Sentindo medo em cada fibra do seu ser, Sasha mal consegue respirar, sua mente está em uma bagunça de confusão e choque enquanto suas pernas correm com toda a sua força. — Sasha, eu esqueci de... — Luciana para de falar ao ver uma luz prateada emanando do pescoço de Sasha. Lágrimas escorrem pelo rosto da menina, tão rápido quanto a luz surgiu, ela desaparece. Sasha sequer nota algo de diferente acontecendo. — Senhora Luciana — Sasha chama por Luciana com a voz chorosa. Os olhos da senhora passam pelo pescoço da mais jovem e ela vê, gravado como tatuagem, logo abaixo da orelha, a pequena letra M. Ela arregala os olhos. “Como isso foi parar no pescoço de uma humana? E o único cujo nome começa com a letra M é o de Miguel, então isso não pode ser possível. Miguel nem está aqui” — ela pensa. — Venha, querida — Luciana segura os ombros de Sasha e vai com ela para o quarto no porão. — Eu estou com calor — Sasha diz ofegante. Assim que entram em seu quarto, ela começa a tirar o casaco, d
Com passos apressados, Luciana sobe as escadas do porão e, praticamente correndo, trilha o corredor. Ela para de frente à porta da toca do Genuíno, seu coração martelando forte em seu peito enquanto observa a porta aberta.“Se Sasha realmente for a destinada dele, como Miguel reagirá daqui para frente?” — Luciana questiona mentalmente. Ela hesita em falar com ele, conhecendo-o bem demais para esperar algo de bom.— Entre! — A voz grave de Miguel ressoa de dentro da toca, pegando Luciana de surpresa. Por um instante, ela esqueceu que o olfato e a audição de um Genuíno Alfa são muito superiores aos dela e muito dificilmente ela conseguiria se esconder dele.Respirando fundo, Luciana entra na toca. O ambiente está carregado com a presença dominante de Miguel.Os olhos de Luciana recaem sobre a figura de Miguel, que está de pé, com uma camisa de mangas longas e gola alta, um cotovelo apoiado na janela e a outra mão dentro dos bolsos da calça moletom.— Eu estava mesmo querendo te ver, Lun
— Por que desobedeceu a minha ordem, Lunae Luciana? — Miguel endurece a face, sua voz carregada de perigo, nesse momento, Luciana se arrepende de ter atendido ao pedido daquele humano bêbado que se diz pai.— Eu... eu achei que seria mais fácil para ela se adaptar à situação se pensasse que estava apenas começando um novo trabalho. Ela é jovem e já passou por tanta coisa — Luciana tenta explicar, sua voz tremendo levemente sob o olhar furioso de Miguel.Miguel dá um passo à frente, sua presença dominante esmagadora fazendo-a recuar instintivamente, até que suas costas tocam a parede.— Eu... perdão, Genuíno. O pai da menina me pediu para poupá-la da verdade o máximo que conseguisse, e eu fiquei com pena ao ver o brilho nos olhos dela por pensar que seria contratada e poderia dar uma vida melhor ao pai — as palavras saem depressa de Luciana, que sente que a sua existência está em perigo por ousar desobedecer a seu Genuíno Alfa. — No jato, ela me disse que iria juntar dinheiro para pode
Luciana passa a próxima hora dentro de sua própria toca, esperando pacientemente seu ferimento se curar. A dor é intensa, mas ela sabe que não pode ir falar com Sasha nesse estado. Cada segundo parece se arrastar, e a queimadura na mão lembra-a constantemente do preço de sua desobediência. Finalmente, após o que parece uma eternidade, a dor começa a diminuir e o ferimento começa a cicatrizar, deixando apenas uma cicatriz como lembrança.Com a mão finalmente curada, Luciana se dirige até o quarto no porão onde Sasha está descansando. Ela aproxima-se da jovem adormecida, com gentileza e balança os ombros de Sasha.— Sasha, acorde — Luciana sussurra, balançando-a levemente.Sasha acorda lentamente, sua voz rouca pelo sono. — A senhora já voltou — ela diz, esfregando os olhos. A dor em seu peito finalmente sumiu, deixando apenas um cansaço profundo em seu lugar.Enquanto Sasha se senta na cama, ela olha para o rosto de Luciana, notando o semblante triste e cansado da mulher mais velha. A
Uma tempestade escurece o céu, e o vento chicoteia as janelas e portas, abrindo-as com estrondos. Relâmpagos iluminam o salão, criando sombras inquietantes nas paredes, enquanto trovões rugem. Parado entre as portas abertas, Miguel fixa seus olhos em Lovetta. Sua expressão fria não revela seus pensamentos, mas todos os instintos de perigo de Lovetta se acendem. Ele desvia o olhar para Sasha, desmaiada no chão, com o nariz quebrado e sangue escorrendo pela testa, formando uma poça. Cada respiração pela boca de Sasha é um lamento doloroso, seu corpo machucado treme a cada inalação. Para Miguel, cada suspiro sofrido dela é como uma lâmina cravando-se em suas costelas, uma dor aguda intensificada pela maldição do vínculo. A visão de Sasha tão frágil e machucada o incomoda de uma forma que ele não gosta, misturando raiva e desprezo em seu coração. "Maldição" Miguel rosna raivoso, colocando ambas as lycans no salão em alerta. — Genuíno — Lovetta recua instantaneamente, libertando Sash
Com passos cuidadosos, Luciana carrega Sasha em seus braços pelo corredor de pedra do porão até o quarto. O coração de Luciana bate acelerado, uma mistura de preocupação e urgência. Ao entrar no quarto, ela coloca Sasha na cama com extremo cuidado, ajeitando o travesseiro para proporcionar algum conforto.Luciana apanha uma toalha limpa no guarda-roupa e a umedece com água morna do chuveiro elétrico no banheiro. De volta ao lado de Sasha, ela conserta o nariz quebrado e pressiona a toalha para estancar o sangramento. Os minutos se arrastam até que o sangue finalmente para de escorrer. Luciana lava a toalha no banheiro e começa a limpar o sangue do rosto e da testa de Sasha. Cada toque é cuidadoso, quase maternal, enquanto tenta não causar mais dor. A toalha desliza pelo rosto de Sasha, revelando lentamente sua pele pálida sob as manchas vermelhas.Satisfeita com a limpeza, Luciana pega uma pequena caixa de primeiros socorros que havia deixado em antecipação à necessidade da humana. Os
A tempestade do lado de fora da mansão se intensifica à medida que à noite se levanta, e as nuvens abrem passagem para a lua cheia ser vista. Os olhos frios de Miguel não desgrudam do rosto de Sasha. Observando cada detalhe, ela definitivamente é linda. Mas, apesar de achar um desperdício, Miguel não se importa, muito menos com o fato dela está lutando para sobreviver, nem com o fato dos seus planos de destruí-la em sua cama serem arruinados. Nada disso importa se ele está ligado a sentir tudo de ruim que ela sente. Nesse momento, tudo o que ele quer é vê-la morta, se ver livre desse vínculo maldito. Ele se aproxima da humana, e transforma seus dedos em garras, a intenção clara de afunda-los em sua garganta fazendo-a engasgar com o próprio sangue. Miguel já ouviu histórias de companheiros que sobreviveram apesar de suas destinadas terem morrido na época em que os humanos da igreja caçavam os seres sobrenaturais. Miguel é forte, acredita que vai sobreviver também. Miguel olha par
Apoiando uma mão sobre a cama, Miguel se levanta, sua audição captando a respiração fraca de Sasha. Diferente dele, cuja ferida em seu pescoço já cicatrizou, ela continua sangrando. O sangue escorre lentamente, formando uma poça sob sua cabeça. — Pelo menos sobreviveu — ele murmura, até contente, ouvindo o coração dela bater. Agora sim, agora ele poderá colocar em prática tudo o que tem preparado para ela, sua pequena e frágil humana. Vivo e livre, mesmo que seu lobo esteja grunhindo dentro de si pelo vazio de não ter mais o vínculo com sua companheira, Miguel se sente ótimo. Saber que não sucumbiu à maldição dos companheiros lhe dá forças para se levantar completamente. Ele inspira profundamente, sentindo a renovação de sua determinação em destruir a humana quando ela melhorar. Ele lança um último olhar para Sasha. Mesmo inconsciente e machucada, ela ainda possui uma presença que ele não consegue ignorar. Seu cheiro desperta um desejo sombrio de controlá-la, de moldá-la para se ad