcionava. ― Eles acreditam no que você diz quando você fala com doçura, mesmo que seja mentira. Era uma regra que eu havia seguido minha vida inteira. Fingir, manipular, usar as palavras como um escudo e, às vezes, como uma arma. Mas, com Roman... algo era diferente. Não havia espaço para manipulação. Ele via através de mim. Ainda assim, parte de mim se agarrava àquilo que Anastacia me ensinara, como se fosse a única defesa que restava. Eu terminei de prender as meias 3/4 na cinta-liga, o tecido macio da lingerie vinho contrastando com minha pele pálida. O vestido vinho que escolhi tinha uma fenda lateral, uma provocação discreta. Coloquei minhas botas de couro, a