A escada rangia sob os passos cuidadosos de Beatriz. O cheiro de terra úmida e mofo invadiu suas narinas à medida que descia. Cada degrau parecia levá-la mais fundo em um lugar desconhecido e potencialmente perigoso. Fernando vinha logo atrás, ajudando a carregar Davi, enquanto Samuel guiava o caminho com passos firmes.As paredes de pedra do porão estavam cobertas por musgo, e tochas velhas estavam fixadas ao longo dos corredores estreitos. O ambiente parecia ter sido habitado há muito tempo, mas ainda assim possuía um ar de refúgio temporário.— Aqui. Coloquem-no sobre aquela mesa. — Samuel indicou, apontando para uma mesa improvisada no canto do espaço.Beatriz ajudou a deitar Davi cuidadosamente. Ele estava pálido, os lábios rachados pela febre, e seu peito subia e descia com esforço. O desespero cresceu dentro dela.— O que exatamente você tem que pode ajudá-lo? — Ela perguntou, sua voz carregada de desconfiança e urgência.Samuel abriu uma caixa de madeira e retirou um pequeno fr
O silêncio dentro do porão foi quebrado pelo som de passos pesados no andar de cima. Beatriz sentiu a tensão apertar seu peito como um ferro quente. O coração martelava em seu peito enquanto seus dedos se fechavam ao redor da arma. Fernando, ao seu lado, respirava com dificuldade, mas sua mão permanecia firme sobre o cabo da pistola. Davi continuava desacordado, alheio ao perigo crescente ao redor deles.Samuel subiu os primeiros degraus da escada, parando antes de abrir a porta. Ele olhou para Beatriz e Fernando uma última vez, como se quisesse garantir que estavam prontos para qualquer coisa.— Se eu não voltar em cinco minutos, corram. — Ele murmurou antes de girar a maçaneta e desaparecer.A porta se fechou atrás dele, e Beatriz prendeu a respiração. O som das vozes no andar de cima ficou mais claro. Palavras soltas chegavam até ela:— ...eles estão escondidos...— ...não podem ter sumido...— ...se tiverem algo de valor, é nosso...A raiva cresceu dentro de Beatriz. Não bastava e
A caminhada pelo vilarejo abandonado era um desafio. Cada passo era doloroso, cada sombra parecia esconder um novo perigo. O vento assobiava entre as construções em ruínas, carregando consigo um presságio inquietante. Beatriz sentia o peso de Davi contra si, o calor febril do corpo dele um lembrete constante de que estavam lutando contra o tempo.Samuel os guiava através de vielas estreitas, sua postura rígida e alerta. Ele conhecia aquele lugar melhor do que qualquer um, e Beatriz confiava que, se houvesse uma saída segura, ele a encontraria.Fernando arfava ao lado dela, sua resistência diminuindo a cada minuto. O ferimento em seu abdômen exigia descanso, algo que ele não podia ter.— Falta pouco. — Samuel murmurou, parando diante de uma construção semi-intacta.Era uma antiga igreja, suas paredes de pedra desgastadas pelo tempo. As grandes portas de madeira estavam entreabertas, e o interior era escuro, mas oferecia abrigo.Beatriz e Fernando arrastaram Davi para dentro. O cheiro d
Oi, leitora!Se você chegou até aqui, quero te agradecer do fundo do meu coração por ter lido essa história. Cada palavra foi escrita com muito amor, e saber que você dedicou seu tempo para acompanhar esse livro significa o mundo para mim.Mas agora eu preciso de você! Seu feedback é muito importante para mim, então, por favor, deixe um comentário me contando o que achou da história. Qual foi sua parte favorita? Qual personagem te conquistou? Seu apoio e suas palavras me motivam a continuar escrevendo.E se você gostou do livro, me siga no I*******m (@tiellibooks) para ficar por dentro das próximas histórias, novidades e interagir comigo! Eu adoro conversar com vocês e compartilhar um pouquinho mais do meu mundo literário.Por fim, se essa história te tocou de alguma forma, compartilhe com outras pessoas. Indicar um livro para uma amiga é um dos maiores elogios que uma autora pode receber!Obrigada por estar aqui. Espero te ver na próxima história!Com carinho, Natielen Amélia
Os passos eram quase imperceptíveis, mas Beatriz sabia que estavam lá. O frio da madrugada cortava sua pele, mas o gelo em sua espinha vinha do medo crescente. A cada passo que davam, a presença invisível atrás deles ficava mais próxima.Samuel fez um sinal com a mão, indicando que todos parassem. Beatriz segurou Davi com mais força, sentindo o peso dele contra seu corpo. Fernando respirava pesadamente ao seu lado, cada movimento uma luta contra a dor.Então, o silêncio foi quebrado.Um estalo alto ressoou na escuridão, e antes que pudessem reagir, algo se moveu rapidamente entre as árvores. Um vulto indistinto disparou em sua direção, e Samuel girou a faca em um reflexo instintivo, atingindo o ar vazio.— Corram! — Ele ordenou, puxando sua arma.Beatriz não hesitou. Agar
O tempo parecia não avançar dentro da cabana. Beatriz sentava-se ao lado da cama, segurando a mão de Davi com força, como se aquele toque fosse o único elo entre ele e a vida. O som da água fervendo no fogão a lenha se misturava ao murmúrio baixo de Helena, que triturava ervas em uma tigela de barro.Fernando, ainda pálido e visivelmente esgotado, sentou-se no canto do cômodo, observando Helena com desconfiança.— Ele vai sobreviver? — Sua voz era rouca, carregada de preocupação.Helena não respondeu de imediato. Pegou um pano limpo, mergulhou-o no líquido escuro que preparara e o pressionou contra o ferimento de Davi. O cheiro forte de ervas tomou o ar, fazendo Beatriz sentir uma leve tontura.— Se a febre não baixar, não há muito que eu possa fazer. — Helena finalmente respondeu, sem desviar os olhos do rapaz desacordado. — Mas se ele lutar, talvez tenha uma chance.Beatriz engoliu em seco. Ela sabia que Davi era forte, mas até os mais resistentes tinham seus limites. O peso do medo
O silêncio dentro da cabana era quase tão pesado quanto a escuridão que pairava do lado de fora. O cheiro de pólvora e sangue impregnava o ar, misturado ao suor e ao cansaço que pesava sobre cada um deles. Beatriz ainda segurava a mão de Davi, sentindo a temperatura fria de sua pele contrastar com o calor febril que ainda o dominava.Samuel gemia baixinho, pressionando um pedaço de tecido sobre o ferimento em seu ombro. Fernando estava encostado na parede, a arma ainda firme em sua mão, mesmo que seus olhos piscassem em exaustão. Helena terminava de verificar os corpos caídos, recolhendo qualquer coisa que pudesse ser útil — munição, facas, suprimentos.— Eles vão voltar. — A voz de Helena cortou o silêncio. — E virão em maior número.Beatriz fechou os olhos por um momento, sentindo o peso das palavras. Era óbvio. Aquela batalha não havia sido uma vitória, apenas um aviso. Os inimigos agora sabiam onde estavam. Sabiam que não desistiriam sem lutar.— Precisamos sair daqui. — Samuel mu
O estampido do tiro cortou a escuridão, seguido por um grito abafado. O primeiro inimigo caía, mas o silêncio que veio depois foi ainda mais aterrorizante. Beatriz sentiu o coração acelerar, suas mãos suadas apertando a arma com força. O verdadeiro ataque ainda estava por vir.Helena se moveu rapidamente para a janela, espiando através das frestas de madeira.— Eles se espalharam. Estão tentando nos cercar. — Sua voz era tensa, mas controlada.Fernando engoliu seco, carregando sua espingarda.— Precisamos impedi-los de entrar. Se tomarem a cabana, estamos mortos. — Ele disse, sua voz carregada de cansaço e determinação.Samuel pegou um coquetel molotov improvisado, acendendo o pavio com calma mortal.— Então não vamos esperar. — Ele disse, antes de lançar a garrafa em direção à floresta.O vidro se estilhaçou ao tocar o chão, e em um instante, o fogo se espalhou entre os arbustos secos. As chamas iluminaram as sombras, revelando pelo menos cinco homens armados se movendo furtivamente.