Mágoa. Aquela estranha sensação no peito de ser insignificante. De não precisarem de você é apenas usarem-na. É isso que povoa a mente e o coração de Katharyna Demerttel.
Seu peito de fecha e seus olhos lacrimejam. O ardor na garganta é aguda. A sensação de ser pisoteada. Do mundo sempre estar contra você é então você encontra uma pessoa cujo sentimento extrapola as palavras. Você confia, seu sorriso passa a ser sincero e você tem a sensação do mundo não ser tão ruim, afinal. Você tem essa pessoa. Faria qualquer coisa por ela.
Mas essa pessoa não tem apenas você…
Você
O inverno é peculiar nas mágicas terras de Hyfhyttus.Vem geralmente após a Lua de Sangue. A neve branca inunda o verde da vegetação, escurecendo-a. No ápice de inverno e da hibernação, as folhas caem como pedras de gelo. Então, uma vegetação mais avermelhada surge. Similar ao vinho e o tom mais escuro de vermelho. A madeira congela como se fosse presa em casulo de cristal e a neve fica negra.Dava medo pisar naquele chão negro. Ver seu pé afundando no frio da neve como se ela fosse engoli-lo em um abismo sem fim. Katharyna, agasalhada em peles felpudas e igualmente negras, recua.O Supremo aproxima-se de suas costas. Um grande lobo negro de olhos vermelhos. &Eacut
Rdhā̶ɐn? Aurora? Sልtth?A noite de Hyfhyttus é mágica. Mas ainda há escuridão. E Katharyna é apenas uma humana…Seus olhos não são adaptáveis ao manto negro da escuridão. Eles não convertem o mínimo brilho da mínima luz e enxergam no escuro. São castanhos naturalmente humanos. E por tanto, inevitavelmente é uma daltônica como qualquer outro ser de sua raça.Mas as auroras boreais dançam ao céu. As árvores congeladas como se tivessem presas no tempo por um diamante brilham. Os insetos noturnos levam sua luz para todo lugar. Mesmo a Floresta Negra de Hyfhyttus não é tão escura quanto terras habitadas por humanos.Mas ela está em uma caverna… que luz há além da fogueira que o Alpha deixou preparado para aquecê-la antes de sua partida? Uma fogueira que está baixa… muito baixa.&n
A loba levantou. Encarou o homem vários metros a sua frente.Poderoso! Perfeito. A luz da magia de Hyfhyttus refletem seu músculos apenas aguardando para esmagar uma vítima. Como seu antecessor, nenhuma emoção era visto em seus olhos tão vermelhos como o sangue. Impecável e mortal ele é.Jæysøn̶ Ådamhs!A frente da humana, ele fecha seus punhos afrontando… desafiando aquela fêmea para ousar ataca-lo. Desafiando a demostrar a mesma coragem que teve quando caçou Katharyna pelo seu território.Coragem não é burrice…As enormes patas escuras da loba foi até seu maxilar. Com movimentos anormais para um canino, ela fixa-se no seu maxilar e recoloca no lugar grunhindo c
Tempo havia se passado desde o ataque. Devido a torção no tornozelo, Katharyna foi incapaz de andar por até dois dias e, por isso, foi carregada pelo lobo de um lugar para o outro conforme ele seguia seu trabalho.Trabalho esse que não tem finalidade alguma para Katharyna exceto ser um estorvo e um peso às suas costas. O Supremo não precisa dela mas parece fazer questão de mantê-la perto.Lobisomens não são humanos. São um povo diferente em tudo desde o pensamento, biologia, religião e até autos e baixos. Eles tem seu próprio idioma o qual é considerado o mais complexo e difícil existente.Além das palavras serem em sua grande maioria impronunciável por alguém que não seja de sua própria espécie, também é muito complexo. Uma único aumento de som pode indicar alg
Katharyna sempre ouviu histórias sobre a guerra. De como era grandioso empunhar uma espada e lutar seu povo. De como os homens ficavam encurralados e ainda sim, venciam sobreviviam.Mas nunca esperou deparar-se tão inesperadamente com uma situação tão violenta. E perdeu o fôlego, mas não por emoção.Foi por terror.Foi um choque de realidade. Retornava com o Supremo em uma caminhada leve para exercitar seu tornozelo. Katharyna estranhou, mas não questionou. Estava divertido.Ele a carregava quando achava conveniente e a deixava andar por alguns minutos dos longos quilômetros até o covil. 
— Quem é Nhycall? — Questionou Katharyna. O Supremo concentrou-se nela.As baixas da batalha não foram altas. Nem mesmo os danos. Estavam em seu território, afinal.A maior preocupação, no fim, foi Katharyna quem ficou calada e trêmula mesmo horas após o ocorrido. E o Alpha permaneceu ao seu lado constantemente.Ela parecia ficar mais calma em sua presença e mais sensível distante. Então, ao retornar para o interior do covil, Katharyna não desgrudou do homem. Estava tão atormentada que sequer notou nos corpos do campo de batalha.Mas reparou nos prisioneiros de guerra. Em como seus olhos eram tão belos quanto os lobisomens, mas nã
No resto daquele dia, Katharyna ficou com sua avó. Até mesmo se recusou a dormir no quarto do Supremo.Por uma bondade misteriosa, ele aceitou. Temporariamente.— Ele não tem sentimentos, vovó. — Katharyna sussurrou. — Sinto tanta falta da mamãe mesmo não a conhecendo. Sinto por meus irmãos…— Ele é um Titã, pequena.— Ele disse que mataria o próprio pai se estivesse vivo. — Katharyna estava indignada com aquilo.Enquanto seu coração arde por saudade, pela falta que sente de seus familiares, Jæysøn̶ Ådamhs demonstra nada além de violência contra aquele que o criou.— Você sabe como foi a convivência dele com o pai, Katharyna? — Mas a pergunta de Kathe Demarttel a alertou e aguçou sua curiosidade. 
Ao chegar no quarto, Katharyna entendeu que não foi simplesmente bondade dele deixá-la dormir com sua avó. Os lençóis negros da gigantesca cama estava organizando até de mais.O Supremo não ficou no quarto.Seguindo o conselho da avó de questioná-lo diretamente, Katharyna optou por ver se ela está certa. Então perguntou:— Você passou o dia aqui? — Afinal, já estava escurecendo. E Katharyna passou boa parte da noite conversando e dormiu durante o dia.— Não. — Disse começando a tirar o bracelete de seu braço. Ele o colocou em um caixote de madeira forrado com prata.— Onde esteve? — Ousou insistir. O Alpha reparou na mudança de seu tom ao perguntar. Havia diferença nas perguntas.A abusada estava testando-o.