— Até mesmo seus primos? — Ryuu apertou o braço ao redor da minha cintura, como se quisesse me proteger da ameaça velada em meus próprios pensamentos. Sua presença era reconfortante, mas o turbilhão dentro de mim estava longe de se acalmar. Meus olhos procuraram meus primos no meio da multidão. Lex já flertava com alguém, enquanto os outros rapazes riam entre si, imersos nas próprias conversas. Tão sociáveis quanto eu e Ryuu, ignorando o restante da festa como se tudo estivesse sob controle.— Não, ainda não… — hesitei, sentindo um nó na garganta que ameaçava apertar cada vez mais. Era doloroso admitir em voz alta que eu temia que, um dia, meus primos seguissem o mesmo caminho sombrio dos homens da nossa família. Ryuu ficou em silêncio por alguns segundos, ponderando, talvez escolhendo com cuidado o que dizer a seguir.— Você acha que eles poderiam ser assim? — sua voz soou cautelosa, como se a própria ideia o incomodasse.Suspirei, cansada. — Eles trabalham para o meu avô. Sabem muit
Ryuu estava sentado em uma das imponentes cadeiras, com os joelhos afastados em uma postura deliberadamente desafiadora, quase exibindo a arrogância que só homens extremamente poderosos demonstram sem medo. Ele encarnava o papel de mafioso intocável, o homem que ninguém ousava confrontar. Se não fosse meu marido, eu provavelmente o teria evitado naquela noite.Ele me puxou suavemente, posicionando-me entre suas pernas e fazendo-me sentar em uma de suas coxas. Aquele gesto parecia íntimo demais para um ambiente público, uma clara demonstração de proximidade, deixando evidente para todos na sala o quão conectados estávamos. Senti meu corpo tenso, o coração acelerado no peito. A mão de Ryuu repousava firme sobre meu joelho exposto pela fenda do meu vestido, enquanto eu me inclinava ligeiramente contra ele.Os olhares se arrastaram sobre nós, acompanhados de sussurros abafados, mas claramente audíveis. — Talvez devêssemos ir embora — sussurrei, sem o encarar diretamente, mantendo meu olha
Logo nos juntamos a Bion e Ryuu. Não vi sinal dos meus primos mais novos, o que me deu um breve alívio. Como sempre, Ryuu se aproximou rapidamente, posicionando-se estrategicamente atrás de mim, tão perto que senti o tecido do seu smoking roçar minhas costas e seu queixo tocar de leve o meu cabelo. Sabia que ele fazia aquilo de propósito. Giorgio, no entanto, não demonstrou surpresa. Talvez estivesse acostumado à minha postura desafiadora, mas Ryuu queria garantir que ele soubesse que eu não era uma esposa submissa.Bion estava ao nosso lado, à frente de Giorgio, como se quisesse se colocar entre nós. Seja lá o que eles discutiram a portas fechadas, Bion não estava ali para apoiar vovô. Um garçom apareceu com uma bebida — um copo de suco de laranja. Peguei o copo sem pensar muito, mas senti o olhar aguçado de Giorgio enquanto observava cada movimento entre mim e Ryuu.— Não está bebendo? — A voz de Giorgio, ainda que calma, carregava um tom zombeteiro, e uma pergunta oculta que provav
&Beatrice&Estávamos frente a frente na cama, tão próximos que eu podia sentir o calor do corpo de Ryuu, mas ainda assim uma distância insistente nos separava. Cada fibra do meu corpo clamava por encurtar aquele espaço. Ele parecia diferente ali, deitado ao meu lado. Não havia as habituais arestas afiadas; seu olhar estava suave, atento, sem as barreiras de costume. Nos últimos dias, ele tinha sido tão… presente. Atencioso. E, apesar de tudo, eu estava começando a gostar daquilo.— Se preferir ficar um tempo sozinha com a sua família, posso manter distância até partirmos — disse ele, a voz baixa, como se tentasse decifrar minhas emoções.Minhas mãos descansavam no colchão, os dedos inquietos. Eu queria tocá-lo, diminuir aquela m*****a distância, mas não me atrevia.— Não precisa — sussurrei, sem conseguir olhar diretamente para ele. — Estou gostando da sua companhia.Foi um milagre eu ter conseguido dizer aquilo. Era a coisa mais honesta que já havia saído da minha boca em relação a Ry
Eu me ajeitei na cadeira de metal desconfortável, cruzando as pernas enquanto pegava o copo de limonada que acabara de ser colocado na mesa à minha frente. O sol castigava, e o calor me envolvia como uma segunda pele, grudenta e sufocante, mas eu sabia disfarçar. Ryuu, no entanto, parecia imune. Mesmo no calor, em seus ternos impecáveis, ele permanecia inabalável, como se o calor fosse um detalhe insignificante. Como ele conseguia manter aquele ar de superioridade até em situações banais?— Ouvi dizer que esteve na festa do seu avô ontem à noite — Espósito murmurou, os dedos rígidos ao redor do copo de suco. Ele nem tocava no bule de chá que esperava no centro da mesa, como se a bebida estivesse ali apenas para cumprir um protocolo.Ryuu zombou com seu café expresso. Ele estava de costas para mim, mal cabendo naquela mesa minúscula ao ar livre, cercada pelo barulho do café movimentado. Não era o tipo de lugar que ele escolheria, mas estávamos ali porque Espósito havia pedido. Sempre po
— Você está procurando algo, Vincenzo? — Ryuu se inclinou para frente, apoiando os antebraços na mesa de metal. Seu olhar ficou mais estreito, desconfiado, como se tentasse prever os próximos movimentos do avô.— Por favor, me chame de avô — Espósito respondeu com uma risada leve, ignorando a tensão de Ryuu. Eu não consegui evitar um sorriso quando vi Ryuu revirar os olhos, seu corpo relaxando um pouco diante do humor compartilhado. — Mas já que insiste… posso aceitar sua resposta como um não.Os olhos de Espósito voltaram para mim, e eu senti o peso daquele olhar. Não havia como negar o que ele estava realmente perguntando, mesmo que suas palavras fossem envoltas em uma leveza calculada.Eu deveria estar preocupada. Talvez fosse o caso de temer que Espósito entregasse tudo a Ryuu antes de eu estar pronta para contar. Mas o velho tinha uma maneira única de lidar com as coisas — sempre falando em enigmas, às vezes só para nos confundir. E, por mais que ele insinuasse, eu esperava que aq
Eu não conseguia me afastar dele, mesmo enquanto o sangue encharcava sua camisa e a sala ao nosso redor girava com as ordens de Loretta. O médico estava a caminho, mas isso pouco importava. Tudo o que eu conseguia fazer era me agarrar à mão de Ryuu, sentindo a tensão de seus dedos enquanto ele apertava os meus. Não conseguia pensar em mais nada, nem mesmo em mim. Apenas nele.— Beatrice, vá se lavar, pegue algumas roupas limpas para ele — a voz de Loretta soou distante, quase como se ela estivesse falando com outra pessoa. Minha mente estava presa na imagem de Ryuu ali, o sangue manchando sua camisa uma vez impecável, o rosto pálido como nunca havia visto antes.Balancei a cabeça, sem coragem de soltá-lo, mesmo que por um segundo. Não me importava com a roupa suja ou com o sangue. Eu precisava estar ali. Precisava vê-lo. Ele não trocaria de roupa ali, diante de todos, e eu sabia disso.— Suas mãos estão tremendo — murmurei, minha voz saindo entrecortada, ao entrelaçar meus dedos nos de
&Beatrice&Ryuu estava limpo, costurado e enfaixado, mas a tensão em seu rosto permanecia como uma sombra. A médica tirou as luvas com um gesto cuidadoso, recolhendo sua bolsa antes de se erguer. Ao se dirigir à porta, seus olhos se voltaram para mim, como se quisesse garantir que eu ainda estava de pé.— Há mais alguém que eu precise atender? Como você está? — sua voz soou suave, mas o olhar atento denunciava sua preocupação.— Estou bem. Não estou ferida — murmurei, engolindo em seco ao evitar pronunciar o nome de Espósito. — Foi apenas Ryuu quem foi atingido.Ela franziu o cenho, avaliando-me.— Nenhum outro problema? Sem sangramentos ou dores? — A médica direcionou o olhar para a minha barriga, e eu senti o coração acelerar. — É possível que traumas emocionais e estresse aumentem os riscos de… A frase ficou suspensa no ar, e eu percebi que ela hesitava, notando a presença de mais pessoas na sala. Um frio na barriga me fez estremecer, mas não consegui desviar o olhar. — Você preci