Quando o grupo saiu, pelo “caminho da serpente”, Ares ficou para trás comigo, me segurando firme. Seu rosto enfiado no meu pescoço, me cheirando.
Ainda bem que passei perfume….
As suas mãos em volta da minha cintura apertavam-me contra ele, e lentamente a respiração dele voltou ao normal.
— O que foi, Ares? — Perguntei quando me dei conta que ele não pretendia me soltar.
— Você me assustou, fêmea!
— Eu? Mas eu não fiz nada!
— Eu te vi com Derik no bosque.
Revisei mentalmente o que falei e fiz para me assegurar de que estava limpa, e como ele não lê pensamentos, estava tranquila para me indignar.
— Estava me espionando?
— Não! Espionava o Derik.
ELEA minha natureza estava furiosa com os olhares de reprovação direcionados a nossa fêmea. O meu Beta cochichou no meu ouvido que a maioria parecia estar contente com a notícia, mas, os meus olhos fitavam somente aqueles que obviamente a desprezaram por ser humana.Um membro do clã virou para a multidão, tentando criar um motim. A minha terceira forma não perdeu tempo, o ancião serviria de exemplo a quem se achava no direito de contrariar a vontade da Grande Deusa.O desgraçado do Hermes plantou sementes da sua perversão por todo o clã, especialmente nos mais velhos. O desprezo pelos mais fracos, a desvalorização do vínculo entre almas gêmeas, a corrupção dos valores do bem coletivo...Com a cabeça do ancião na mão, gritei para que, quem estivesse pensando em me
O alarme de invasão ecoou pelo clã no meio da madrugada. O Alfa deixou a Luna grávida assustada na tenda e correu ao encontro dos seus guerreiros. Lobos perdidos mais uma vez entraram no seu território para saquear os bens do seu povo.Alfa Hermes era um líder honrado, corajoso e muito dedicado ao clã e a sua amada companheira, Luna Edite. Ela estava grávida de seu primeiro filhote e ele ordenou que ela permanecesse na tenda e não pusesse a sua vida e a do filhote em risco, pois ele cuidaria de tudo.Infelizmente, os lobos perdidos invadiram o território no meio de uma tempestade, muito vento, chuva e neve prejudicavam o faro dos seus rastreadores, dificultando a busca pelos malfeitores.Mesmo com as dificuldades climáticas, os lobos bem treinados do Alfa Hermes capturaram os invasores sem muita demora.Pelo menos, era o que pensavam, ignorando que o líder do bando de lobos perdidos tinha um cúmplice infiltrado no clã. A batalha acontecia de um lado do território, enquanto ele próprio
Vinte e seis anos depois…— Acorda, preguiçosa! Mulher casada não dorme até essa hora não!“Bom dia, flor do dia!” Era a frase que a minha mãe usava para me despertar todas as manhãs antes de ir à escola.Quando foi que a minha vida mudou tanto? E para pior…— Eu, na sua idade, acordava antes do sol nascer para preparar o café da manhã dos meus sogros!“Blá, blá, blá! Quem liga para como você tratava os seus sogros, sua megera?”Pensei, ao jogar o cobertor para o lado e me levantar. Infelizmente, não tinha coragem de falar esse tipo de coisa para a minha sogra na cara dela. Não desejava outra punição do meu marido por desrespeitá-la.Tomei um banho para despertar o meu corpo para os desafios do meu sério dia de mulher casada.O meu chamado marido saiu bem cedo pela manhã para administrar a fazenda, deixando para trás o meu corpo dolorido por mais uma noite em que ele fez o possível para me engravidar.Olhei-me no espelho, para ajeitar o hijab, e saí do quarto em direção à cozinha. A m
Terminei de preparar o almoço e servi à mesa. A minha sogra chegou com a mesma cara de nojo de sempre e fez um muxoxo antes de sentar.Peguei um prato para servi-la primeiro, escolhendo a fatia de cordeiro mais bonita e gordurosa para ela, arroz com nozes, e quando estava prestes a pegar o puré de abóbora, ela deu um tapa na mesa.— Não me sirva essa coisa horrorosa que você fez, parece lavagem! E coloque outra peça de cordeiro no meu prato, não seja sovina com a mãe do seu marido!Respirei fundo e obedeci sem reclamar. Entreguei o prato a ela, que comia como se não houvesse amanhã. Servi-me do que mais gostava e sentei na cadeira de frente para ela.Ela mastigava ruidosamente e reclamou de tudo o que tinha na mesa, botando defeito em todos os pratos, embora tenha repetido quase todos. Quando estava satisfeita e com a boca cheia de gordura, tamborilou os dedos sobre a mesa me observando comer. De repente, ela levantou.— Não deve comer tanto, está ficando gorda e o meu filho não gosta
ELEAres estava no salão de artes do castelo antigo, que ficava no centro da cidade principal do seu território. Nesse salão, ficavam os quadros e bustos dos Alfas anteriores. Diante dele, a pequena estátua de Luna Edite, onde ele havia, como todos os dias, trocado as flores do vaso.Ele olhava fixamente para aquela que era a figura que representava a Luna conhecida por sua bravura e bondade.A saudosa Luna cujo vincula ainda percorria a aura de todos os membros do clã.A amada líder que dedicou a vida para cuidar do seu povo.A fêmea que ele nunca teve a oportunidade de chamar de mãe, mas que, ao nascer, causou a morte.“ Você não é meu filho, muito menos o meu herdeiro! Por sua causa, a minha companheira morreu, você é um maldito!”Ares retirou as flores do vaso e as arrumou novamente, uma a uma, até que o arranjo lhe parecesse perfeito.Pegou uma pequena vela de cera e parou diante da imagem de Hecate, a Deusa dos lobisomens, mãe de todas as Lunas.Aquele era o aniversário de morte
Senti como se estivesse fora da realidade. Aquilo não podia ser real, eu planejei tudo por meses! Era o meu momento de liberdade, apenas uma plataforma de distância do trem….E o que essa megera está fazendo abraçando a fulaninha secretaria cujo nome nem me dou o trabalho de lembrar? Se gosta tanto dela, e me odeia, bastava me deixar ir embora! Mas não, esse “Shaytan” gosta de me maltratar, aposto que os únicos orgasmos que teve em vida foram quando me maltratou.Quem sou eu para falar de orgasmos, nunca vi, só ouço falar…Esse era o grau de desprendimento da realidade que eu me encontrava, minha mente vagando por coisas sem noção para me afastar da vida real, onde, entre a minha liberdade e eu, estava um grupo de “Djins”.Amir caminhou lentamente na minha direção, com um sorriso cruel nos lábios e olhos faiscando de raiva.Ele acha mesmo que eu sou idiota de ficar parada? Pelo portão que entrei, sai correndo.Se ele me pegar, vai me castigar de qualquer jeito, mas se não conseguir me
ELAQuando nossos sequestradores se foram, fiquei parada um tempo olhando para a mancha de sangue do senhor idoso que deixaram no chão. Acho que nuca tive tanto pavor na vida, e não fazia ideia do que estava acontecendo, mas não podia mais ignorar as evidências do sobrenatural.O tempo passou em uma lenta tortura, acho que algumas horas, e ninguém se atrevia a dizer palavra alguma. A mocinha, que estava na mesma cela que eu, parou de chorar e caiu no sono. Amir estava com os olhos esbugalhados, petrificados, olhando para o nada, e os seus companheiros de cela estavam sentados de cabeça baixa.Eu queria acordar daquele pesadelo, mas sabia que era verdade. Nunca imaginei que algo assim seria possível fora dos livros e do cinema.Quando o som de passos ecoou pelo corredor, alguns de nós levantaram-se, a mocinha mais uma vez se escondeu no canto e Amir ficou em pé, encostado na parede no fundo da sua cela. Eu continuei sentada, sem reação, paralisada pelo medo e incapacidade de encontrar
ELE“Minha!”Disse em voz alta, incrédulo, pois nunca sequer conseguiu sonhar que um dia diria essa frase do fundo do coração. Ele era Ares, O Alfa Maldito, temido até mesmo por seu povo.Um dos lacaios de Deanera a olhou de soslaio e ela indicou que ele cumprisse o seu trabalho. Ele, então, correu para abrir a cela e dar passagem ao poderoso Alfa. Ninguém desejaria ficar no caminho do magnífico predador e a sua presa.“ Vem até mim, minha fêmea!”O Alfa ordenou, e ela instintivamente obedeceu, mas ficou parada na frente dele, com os seus belos olhos verdes fixos no seu olhar.— Sua, Alfa Ares? Mas ela é humana, como pode uma humana ser uma Luna? — Deanera questionou, confusa e desconfiada.Havia a possibilidade de Ares estar apenas interessado numa fêmea para aquecer a sua cama, e nada mais fácil do que uma humana fraca e sem valor. Ninguém se importaria com uma humana o suficiente para ir contra o Alfa mais forte em existência.“ Minha!”A sua fera repetiu, e Deanera compreendeu que