Alice e eu finalmente estávamos em nossa viagem. Depois de meses separadas mais do que eu gostaria, essa era a chance de nos reconectarmos, de criar momentos só nossos, longe da correria que sempre parecia nos afastar. Nosso destino não poderia ser mais mágico: a Disney. Desde que compramos as passagens, Alice estava radiante, e agora, enquanto caminhávamos pelas ruas do parque, seu sorriso iluminava tudo ao nosso redor. Cada castelo, cada personagem que passava, fazia seus olhos brilharem de maneira que me emocionava profundamente. Seu riso ecoava entre as multidões, e eu me pegava observando cada detalhe. Era como se aquele lugar tivesse sido feito para ela, para devolver à sua infância toda a leveza que a vida havia roubado em alguns momentos. Alice corria de um lado para o outro, puxando minha mão com entusiasmo para ver os personagens ou entrar nos brinquedos. — Olha, Alby! É o Mickey! — ela gritou, com uma animação que me fe
Quando abri a porta de casa, exausta da longa viagem, uma onda de surpresa e confusão tomou conta de mim. Minha sala inteira havia se transformado em um verdadeiro jardim. Vasos e mais vasos de flores preenchiam cada canto. O perfume suave de rosas, lírios e orquídeas flutuava no ar, criando uma atmosfera acolhedora e quase mágica. Meu coração acelerou. Alice, ainda segurando sua pequena mochila, soltou um gritinho animado e correu para o centro da sala, onde uma enorme boneca repousava em uma cadeira delicadamente decorada com pétalas. A boneca vestia um elegante vestido rosa bordado e tinha cachos dourados que brilhavam à luz suave do ambiente. — Alby! Olha! É minha? — Seus olhos brilhavam, o entusiasmo infantil irradiando de cada palavra. Eu ainda estava processando a cena. As flores. A boneca. Quem havia feito isso? Não precisava pensar muito para encontrar a resposta. No centro da mesa de vidro, um envelope bra
O dia começou com um convite inesperado de Andrew. Ele apareceu em nossa porta com aquele sorriso despreocupado e um brilho nos olhos que, aos poucos, começava a se tornar familiar. — Hoje é dia de aproveitar. Vocês duas merecem — Ele anunciou, como se fosse uma ordem gentil. Eu arqueei uma sobrancelha, desconfiada. Andrew sempre tinha um plano, mas ele nunca entregava tudo de cara. — Aproveitar como? — Apenas confie em mim. Tenho certeza de que vão aproveitar muito. Minutos depois, estávamos no carro em direção ao porto. Quando chegamos, fiquei sem palavras. Ali, ancorado com elegância, estava um iate que parecia saído de um filme. Grande, luxuoso, imponente. — Andrew... isso é sério? — perguntei, tentando não parecer impressionada, mas falhando miseravelmente. — Muito sério. Vocês vão adorar! Alice estava radiante. Antes que eu pu
Organizar um jantar familiar nunca foi meu forte, mas naquela noite, fiz questão de que tudo fosse perfeito. Era a primeira vez que Andrew jantaria em minha casa de maneira tão íntima, e eu queria que ele se sentisse parte da nossa pequena família. A mesa estava impecavelmente arrumada, com velas delicadas que exalavam um aroma suave de baunilha, flores frescas no centro e pratos que eu mesma havia preparado, seguindo algumas das receitas que minha mãe costumava fazer. Alice, sempre animada, me ajudou a dobrar os guardanapos e estava orgulhosa do que chamava de "obra de arte". — Ele vai adorar, Alby! — ela disse, com um sorriso que parecia iluminar a sala inteira. Quando Andrew chegou, pontual como sempre, senti meu coração acelerar levemente. Ele vestia uma camisa azul clara que realçava seus olhos, e seu sorriso, ao me ver, era caloroso o suficiente para afastar qualquer insegurança que eu pudesse ter. — A anfitriã mais linda que já vi — Ele
Eu sabia que algo estava errado. Aqueles dias de silêncio me corroíam por dentro. Andrew simplesmente desapareceu. E, no fundo, eu sabia que não era algo trivial. Se fosse qualquer outra pessoa, eu teria respeitado o espaço, entendido que todos têm seus momentos e problemas. Mas com Andrew, era diferente. Ele não desaparecia sem explicação. Ele não se afastava sem um motivo. E eu, que o conhecia tão pouco, não sabia como lidar com isso. Alice, alheia à tensão que eu tentava esconder, continuava sua rotina, fazendo desenhos e perguntando, com a doce inocência de uma criança, onde estava o "amigo da Alby ", como ela chamava Andrew. A cada pergunta dela, meu peito apertava um pouco mais. Eu não sabia o que responder. Não sabia nem o que pensar. Os
A manhã havia começado tranquila, mas eu não conseguia deixar de pensar em Andrew. Ele havia desaparecido novamente, e, apesar de ter tentado me convencer de que era algo relacionado ao trabalho dele, a inquietação ainda martelava em minha mente. Era como se a ausência dele estivesse preenchendo todos os espaços da minha vida, me desconcentrando até nas coisas mais simples. Eu sabia que precisava focar no que realmente importava no momento: meu futuro. Afinal, as oportunidades estavam surgindo, e minha carreira parecia estar finalmente em ascensão, algo que eu estava há tanto tempo esperando. Era hora de dar atenção ao que realmente me preocupava agora. E, por sorte, Luana, minha amiga e assessora, estava aqui para me ajudar a dar esses passos.Luana chegou um pouco depois do almoço, com aquele seu sorriso contagiante e a energia inconfundível que eu tanto admirava. Ela era o tipo de pessoa que nunca deixava a peteca cair, sempre com
A casa de Luana estava impecável. O jantar que ela havia organizado era exatamente o tipo de evento que eu precisava para relaxar um pouco, mesmo que minha mente ainda estivesse ocupada com pensamentos confusos. Desde que Andrew havia desaparecido, meus dias haviam sido uma montanha-russa de preocupações e tentativas frustradas de não pensar nele. Alice estava radiante, encantada com a atenção que recebia de todos. Luana, como sempre, fazia questão de torná-la o centro das atenções. Minha amiga era um turbilhão de energia, movendo-se de um lado para o outro, certificando-se de que tudo estava perfeito e todos se sentissem confortáveis. E sua filha Sophia, estava ainda mais animada com a possibilidade de passar a noite na companhia de Alice.As duas não se desgrudavam e Luana se preocupou em preparar um espaço para que as duas pudessem brincar e se divertir. Enquanto Alice brincava com algumas das outras crianças que estavam lá, apro
Havia algo de mágico em segurar um pincel novamente. Era como se, ao tocar a tela em branco, um pedaço da minha alma se conectasse com algo maior, algo que palavras jamais conseguiriam explicar. Eu tinha me afastado da pintura por tanto tempo, me ocupando com a vida, com as responsabilidades, com as dores que parecia mais fácil ignorar. Mas agora, diante da tela vazia, senti como se estivesse voltando para casa. A luz suave da tarde entrava pelas janelas do meu estúdio, pintando o espaço com um brilho dourado que parecia me abraçar. Alice brincava no canto, seus risinhos infantis sendo o som de fundo perfeito para a minha concentração. O cheiro familiar de tinta e solvente preenchia o ar, e eu me permiti respirar fundo, absorvendo cada fragmento daquele momento. Pintar sempre foi minha fuga, mas agora era mais do que isso. Era minha redenção, meu grito silencioso para o mundo. A cada pincelada, eu sentia como se estivesse cura