Jéssica Subi para o quarto da Valentina, deixei a caixa com os brinquedos no canto e fui me sentar na cama para pensar como agir nessa noite. Tirei o celular do bolso da calça tentando ligar novamente para Fernanda. Minha amiga se encontrava desaparecida e não tinha com quem desabafar. Quando ele entrou em casa, meu coração se acelerou ao ver a camisa azul que ele usava, que o deixava mais bonito. Era um tormento ter aquele homem todos os dias vindo ver a filha e eu ignorando sua presença. No momento que assisti ao discurso dele na televisão, por um instante desejei que tudo que ele disse fosse verdade. Porém, era apenas mentiras, para enganar as pessoas e manter a boa imagem perante a sociedade. Minha identidade e da filha permaneceram em segredo e isso me deixava ansiosa e angustiada. Não tinha como saber qual passo ele daria e como continuaria a nossa péssima relação. Levantei-me da cama, arrumei meu cabelo no espelho e desci para o jantar. Dei tempo suficiente para que pai e filha
LeonardoMaldita feiticeira! Entrei no meu quarto, trancando a porta para evitar de fazer uma besteira. Aquela mulher me tirava do sério, com aquele sorriso debochado, me confundindo com as palavras ditas. O único sentimento que a Jéssica sentiu por mim foi gratidão. Eu sei que fui culpado, por alimentar esse sentimento, quando continuei nossa relação por meses. Deito-me na cama, tentando me concentrar e não tomar nenhuma atitude que faria eu me arrepender como todas as vezes.Custava ela aceitar o almoço com meus pais? Não estava pedindo nada além de se dedicar a agradar nossa filha. Passaria o final de semana com Valentina, após o almoço com meus pais, teria uma conversa de pai para filha e contaria a verdade sobre minha identidade. Jéssica brincava comigo, achando que eu era algum idiota. Além disso, eu precisava lidar com a mídia e não teria coragem de fingir um relacionamento com ela de maneira alguma. Seria mais um erro entre tantos que cometo desde que nos conhecemos. Jéssica
JéssicaDepois que Valentina e o pai saíram, me tranquei no quarto para pensar melhor no que fazer durante o final de semana longe da minha filha. Leonardo foi pego de surpresa, ao descobrir que eu fui, mais rápida ao contar a verdade para nossa filha. Valentina entendeu de forma simples o que disse sobre minha relação com seu pai. Omiti tudo, criando uma história totalmente diferente da verdade. Contei que conheci Leonardo em uma consulta, quando ainda era diretor da clínica. Que nos tornamos amigos, nos reencontramos um tempo depois, quando eu morava no Rio de Janeiro e que desse único reencontro eu fiquei grávida. Valentina indagou se eu era apaixonada pelo pai, se eu me casaria com Leonardo e respondi que entre a gente teria apenas uma relação de amizade. Menti que tive medo de revelar que ele tinha uma filha, por vim de um mundo diferente do meu e como eu era muito nova, preferi criá-la sozinha. Tantas mentiras contei para minha filha. Valentina teria uma vida diferente da minha
LeonardoMeu almoço foi com Valentina animada com a comida que Regina preparou. Minha funcionária fez strogonoff de carne, batata frita e purê de batata. Aurea tinha me contado que purê de batata era o prato favorito da menina.Agora estávamos no jardim, com Valentina sentada em uma das cadeiras de madeira que faziam parte da decoração. A tarde estava ensolarada e nos escondíamos do sol, sentados embaixo de uma das árvores que tinha ali.—Vou conversar com sua mãe a respeito da escola — vejo Valentina prestando atenção ao que falo. Ela tinha dito que Jéssica matricularia a menina na escola de Estrela Guia. Era uma boa escola, colocamos todos os nossos esforços ali, porém minha filha não teria como estudar. — Na outra cidade, eu estudava bem pertinho da nossa casa. Minha mãe me levava e às vezes a filha da vizinha cuidava de mim. Tia Nanda viaja muito e minha mãe trabalha até tarde.Escuto Valentina contando mais um detalhe sobre a vida que ela levava com a mãe. Não consegui acreditar
LeonardoValentina mal desceu do carro e saiu correndo até o meu pai que nos esperava na porta de casa. Como já imaginava, minha mãe não estava junto do marido e esperava que ela não me decepcionasse, tratando minha filha com indiferença. Não estava a fim de ouvir Jéssica me enchendo a paciência por conta disso e assim ter motivos para falar mal da minha família.— Vejo que sua neta já se entrosou bem com o avô — brinquei ao ver meu pai com minha filha nos braços.— Minha neta é uma menina esperta. Percebi isso quando a encontrei no hospital — meu pai responde, caminhando na frente com Valentina. Entramos em casa e minha mãe também não estava nos esperando na sala. Era só o que me faltava, se recusar a almoçar comigo e a neta me deixando em uma situação complicada.Assim que meu pai se acomoda no sofá com a neta ao seu lado, vejo quando mamãe desce e sinto um alívio. Notei que ela se arrumou demais para um simples almoço. Será que ela pensou que Jéssica me acompanharia e queria humilh
JéssicaQuase sete horas da noite! Passei a tarde faxinando a casa. Empilhei uma parte da mudança num canto da sala e separei roupas e acessórios meus e de Valentina. As coisas da Nanda coloquei numa mala maior e avisaria depois que enviaria para o Rio de Janeiro. Jantava assistindo televisão enquanto aguardava a chegada do Pedro. Pedi que ele viesse no começo da noite e assim eu poderia conversar melhor com ele. Assim que termino de jantar, ouço batidas na porta. Certeza que era ele e levantei me olhando no espelho. Abri a porta e encontrei na entrada. Se fosse antes com certeza estaria com o coração acelerado ao ficar cara a cara com ele. Porém, Pedro já não mexia com meus sentimentos. Com os anos ele ficou mais bonito ainda do que já era, com seu jeito rude e direto. Totalmente diferente do Leonardo, que às vezes eu me perguntava como me apaixonei por um idiota como o doutor, que era o oposto do Pedro em tudo.— Desculpa o atraso, que Viviane demorou a chegar com as crianças da cas
Leonardo— Anda Jéssica, por que não deixou o Moisés te trazer para casa e veio com o Pedro?Questiono e Jéssica continua me olhando com ar de deboche com os braços cruzados sem responder minha pergunta.— Agora tenho que te explicar o que faço e o que não faço? Você não é nada para mim e aqui nesta prisão sou apenas uma prisioneira vivendo contra minha vontade. Não importa para você se eu aceito ou não a carona do Pedro.Responde sem alterar a voz, o que me deixa confuso com sua resposta.— Você não pode andar, por aí, como quiser — respondi, esfregando o rosto com as mãos e tentando não mostrar desespero na presença dela.— Sinto muito, mas não tenho tempo ou interesse para responder suas perguntas estúpidas. Vou para o quarto da minha filha dar um beijo de boa noite nela e ir para a cama. Já que estou cansada demais para discutir com você — Jessica virou as costas para mim, mas eu a parei novamente.— O que você fez a tarde toda que te deixou cansada? — Eu questionei controlando a
JéssicaLogo após Leonardo sair do quarto, voltei para a cama e me deito com a mão no rosto, tentando não pensar na vergonha que acabei de passar.Por azar dele ou quem sabe sorte minha, apenas nos beijamos, Leonardo foi embora assim que pedi e agora reflito se conseguiria resistir aos seus beijos. — É melhor pensar no que fazer depois que a casa for vendida. Não ficar sonhando com aquele homem. Leonardo é apenas o pai da sua filha e mais nada. Peguei o cobertor me embrulhando da cabeça aos pés, tentaria dormir que eu ganhava mais do que ficar batendo cabeça em relação ao que houve entre mim e Leonardo.**Acordei com a cabeça doendo, bem que tentei dormir, porém, rolei na cama a noite toda. Olhei a hora, passava um pouco das 6:30. Decidi me levantar e fui para o banheiro. Fiz minha higiene pessoal, depois tomei um banho rápido, molhei a cabeça para afastar o sono. 20 minutos depois, usando uma legging preta, camiseta branca e os cabelos soltos, fui ver se Valentina já estava acordad