Os olhos cinza esbranquiçados estavam inchados. O vento empurrava seus cachos vermelhos e brancos como ondas. Rdhā̶ɐn estava chorando.
Silenciosamente onde ninguém poderia ver. Não tinha medo da Lua de Sangue ou suas consequências. Por motivos óbvios não se importava.
Mas sua paz foi cortada por uma presença masculina as suas costas. Relíquia. Ela mordeu os lábios. Recompôs a voz e sua respiração.
— O que quer? — Não havia motivos para falar utilizando-se do repugnante idioma humano. Ela usou o seu próprio.
— Sabe o que quero.
— Minha querida… — Kathe pegou em sua mão. — Existe um laço entre você e ele. Desse modo, você é indiretamente afetada pelo povo dele.— O que a senhora quer dizer?— Para os lobisomens, mulheres virgens sangram apenas uma vez para revelar sua maturidade sexual. Por algumas horas apenas. E assim prevalece até perderem a virgindade. — Katharyna franziu as sobrancelhas um tanto confusa. Mas apreensiva. — Elas só passam a sangrar como nós, humanas, quando vão para a cama com um homem.— Está dizendo que não sangro por ser virgem e ser companheira dele? — Estava um pouco alarmada com a revelação.
A Lua de Sangue brilha no alto. Um vermelho vivo como o sangue do cio e afeta toda a natureza a sua volta.Desde o mar que parece mais alaranjado até rios e lagoas. A floresta parece mais escura. Mesmo o vento estava mais silencioso como se tivesse medo das criaturas a solta por todo o território.E logo, as auroras boreais dançariam na cor vermelha nos céus como cio de Katharyna atraindo o pior das bestas em sua direção. Nada fica em seu caminho. Nada conseguiu afugentá-lo.Mesmo céu cheio de eletricidade conseguia representar sua energia. Os olhos estavam vermelhos como o próprio sangue. E tudo que ele fazia ao seguir o velho cheiro da última vez em que ela esteve na alcateia é
Sonhos. É onde Katharyna passou as horas seguintes. Em um sono profundo onde recuperava as energia.Ela não sentia dor. Mesmo estando quebrada e machucada, não sentia dor. Pelo ao contrário, um discreto sorriso estava marcado em seu rosto enquanto dormia.Ela não iria sentir qualquer tipo de dor por um bom tempo. Mesmo que o Supremo tenha sido o mais gentil e carinhoso que conseguiu, ele ainda é um Titã. E ela, uma humana. Uma humana ligada a ele e, por isso, não irá sentir nada. Não depois do que ouve.Os caninos e garras de um lobisomem contém toxina. Uma bem letal para enfraquecer na única mordida. Ele, o Supremo Alpha, é poderoso o suficiente para que sua mordida destabilize outro Titã. Mas com Katharyna tem o efeito inverso.&nbs
Lobisomens são feras bestiais que representam um perigo mortal. Alimentam-se de carne humana e estraçalham crianças no útero da mãe. Katharyna conviveu com as histórias de dois ângulos diferentes.Mas ao se deparar com a beleza surreal de um lobisomem tão bem controlado, ela às vezes esquece o porquê aquele corpo é musculoso. O porquê há garras afiadas na ponta de cada um de seus dez dedos. E mais ainda… ela esquece o porquê são tão perigosos.O lobo é mais atento dormindo ou acordado? Difícil dizer. Mesmo no sono mais profundo, todos os seus sentidos estão em alerta máxima. Ele se acostuma com o ambiente a sua volta e relaxa. E desde que não haja a mínima alteração, do mínimo som, do mínimo cheiro, ele não desperta.E o som estava calmo. A alcateia em silêncio.
— S-Supremo? — Encolhida na cama, novamente em seus braços, Katharyna o chamou. Três horas depois, ela estava acordada novamente.Hesitante, levou suas mãos trêmulas até a barriga do Alpha. Empurrou levemente. Então o homem abraçou com mais força.— S-Supremo? — Katharyna balançou, agora seu peito tatuado.— Hm? — Resmungou o homem.— Está acordado?— Dorme, Katharyna. Dorme. — A voz saiu mais rouca que o normal devido a sua ressonância baixa.Qual o problema da humana com o sono, afinal?— Não consigo… — Apesar de tudo, estava carente. Algo a fazia não ficar brava com o Supremo. E o medo
Mágoa. Aquela estranha sensação no peito de ser insignificante. De não precisarem de você é apenas usarem-na. É isso que povoa a mente e o coração de Katharyna Demerttel.Seu peito de fecha e seus olhos lacrimejam. O ardor na garganta é aguda. A sensação de ser pisoteada. Do mundo sempre estar contra você é então você encontra uma pessoa cujo sentimento extrapola as palavras. Você confia, seu sorriso passa a ser sincero e você tem a sensação do mundo não ser tão ruim, afinal. Você tem essa pessoa. Faria qualquer coisa por ela.Mas essa pessoa não tem apenas você…Você
O inverno é peculiar nas mágicas terras de Hyfhyttus.Vem geralmente após a Lua de Sangue. A neve branca inunda o verde da vegetação, escurecendo-a. No ápice de inverno e da hibernação, as folhas caem como pedras de gelo. Então, uma vegetação mais avermelhada surge. Similar ao vinho e o tom mais escuro de vermelho. A madeira congela como se fosse presa em casulo de cristal e a neve fica negra.Dava medo pisar naquele chão negro. Ver seu pé afundando no frio da neve como se ela fosse engoli-lo em um abismo sem fim. Katharyna, agasalhada em peles felpudas e igualmente negras, recua.O Supremo aproxima-se de suas costas. Um grande lobo negro de olhos vermelhos. &Eacut
Rdhā̶ɐn? Aurora? Sልtth?A noite de Hyfhyttus é mágica. Mas ainda há escuridão. E Katharyna é apenas uma humana…Seus olhos não são adaptáveis ao manto negro da escuridão. Eles não convertem o mínimo brilho da mínima luz e enxergam no escuro. São castanhos naturalmente humanos. E por tanto, inevitavelmente é uma daltônica como qualquer outro ser de sua raça.Mas as auroras boreais dançam ao céu. As árvores congeladas como se tivessem presas no tempo por um diamante brilham. Os insetos noturnos levam sua luz para todo lugar. Mesmo a Floresta Negra de Hyfhyttus não é tão escura quanto terras habitadas por humanos.Mas ela está em uma caverna… que luz há além da fogueira que o Alpha deixou preparado para aquecê-la antes de sua partida? Uma fogueira que está baixa… muito baixa.&n