JACK
Ela é tão adorável dormindo. O seu rosto pálido lhe dava a forma perfeita de um anjo. Seu cabelo preto comprido escorria em minha mão feito fios de seda.
Fiquei analisando cada detalhe de seu rosto, cada sinal e marca, para não precisar vir aqui toda noite. O que me parecia ser impossivel
Passei a analizar o seu quarto. Ursos e brinquedos espalhados em cada canto. Ou ela gosta de brinquedos ou não morava aqui há muito tempo.
Sim, ela não morava aqui, eu teria percebido. Voltei a observar o quarto. Em cima do criado mudo havia muitos livros fictícios e romances, ela deve gostar muito de ler, e também alguma quantia em dinheiro jogado por ali.
Voltei a minha atenção ao anjo quando ela se mexeu e virou para o outro lado, exibindo o seu corpo em seu pijama listrado rosa.
Eu tenho que sair daqui o mais rápido possível, ou não responderia por minhas atitudes.
Cobri o seu corpo e a olhei mais uma vez. Com muita dificuldade, me afastei daquela obra e sai pela janela, que esqueci aberta e não iria voltar para fechar.
Não sei se isso é certo, eu mas eu não posso evitar, eu não consigo. Mas,
isso deveria estar certo. Afinal, a luz brilhou com ela. Tem que ser ela. Tantos anos esperando que isso acontecesse comigo,e quando acontece, não sei se é permitido. Afinal, ela é humana.(...)
ISADORA
A claridade do sol que atravessava a janela aberta me acordou.
Aberta? Mas eu não deixei aberta quando fui dormir.
Levantei já sentindo minhas costas gritarem de dor. Me espreguicei e caminhei em direção a janela. Escorei meus braços na barra e senti o vendo meio frio bater em meu rosto. Fechei os olhos, soltando um leve sorriso ao lembrar que finalmente estou em casa. Ao abrir os olhos, me deparei com a imensa floresta à minha frente, o que me fez lembrar do acontecido de ontem.
De onde vinha aquela luz? E o que era? Não era fogo, eu sei muito bem como é o fogo e não tinha a ver. E por que o transe? Por que não consegui me mover, por mais que quisesse?
Perguntas sem respostas.
Soltei o ar do meu pulmão e fechei a janela, frustrada. Me virei para o quarto, olhando tudo com mais cuidado. Desde que eu fui embora quando era pequena, poucas coisas foram mudadas. Eu me lembro de exatamente todos os móveis e alguns brinquedos dentro de caixas. Dentro do guarda-roupa também haviam caixas cheias de roupas antigas e pequenas.
- Isadora? Está tudo bem? - Meu pai entrou no quarto. Nós ficamos até tarde ontem conversando sobre tudo o que aconteceu quando minha mãe me levou embora. Falei da casa onde a gente morava, falei que nunca tive notícias dele e tudo mais. Todas essas caixas empilhadas era pra doação, mas ele não conseguiu se desfazer de nada que lembrava a mim.
- Estou sim, só estava observando minhas coisas antigas. - Falei sorrindo.
- Semana que vem eu vou começar a arrumar seu quarto... Vamos fazer uma reforma. - Falou subindo as calças animado.
- Não precisa fazer isso. - falei interrompendo - Está ótimo pra mim.
- ... Não vou mudar muitas coisas. - Ele me ignorou e ficou olhando ao redor. - Como você disse, são coisas velhas, vou deixar o quarto do jeito que você quiser
- Tudo bem então. - Sorri vendo que não tinha jeito. - Bom... eu vou tomar banho. Já já eu desço pra tomar café.
Ele assentiu e fechou a porta.
Conversar com ele ainda é meio estranho, mas com o tempo a gente ganha a intimidade pai e filha. Agora, só faltava a minha mãe pra completar, mas eu sei que mesmo sabendo que estou aqui, ela preferia ficar onde está e na situação que está.
Depois do banho notei que trouxe poucas roupas e sabia que uma hora ou outra tinha que fazer compras. Tirei da mala os meus livros e mais algumas coisinhas que trouxe e os coloquei no lugar dos ursinhos, em cima do criado mudo. Desci às escadas depois de pronta e notei a mesa farta, com tudo o que eu tinha direito.
- Parece que alguém fez compras.
- Eu sei que você tem fome, então coma tudo. - Falou. - Bom, eu vou vou trabalhar. Quando terminar vai dar uma volta pela cidade, por perto é claro, ajuda a relembrar de tudo.
Fiz que sim com a cabeça.
Comi algumas torradas, um misto quente e um copo de suco de laranja. Vou seguir o conselho do meu pai, apesar de preferir ficar em casa e me afundar nos meus livros. Quero tentar fazer alguns amigos, ou pelo menos relembrar os velhos.
Depois de me arrumar, peguei o casaco e sai. A casa é de frente ao vasto verde e árvores grandes. Fiquei parada observando ao fundo por entre as árvores, tentando descobrir o mistérios que elas carregam e na expectativa de ver aquela luz outra vez, mas nada aconteceu.
- Você esta ficando é louca, Isadora.- Falei em voz alta, maneando a cabeça para os lados e virei-me para caminhar.
Ao me virar, senti uma coisa invadir meu corpo. Uma sensação diferente e, por incrível que pareça, foi a mesma de ontem. Antes de mais nada, me virei novamente pra floresta e sim, meus pensamentos estavam corretos. É aquela luz novamente.
Minhas pernas agiram antes que meu cérebro mandasse as ordens e então comecei a andar em direção a floresta misteriosa, sendo guiada pela luz. Uma luz dourada, um pequeno flash saindo por dentro das árvores. Não sei o que de tão estranho existia lá, mas eu pretendo descobrir.
Entrei na imensa floresta determinada a encontrar a origem dessa luz misteriosa que causa tantas coisas em mim. Olhava pra trás e a cada passo eu me distanciava mais e mais da cidade, e não prestei atenção na raiz de uma árvore que estava para fora e cai no chão com tudo ao começar correr. luz estava se afastando de mim e eu já estava tão perto...
- ...Que merda...- Murmurei, respirando fundo. O que eu estava achando? que ia entrar numa floresta desconhecida e ia ser fácil?
Levantei, limpei minha blusa e continuei a andar, agora com mais cuidado. A luz dourada não estava mais se distanciando, então caminhei mais devagar porque o fôlego se acabou. A floresta que me parece assustadora vista de fora devido a escuridão, mas é linda vista por dentro.
Um cervo apareceu em minha frente e eu dei um grito de susto. Ele ficou me encarando de uma forma estranha com seus olhos brilhantes. Tenho certeza que esse é o dia mais esquisito da minha vida. Seu pelo era grisalho e curto, seu corpo magro estava tremendo. Parou de me olhar e continuou a correr para longe em velocidade.
Voltei a olhar para a luz. Mas ela não estava mais lá.
Mesmo assim continuei a andar, dessa vez observando a floresta com mais cuidado, pois agora que percebi que estava escurecendo e eu estou completamente sozinha com vários perigos me rodeando, mesmo não sabendo quais.
Andei, andei e andei. Já não conseguia dar mais um passo, estava muito cansada e tudo por conta de uma luz. Não vou ficar aqui no meio do nada sozinha, então dei meia volta com a intenção de voltar pra cidade e foi então que caiu a ficha.
Estou perdida.
Andei de um lado para o outro desesperada. Já estava anoitecendo e eu aqui no meio do nada. Comecei a andar no automático para uma direção qualquer em que o sol estava mais forte e me dava uma melhor visão de onde estava.
Enquanto andava, ouvi barulhos de galhos se quebrando atrás de mim, então parei para ver se era o som dos meus passos, e realmente era.
Fiquei mais calma no momento, mas quando ia começar a andar, o barulho começou novamente e mais veloz. Meu coração acelerou e arranjei forcas, não sei de onde, começando a correr para qualquer lado o mais rápido que podia, pois o barulho estava se intensificando atrás de mim.
Já não estava mais olhando para onde ia, só pensei em correr e tentar ficar com os olhos secos. E então em uma tentativa de olhar para trás, tropecei em alguma coisa e cai com tudo no chão.Tentei levantar mais não consegui, então me encolhi e comecei a chorar ouvindo algo ou alguém se aproximando com rapidez de mim.
Nada aconteceu. Na verdade, o barulho de alguém correndo atrás de mim parou. Não havia sequer vento.
Abri os olhos e olhei em volta. Só havia árvores e mais árvores.
Me levantei com dificuldade, devido a queda, e olhei mais uma vez para o lado pra ter certeza que estava só. Olhei para trás na tentativa de achar minha mochila, que deve ter caído na correria, e suspirei depois que vi onde estava.
Era um campo enorme de Flores. Flores roxas que eu não conhecia. Fiquei muito surpresa ao ver aquilo e de sentir aquela brisa de paz que invadia meus poros. Não tinha mais árvores gigantes e sequer algum predador atrás de mim, era um campo livre e a céu aberto.
Andei a passos lentos observando cada detalhe de cada flor, peguei uma na mão e seu perfume exalava um cheiro doce que me deixou tonta no momento.
Mas outra coisa me chamou atenção logo depois.
Na outra ponta do campo, havia alguém. Estava virado de costas para mim. Parado. Eu também não me mexia, não conseguia por mais que quisesse por conta da exaustão e não aguentava dar mais nenhum passo.
Ele se virou para mim. Um garoto vestido de preto, que aparenta ter uns 19 anos.
Ficamos parados de frente um para o outro e senti uma sensação diferente subindo dos meus pés a cabeça. Não sei explicar o que seria, mas essa sensação é muito boa. Ou deve ser apenas medo.
Ele começou a andar até mim com passos lentos e as mãos no bolso, se aproximando mais e mais, até que chegou a um metro de mim. Eu não sabia o que fazer, não sabia como reagir. Parte de mim queria gritar, mas outra parte de mim queria continuar encarando esses olhos misteriosos e não me mover.
Então ele se aproximou e ficamos cara a cara.
Seus olhos eram hipnotizantes. O tom de azul mais lindo que ja vi. É meio impossível não encara-lo e não conseguir tirar os olhos dos dele, e foi nesse momento que eu soube que a expressão "um olhar vale mais que mil palavras" não era nada além da verdade. Seu cabelo era preto bagunçado, bonito. Seus lábios úmidos, carnudos e rosados me fez engolir a saliva. Conseguia ouvir sua respiração forte, o que me fez entender que estávamos próximos
demais.Ele levantou o braço esquerdo em minha direção e me assustei, mas seus olhos ainda continuavam em cima de mim me passando confiança. Senti o toque dos seus dedos em minha bochecha e fechei os meus olhos para sentir aquele momento de paz tomando o meu corpo que seu contato me trouxe.
Uma brisa que passou, trouxe o seu perfume doce, como o da erva, fazendo-me ficar tonta outra vez.
Senti falta dos seus olhos azuis marcantes e abri novamente os meus, mas em vez de encara-lo, tudo estava girando ao meu redor. Seu rosto se multiplicava em minha frente. Senti braços quentes me agarrando, me envolvendo em um aconchegante abraço. A ultima coisa que vi foram seus olhos com uma expressão de preocupado, e meu corpo sendo carregado por entre a floresta.
Faz três dias que não vejo o homem misterioso. Desde o acontecido na floresta, eu não saio mais de casa devido ao meu rosto todo cortado devido a minha correria, esbarrando em tudo que é planta.Naquele dia quando acordei, meu pai disse que o filho do amigo dele chegou aqui em casa comigo nos seus braços desmaiada e lhe disse que eu tropecei na calçada e bati com a cabeça no chão. Eu não o desmenti na hora porquê se aquele garoto mentiu, tem motivos para isso. Motivos que eu vou descobrir e também porquê meu pai iria pirar se soubesse que eu entrei na floresta sozinha. Perguntei se ele sabia o nome do garoto que me ajudou, e para a minha felicidade ele sabia.É Jack.Levantei da cama quase mofada e vesti uma calça. Passei um pouco de pó no rosto, o que ajudou a esconder as marcas, e pesquisei no meu novo computador algumas escolas aqui no colorado. Sem sucesso.<
Andamos na escuridão por um bom tempo, ainda não sei como ele conseguia enxergar o caminho e as pedras que surgiam pela frente. Nenhum de nós começamos uma conversa, apenas o som de alguns animais ao redor.-Ai! - bati de frente em uma árvore.-Desculpa, estou indo rápido demais. -Ele falou e parou de andar.Senti mãos quentes na minha cintura e nas minhas coxas, sua respiração estava a centimetros da minha, o que me deixou sem reação. Por um momento pensei que fosse me beijar, mais ele me pegou no colo, me grudando em seu peito forte e confortável. Passei minha mão pelo seu pescoço com o susto e fiquei a centímetro de seu rosto.
JACKNão vejo Isadora há dois dias. Sim, eu estou morrendo por dentro de não tê-la aqui comigo, mas o que aconteceu na floresta foi minha culpa, não que me arrependa, mais não podia deixar isso acontecer antes de ter certeza que era o certo. Se bem que mesmo certo ou errado, eu não conseguiria me afastar.Tenho que ficar longe dela, por mais que eu não consiga. Tenho que acabar com essas visitas na madrugada enquanto ela dorme, pois só me faz a quere-la ainda mais.-Jack - meu pai falou entrando na oficina, que era na tribo.-Oi pai- falei.-
"Jack sentiu isso em mim de alguma forma, porque me puxou rapidamente para dentro do banheiro feminino e trancando a porta logo emseguida"Ele parou e se encostou na porta, me encarando como se tivesse pedindo permissão pra alguma coisa. Meu sorriso de aprovação o fez vir até mim com pressa me puxando pela cintura com força e me dando o beijo que nunca vou esquecer na minha vida. Agarrei o seu cabelo enquanto ele se apoderava da minha cintura e da minha boca, me fazendo delirar só com o seu toque.Pegou em minhas coxas e me sentou na pia ao nosso lado, sem parar o beijo. Entrelaçei minhas pernas em sua cintura o fazendo ficar mais perto de mim, eu já estava descontrolada, nunca achei que fosse ficar assim algum dia. Ele começou a bei
-PAI -Entrei na cozinha correndo, derrubando tudo pela frente e o vi comendo melancia.-O que foi? -Perguntou assustado deixando a comilança de lado e prestando atenção em mim, descabelada e com a respiração acelerada.-Eu vi pai... Eu vi os... os...-Calma Isa, se senta pelo amor. -Ele afastou a cadeira da mesa e eu me sentek.-Pai, - falei normalizando o ritmo de minha respiração -Eu vi lobos.-O QUE? - ele se angasgou com uma semente da melancia. - Como assim? Onde voce viu?-Na... floresta - Droga.-FLORESTA? o que você est
~JackO que diabos ela estava fazendo na floresta mais uma vez?Pelo menos agora que ela nos viu, e ainda mais, viu o Gorclex, nunca mais virá a floresta novamente.Só queria saber o que um Gorclex estava fazendo aqui na floresta. Essa é a nossa reserva, e pelo que eu sei ou sabia, é que os Gorclex não existiam mais. Seja lá o que ele estava fazendo aqui, chegamos a tempo de livrar Isa da morte. Com certeza ele iria mata-la, e eu não consigo me imaginar longe dela, não consigo me imaginar sem ela.-P-ai, pode me dizer o que um Gorclex estava fazendo em nossa reserva?-Bom, parece que a caça deles não está tão
Já estavamos na parte mais profunda da floresta, e sem trocar mais nenhuma palavra desde o acidente.Ele andava muito rápido e me apertava tão forte, que confesso, fiquei com um pouco de medo do que iria me acontecer agora.Eu já estava muito agitada antes e ainda mais agora já que tinha uma ideia do que ele é. Estou muito desconfortavel, mas não por conta de seus braços, claro que não! Por conta de todo o resto.-Jack para! - falei olhando pra ele que continuou a correr sem me dar atenção.-PARA! - Gritei, e logo fui posta no chão novamente. Ele se afastou de mim ficando de costas e apoiando os seus braços na arvore.-Porque me troux
-Eu não te entendo - Olhei para o lado.-Como assim pequena? - Ele me olhou torto. Esse papo de quero mas não posso... Está virando disco repetido...-Você fala que não pode ficar comigo, mas agora fala que quer. - falei afastando suas mãos do meu rosto - Pra você pode não ser grande coisa, mas pra mim, é uma confusão só em minha cabeça. O que tem de errado comigo?-Com você? Nada - sorriu - Minha parte lobo "sensata" não pode ficar com você porque é proibido. Já a minha parte humana, precisa de você.Me encostei na pedra ao meu lado tentando absorver o que acabei de ouvir. Como assim não pode mais precisa? N