❧Minha conversa com o Sr. Kim foi bem rápida. E assim que saí da sua sala, fui abordada por Yara. Parece até que ela estava me esperando do lado de fora. Pelo jeito, Heitor conquistou mesmo a minha amiga.— Jane, me diz o que aconteceu com o Heitor — pediu agarrando o meu braço.— Garota, você não trabalha, não? — Fui em direção ao banheiro com ela em meu encalço. — Desde que você me disse aquilo eu não consegui me concentrar em mais nada — disse com a voz sofrida. — Para de ser malvada.— Tudo bem — me dei por vencida. — Nem é nada demais, eu só fiz suspense para te castigar por ter feito uma aposta sobre mim — entramos no banheiro e só então ela me largou.— Mas eu quero saber — quase choramingou.Eu dei risada da cara dela e ela revirou os olhos em pura birra. Se afastou mais de mim e cruzou os braços enquanto batia o pé no chão impaciente.— Não sei o que Heitor fez com você, mas estou vendo que foi algo sério — brinquei.— Cala a boca — ralhou. — Ou melhor, fala de uma vez.—
❧Meus olhos aumentaram consideravelmente de tamanho na mesma hora em que vi tudo aquilo acontecendo em minha nova sala. Abri a boca em sinal de surpresa e estranheza sem saber o que dizer ou como reagir. Eu fiquei ainda mais confusa por ver quem estava ali.O que eles estavam fazendo aqui?— Seja bem vinda a sua nova sala, Jane! — Yara correu até mim e me abraçou seguida por Tasha.— Bem vinda! — Minha outra amiga disse empolgada. — Gostou?— Sim, estou até sem palavras — falei para ela, mas meus olhos foram até as outras pessoas na sala. — Oi, fofinha — Ava disse com um sorriso enorme nos lábios vindo em minha direção. — Parabéns pela promoção — me abraçou. — E pela sala nova.Quando ficamos tão próximas?— Parabéns, Jane! — Heitor veio até mim também para me parabenizar com um abraço caloroso. — Tudo isso é muito merecido.Eu fiquei sem reação.— Obrigada, gente — agradeci sem graça e instintivamente meu olhar foi de encontro a única pessoa naquela sala que não me parabenizou nem
❧ A semana passou tranquilamente. Consegui organizar a minha sala do jeito que eu queria e finalizei algumas edições que estavam pendentes. Não tive contato com o Sr. Evans durante toda a semana. Quem me enviou o manuscrito por e-mail foi o Heitor, tudo que precisávamos resolver era feito através dele, nada de contato direto com o escritor. Ele estava mesmo empenhado em ficar longe de mim. Como eu estava me sentindo quanto a isso? Bem chateada para ser sincera. Eu não terminei de ler o manuscrito dele ainda, por isso não o contatei mais. E mesmo se fizesse eu sei que ele mandaria Heitor responder como já tinha feito antes. Certo, confesso que foi uma desculpa para falar com ele, mas não deu em nada, já que foi Heitor quem respondeu. Eu sei que deveria estar aliviada por esse distanciamento, afinal era isso que eu queria, mas como eu disse, meu cérebro luta contra o meu coração e eu fico louca no meio dos dois. Uma ora quero que o escritor ignore o meu pedido e me peça para vê-lo, o
❧ Após um tempo eu não ouvi mais os fungados do Evans. Então, olhei de lado e vi que ele estava de olhos fechados e muito quieto, provavelmente estava cochilando. Por isso, me mantive em silêncio durante todo o trajeto e quando chegamos ao destino escolhido por mim, o chamei com cuidado para que não se assustasse. — Sr. Evans? — O chamei baixinho, mas ele permaneceu do mesmo modo. — Sr. Evans? — Aumentei um pouco o tom de voz, mas ele continuou imovel. — Sr. Evans — chamei mais uma vez agora tocando suavemente seu ombro para que acordasse. — Sim? — Abriu os olhos lentamente um pouco perdido e me olhou com estranhamento. — Já chegamos — anunciei me afastando dele. — Ah! — Ele deu um pequeno salto no banco. — Obrigado pela carona, Becker — mostrou um pequeno sorriso e começou a retirar o cinto de segurança. — Amanhã resolvo o problema do meu carro. Boa noite! — Abriu a porta e sem que eu pudesse dizer mais nada, desceu. — Por que nós estamos em um estacionamento? — Perguntou qua
❧ Acordei toda dolorida. Meu pescoço doía, minhas costas doíam, tudo doía. Quando abri os olhos percebi que estava sozinha no sofá com uma coberta por cima de mim. Instintivamente lembrei do Evans, talvez ele tenha ido para a cama no meio da madrugada ou acordou de manhã e foi embora. A última opção não me agradou muito. Levantei rapidamente e fui até meu quarto torcendo para que a primeira opção fosse a verdadeira. Dei umas batidinhas na porta, mas ninguém respondeu, por isso a empurrei devagar e entrei, ele não estava lá, mas ouvi o barulho da água na torneira, deduzi então, que ele estivesse lavando as mãos ou rosto. Suspirei aliviada por descobrir que ele não fugiu e ainda estava ali. Saí de fininho de lá e fui à cozinha preparar algo para comermos. Eu não fazia ideia do que ele gostava, mas improvisei. Quando estava preparando tudo ele surgiu na cozinha, já com a roupa dele, cabelos bem arrumados e óculos no rosto. — Bom dia! — Ele disse. — Bom dia, Sr. Evans! — Abri um peque
❧Eu dormi mal naquela noite. Meus pensamentos eram altos demais, minha cabeça estava uma confusão só. Por isso, eu cheguei na editora com uma dor de cabeça terrível na segunda, é sempre assim quando não durmo bem.Assim que cheguei fui direto à minha sala. A primeira coisa que fiz ao entrar foi pegar água para tomar a aspirina que comprei no caminho. Sentei em minha cadeira e encostei a cabeça, fechei os olhos e fiquei assim por um tempo esperando a dor aliviar um pouco para conseguir trabalhar bem.Quando já estava um pouco melhor, peguei o manuscrito do escritor Evans e comecei a ler de onde parei. Era de tirar o fôlego a forma que ele descrevia a dor do personagem principal ao ser rejeitado pelo pai por querer ser artista. Ele conseguiu mostrar de forma clara o que muitos jovens sofrem quando suas famílias são rígidas e até por pessoas ao redor, pessoas que são próximas, mas que não entendem e não apoiam, que só criticam e desprezam, pessoas que deveriam apoiar, mas ao invés diss
❧As minhas ideias estão um caos. Eu fiquei deitada em minha cama após passar quase uma hora no chuveiro para tentar relaxar um pouco implorando para a água levar os meus pensamentos embora, é claro que isso não aconteceu.Eu tentei dormir, mas o sono não veio, já faz mais de duas horas que reviro de um lado para o outro na cama e não consigo dormir. Tudo que consigo visualizar quando fecho os olhos são os lábios tentadores de Oliver Evans. Não sei como me deixei afetar tanto assim, mas agora não consigo mais evitar pensar nele a todo momento.E foi por isso que na manhã seguinte acordei com dor de cabeça novamente, isso já está virando rotina. Assim que levantei fui direto pro banheiro tomar banho, me arrumei rapidamente e fui à cozinha preparar algo rápido para comer já que acabei me atrasando por só ter conseguido pregar os olhos de madrugada, depois que comi tomei logo uma aspirina e segui apressada à editora.— Bom dia, Tasha! — Cumprimentei minha amiga e passei direto para a min
❧Depois do que o Oliver me disse eu evitei olhá-lo novamente. Fiz de tudo para puxar assunto com a Yara que estava ao meu lado e me entrosar em qualquer conversa que surgisse na mesa para não ter que manter um diálogo com o escritor.Também afastei mais minha cadeira da sua para evitar que ele me tocasse novamente. Não que eu não gostasse daquilo, mas eu sempre me sentia estranha até quando sua perna batia na minha acidentalmente. Eu perdia o foco do que estava fazendo com o mínimo toque seu, por isso me afastei.Após o jantar voltei para casa sozinha. Yara acabou voltando com Heitor e Oliver, não sei qual o destino dela depois, provavelmente vai deflorar o cara. E Tasha voltou com o Sr. Kim, era tudo o que ela queria afinal.Cansada demais do dia puxado, assim que cheguei em casa tomei um banho e caí na cama, mas ao contrário do que eu pensava, eu não consegui pegar no sono tão rápido. Aquelas palavras não saíam da minha mente."Eu queria tanto te ver, Jane."— Que inferno — resmung