❧ Acordei toda dolorida. Meu pescoço doía, minhas costas doíam, tudo doía. Quando abri os olhos percebi que estava sozinha no sofá com uma coberta por cima de mim. Instintivamente lembrei do Evans, talvez ele tenha ido para a cama no meio da madrugada ou acordou de manhã e foi embora. A última opção não me agradou muito. Levantei rapidamente e fui até meu quarto torcendo para que a primeira opção fosse a verdadeira. Dei umas batidinhas na porta, mas ninguém respondeu, por isso a empurrei devagar e entrei, ele não estava lá, mas ouvi o barulho da água na torneira, deduzi então, que ele estivesse lavando as mãos ou rosto. Suspirei aliviada por descobrir que ele não fugiu e ainda estava ali. Saí de fininho de lá e fui à cozinha preparar algo para comermos. Eu não fazia ideia do que ele gostava, mas improvisei. Quando estava preparando tudo ele surgiu na cozinha, já com a roupa dele, cabelos bem arrumados e óculos no rosto. — Bom dia! — Ele disse. — Bom dia, Sr. Evans! — Abri um peque
❧Eu dormi mal naquela noite. Meus pensamentos eram altos demais, minha cabeça estava uma confusão só. Por isso, eu cheguei na editora com uma dor de cabeça terrível na segunda, é sempre assim quando não durmo bem.Assim que cheguei fui direto à minha sala. A primeira coisa que fiz ao entrar foi pegar água para tomar a aspirina que comprei no caminho. Sentei em minha cadeira e encostei a cabeça, fechei os olhos e fiquei assim por um tempo esperando a dor aliviar um pouco para conseguir trabalhar bem.Quando já estava um pouco melhor, peguei o manuscrito do escritor Evans e comecei a ler de onde parei. Era de tirar o fôlego a forma que ele descrevia a dor do personagem principal ao ser rejeitado pelo pai por querer ser artista. Ele conseguiu mostrar de forma clara o que muitos jovens sofrem quando suas famílias são rígidas e até por pessoas ao redor, pessoas que são próximas, mas que não entendem e não apoiam, que só criticam e desprezam, pessoas que deveriam apoiar, mas ao invés diss
❧As minhas ideias estão um caos. Eu fiquei deitada em minha cama após passar quase uma hora no chuveiro para tentar relaxar um pouco implorando para a água levar os meus pensamentos embora, é claro que isso não aconteceu.Eu tentei dormir, mas o sono não veio, já faz mais de duas horas que reviro de um lado para o outro na cama e não consigo dormir. Tudo que consigo visualizar quando fecho os olhos são os lábios tentadores de Oliver Evans. Não sei como me deixei afetar tanto assim, mas agora não consigo mais evitar pensar nele a todo momento.E foi por isso que na manhã seguinte acordei com dor de cabeça novamente, isso já está virando rotina. Assim que levantei fui direto pro banheiro tomar banho, me arrumei rapidamente e fui à cozinha preparar algo rápido para comer já que acabei me atrasando por só ter conseguido pregar os olhos de madrugada, depois que comi tomei logo uma aspirina e segui apressada à editora.— Bom dia, Tasha! — Cumprimentei minha amiga e passei direto para a min
❧Depois do que o Oliver me disse eu evitei olhá-lo novamente. Fiz de tudo para puxar assunto com a Yara que estava ao meu lado e me entrosar em qualquer conversa que surgisse na mesa para não ter que manter um diálogo com o escritor.Também afastei mais minha cadeira da sua para evitar que ele me tocasse novamente. Não que eu não gostasse daquilo, mas eu sempre me sentia estranha até quando sua perna batia na minha acidentalmente. Eu perdia o foco do que estava fazendo com o mínimo toque seu, por isso me afastei.Após o jantar voltei para casa sozinha. Yara acabou voltando com Heitor e Oliver, não sei qual o destino dela depois, provavelmente vai deflorar o cara. E Tasha voltou com o Sr. Kim, era tudo o que ela queria afinal.Cansada demais do dia puxado, assim que cheguei em casa tomei um banho e caí na cama, mas ao contrário do que eu pensava, eu não consegui pegar no sono tão rápido. Aquelas palavras não saíam da minha mente."Eu queria tanto te ver, Jane."— Que inferno — resmung
❧ Depois que Oliver entrou em casa eu ainda fiquei mais um tempo no jardim para clarear a minha mente que só rodava em torno do que quase aconteceu. Eu estou cansada desse quase. Tudo bem que das outras vezes eu ficava nervosa e me afastava, eu entendo que ele não quis me beijar depois de ter bebido, mas agora eu sei o que quero e eu quero beijá-lo. E ter convicção disso agora me deixa frustrada por ele não ter me beijado quando eu tive certeza. Mesmo que eu tenha medo do que pode acontecer se eu me entregar, agora já não dá mais para fugir. É impossível controlar tudo isso que cresceu em meu peito, mesmo eu fugindo e negando para mim mesma, acabou acontecendo. Não consigo mais olhar para Oliver sem que deseje beijá-lo ou que o meu coração acelere. Eu tive que entregar os pontos. Após alguns minutos me lamentando por ser tão confusa e complicada ao ponto de ter perdido a oportunidade de ficar com Oliver, eu voltei para dentro. Quando retornei a sala, ele, Yara e Heitor não estavam.
❧ No meio da noite eu senti Oliver se mexer me dando espaço para deitar também, assim que fiz isso ele se aproximou e passou o braço por cima do meu corpo se aconchegando mais a mim. Quando despertei pela manhã, abri um pequeno sorriso ao ver a forma como estávamos dormindo, eu estava com a cabeça apoiada em seu peito e um braço ao redor do seu corpo, ele estava com o braço dobrado ao redor do meu pescoço como se me protegesse de alguma coisa. Eu fiquei com vergonha de me mexer e levantar primeiro, por isso fechei os olhos e logo voltei a dormir, afinal eu queria mesmo continuar daquela forma porque era bom demais tê-lo assim. Ao acordar pela segunda vez naquele dia, eu estava sozinha na cama. Não posso negar que senti falta do corpo de Oliver colado ao meu. Olhei ao redor, mas não o vi, me espreguicei um pouco e quando ia me levantar, ele saiu do closet com um robe por cima de seu pijama. — Bom dia! — Disse animado. — Dormiu bem? — Bom dia! — Sorri de volta. — Sim e você? — Mar
❧Ouvir todas aquelas palavras do Oliver fez o meu coração acelerar em vários momentos. Eu fiquei sem jeito muitas vezes, sem reação e sem palavras durante todo o seu relato, foi uma surpresa saber como ele se sentia ao meu respeito todo esse tempo. Mas nada do que ele disse antes teve tanto efeito sobre mim quanto a última pergunta que ele me fez.— Então, eu posso te beijar agora?Meu coração deu uma guinada feroz dentro do peito, minha cara provavelmente assumiu a cor escarlate porque o meu rosto começou a queimar, minhas mãos suavam e tudo que eu consegui fazer foi abrir um sorriso desajeitado torcendo para ele entender aquilo como uma resposta afirmativa.E deu certo porque ele se ajeitou um pouco no lugar para ficar de frente para mim e aos poucos foi se aproximando mais, suas mãos alcançaram o meu rosto e retiraram os meus óculos com cuidado deixando-os na mesa de cabeceira. Ele voltou para mim novamente e tocou em meu rosto mais uma vez, seus olhos iam dos meus aos meus lábios
❧ Depois de uma sessão de beijos e amassos com Oliver na cama, tivemos que parar porque Ava nos interrompeu — mais uma vez — para jantarmos. Foi complicado parar dessa vez, nós dois estávamos excitados demais, minha sorte era que dava pra esconder, já o Oliver precisou de um tempo para se acalmar. O jantar seguiu com Ava nos contando mais sobre os locais que foi visitar mais cedo com o John e sobre seu novo plano para inaugurar um restaurante aqui. Ela estava bem empolgada e não parava de falar das ideias que tinha. Quando terminamos de comer ela nos mostrou algumas fotos do lugar que escolheu e depois nos disse como pensava em decorá-lo. Mais tarde eu lutei comigo mesma e com Oliver para ir embora. Eu queria ficar, mas precisava ir, tinha que trabalhar amanhã cedo, sem falar que Oliver e eu mal começamos — o que quer que a gente tenha — não posso ficar tão grudada nele assim. — Você poderia ficar pra dormir aqui — ele insistiu quando eu já estava me preparando para ir embora. —