Enquanto as lágrimas ameaçam voltar, Lovetta tenta se recompor, olhando para o chão por um momento antes de erguer os olhos novamente. A fúria de seus pais ainda é palpável, e o silêncio é quase insuportável.Sasha, por outro lado, não recua. Sua presença é uma barreira entre Lovetta e os pais, uma barreira que Lovetta nunca pensou que alguém ergueria por ela.Não gosto disso — ela repete em seus pensamentos.— Ponha-se vocês em seus lugares — Sasha diz. — Aqui vocês não têm permissão para agirem como bem querem, existem regras e consequências, estão prontos para enfrenta-las?— Não ouse nos ameaçar, criatura ridícula! — A mãe de Lovetta esbraveja, a voz carregada de uma raiva. Ela dá um passo a frente, demonstrando sua dominância, mas Sasha não demonstrar nada, sua dominância não pode subjuga-la.Sasha revira os olhos, a expressão mostrando o desprezo que sente, aumentando ainda mais o odeio na mulher, que por um instante esqueceu que os humanos agora são insertos dos poderes dos lyc
— Seu covarde! — Sasha murmura, sua voz entrecortada pelo aperto sufocante em sua garganta. Cada palavra é um esforço, uma luta contra a pressão esmagadora. Pelo canto do olho, ela vê o corpo de Lovetta caído no chão, imóvel.Droga! — O pensamento ecoa em sua mente, fazendo o desespero crescer ainda mais dentro dela.— Uns merdas como vocês ainda se chamam de pais? — Sasha tenta elevar a voz, mas a dor em sua garganta torna cada palavra um desafio monumental. — Não passam de monstros!As palavras saem em um berro rouco, carregadas de desprezo e raiva. O pai de Lovetta, não esconde sua expressão de fúria pela ousadia de Sasha, e rosna em resposta.— Cale-se, escrava! — O pai de Lovetta grita, empurrando Sasha com brutalidade contra a parede. O impacto reverbera pelo corpo dela, e o ar é expulso de seus pulmões com um gemido de dor, e sem querer Sasha morde a língua.Suas costas latejam com o choque, enquanto um filete de sangue escorre pelo canto de sua boca. Por um breve momento, o mu
— Cuide dela, Lunae Luciana, enquanto eu estiver fora, ela não fará nenhum trabalho — Miguel ordena, enquanto termina de tira as roupas e as entrega a senhora Luciana, que guarda dentro de uma bolsa.— Claro, Genuíno — Luciana responde com um sorriso, satisfeita por vê-lo tão cuidado com quem ele queria apenas destruir no início.— Tem certeza de que não quer ir? — Miguel pergunta, seus olhos fixos na filha. — Espero que não haja outra oportunidade tão cedo para que veja o ritual de perto.Kesha sorri.— Não, quero descansar mais um pouco, para poder voltar ao mundo humano e continuar com os meus...— Você não irá voltar, Kesha — Miguel a interrompe.— O quê? — Kesha pergunta, o choque evidente em sua voz.Ela busca nos olhos do pai algum sinal de que ele está brincando, mas a expressão de Miguel permanece séria.— Você ouviu o que eu disse — Miguel responde, sua voz fria e implacável.Kesha encara o pai, seu rosto se contorcendo em uma mistura de frustração e incredulidade. Ela não c
O céu cinza se estende até onde as vistas alcançam, encobrindo completamente o sol. Sentada nua sobre uma pedra, a lycan não se incomoda nem um pouco com o frio, e até está contente com o contraste para poder espairecer a cabeça.Ela observa os flocos de neve caindo e se desmanchando ao tocar o chão, seus olhos geralmente tão duros e intimidadores estão perdidos. O silêncio da floresta é interrompido apenas pelo som distante do vento, no chão, ao lado da pedra em que está sentada, o cervo morto descansa sobre a neve, a presa que ela abateu sozinha. Ela não sente orgulho, apenas um vazio crescente que a consome por dentro.O som de passos na neve interrompe seus pensamentos, e Lovetta suspira, seus ombros caindo pesadamente. Ela já sabe quem é.— Virou mania, Lukan? — Lovetta pergunta, sem desviar o olhar da neve à sua frente. — Ficar me perseguindo por aí?Lukan se aproxima com um sorriso de canto, suas pegadas profundas na neve revelando seu peso e força.— Só queria ver se você esta
O som de rosnado e latinos são carregados pelo vento, junto com o som das patas batendo contra o solo coberto de neve reverberando nos ouvidos do Genuíno Alfa. O cheiro de medo e sangue fresco preenche o ar, e Miguel percebe imediatamente que algo está terrivelmente errado.Suas patas enormes e poderosas batem contra o chão coberto de neve enquanto ele corre, forçando-se a ir cada vez mais rápido, antes que seja tarde demais. O ar frio cortando seu focinho, os sentidos aguçados, captando a tensão, medo e desespero.Quando finalmente chega, seus olhos avistam uma cena que faz o seu sangue ferver.Um grupo de lobas correm em um frenesi desenfreado, seus uivos de caça ressoando pela floresta. No centro da perseguição, uma única fêmea –prenha, é a companheira do alfa derrotado. Ela tenta desesperadamente lutar, suas patas traseiras arrastando-se na neve enquanto tenta escapar das garras que a cercam.Mas são muitas contra uma, e o desespero é evidente em seus olhos enquanto ela tenta, inu
— A Velut... começou a uivar pela perda do alfa — a fêmea diz, a voz vacilando ligeiramente sob o olhar penetrante de Miguel. — Então entendemos que nosso alfa foi derrotado no combate e que o senhor o matou... Então, entramos em acordo que deveríamos pôr um fim ao sofrimento da ex-Velut Luna...Miguel rosna, o som ressoando pelas paredes do salão, silenciando a Lunae instantaneamente. O poder em sua voz faz com que todas as fêmeas presentes abaixem a cabeça, incapazes de sustentar o olhar furioso do Genuíno Alfa.— Ela só será ex Velut Luna quando um novo alfa ascender entre os betas — Miguel rosna, sua voz firme e cortante. — Até lá, ela é a Velut dessa alcateia, e nenhum de vocês tem o direito de tocar nela.As fêmeas abaixam ainda mais as cabeças, o medo e a submissão gravados em cada movimento. Elas sabem que Miguel não faz ameaças em vão. Nesses cinquentas anos que ele assumiu a liderança como o novo Genuíno, ele fez sua reputação, ele não hesita em punir, muito menos em matar.
— Você realmente me surpreendeu, Sasha! — Kesha exclama, seu rosto iluminado por um sorriso de aprovação. — Estamos apenas no seu terceiro dia de treino e você já melhorou tanto. Não esperava uma evolução tão rápida.Sasha sorri, um misto de orgulho e gratidão refletido em seus olhos enquanto tenta recuperar o fôlego. Suas mãos ainda tremem levemente, o corpo suado, os músculos doloridos e cansado após a intensa sessão de treino, mas o elogio de Kesha a revigora.— É tudo graças à excelente professora que eu tenho — Sasha responde, sua voz suave, mas cheia de sinceridade.Kesha sorri de volta, satisfeita com o progresso de Sasha. É claro que a jornada de Sasha está apenas começando, mas o avanço que ela demonstrou é notável, e muito intrigante.— Bem, não vou mentir, sou uma ótima professora — Kesha brinca, se gabando e pisca para Sasha. — Mas o mérito também é seu. Você é a humana mais dedicada que eu já vi.As duas trocam um sorriso de camaradagem, sentindo o vínculo de amizade e re
Kesha abre a porta da toca de Sasha com um sorriso travesso no rosto. O sol já está alto no céu, e ela sabe que Sasha precisa de um empurrãozinho para começar o dia.— Já passou da hora de acordar, Bela Adormecida! — Kesha exclama, animada. — Se levar mais dois minutos, vai ficar sem o café!Sasha, ainda enroscada nos cobertores, se remexe na cama e solta um gemido dolorido, o rosto se contorcendo de desconforto. Kesha franze o cenho, preocupada, quando um cheiro metálico chega a seu nariz. O cheiro de sangue, mas não de ferimento. Então, ela entende o que está acontecendo.— Ah... — Kesha murmura para si mesma, um misto de compreensão e preocupação em sua voz. Ela sai rapidamente do quarto, fechando a porta silenciosamente, e vai direto para a cozinha onde Luciana está preparando o café.— Senhora Luciana — Luciana se vira para Kesha, ela franze o cenho por Sasha não está junto da mais nova, mas antes que ela pergunte, Kesha continua: — Acho que Sasha precisa de um chá... aquele para