— Está sugerindo que ele a está cortejando, Lunae Luciana? — Lovetta solta, com um toque de escárnio.Luciana não se deixa abalar pela tensão no ar. Ela sorri levemente, um sorriso que não alcança os olhos.— Eu? Não. Apenas citei fatos, Velut Lovetta. Enxerga quem quer — responde com suavidade, deixando as palavras flutuarem no ar entre elas.— Ele está me avaliando para sua companheira escolhida — Lovetta diz, se agarrando com força a chance que ele a deu.— Sim, e há quanto tempo mesmo? Um mês? — sua voz é irônica, mas não cruel. — Todo esse tempo, e ainda não houve nenhum avanço. Nenhum sinal de que ele a escolheu, não é?Lovetta vacila, as palavras de Luciana atingindo o nervo exposto de sua frustração. Ela sabe que Luciana está tocando na ferida mais profunda — o fato de que, apesar de todas as suas esperanças e esforços, Miguel não deu nenhum passo concreto para escolhê-la como sua companheira.— Mas não me mandou embora, continua me mantendo, então sim, sei que ele me consider
Sasha desperta lentamente, ainda sem forças para abrir os olhos. Seu corpo está tomado por uma sensação cálida, que trilha suavemente por toda a lateral de seu corpo, irradiando de uma grande mão quente que repousa em sua pele. O toque é firme, possessivo, mas surpreendentemente reconfortante. A cada centímetro tocado, um arrepio percorre sua espinha, e o mundo, mesmo que apenas por um breve instante, parece ser um lugar seguro.O peito forte de Miguel está pressionado contra suas costas, o peso de seu braço envolve sua cintura, criando uma barreira entre ela e o resto do mundo.— Humm — Sasha solta um gemido suave, deixando-se levar pelas boas sensações que percorrem seu corpo ainda entorpecido pelo sono.Mordidas leves são deixadas em seu pescoço. Cada mordida é seguida por uma carícia suave dos lábios dele deslizando pela curva delicada de seu pescoço, com uma possessividade que faz o corpo dela arder.A cada toque, Sasha sente a sensação de pertencimento, como se a pele dela fosse
Talvez tenha sido naquele dia em que ele a buscou na floresta, quando ela estava machucada tentando fugir e ele a resgatou do frio congelante dando-a a sensação de segurança.Ou talvez tenha sido no momento em que ele a colocou na banheira, lavando-a com uma gentileza inesperada e depois curou as feridas de seus pés, algo que ela não esperava de alguém como ele. E depois, quando ele a alimentou com carne no ponto perfeito, onde ela chorou com as lembranças de sua mãe.Foi aí que uma parte dela começou a se abrir para ele?Talvez tenha sido quando Miguel disse, prometeu que ninguém mais machucaria seu pai. Ou foi quando ele deu a ela um quarto mais decente, longe das correntes que a prendiam como uma verdadeira escrava, dando a ela um mínimo de dignidade? Ou quando ele removeu a coleira de seu pescoço e nunca mais colocou?Sasha pensa na história dele, de como se tornou pai, a forma como cuidou de Kesha, mesmo não sendo biologicamente seu. Ver esse lado paternal, tão diferente da bruta
A revelação cai entre eles como uma pedra no fundo de um lago, criando ondas silenciosas que afetam profundamente Miguel. O silêncio que se segue é carregado, os olhos dele escurecem, a expressão dele se tornando indecifrável para Sasha. Ele se afasta ligeiramente, o corpo tenso, sua expressão endurecendo cada vez mais. Ele fecha as mãos, os dedos apertando com força a pele das próprias palmas, lutando para manter o controle.“E a última coisa que quero agora, é engravidar de você” — A frase repete várias vezes em sua mente. Ele não quer ter seu filhote com uma humana. É lógico e natural. Eles sequer são compatíveis para procriação, é impossível uma humana gerar um filhote lycan, já que a gestação obriga a mãe a ficar na forma lycan durante o processo e também, até seis meses depois de dar à luz, e o que leva o pai a ser obrigado também, porque a loba não o aceita por perto se ele não estiver em sua forma animal.Miguel sabe disso. A biologia é clara. Não há como Sasha, sendo humana,
Miguel solta uma risada baixa e perigosa, sua boca se curvando em um sorriso malicioso enquanto a olha com uma intensidade que faz o corpo de Sasha reagir, apesar de toda a raiva que sente. Ele a puxa ainda mais para perto, os dedos firmes em seu queixo, sem lhe dar espaço para desviar o olhar.— De qual exatamente você está falando? — Ele provoca, o tom rouco e cheio de escárnio. — No corredor de baixo, todas as fêmeas solteiras estão mais do que dispostas a se acasalar comigo. Não é apenas uma, escrava.Sasha sente um nó de raiva se formar em seu estômago, a indignação queimando dentro dela, mas ela mantém o rosto impassível, tentando não deixar transparecer o quanto as palavras dele a atingem. Ao invés, ela franze seu lábio superior, deixando claro o desprezo em seus olhos.— É mais nojento do que eu pensava — Sasha murmura, sua voz cortante como uma lâmina afiada, os lábios curvados em um sorriso ácido. — Pobre Lovetta — ela continua, o tom carregado de ironia. — Vive gritando par
Apesar de os dedos de Miguel não estarem mais pressionando o pescoço de Sasha, permitindo que ela respire livremente, a sensação de sufocamento persiste. Não é apenas física, mas emocional. A tensão ainda paira no ar, o peso das palavras trocadas entre eles deixando um rastro de desconforto e inquietação.Miguel observa Sasha por um momento, os seus olhos escuros e indecifráveis a estudando enquanto ela se senta na cama, os dedos pálidos agarrando o lençol com força para cobrir sua nudez. Como se o tecido grosso pudesse esconde a vulnerabilidade que ela sente, mas ela o segura como se fosse uma armadura.O lábio de Miguel dá uma leve levantada, tão rápida que quase não se nota, enquanto observa a força com que a humana se agarra ao lençol. Ele decide não comentar nada, deixa que o silêncio continue entre eles, como se a briga de segundos atrás não houvesse acontecido.A toca do Genuíno Alfa está mergulhada em uma estranha calmaria.Miguel se levanta, sua
Sasha respira fundo diante da porta da toca de Luciana, seu coração batendo mais rápido do que gostaria de admitir. Ela hesita por um momento antes de bater levemente na madeira, uma mistura de ansiedade e nervosismo crescendo dentro dela.A porta se abre após alguns segundos, revelando Luciana com sua expressão sempre tranquila e acolhedora. Seus olhos atentos analisam Sasha por um instante.— Entre, menina — Luciana dá espaço para ela. — Não imaginei que me procuraria tão cedo, achei que ficaria na toca de...Antes que pudesse terminar a frase, Luciana arregala os olhos, surpresa ao sentir Sasha se jogar em seus braços de repente, as lágrimas escorrendo silenciosamente em seu ombro. O gesto inesperado a pega desprevenida, mas Luciana rapidamente ergue as mãos e começa a acariciar as costas da jovem, oferecendo o conforto silencioso que Sasha parecia precisar.— O que aconteceu, Sasha? — Luciana pergunta, a voz suave e maternal, enquanto mantém o abraço firme, esperando pacientemente
Sasha empurra o carrinho com as roupas sujas pelo corredor, o rangido das rodas ecoando pelo piso, a tarefa repetitiva de ir de quarto em quarto para recolher as peças amontoadas a mantém ocupada. Suas mãos movendo-se de maneira mecânica, dobrando e empilhando os tecidos, mas de hora em hora ela precisa se repreender para seus pensamentos com as lembranças frescas de sua primeira vez.Ao chegar no último quarto, Sasha coloca a pilha final de roupas no carrinho, suspirando de alívio. Conforme empurra o carrinho pelo corredor, seus olhos vagueiam, e ela para diante de uma janela grande. A luz suave do sol entra pela vidraça, e seus olhos são atraídos pelas formas distorcidas atrás dela, ela abre um pouco a janela, para espirar.A imagem de Lovetta de costas preenche a visão de Sasha, a lycan de pé, com uma postura imponente e confiante. Diante dela, há mais três figuras. Duas delas são desconhecidas para Sasha, mas ela rapidamente as associa com as companheiras dos betas que Luciana men