Paris nunca pareceu tão mágica como naquela noite. Depois de tudo que aconteceu na exposição, do turbilhão de emoções e da euforia de finalmente me permitir ser vista, Andrew me surpreendeu com um convite que fez meu coração disparar: — Alby, o que acha de dar uma volta por Paris comigo? Só nós dois. Olhei para ele, surpresa, tentando entender se aquilo era real. Ele, sempre tão contido, agora parecia vulnerável de um jeito que me desarmou. — Eu adoraria — respondi, sem hesitar. Saímos do museu como se estivéssemos deixando um mundo e entrando em outro. Paris parecia respirar ao nosso redor. As ruas estavam tranquilas, iluminadas pelas luzes amarelas dos postes e pelo reflexo suave da lua nas poças d’água que a chuva havia deixado para trás. Caminhamos lado a lado, em silêncio por um tempo. Não era um silêncio desconfortável; era como se ambos estivéssemos absorvendo a magia do momento. O cheiro de pão fresco vinha de
Nunca imaginei que a minha vida poderia se transformar em algo tão extraordinário. Desde a exposição no Louvre, meus dias passaram a ser uma sucessão de surpresas — e Andrew parecia estar no centro de todas elas. As flores começaram em Paris. No hotel, após uma noite exaustiva de entrevistas e confraternizações, uma recepcionista sorriu ao me entregar um buquê magnífico de lírios e rosas. Um cartão discreto acompanhava: "Para alguém cuja arte floresce mais que qualquer jardim. — Andrew"Meu coração deu um salto, mas eu tentei não pensar demais. Ele era gentil, atencioso, sempre fora, e talvez fosse apenas sua maneira de celebrar meu sucesso. Mas as flores continuaram. Em Milão, foram tulipas amarelas, acompanhadas por um bilhete que dizia: “Porque o mundo fica mais iluminado quando você está nele”Em Berlim, orquídeas raras chegaram com uma mensagem que me deixou sem palavras: “A beleza nas su
A tempestade dentro de mim parecia ganhar força a cada minuto. As emoções se atropelavam, criando um nó que apertava meu peito. Eu precisava de um escape, alguém que pudesse ouvir sem julgamentos, que entendesse as entrelinhas do que eu ainda nem sabia como dizer. E quem melhor do que Luana? Ela era meu porto seguro, minha confidente de todas as horas nos últimos tempos. Sua capacidade de me decifrar, mesmo quando minhas palavras tropeçavam na própria incerteza, sempre foi um alívio. Marquei com ela em um café discreto, longe da agitação que costumava me cercar ultimamente. A fama recente trazia não só reconhecimento, mas também olhares curiosos, e eu precisava de um espaço onde pudesse respirar sem o peso de expectativas externas. Quando Luana chegou, com aquele sorriso caloroso que parecia trazer luz para qualquer dia nublado, senti uma fagulha de alívio. Ela irradiava uma energia que aquecia até os cantos mais frios da alma. — Voc
Era uma decisão que eu precisava tomar, e não podia mais ignorar. Talvez fosse o jeito com que Luana me fez enxergar as coisas, ou talvez fosse apenas o fato de que, toda vez que eu pensava em Andrew, meu coração se agitava de um jeito que eu não podia controlar. Eu estava encantada com ele! Eu decidi, finalmente, me permitir. No dia seguinte, enquanto caminhávamos juntos por uma rua arborizada em Nova York, algo em mim parecia diferente. Eu estava mais leve, mais aberta à possibilidade de que talvez... só talvez... Andrew fosse mais do que um admirador persistente. Ele falava sobre suas viagens, os lugares que queria me levar, os museus que achava que eu deveria ver. E, pela primeira vez, ao invés de me sentir pressionada, eu simplesmente sorri. — Andrew, — interrompi, parando no meio da calçada. Ele se virou para me olhar, os olhos cheios de curiosidade. — Eu acho que estou pronta para... te conhecer de verdade. Por u
Acordei naquela manhã com uma sensação estranha, como se o mundo estivesse se esticando mais uma vez, estendendo suas fronteiras, me levando a lugares onde jamais pensei que iria chegar. Desde que as exposições começaram a acontecer em diversos cantos do mundo, minha vida se transformou de formas que eu mal consigo descrever. Estava em Paris, depois Londres, depois Nova York... O sucesso parecia uma correnteza que me arrastava para longe do meu ponto de origem, mas, enquanto eu via tudo acontecer, havia uma falta, uma ausência que eu não conseguia preencher. A saudade de Alice apertava meu peito como uma dor constante. Estava no hotel em Londres, já quase ao fim de mais um evento que me tirava as palavras, quando decidi ligar para Charles. Ele sempre foi minha âncora no meio do meu caos. Mesmo quando eu estava perdida em meu
O barulho suave da máquina de café foi a única coisa que quebrou o silêncio da pequena pausa que eu tirara no escritório. Sentei-me, com a xícara quente entre as mãos, olhando pela janela como se o mundo lá fora fosse outro, distante e irrelevante, enquanto eu me perdia em pensamentos. Não estava realmente tentando me distrair, mas o trabalho que me aguardava parecia uma montanha que eu não estava com vontade de escalar naquele momento.A televisão ligada ao fundo não estava em minha mente, até que algo me fez voltar a atenção para ela. A voz do apresentador começou a falar com entusiasmo, uma empolgação exagerada, quase insuportável. As palavras "Alby Leclerc" me chamaram a atenção de imediato. Que surpresa! Só a simples menção do nome dela, para um turbilhão de formar em minha mente. Como esquecer da mulher que parecia tão frágil em muitos aspectos, mas com uma chama interior que era impossível ignorar. Nossa última conversa ainda estava
Eu nunca imaginei que a vida fosse me levar até ali. Tudo tinha acontecido tão rapidamente, como uma tempestade que chega sem avisar, e agora, aqui estava eu, de coração acelerado, olhando para Andrew. Ele estava sentado à minha frente, a luz suave do café iluminando seu rosto, seus olhos fixos nos meus de uma forma que me fazia sentir como se o mundo tivesse desacelerado. E, por mais estranho que fosse, eu não conseguia desviar o olhar.A gente se conheceu de forma tão inesperada, quase como se o destino tivesse arquitetado tudo em segredo. No início, ele estava ali apenas como alguém que apreciava minha arte, um admirador com uma visão interessante sobre o meu trabalho. Mas, à medida que os dias passaram, nossa conexão se aprofundou. Era como se ele fosse a chave para algo que eu ainda não entendia completamente sobre mim mesma.Eu o observava com atenção enquanto ele falava sobre arte, como se soubesse tudo sobre os cantos mais profundos
Eu costumava achar que o amor só poderia ser a mesma coisa que eu já conhecia, uma tempestade, algo avassalador. Sentia que precisava ser intensa, cheia de dúvidas e conflitos. Pensava que, se não fosse assim, então não seria amor. E, por muito tempo, a minha ideia de amor foi moldada por aquilo que vivi com Isaías. Por toda a paixão, por cada momento conturbado que nos envolvia, eu acreditava que era isso que o tornava especial, aquele fogo que nunca se apagava, sempre me desafiando.Mas Andrew… ele era diferente. Não havia drama, não havia tumulto. Ele era, na verdade, uma brisa suave, um equilíbrio perfeito que, à primeira vista, parecia muito simples, mas que se revelava cada vez mais complexo à medida que eu o conhecia.Ele era fácil de lidar. Tão fácil. Às vezes me pego pensando como é possível alguém ser tão tranquilo, tão simples, em meio a toda a correria do mundo, sem perder a profundidade. Andrew não precisava