A brisa leve que entrava pela janela do restaurante não conseguia dissipar a tempestade que se formava dentro de mim. Alby estava à minha frente, sorrindo, mas tudo o que eu conseguia pensar era no que tinha ouvido mais cedo. A conversa com Fernanda ecoava na minha mente, como uma melodia ensurdecedora que não me deixava em paz. O mundo à minha volta se desvanecia enquanto tentava encontrar um jeito de processar a possibilidade aterrorizante de que eu poderia ser pai de um filho que não planejei, com uma mulher que eu quero bem longe de mim.— Você está bem? — a voz suave de Alby me trouxe de volta à realidade. — Sim, claro — respondi, mas minha mente estava longe. Não era justo com ela, eu sabia, mas a ideia de Fernanda grávida, de um filho que poderia ser meu, estava me consumindo. Como ela pode fazer isso comigo? — Amanhã, podemos ir ao parque de diversões depois do almoço? — sugeriu Alby, com seu brilho natural, tentando iluminar meu dia. A proposta era tentadora. Era alg
O sol da manhã entrava pela janela, mas a luz não conseguia iluminar a escuridão que se instalara dentro de mim. Sentada na cama, os pensamentos giravam como uma tempestade em minha mente, e a revelação sobre a gravidez de Fernanda pesava como um tijolo em meu peito. Eu não sabia como lidar com isso. Tudo parecia confuso, uma colcha de retalhos de emoções desencontradas.A conversa que eu havia ouvido entre Isaías e Fernanda ecoava em minha mente, repetindo-se incessantemente como um mantra. Ele era o pai do filho que ela esperava? Como isso poderia ter acontecido sem que eu soubesse? Tudo bem, eles fizeram sexo, há essa possibilidade afinal.Mas quero dizer, porque isso só vem à tona agora?!Uma onda de insegurança e medo me dominou. Eu me sentia traída por não ter sido informada, mas, mais do que isso, sentia-me impotente diante de uma situação que poderia mudar tudo.Eu me levantei da cama, caminhando de um lado para o outro, tentando organizar os pensamentos. Por que Ferna
Eu não conseguia perder mais um segundo sequer. Agendei o exame de DNA o mais rápido possível, acionando toda a equipe do hospital para garantir que o processo fosse direto e discreto. O peso da situação apertava meu peito, cada vez mais. Fernanda poderia estar dizendo a verdade, e, se estivesse, toda a minha vida mudaria num piscar de olhos. Mas se ela estivesse mentindo… não tinha certeza se conseguiria conter minha raiva.Liguei para Fernanda, ajustando meu tom o mais firme que podia, tentando não deixar transparecer o desespero que corria por dentro.— Fernanda, o teste está marcado. Eu preciso que você compreenda… se você está mentindo, vai me perder para sempre. Isso não é uma brincadeira, tem muita coisa em jogo aqui.Do outro lado da linha, ela riu de forma seca e me respondeu com um tom desafiador:— Isaías, eu jamais mentiria sobre algo assim. Você acha que isso não significa nada para mim?Minhas mãos apertavam o telefone com força. Eu estava à beira do abismo, entre a
Cheguei no hospital para me encontrar com Isaías, ele estava com seu dia cheio, mas não queria desmarcar nosso almoço, propondo que almoçássemos perto do hospital. Concordei e vim me encontrar com ele, conforme combinamos, mas mal cheguei ao hospital e fui logo me deparando com Fernanda. Que legal!!!Urghhhhh…Ela estava ali, bem diante de mim, carregando não apenas um filho, mas a semente de todas as dúvidas e medos que cresciam em silêncio dentro de mim. A expressão no rosto dela era pura malícia.— Ora, ora, se não é a queridíssima senhorita Leclerc… — começou, aquele sorriso cheio de desprezo curvando seus lábios. — Sabe, eu estava mesmo querendo encontrá-la. Não temos muitas oportunidades de conversar, não é?Congelei no lugar, o coração pesado, as palavras dela me atingindo como um golpe. Parecia que o hospital ao redor desaparecia, como se tudo sumisse, e só restasse a voz dela, cortante e impiedosa.— Deve estar curiosa para saber, não é? — Fernanda disse, pousando a mã
Eu andava pelos corredores do hospital sentindo o chão escorregar sob meus pés. A imagem de Fernanda com aquele sorriso arrogante e a mão no ventre — um gesto que me tirou todo o fôlego — parecia se repetir como um eco em minha mente. Cada palavra que ela lançou naquela conversa, cada insinuação, parecia um veneno que se infiltrava e corroía cada parte de mim.Assim que Isaías se aproximou, senti o olhar dele em mim, tentando entender o que estava acontecendo, mas eu não conseguia mais disfarçar. Meus olhos o encararam com um misto de tristeza e desespero. Não havia mais como ignorar o que estava me corroendo.— Alby… — ele começou, hesitante, mas eu o interrompi antes que pudesse dizer qualquer outra coisa.— Ela realmente está grávida, Isaías? E você… você é o pai?— As palavras saíram de um jeito mais trêmulo e quebrado do que eu planejava. Era a minha dor, escancarada, sem defesas.Isaías suspirou, o olhar mergulhado em uma espécie de angústia que eu nunca tinha visto nele.
Desde o momento em que Fernanda lançou aquela bomba, senti o mundo se desfazendo ao meu redor. A possibilidade de Isaías ser pai de uma criança dela ecoava na minha mente, me deixando em um estado constante de angústia. Ele nunca me explicou muito sobre seu relacionamento com ela e nesse momento eu não via necessidade de perguntar. Eu tentava seguir em frente, me concentrar no que tínhamos juntos, mas a dúvida crescia como uma sombra, sufocante e impiedosa. Ver Isaías tentando disfarçar o peso da situação só tornava tudo mais doloroso. Ele tentava me tranquilizar, dizia que nada mudaria entre nós, mas como eu poderia acreditar nisso? Como eu poderia competir com algo tão inegável e definitivo quanto uma criança? Uma ligação eterna entre ele e Fernanda que, por mais que eu tentasse ignorar, estaria sempre presente.Eu sabia que, se ele fosse o pai, tudo mudaria. Eu nunca conseguiria conviver com aquela verdade entre nós, como uma presença silenciosa que nos separaria. Não supo
Levantei angustiado, sentindo o peso de mil possibilidades me esmagando, sem saber o que esperar daquele dia. Mesmo com a alma sufocada, vim para o hospital antes do horário. Precisava estar ali quando o resultado chegasse. Em poucas horas, minha angústia teria um fim, ou, quem sabe, apenas encontraria um novo ponto de partida, tão mais pesado e definitivo.O caminho até o hospital pareceu interminável, cada segundo um lembrete cruel da dúvida que me atormentava. Ao chegar, percorri os corredores com pressa, como se fugir para qualquer outra ala me livrasse do que me aguardava. Fui direto para minha sala, onde fechei a porta, tentando criar um santuário improvável para organizar minha mente. Mas era inútil. A espera tinha seu próprio ritmo, me arrastando para o abismo de pensamentos que eu vinha tentando evitar."Se eu for o pai..." Essa frase rondava minha mente, mais como uma condenação do que uma possibilidade. Eu sabia que aquilo mudaria tudo. Minha relação com Alby estav
Eu estava na minha sala, tentando controlar meus pensamentos que já estavam à beira do caos. A manhã tinha sido longa, cheia de compromissos que eu mal conseguia manter, mas tudo se desfez quando meu telefone tocou. A recepcionista avisou que havia uma mulher esperando para falar comigo. Autorizei a entrada sem muita expectativa, mas quando ouvi a batida na porta e ela se abriu, eu quase tive um infarto.Fernanda. A audácia em pessoa, com aquele sorriso que só me dava nojo.— Olá, senhorita Leclerc! — ela falou, como se fossemos velhas amigas. A ironia do cumprimento me embrulhou o estômago.Eu nem consegui responder. Algo em mim gritava que essa visita era uma bomba prestes a explodir. E, sinceramente, eu preferia que fosse uma explosão literal.— Bom, decidi vir pessoalmente te dar a notícia sobre a paternidade do meu bebê — ela disse, com aquele ar triunfante que me fazia querer jogá-la para fora da janela. Se não fosse a possibilidade de ter que responder por um crime pass