— EI, JAY! — ZANE SEGURA NO MEU BRAÇO ANTES QUE eu consiga chegar em Devon. Giro e encaro ele e Lady Lucretia, quer dizer, os panos negros que os cobrem.
Parece até que é um aviso para que eu não diga a Devon o que preciso dizer. Como um desses sinais que Deus nos envia, mudando nossos caminhos de última hora.
AS LÁGRIMAS ROLAM DOS MEUS OLHOS, escorrendo pelas minhas têmporas. Se eu não disser alguma coisa, ele vai perceber, investigar, descobrir tudo e me matar. Em meio ao desespero e a tremedeira que acomete o corpo, suspiro.— Estou chorando porque te amo — confesso, chorando. Minha boca retorcida para baixo em uma careta mais feia que um palhaço triste. — Esse é o problema &mdas
NÃO SÃO COMUNS TERREMOTOS NO ÁRTICO, mas todos nós sentimos um abalo sísmico. As paredes tremeram e mamãe disse que Johin acordou assustado, chorando. Uma parte da geleira despencou e o oceano ficou ainda mais gelado. Zane caiu no chão de joelhos, gritando e chorando ao saber da morte de Elisabeth, Devon tentou abraçá-lo, mas o castelo de Bawarrod se partiu ao meio com a notícia. Literalmente. Os escravos fugiram, os serviçais correram aterrorizados.— “ A LUZ DO SOL BATE CONTRA MEUS OLHOS, DESPERTANDO- ME. A sensação é de que estou surda, meu corpo inteiro está dolorido e estou dentro de uma cela construída para prisioneiros confessarem seus crimes. Como sou uma humana e tenho Relação-Sanguínea, minhas mãos estão amarradas atrás do meu corpo, presas na cadeira, com luvas isolantes e criadas para conter meus poderes. NÃO EXISTE NADA PIOR que essa sensação de que não valho nada, perdi toda a minha dignidade. Não importa o que façam, curve a cabeça, mas nunca a alma. Não acho que posso manter essa promessa agora.Escuto o barulho de tambores lá fora. Acho que é o dia da minha tortura, deve estar tendo um festival, com diversos espectadores em praça pública. N&(44) Sofrimento II
(45) Tragédia
ENSURDECIDA PELO SOM DAS BATIDAS DESESPERADAS do meu coração, por alguns segundos achei que tudo estava acabado: Zane ser alvejado e desfalecer nos braços de Devon era o ato final, as cortinas se fechariam e Celeste tinha vencido, ainda que nem participasse do teatro.Perplexa, contemplo um futuro frio e um mundo mais sombrio sem a presença quente e brilhante de Zane. É como afundar em areia movediça. O que será de mim sem ele? Quando me senti perdida, ele era meu abrigo. Se estava triste, ele fazia com que eu sorrisse. Não posso imaginar viver sem ele. As lágrimas nascem nos meus olhos.Zane abre os olhos e busca o ar, como se estivesse se afogando. Dorian levanta, colocando as duas mãos na cabeça e vira as costas, acordando de seu desespero. Meu coração dá uma batida dupla e exasperada. Respiro. É como presenciar um milagre.— Apenas respire. — Devon o mantém junto ao corpo, segurando a cabeça de Zane. — Respire. — Zane recupera o fôlego devagar, como se acordasse de um pesadelo, sua
AS PESSOAS COMEÇARAM A CORRER e gritar antes que eu pudesse perceber o que estava acontecendo. Senti uma vibração estranha sob meus pés. Um ruído ultrapassou o som que saía dos meus fones de ouvido, como um avião que voa baixo demais.Levantei a cabeça, os fios castanhos e enrolados voaram com a força do vento, tapando a minha visão. Segurei os cabelos e vi o
— OBA! — BYRN ESTICA A MÃO para pegar minha suculenta maçã.Em pé na minha frente, fazendo sombra no sol, Lyek ergue a fruta sobre seus cabelos negros, desviando-se dos dedos longos de Byrn, mecânico e um dos meus amigos mais antigos aqui dentro.— APESAR DE NÃO HAVER JANELAS ABERTAS no Setor B, a penumbra que encobre o local é cortada por pequenos feixes de luz que escapam pelas frestas. Não há muitas lâmpadas funcionando por ali, mas desconfio que a escuridão não seja problema para vampiros.Passos explodem contra as paredes do corredor. Byrn puxa o meu braço bruscamente para dar passagem aos cinco soldados com arma(3) Vantagem