LeonardoEra a terceira vez que tentava falar com Jéssica e ela não me atendia. Liguei para o seu celular que estava desligado, liguei para o telefone residencial e Áurea me disse que minha mulher avisou que retornaria depois, porque estava tentando fazer Valentina dormir. Pedi para levar o aparelho até o quarto, porque eu queria ouvir a voz da minha filha antes de embarcar, porém, Áurea me deu uma desculpa totalmente sem sentido. Algo aconteceu para que Jéssica me evitasse. Conhecia-a bem para saber quando algo a incomodava. Tentei pela última vez a caixa postal novamente. Minha reunião com o governador antes da nossa viagem foi bastante produtiva e queria conversar com Jéssica antes de partir, assim poderia viajar tranquilo sabendo que as duas estavam bem em nossa casa. Mas pelo jeito teria que tentar quando chegasse a Argentina. Larissa avisou que embarcaria no primeiro voo da manhã. Estava de bom humor e quando questionei se o problema que ela precisava resolver deu certo, me resp
LeonardoChegamos a Argentina com o dia nascendo, mesmo sendo uma viagem curta, me senti inquieto o tempo inteiro. Não conseguir falar com Jéssica ou Valentina me deixou angustiado. Mal entrei no quarto do hotel e olhei a hora no relógio. Tomaria banho, pediria meu café da manhã no quarto e ligaria para conversar com minha filha antes dela sair para a escola. Diego conferiu minha suíte antes de me deixar sozinho. Como não tinha nada fora do normal, pediu licença e assim que meu segurança saiu me despi entrando no banho para relaxar a tensão. Após falar com as duas, tentarei dormir por algumas horas antes do meu primeiro compromisso oficial. Após o banho, saio do banheiro com o roupão do hotel, verificando as horas, pego meu celular e vou me sentar na cama discar para o Brasil. No quarto toque, ouço a voz de Jéssica e um sorriso vem ao meu rosto por enfim conseguir conversar com minha mulher.— Bom dia, meu amor! Mal entrei no hotel, tomei um banho e vi que era cedo e já liguei para co
JéssicaAssim que Valentina saiu para a escola, fui para o quarto, buscar minha bolsa para sair até o centro da cidade. Preciso comprar roupas novas porque não vou levar nada que o Leonardo me deu. Vou deixar tudo o que ganhei, desde roupas até alianças de casamento e noivado. Não quero que nada me lembre da mentira que vivi ao lado daquele homem. Infelizmente o motorista foi comigo, porém não deixei que me acompanhasse. Pedi que me aguardasse em um local próximo do centro comercial e sozinha fui às compras. Usava roupas que eu costumava vestir, antes de me tornar namorada e depois noiva do governador do Estado. Como eu raramente aparecia na mídia, consegui circular entre tantas pessoas sem ser reconhecida. Usava um óculos escuro e os cabelos presos, para que tentasse andar despercebida. Acabei entrando numa loja popular que vestia jeans. A vendedora sorridente e bem comunicativa veio me atender, mostrando calças jeans e algumas bermudas. Escolhi três calças e quatro bermudas e uma sa
LeonardoO primeiro dia na Argentina foi de muito trabalho, depois que conversei com Jéssica ao telefone, almocei com os funcionários e seguimos para o local do Congresso. Larissa chegou um pouco depois e me encontrou dizendo que resolveu todos os problemas e não disfarçou sem bom-humor. Ela me repassou todo o cronograma e teria dias bem corridos. Retornamos para o hotel, passava das oito da noite. Jantei com o governador do Rio de Janeiro e seus assessores, sobre nossos planos para o próximo mandato e como desejávamos continuar trabalhando em conjunto para melhorar os dois Estados. Me despedi de todos, avisando que me deitaria mais cedo e não ficaria para o drinque no bar do hotel. Agora de banho tomado, vestindo meu pijama, olhei o horário e me sentei na cama para fazer a ligação para Jéssica e Valentina. Me posicionei melhor na cabeceira da cama, abri o aplicativo de conversa e disquei para o celular da Jéssica. Para minha surpresa quem atendeu a chamada foi minha filha, que perceb
JéssicaO motorista dirigia para a casa dos pais do Leonardo. Seu Ricardo me ligou de manhã cedo, pedindo que não esquecesse do jantar e que seria importante a minha presença e da neta. Leonardo, como disse na noite anterior, teve apenas tempo de enviar um áudio junto de uma foto para a filha. Evitei ao máximo falar, até mesmo a chamada de vídeo não queria atender. Porém, Valentina praticamente me obrigou a atender. Tudo estava praticamente pronto para o dia seguinte. Pedro mandou Lucas ir até a mansão, buscar minha mala com a desculpa de que eram roupas para doação. Tanto Áurea como Regina perguntaram que roupas eram essas e desconversei contando serem coisas minhas de antes de me tornar noiva do Leonardo. Pedro ligou tentando me convencer a mudar essa ideia maluca como chamava, contudo, respondi que minha decisão estava tomada. Pesquisei muitas cidades do interior de São Paulo e acabei escolhendo uma com menos de cinquenta mil habitantes. Tinha calculado minha rota muito bem e até o
MarceloA resposta para minha transferência para outro lugar, foi recusada. Teria que encontrar outra forma para fugir, porém, não tinha noção de como seria. Meu humor não era dos melhores, estava cansado, estressado e se pudesse mataria qualquer um que me enchesse a paciência agora. Minha mulher queria se encontrar comigo, com a desculpa que sentia saudades. Porém, eu sabia que, na verdade, a “saudade” que sentia era o dinheiro que eu andava regrando. Precisava economizar para poder sumir pra longe dessa cidade. As armações contra o Leonardo todas estavam saindo melhores do que eu esperava, o idiota teria muito trabalho, quando descobrisse que a vagabunda sumiu com a bastarda no mundo. Larissa foi certeira tocando na ferida da prostituta e revelando a verdade que Leonardo escondia de todos. Quem sabe se o velho Ricardo também soubesse do que o filhinho querido fez quando mais novo, se decepcionaria e traria muito mais problemas para aquele imbecil.A tornozeleira apertou no meu torno
RicardoLarguei uma cirurgia nas mãos do médico assistente, ao ouvir do meu filho que minha nora e neta foram sequestradas. Me preparava para entrar no centro cirúrgico, quando meu celular tocou e Leonardo me ligou desesperado, pedindo que fosse para a mansão, tentar saber o que havia acontecido. Não podia ser verdade que as duas foram levadas. Primeiro porque meu filho não tinha inimigos e seu trabalho como governador sempre foi feito com dedicação. Dirigi como um louco, sem me preocupar com sinalização ou multas que levaria com toda certeza. Entro no pátio, paro o carro na entrada, desço apressado encontrando Joana, Áurea e Regina me aguardando.— Que horas as duas saíram de casa e cadê o motorista?É a primeira pergunta que faço às três. Jéssica não gostava de seguranças, muitas vezes reclamou que não era necessário e que bastava o motorista. Agora mãe e filha estavam desaparecidas e meu filho, com certeza, voava de volta ao Brasil. Passavam das onze da noite e as duas não voltaram
Leonardo— Como o garoto do Pedro apareceu aqui e ninguém viu nada? — questiono das funcionárias recebendo o silêncio como resposta. Passo a mão no rosto, nervoso por começar a pensar numa fuga dela, assim como foi anos atrás.— Senhor, a dona Jessica um dia antes, voltou para casa no carro do senhor Pedro — meu segurança diz, apontando para o tablet. Tiro o aparelho das mãos do meu pai, verificando os outros vídeos. Era noite quando Pedro a deixou em casa, conversaram por alguns minutos, se despediram com um abraço e logo depois Jessica entrou em casa. Devolvo o tablet para o meu pai, seguindo para o nosso quarto. Ao entrar encontrei tudo como deixei, o que me chama atenção é um papel com a caixinha de joias em cima do colchão. Nervoso, peguei o papel nas mãos e cada palavra que leio vai me deixando sem reação ao que estava escrito. Releio a carta para tentar compreender tudo que foi dito em sua despedida. Jéssica não foi sequestrada ou estava trancada em algum lugar. Ela simplesment