— Por que você fez isso? — Sasha indaga, as lágrimas escorrendo pelo rosto, misturando-se com a dor do ardor que o café quente jogado em si deixou.
— Por que contrataram uma incompetente como você? Toda vez que venho a este café e você me serve, as bebidas e a comida são terríveis, ou muito salgadas ou muito doces. Você quer me matar, sua miserável? — A mulher histérica acusa. — Esta é a primeira vez que te vejo aqui, senhora — Sasha tenta se defender, sua voz trêmula, quase suplicante. — Você ousa me chamar de mentirosa, sua idiota? Isso é muita audácia — a mulher diz com desdém, lançando um olhar fulminante de cima a baixo para Sasha. — Não sou eu quem prepara os pedidos, só... — Sasha tenta argumentar novamente, a desesperança crescendo em seu peito. — Ainda ousa me responder? Ei, você, vá chamar o gerente! Um dos funcionários dele não sabe o seu lugar — a mulher grita para um colega de Sasha, sua voz estridente ecoando pelo café. Sasha sente seus músculos tremerem de raiva. Ela fecha os punhos com tanta força que as unhas cravam na palma da mão. Num impulso, b**e na mesa, o barulho alto chama a atenção de todos. Sua mão começa a sangrar. — Sasha, no meu escritório, agora! — ordena o dono do café, agarrando-a pelo braço e a puxando para longe do escândalo. Ao entrarem no escritório, o chefe a solta com um empurrão, fazendo-a tropeçar. — É a quarta vez — ele diz, a voz baixa. — Quarta vez, Sasha! — Ele grita, Sasha encolhe os ombros. — Não vai dizer nada? Ela deveria pedir desculpas, sempre tem que fazer isso, mas está tão saturada que essas palavras parecem queimar em sua garganta. O dono se cansa do silêncio da garota, que contratou a menos de quatro meses com pena da sua história de vida. — Está demitida. Sasha engole em seco, um nó apertado se formando em sua garganta. Ela acente e deixa o escritório, sentindo-se esmagada pelo peso da injustiça. — Como ele não pode ver que eu fui a vítima? — Indaga chutando uma pedra no caminho. — Não fiz nada, ela quem jogou o café em mim, só porque a porcaria do namorado dela olhou pra minha bunda. Vadia. Sasha caminha pelas ruas em direção à sua casa, seus passos pesados ecoando na calçada gasta e esburacada. Seus azuis se enchem de lágrimas de raiva e desespero. O vento frio corta seu rosto, mas ela mal sente, perdida em seus pensamentos sombrios. Cada passo parece um esforço monumental, Sasha passa por vitrines iluminadas, pessoas apressadas, mas tudo parece um borrão indistinto. Seu sonho, de conseguir colocar seu pai em uma clínica para tratar do vício, para então ela poder voltar a estudar para conseguir um bom emprego e assim conhecer algum rapaz, casar e ter dois filhos, está cada vez mais distante. — Como vou comprar o pão amanhã? — Ela sussurra para si mesma. ~ Ao abrir a porta da frente, uma visão familiar encontra os olhos de Sasha. Seu pai, Pedro, está desmaiado no sofá, cercado por garrafas de bebidas vazias. O cheiro forte de álcool permeia o ar. Sasha suspira profundamente, sentindo uma onda de tristeza e frustração. Ela olha para a cena diante dela, com os olhos marejados. — Por que as coisas precisam ser assim? — Ela sussurra para si mesma, a voz quebrada pela dor, mal sabendo que as coisas ainda podem piorar. Ela se aproxima lentamente do sofá, observando o rosto de seu pai. Ele parece tão vulnerável, tão perdido em seu próprio mundo de tormento. Sasha lembra-se de um tempo em que ele era seu herói, antes que o vício e a culpa tomassem conta dele. — Papai... — ela murmura, tocando levemente o ombro dele. Mas Pedro não se mexe, preso em um sono profundo induzido pelo acesso de álcool. Sasha vai para seu quarto. Cada passo é pesado, carregado com o peso de responsabilidades que não deveria ter que suportar. Fechando a porta atrás de si, este é o único espaço onde pode deixar suas defesas caírem. Ela se j**a na cama, abraçando o travesseiro com força. As lágrimas começam a escorrer, quentes e incessantes. Ela chora por tudo – pela perda da mãe, pelo pai que se perdeu em meio à dor do luto, e pelo futuro incerto que a espera. — Por que, Deus? — ela sussurra para o vazio, a voz cheia de desespero. — Por que tem que ser tão difícil? O cansaço finalmente a domina, e Sasha adormece, as lágrimas ainda molham o travesseiro. Seus sonhos são confusos e inquietos. ~ Pedro acorda na manhã seguinte com uma ressaca esmagadora, sua cabeça lateja em ritmo sincronizado com as batidas na porta. Conforme tenta se orientar sentado no sofá velho, as batidas insistentes na porta o fazem sentir como se martelos estivessem sendo batidos dentro de sua cabeça. Com dificuldade, Pedro se levanta e vai até a origem das batidas. Ao abrir a porta, ele se depara com uma mulher aparentemente idosa parada no limiar de sua casa. Sua expressão é séria, olhos verdes penetrantes. — O que você quer? — Pedro resmunga grosseiramente, sem paciência para visitantes. A mulher torce o nariz, o fedor do corpo de Pedro exalando e irritado seu olfato sensível. Ela o encara com olhos julgadores e anuncia, sem rodeios: — Vim buscar a menina. Pedro pisca, tentando reunir seus pensamentos. A terrível ressaca nubla seu raciocínio, mas ele não precisa de muito tempo para que as lembranças da noite anterior o atinjam como um soco. Agora tem uma estranha na sua porta para levar sua doce filhinha. O pânico varre a ressaca, e ele tenta desesperadamente fechar a porta para afastar a senhora. No entanto, a mulher idosa, apesar de sua aparência frágil, surpreende Pedro. Com um movimento rápido, bloqueando a porta com sua mão, uma força inesperada e surpreendente. — Você não vai levar minha filha! — Pedro grita, as lágrimas inundando seus olhos. O homem que afundou tão profundamente na bebida nos últimos anos está enfrentando as consequências de seu vício de maneira mais cruel do que jamais poderia ter imaginado. A mulher suspira, seu olhar ainda é sério e inabalável. — Se não me entregar a garota, tenho permissão para matá-la e levá-lo para ser torturado — Luciana diz com a voz firme. Uma voz muito dura para uma senhora de cabelos completamente brancos.“Tenho permissão para matá-la” — essas são as únicas palavras que os ouvidos de Pedro captam. A verdade desce sobre ele com um peso esmagador. Ele está prestes a perder sua filha de uma maneira indescritivelmente cruel, um destino que jamais quis para ela. As lágrimas caem, desesperadas, de seus olhos, e ele cai de joelhos, a humilhação pesando sobre ele. Sem permissão, a senhora invade a casa, decidida a ir atrás da garota, mas tem a barra de seu vestido segurada por Pedro. — Qual é o seu nome? — Luciana — a senhora responde e puxa o pano de seu vestido, soltando-se do agarro de Pedro. — Por favor... — ele soluça, implorando com a cabeça baixa. — Por favor, não leve minha filha. Eu não devia ter feito isso. Não deveria ter apostado ela. Eu imploro, por favor, não a leve, leve a mim, deixe a minha pobre menina, diferente de mim, ela nunca fez nada de errado. — Não irei desobedecer às ordens do senhor Miguel — a senhora diz sem brechas, sua voz fria e decidida. — Eu não deveria t
— Agora? Assim do nada? Eu nem tenho passaporte... Eu... Eu acabei de acordar... Eu... — Sasha balbucia, sua mente correndo para acompanhar a torrente de informações. — Não se preocupe com isso; eu cuidei de tudo. Apenas arrume suas coisas — Luciana diz, tentando sorrir para a garota, uma expressão que mistura simpatia e urgência. — Está bem — Sasha cede, ainda perplexa com a rapidez com que as coisas estão acontecendo. Sasha se levanta e volta para o quarto. Ela arruma uma pequena mochila com seus pertences pessoais, cada item colocado com cuidado, representando uma parte de sua vida que ela está prestes a deixar para trás. Ela olha para seu quarto uma última vez, sentindo uma onda de nostalgia. — Ligarei todos os dias para o senhor — Sasha se despede do pai. Após um curto abraço, Sasha segue Luciana para fora da casa, seu coração pesado com a incerteza do que está por vir. Pedro observa em silêncio, suas lágrimas caindo enquanto vê sua filha ser levada embora para cumprir com
No dia seguinte, Luciana vai ao quarto de Sasha. Ela entra no quarto e diz bom dia, fazendo a jovem se assustar e se virar rapidamente para a senhora idosa com o coração acelerado. — Oh, é você — diz Sasha, aliviada ao reconhecer a sra. Luciana, então, continua pegando as roupas de frio dentro do pequeno guarda-roupa. — Por que você não fechou a porta? — Luciana pergunta. Sasha dá de ombros, parecendo distraída: — A porta é muito pesada. Eu não tenho força para fechá-la. A resposta de Sasha faz Luciana olhar para a porta e lembrar de seu verdadeiro propósito. Ela é destinada a impedir que os escravos escapem, e nenhum humano teria força para movê-la. Depois de se vestir com várias camadas de roupas para se proteger do frio, Sasha segue Luciana até a cozinha da mansão. Enquanto caminham, Sasha percebe que não estão indo para a cozinha principal, mas continuam andando. Antes que ela possa perguntar para onde estão indo, Luciana explica que a cozinha principal é para o chefe da
5 horas antes do amanhecer:A lua agora brilha em seu ponto mais alto; o relógio bate meia-noite. Miguel retorna para a mansão, como sempre, sem avisar ninguém. Enquanto sobe as escadas para o corredor de sua toca, ele vai afrouxando o nó da sua gravata de seu terno.Ao retornar para seu território, ele deixou Lukan para resolver as pendências do cassino.Miguel tira toda a sua roupa e se deita na cama, sua mente divaga sobre sua nova escrava, que está em seu porão, acreditando ele que ela está acorrentada, apenas esperando-o para saciar seus desejos. Mesmo podendo puxar a ficha dela, ele não fez; tudo o que sabe é de quem é filha. Miguel voltou porque está ansioso para conhecer sua propriedade, para descobrir como é estar acoplado em uma fêmea de outra espécie."Isso se ela conseguir me deixar duro" - ele murmura, lembrando-se o porquê se mantém longe dos humanos. Já tem duas horas que o dia amanheceu, mas o céu continua cinza por causa das densas nuvens. Miguel foi acordado por lem
Enquanto investe brutalmente contra a loira em seu banheiro, Miguel sente algo estranho. Uma sensação de desconforto começa a invadir sua mente, algo está fora do lugar. Ele olha para Lovetta, mas seus pensamentos são interrompidos por um cheiro sutil, um aroma doce, e que logo se faz familiar, penetra suas narinas. É o cheiro de sua destinada. Virando o rosto na direção de onde vem o cheiro, Miguel vê que a porta está aberta apenas uma fresta. Apesar de ver apenas uma pequena parte da mulher espiando, o encontro de seus olhos é suficiente para ele ter certeza. É a sua destinada. Ele a encontrou. Depois de 40 anos. Ele está acasalando com outra... O último pensamento, o enojou de um jeito que ele nunca imaginou ser capaz de sentir por um fêmea, ainda mais uma que estava quase fazendo-o gozar. Miguel consegue sentir um cheiro suave, como o cheiro de orvalho caindo sobre a terra no amanhecer que emana da fêmea humana. "Não, isso não!" — A mente de Miguel grita. Sasha, que es
Sentindo medo em cada fibra do seu ser, Sasha mal consegue respirar, sua mente está em uma bagunça de confusão e choque enquanto suas pernas correm com toda a sua força. — Sasha, eu esqueci de... — Luciana para de falar ao ver uma luz prateada emanando do pescoço de Sasha. Lágrimas escorrem pelo rosto da menina, tão rápido quanto a luz surgiu, ela desaparece. Sasha sequer nota algo de diferente acontecendo. — Senhora Luciana — Sasha chama por Luciana com a voz chorosa. Os olhos da senhora passam pelo pescoço da mais jovem e ela vê, gravado como tatuagem, logo abaixo da orelha, a pequena letra M. Ela arregala os olhos. “Como isso foi parar no pescoço de uma humana? E o único cujo nome começa com a letra M é o de Miguel, então isso não pode ser possível. Miguel nem está aqui” — ela pensa. — Venha, querida — Luciana segura os ombros de Sasha e vai com ela para o quarto no porão. — Eu estou com calor — Sasha diz ofegante. Assim que entram em seu quarto, ela começa a tirar o casaco, d
Com passos apressados, Luciana sobe as escadas do porão e, praticamente correndo, trilha o corredor. Ela para de frente à porta da toca do Genuíno, seu coração martelando forte em seu peito enquanto observa a porta aberta.“Se Sasha realmente for a destinada dele, como Miguel reagirá daqui para frente?” — Luciana questiona mentalmente. Ela hesita em falar com ele, conhecendo-o bem demais para esperar algo de bom.— Entre! — A voz grave de Miguel ressoa de dentro da toca, pegando Luciana de surpresa. Por um instante, ela esqueceu que o olfato e a audição de um Genuíno Alfa são muito superiores aos dela e muito dificilmente ela conseguiria se esconder dele.Respirando fundo, Luciana entra na toca. O ambiente está carregado com a presença dominante de Miguel.Os olhos de Luciana recaem sobre a figura de Miguel, que está de pé, com uma camisa de mangas longas e gola alta, um cotovelo apoiado na janela e a outra mão dentro dos bolsos da calça moletom.— Eu estava mesmo querendo te ver, Lun
— Por que desobedeceu a minha ordem, Lunae Luciana? — Miguel endurece a face, sua voz carregada de perigo, nesse momento, Luciana se arrepende de ter atendido ao pedido daquele humano bêbado que se diz pai.— Eu... eu achei que seria mais fácil para ela se adaptar à situação se pensasse que estava apenas começando um novo trabalho. Ela é jovem e já passou por tanta coisa — Luciana tenta explicar, sua voz tremendo levemente sob o olhar furioso de Miguel.Miguel dá um passo à frente, sua presença dominante esmagadora fazendo-a recuar instintivamente, até que suas costas tocam a parede.— Eu... perdão, Genuíno. O pai da menina me pediu para poupá-la da verdade o máximo que conseguisse, e eu fiquei com pena ao ver o brilho nos olhos dela por pensar que seria contratada e poderia dar uma vida melhor ao pai — as palavras saem depressa de Luciana, que sente que a sua existência está em perigo por ousar desobedecer a seu Genuíno Alfa. — No jato, ela me disse que iria juntar dinheiro para pode