O som dos tiros ecoava como trovões na noite escura. Beatriz apertou ainda mais a mão de Davi, sentindo o suor frio escorrer por sua nuca. O tempo parecia escorrer por seus dedos, e a respiração de Davi ficava mais fraca a cada segundo.— Segure firme, Davi. Não me deixe. — Ela sussurrou, seus olhos cheios de lágrimas que se recusavam a cair.A enfermeira trabalhava rapidamente, costurando a ferida aberta com precisão, mas o franzir de sua testa denunciava a gravidade da situação.— Ele está muito fraco. Se não conseguirmos sangue para ele logo, vai ser tarde demais. — Ela murmurou, limpando o excesso de sangue com as mãos trêmulas.Beatriz sentiu o desespero apertar seu peito. Ela não podia perder Davi. Não agora, não depois de tudo.Lá fora, o barulho dos tiros diminuiu. O silêncio que se seguiu foi ainda mais assustador. Fernando estava bem? Ou os inimigos haviam vencido?De repente, passos pesados ecoaram do lado de fora da cabana. Beatriz segurou a arma com as mãos trêmulas e se
A floresta os envolvia em sombras espessas, a única iluminação vinda das brasas distantes do que restara da cabana. O cheiro de fumaça ainda impregnava o ar, misturado ao odor metálico de sangue. Beatriz arfava, cada músculo de seu corpo gritando em protesto, mas ela se recusava a parar. O braço de Davi pesava em seus ombros, e ela sentia o esforço dele para se manter de pé.Fernando corria à frente, verificando o caminho, os olhos atentos para qualquer sinal de perigo. Eles tinham conseguido fugir da explosão, mas não estavam a salvo. Não ainda.— Quanto tempo até chegarmos a um lugar seguro? — Beatriz perguntou, sentindo sua garganta seca.— Não muito. Conheço uma caverna ao norte, podemos nos esconder lá até que possamos pensar em um plano. — Fernando respondeu, sem diminuir o ritmo.O som distante de passos e vozes interrompeu qualquer alívio momentâneo. Beatriz sentiu o estômago se revirar. Eles ainda estavam sendo seguidos.— Eles não vão desistir. — Davi murmurou com dificuldad
Beatriz e Fernando moviam-se rapidamente pela mata densa, carregando Davi entre eles. O corpo dele pesava como chumbo, cada passo um desafio. O som dos perseguidores não diminuía, e ela sabia que não tinham muito tempo antes de serem alcançados.A respiração ofegante de Fernando misturava-se com o chiado do vento entre as árvores. Ele olhou para Beatriz, o suor escorrendo por sua testa.— Temos que encontrar um esconderijo ou uma rota alternativa. Não vamos conseguir fugir assim por muito tempo. — Ele sussurrou.Beatriz olhou ao redor freneticamente. A lua alta no céu revelava um caminho estreito à frente, margeando um penhasco rochoso. Era arriscado, mas poderia ser sua única chance.— Por aqui! — Ela puxou Fernando pelo braço, guiando-os para a trilha apertada entre as pedras.O grupo avançou, tentando se mover sem chamar atenção. Davi soltou um gemido fraco quando seus pés arrastaram contra a terra dura, e Beatriz segurou sua mão com mais força, como se isso pudesse impedi-lo de se
Capítulo 65: Fuga na EscuridãoO pânico tentava tomar conta de Beatriz, mas ela não podia se dar ao luxo de fraquejar. O eco dos passos dos inimigos se espalhava pela floresta, enquanto os gritos davam ordens entre si. O cheiro de pólvora ainda pairava no ar após o disparo, e ela sabia que só tinha segundos antes que fossem descobertos.Ela puxou Davi para mais perto, seu corpo pesando contra o dela. Ele abriu os olhos por um instante, a febre ainda queimando sua pele.— Aguenta firme. — Beatriz sussurrou, sentindo o coração martelar contra as costelas.Fernando não estava ali para ajudá-los, e agora era tudo ou nada.Ela precisava sair da caverna antes que fossem encurralados.Apertando a arma nas mãos trêmulas, ela respirou fundo e tentou escutar os sons ao redor. Os homens estavam se espalhando, vasculhando o terreno. Isso era sua única vantagem.Beatriz lançou um olhar rápido para a saída alternativa – uma pequena passagem nas rochas, estreita o suficiente para que pudessem rastej
O silêncio da floresta era sufocante. O vento sacudia as copas das árvores, fazendo as sombras dançarem de forma ameaçadora. Beatriz manteve-se imóvel, cada músculo de seu corpo tenso, os olhos cravados no breu que se espalhava à sua frente. As sombras se moviam lentamente, quase como se testassem sua paciência.O coração dela martelava no peito, cada batida um lembrete de que estavam vulneráveis, expostos, fracos demais para outra fuga. Davi não tinha forças para se defender e Fernando não estava ali para ajudá-los. Era apenas ela, sozinha contra o desconhecido.Um galho estalou mais perto desta vez. Beatriz segurou a respiração e ergueu a arma, apontando-a na direção do som. Seus dedos estavam firmes, mas um suor frio escorria pela nuca. Ela sabia que se hesitasse, poderia ser o fim.De repente, um vulto emergiu da escuridão.Beatriz sentiu o corpo inteiro reagir, e seu dedo se moveu sobre o gatilho, pronta para disparar. Mas então, a luz pálida da lua revelou um rosto familiar.— F
A escuridão da floresta parecia mais densa a cada passo que Beatriz dava. O ar frio cortava sua pele, misturando-se ao suor que escorria por sua testa. Seu coração martelava no peito, não pelo esforço, mas pela tensão crescente. Cada folha que se movia, cada galho que estalava, parecia um aviso de que não estavam sozinhos.Davi pesava contra ela, o calor febril de seu corpo contrastando com o frio da noite. Fernando vinha logo atrás, arfando, seu ferimento cobrando seu preço. Eles estavam fracos, mas não podiam parar.Então, o silêncio se rompeu.Um assobio longo e sinistro cortou o ar.Beatriz parou abruptamente, sentindo um arrepio percorrer sua espinha. Fernando também congelou, seus olhos se movendo freneticamente ao redor. O som vinha de todas as direções, como se a floresta sussurrasse seu próprio aviso de morte.— Eles estão aqui. — Fernando murmurou, apertando a arma nas mãos trêmulas.O assobio se repetiu, dessa vez mais próximo. Era um jogo psicológico, uma caçada cruel onde
Beatriz sempre foi dedicada ao trabalho. Inteligente, eficiente e discreta, ela sabia que a posição de secretária-executiva na Bernardes Corporation não era fácil, mas nunca imaginou que sua vida viraria de cabeça para baixo com a chegada do novo CEO.Davi Bernardes era a definição de poder e frieza. Jovem, brilhante e implacável nos negócios, ele assumiu a presidência da empresa com um único objetivo: expandir os negócios da família. Sua reputação o precedia, e Beatriz logo percebeu que trabalhar para ele exigiria mais do que simples profissionalismo.Desde o primeiro encontro, uma tensão elétrica pairou entre eles. Davi era exigente, e Beatriz nunca se deixara intimidar. Mas havia algo nos olhos dele – um olhar predador, intenso, que a fazia sentir-se vulnerável.No entanto, Beatriz se recusava a ser apenas mais uma em sua lista de conquistas. Com uma postura firme, ela manteve-se profissional, mesmo quando Davi parecia testar seus limites, provocando-a com pequenas insinuações e de
O silêncio no quarto era denso. Beatriz tentava se concentrar em qualquer coisa que não fosse a presença avassaladora de Davi. Ele, por sua vez, parecia à vontade, sentado na poltrona com um copo de uísque nas mãos, observando-a.— Você está fugindo de mim, Beatriz. — Ele afirmou, sem rodeios.Ela ergueu o olhar, surpresa com a franqueza. — Estou apenas sendo profissional.Davi soltou uma risada baixa, descrente. — Profissional? E se eu disser que desejo mais do que isso? — Ele se levantou, aproximando-se lentamente.O coração de Beatriz disparou. Ela queria responder, dizer que aquilo era loucura, mas sua voz falhou. A tensão entre eles era palpável, e quando Davi parou a poucos centímetros dela, seus sentidos foram tomados pelo perfume amadeirado e pelo calor que emanava de seu corpo.— Se disser que pare, eu paro. — Sua voz era rouca, carregada de promessa.Beatriz sentiu a respiração acelerar. Sua mente gritava para fugir, mas seu corpo não obedecia. A razão dizia uma coisa, mas o