Me sentei em um banco aleatório do trem, parada e olhando para o lado de fora. triste? talvez. arrependida? não.
Eu não podia continuar com a vida que tinha sem tomar uma decisão. Quando ela chegava bêbada em casa, eu que tinha que cuidar dos vômitos, alimentação, casa e ainda ter que dar o dinheiro que consegui com meu trabalho pra ela gastar com mais bebida. Isso tudo acontecia diariamente e eu não aguentava mais.
Espero que com minha ausência ela perceba o desastre que está acontecendo em sua vida que fez até me afastar. Mas o que não sai da minha cabeça é o fato de reencontrar o meu pai. Não vejo-o faz muito, muito tempo e não vai ser fácil para nenhum de nós dois. Tudo bem que talvez eu nem o ache por que nunca entrei em contato com ele desde que minha mãe me levou embora quando era criança, nós sumimos, e supus que ele nunca mais soube da gente.
Ainda não me lembrando sobre minha infância com ele, a discussão sobre aquele dia vaga em minha cabeça as vezes.
- Mas aonde você esta indo à essa hora? - Meu pai disse tentando acalma-la, enquanto ela me puxava pelo pulso. - Amélia se acalme.
- Eu vou embora e não adianta brigar e nem tentar me fazer ficar aqui. - Ela disse ríspida e fria. Ele ficou em sua frente na porta, seu peito subiu e desceu em um suspiro pesado e ela finalmente o olhou. - Saia da frente, por favor.
- Eu só quero uma explicação disso, e eu deixo você ir, mas minha filha fica comigo. - Ele olhou triste pra mim e voltou a olhar pra ela.
- Não tenho obrigação de lhe explicar alguma coisa. Motivos eu tenho e você como o homem que é nunca iria entender. - Ela o empurrou e me puxou pra fora da casa, o taxi já estava parado em frente. - Isa quer ir comigo, ela me disse. E uma filha tem que ficar com a mãe, se eu for pra justiça vai ser pior pra você.
Olhei pra trás por aluns segundos e vi meu pai aparecendo na porta e parando para nos ver entrando no carro. Eu nunca esqueci a expressão do seu rosto aflito e sem saber o que fazer.
Eu nunca consegui esquecer essa lembrança, já que é a mais forte e memorável que tenho desde então.
Ouvi o trem apitar depois de algum tempo adormecida. Ao olhar pela janela, meu corpo congelou do pé à cabeça e senti meu coração batendo com a mesma intensidade de quando saí de casa. Meus olhos foram preenchidos de memórias ao ver, de longe ainda e em movimento, a grande floresta verde, alta e escura que fica ao redor da cidade. É época de frio e as grandes árvores ficam cobertas com o manto branco da neve. Enfim o trem parou na estação e pude descer. Perdida, chamei um táxi e o mesmo parou quando me viu chamar sua atenção.
- Onde vai? - Ele perguntou olhando-me pelo retrovisor com olhos cansados.
- E-eu não sei... - Falei e me encolhi no banco de trás quando vi seu olhar confuso. - Faz muito tempo desde que andei aqui, não lembro de muita coisa...
- Ah, sim. Então dou uma volta com você e se reconhecer algo...
- Sim, eu gostaria muito. - Falei com um sorriso.
- ...Claro que isso vai ter um custo. - Disse ele dando partida no carro. Eu já esperava, já que hoje em dia nem a gentileza é de graça.
Por incrível que pareça, eu acabei mesmo me lembrando de algumas coisas até mesmo insignificantes como algum cartaz muito antigo e acabado com anúncios na parede. Lembrei-me do parque no centro da cidade onde eu vinha brincar com minhas amigas e passear com meus pais em dias de sol.
Mas mesmo reconhecendo algumas coisas, a cidade estava muito diferente. A população sempre foi pequena, e agora o numero de casas triplicou. Nós passamos por muitos lugares, mas nenhum me trouxe uma memória forte que me fizesse descer do carro. 17 minutos se passaram e o preço do taxi já estava aumentando demais e meu dinheiro é pouco, então pedi que parasse em uma pequena praça cujo a rua não tinha muito movimento, paguei e ele foi embora.
Olhei ao redor e me vi completamente sozinha em uma rua deserta sentada em um brinquedo que me pareceu meio familiar.
Um arrepio subiu dos pés a cabeça, quando lembrei onde eu estava. Era a rua da minha antiga casa. Engoli em seco e me levantei do brinquedo e atravessei a rua, caminhando a passos lentos observando cada casa, cada jardim ou porta, cada detalhe que me viesse a memória minha antiga casa. Já estava anoitecendo e daqui há alguns minutos vai ficar escuro. Continuei observando cuidadosamente cada detalhe, até que parei.
Senti uma presença atrás de mim, algo que parecia fungar no meu pescoço. Virei-me com rapidez para trás então tinha nada. Fitei a imensa floresta e, por mais que eu quisesse parar de olhar, eu não conseguia. Árvores enormes e a escuridão me diziam que havia alguma coisa ali que eu não sabia o que era e nem via, mais tinha alguma coisa ali.
Uma luz forte brilhou no meio da escuridão exatamente onde estava olhando, bem ao longe. Eu não consegui parar de olhar e era frustante. Não conseguia pensar em mais nada a não ser nessa luz dourada misteriosa que consumiu meu corpo e me deixou paralizada, não por medo, mas algo diferente.
Quando eu achava que ia apagar de vez, ouvi uma melodia. Isso me tirou do transe. Fiquei um tempo tentando assimilar o que tinha acontecido, recuperando minhas forças, e outra vez escutei a musica familiar. Olhei para uma casa cujo havia uma grande árvore bem cuidada e bonita, sendo regada por um homem. Era ele quem cantava a bela música que eu reconheci.
Caminhei no automático segurando meu coração dentro do peito, apertado. Ele regava a árvore e cantarolava, um homem que já tinha idade e seu físico é jovial, uma barba meio rasa e seus olhos ja estavam em mim. A canção parou e ele me observava curioso, talvez por ver que eu me encontrava com algumas lágrimas descendo. Na tentativa de falar alguma coisa, saiu apenas uma palavra que significam milhões:
- Pai? - Falei e seus olhos se arregalaram ao mesmo tempo que ele largou o regador no chão.
JACK Ela é tão adorável dormindo. O seu rosto pálido lhe dava a forma perfeita de um anjo. Seu cabelo preto comprido escorria em minha mão feito fios de seda.Fiquei analisando cada detalhe de seu rosto, cada sinal e marca, para não precisar vir aqui toda noite. O que me parecia ser impossivelPassei a analizar o seu quarto. Ursos e brinquedos espalhados em cada canto. Ou ela gosta de brinquedos ou não morava aqui há muito tempo.Sim, ela não morava aqui, eu teria percebido. Voltei a observar o quarto. Em cima do criado mudo havia muitos livros fictícios e romances, ela deve gostar muito de
Faz três dias que não vejo o homem misterioso. Desde o acontecido na floresta, eu não saio mais de casa devido ao meu rosto todo cortado devido a minha correria, esbarrando em tudo que é planta.Naquele dia quando acordei, meu pai disse que o filho do amigo dele chegou aqui em casa comigo nos seus braços desmaiada e lhe disse que eu tropecei na calçada e bati com a cabeça no chão. Eu não o desmenti na hora porquê se aquele garoto mentiu, tem motivos para isso. Motivos que eu vou descobrir e também porquê meu pai iria pirar se soubesse que eu entrei na floresta sozinha. Perguntei se ele sabia o nome do garoto que me ajudou, e para a minha felicidade ele sabia.É Jack.Levantei da cama quase mofada e vesti uma calça. Passei um pouco de pó no rosto, o que ajudou a esconder as marcas, e pesquisei no meu novo computador algumas escolas aqui no colorado. Sem sucesso.<
Andamos na escuridão por um bom tempo, ainda não sei como ele conseguia enxergar o caminho e as pedras que surgiam pela frente. Nenhum de nós começamos uma conversa, apenas o som de alguns animais ao redor.-Ai! - bati de frente em uma árvore.-Desculpa, estou indo rápido demais. -Ele falou e parou de andar.Senti mãos quentes na minha cintura e nas minhas coxas, sua respiração estava a centimetros da minha, o que me deixou sem reação. Por um momento pensei que fosse me beijar, mais ele me pegou no colo, me grudando em seu peito forte e confortável. Passei minha mão pelo seu pescoço com o susto e fiquei a centímetro de seu rosto.
JACKNão vejo Isadora há dois dias. Sim, eu estou morrendo por dentro de não tê-la aqui comigo, mas o que aconteceu na floresta foi minha culpa, não que me arrependa, mais não podia deixar isso acontecer antes de ter certeza que era o certo. Se bem que mesmo certo ou errado, eu não conseguiria me afastar.Tenho que ficar longe dela, por mais que eu não consiga. Tenho que acabar com essas visitas na madrugada enquanto ela dorme, pois só me faz a quere-la ainda mais.-Jack - meu pai falou entrando na oficina, que era na tribo.-Oi pai- falei.-
"Jack sentiu isso em mim de alguma forma, porque me puxou rapidamente para dentro do banheiro feminino e trancando a porta logo emseguida"Ele parou e se encostou na porta, me encarando como se tivesse pedindo permissão pra alguma coisa. Meu sorriso de aprovação o fez vir até mim com pressa me puxando pela cintura com força e me dando o beijo que nunca vou esquecer na minha vida. Agarrei o seu cabelo enquanto ele se apoderava da minha cintura e da minha boca, me fazendo delirar só com o seu toque.Pegou em minhas coxas e me sentou na pia ao nosso lado, sem parar o beijo. Entrelaçei minhas pernas em sua cintura o fazendo ficar mais perto de mim, eu já estava descontrolada, nunca achei que fosse ficar assim algum dia. Ele começou a bei
-PAI -Entrei na cozinha correndo, derrubando tudo pela frente e o vi comendo melancia.-O que foi? -Perguntou assustado deixando a comilança de lado e prestando atenção em mim, descabelada e com a respiração acelerada.-Eu vi pai... Eu vi os... os...-Calma Isa, se senta pelo amor. -Ele afastou a cadeira da mesa e eu me sentek.-Pai, - falei normalizando o ritmo de minha respiração -Eu vi lobos.-O QUE? - ele se angasgou com uma semente da melancia. - Como assim? Onde voce viu?-Na... floresta - Droga.-FLORESTA? o que você est
~JackO que diabos ela estava fazendo na floresta mais uma vez?Pelo menos agora que ela nos viu, e ainda mais, viu o Gorclex, nunca mais virá a floresta novamente.Só queria saber o que um Gorclex estava fazendo aqui na floresta. Essa é a nossa reserva, e pelo que eu sei ou sabia, é que os Gorclex não existiam mais. Seja lá o que ele estava fazendo aqui, chegamos a tempo de livrar Isa da morte. Com certeza ele iria mata-la, e eu não consigo me imaginar longe dela, não consigo me imaginar sem ela.-P-ai, pode me dizer o que um Gorclex estava fazendo em nossa reserva?-Bom, parece que a caça deles não está tão
Já estavamos na parte mais profunda da floresta, e sem trocar mais nenhuma palavra desde o acidente.Ele andava muito rápido e me apertava tão forte, que confesso, fiquei com um pouco de medo do que iria me acontecer agora.Eu já estava muito agitada antes e ainda mais agora já que tinha uma ideia do que ele é. Estou muito desconfortavel, mas não por conta de seus braços, claro que não! Por conta de todo o resto.-Jack para! - falei olhando pra ele que continuou a correr sem me dar atenção.-PARA! - Gritei, e logo fui posta no chão novamente. Ele se afastou de mim ficando de costas e apoiando os seus braços na arvore.-Porque me troux