❧ Eu estava dirigindo até a casa do escritor Evans pedindo aos céus que ele estivesse mais calmo e não estivesse bêbado como da última vez. Eu não iria aguentar o mau humor dele novamente tão cedo. Estacionei o carro no mesmo lugar da outra vez e toquei no interfone. Dessa vez Heitor atendeu e, diferente da vez passada, pareceu que me esperava. Entrei na casa do escritor e o próprio Heitor me direcionou até a área externa que eu tinha visto no outro dia. Ele disse que o Evans já viria me atender e me mandou ficar à vontade. Então me sentei em uma das poltronas e esperei enquanto tomava a água que a moça, que descobri ser a diarista, trouxe para mim. — Bom dia, Becker! — O escritor apareceu na minha frente e eu quase engasguei com a água por não tê-lo visto antes. — Bom dia, senhor Evans! — O cumprimentei um pouco nervosa. — De início quero me desculpar pela última vez em que veio aqui — iniciou ao se sentar na poltrona de frente para mim. — Eu não estava em estado para lhe atende
❧Saímos do hospital, e como prometido, o escritor Oliver me levou até a sua casa para pegar o meu carro. Mais uma vez o trajeto foi silencioso, o que me deixou um tanto desconfortável, mas não fiz nada para mudar isso, apenas me mantive quieta até aquela quietude estranha chegar ao meu limite. — Meu pai pediu para lhe agradecer por hoje — falei quando já estávamos chegando. — Ele gostou do senhor.— Ele é adorável — respondeu sem tirar os olhos da estrada.— Ele é sim — sorri bobo porque meu pai é realmente um homem incrível. — Meu pai é minha maior inspiração. Ele sempre me encorajou a correr atrás dos meus objetivos e foi o primeiro a acreditar em mim — falei, mesmo que ele não tenha me perguntado. — Você tem sorte — ele me olhou quando parou em frente ao portão da sua casa esperando que abrisse.— É, eu tenho — o encarei de volta.— Desculpe se eu for indelicado — disse cuidadoso. — Mas posso perguntar o que sua mãe tem?— Bronquite crônica — respondi, eu não me importava em lhe
❧Estou agora, mais uma vez, em frente a casa do Sr. Evans para mais uma reunião. Assim que minha mãe voltou pra casa e eu consegui organizar tudo por lá, entrei em contato com o Heitor e acertamos uma nova data para a reunião. Então, aqui estou, não nego meu nervosismo, estou quase tendo um troço, não sei bem o motivo do meu coração estar tão agitado, mas eu espero que tudo saia bem e que o escritor assine de uma vez esse contrato, até trouxe ele bem guardadinho em um envelope na minha pasta.Assim que cheguei minha entrada foi liberada pela moça que trabalha lá, ela me reconheceu das outras vezes e me deixou entrar. Fiquei na mesma sala que tinha ficado da outra vez esperando pelo Evans vir me atender, mas não foi ele quem vi sair do corredor de roupão e cabelos úmidos, foi uma mulher.— Oh! — Ela se assustou ao me ver. — Eu não sabia que tínhamos visitas — uma mulher alta, cabelo rosa claro e de pele clara disse. — Me perdoe por não estar vestida apropriadamente — disse sorrindo, n
❧Quando terminei a suposta ligação pro meu chefe, voltei à sala onde o Evans estava sentado no sofá sozinho.— Seu chefe te liberou? — Perguntou assim que me aproximei.— Sim. Ele disse que eu podia levar o tempo que fosse com tanto que voltasse com o contrato assinado — me sentei em uma das poltronas.— Então, ele vai ficar satisfeito por ter te liberado — cruzou as pernas, apoiou um braço do lado da coxa e deixou o outro repousado sobre o colo.— Vai sim — abri um sorriso por saber que minha promoção estava garantida. — Eu não lhe contei, mas esse contrato com o senhor foi uma missão muito importante.— Uma missão? — Franziu o cenho.— Sim, o Sr. Kim prometeu me promover a editora chefe se eu conseguisse que o senhor fechasse um contrato conosco — falei.— Então, você me usou, Becker? — Perguntou sério.Me ferrei. Certeza que ele vai pegar esse contrato, rasgar e jogar os pedacinhos na minha cara. Eu e minha boca grande novamente.— Não! Desculpa, eu não pensei por esse lado — fale
❧Minha conversa com o Sr. Kim foi bem rápida. E assim que saí da sua sala, fui abordada por Yara. Parece até que ela estava me esperando do lado de fora. Pelo jeito, Heitor conquistou mesmo a minha amiga.— Jane, me diz o que aconteceu com o Heitor — pediu agarrando o meu braço.— Garota, você não trabalha, não? — Fui em direção ao banheiro com ela em meu encalço. — Desde que você me disse aquilo eu não consegui me concentrar em mais nada — disse com a voz sofrida. — Para de ser malvada.— Tudo bem — me dei por vencida. — Nem é nada demais, eu só fiz suspense para te castigar por ter feito uma aposta sobre mim — entramos no banheiro e só então ela me largou.— Mas eu quero saber — quase choramingou.Eu dei risada da cara dela e ela revirou os olhos em pura birra. Se afastou mais de mim e cruzou os braços enquanto batia o pé no chão impaciente.— Não sei o que Heitor fez com você, mas estou vendo que foi algo sério — brinquei.— Cala a boca — ralhou. — Ou melhor, fala de uma vez.—
❧Meus olhos aumentaram consideravelmente de tamanho na mesma hora em que vi tudo aquilo acontecendo em minha nova sala. Abri a boca em sinal de surpresa e estranheza sem saber o que dizer ou como reagir. Eu fiquei ainda mais confusa por ver quem estava ali.O que eles estavam fazendo aqui?— Seja bem vinda a sua nova sala, Jane! — Yara correu até mim e me abraçou seguida por Tasha.— Bem vinda! — Minha outra amiga disse empolgada. — Gostou?— Sim, estou até sem palavras — falei para ela, mas meus olhos foram até as outras pessoas na sala. — Oi, fofinha — Ava disse com um sorriso enorme nos lábios vindo em minha direção. — Parabéns pela promoção — me abraçou. — E pela sala nova.Quando ficamos tão próximas?— Parabéns, Jane! — Heitor veio até mim também para me parabenizar com um abraço caloroso. — Tudo isso é muito merecido.Eu fiquei sem reação.— Obrigada, gente — agradeci sem graça e instintivamente meu olhar foi de encontro a única pessoa naquela sala que não me parabenizou nem
❧ A semana passou tranquilamente. Consegui organizar a minha sala do jeito que eu queria e finalizei algumas edições que estavam pendentes. Não tive contato com o Sr. Evans durante toda a semana. Quem me enviou o manuscrito por e-mail foi o Heitor, tudo que precisávamos resolver era feito através dele, nada de contato direto com o escritor. Ele estava mesmo empenhado em ficar longe de mim. Como eu estava me sentindo quanto a isso? Bem chateada para ser sincera. Eu não terminei de ler o manuscrito dele ainda, por isso não o contatei mais. E mesmo se fizesse eu sei que ele mandaria Heitor responder como já tinha feito antes. Certo, confesso que foi uma desculpa para falar com ele, mas não deu em nada, já que foi Heitor quem respondeu. Eu sei que deveria estar aliviada por esse distanciamento, afinal era isso que eu queria, mas como eu disse, meu cérebro luta contra o meu coração e eu fico louca no meio dos dois. Uma ora quero que o escritor ignore o meu pedido e me peça para vê-lo, o
❧ Após um tempo eu não ouvi mais os fungados do Evans. Então, olhei de lado e vi que ele estava de olhos fechados e muito quieto, provavelmente estava cochilando. Por isso, me mantive em silêncio durante todo o trajeto e quando chegamos ao destino escolhido por mim, o chamei com cuidado para que não se assustasse. — Sr. Evans? — O chamei baixinho, mas ele permaneceu do mesmo modo. — Sr. Evans? — Aumentei um pouco o tom de voz, mas ele continuou imovel. — Sr. Evans — chamei mais uma vez agora tocando suavemente seu ombro para que acordasse. — Sim? — Abriu os olhos lentamente um pouco perdido e me olhou com estranhamento. — Já chegamos — anunciei me afastando dele. — Ah! — Ele deu um pequeno salto no banco. — Obrigado pela carona, Becker — mostrou um pequeno sorriso e começou a retirar o cinto de segurança. — Amanhã resolvo o problema do meu carro. Boa noite! — Abriu a porta e sem que eu pudesse dizer mais nada, desceu. — Por que nós estamos em um estacionamento? — Perguntou qua