— ... Lana...? Abro os olhos, assustada, acabei adormecendo na poltrona. "Devo estar sonhando." — é o meu pensamento. Olho ao redor e lembro-me que estou no hospital, no quarto onde Vicente está internado — que a propósito, não é um quarto particular, mas não está sendo dividido com outro paciente. Apesar do quarto escuro sendo iluminado apenas por um abajur, tenho a impressão de ver Vicente com os olhos abertos. — Vicente? — chamo, com tom de dúvida. — Você veio. — escuto Vicente dizer, sua voz é quase um sussurro. Levanto-me rapidamente e aproximo-me: — Sim, eu vim. Nossos olhares se encontram, apesar de um semblante confuso, noto uma mistura de alegria e surpresa no olhar de Vicente. Seu olhar desce para a minha enorme barriga. — Estou sonhando? — Vicente pergunta e estende uma das mãos para tocar a minha barriga. — Não, não está. — respondo, mordendo o lábio inferior. — Ultimamente eu ficava feliz quando sonhava com você, mas agora é um alívio não ser um sonho. — Vic
..... MAIS TARDE .....Ficar esperando pelo médico dar alta para o Vicente está me deixando inquieta, o hospital não é um local agradável.Recebi ligações dos meus pais e amigos próximos, como a Chef Sophia para saber o estado de Vicente."No final, foi apenas um susto." — é o meu pensamento de alívio.Como passatempo, estamos assistindo um seriado na TV disponível do quarto.— Com licença? — a porta se abre e revela ser o Cosme.— E aí, mano? — Vicente se ajeita na cama, ficando sentado.— Lana. — Cosme me cumprimenta com aceno.— Boa tarde, Cosme. — respondo ao cumprimento.— Como está se sentindo, Vicente? — Cosme pergunta-lhe.— Ainda estou dolorido... — Vicente faz uma careta.— Você deu o maior susto, hein? — Cosme afirma.— Coloque susto nisso. — concordo.— Valeu, Cosme, por me acompanhar aqui. — Vicente agradece — Por avisar a Lana do ocorrido... — ele continua — Eu nem vi mais o meu celular depois do acidente.— Seu celular já era. — Cosme avisa — E o carro deu perda total t
..... DIA SEGUINTE ..... Enquanto o café da manhã está servido a mesa, fico tentada a quebrar o silêncio com Vicente. "Não é justo eu ter mandado ele estar distante de mim e agora eu tentar uma aproximação como se nada tivesse mudado entre nós." — penso. Meus olhos vão para o Vicente, o qual está entretido em seu café. "Eu fui muito dura com o Vicente, talvez ele não sinta mais sentimento algum por mim." — outro pensamento invade a minha mente. — Drog@... — resmungo. — Oi? — Vicente olha-me. Levanto o olhar para o rapaz. — Disse algo? — Vicente pergunta-me. — Não... — nego rapidamente. — Ok. Me remexo na cadeira na tentativa de encontrar uma posição mais confortável, então decido deixar os questionamentos de lado. — Você está muito calado desde que saiu do hospital. — falo por fim. Evito enrolar na conversa para não acabar desistindo de perguntar a Vicente o que está havendo. Agora não tem mais volta. — Estou, é? — Sim, muito calado. — continuo — Você está bem? Os pr
.... NAQUELE DIA — ANOITECEU ..... Uso o meu celular como entretenimento, pois não consegui deitar para dormir devido a falta de ar. Esta não é a primeira vez que ocorre este desconforto e meu desejo é que esta fase passe logo — outro assunto que me deixa inquieta, pois para isso acontecer o bebê vai ter que nascer... Escuto uma batida na porta e logo em seguida, é aberta e Vicente entra no quarto. — Lana, você está bem? — Vicente pergunta-me, preocupado — Eu vi a luz acesa e pensei que algo estava errado. — Estou bem, Vicente. Só não consigo dormir. — explico — Quando deito-me, estou a sentir fadiga e falta de ar. — É o bebê? Ele está dando trabalho? — Vicente se aproxima da cama. — Sim, ele está se movendo muito. — falo, em seguida volto a sentir os movimentos do bebê — Ah, espera... Ele está se movendo agora. Noto um brilho de curiosidade no olhar de Vicente e então, ele pede: — Posso sentir? — Claro. — sorrio. Levanto o tecido da camisola para expor a minha barriga, Vi
..... DOIS MESES DEPOIS .....Como o tempo tem passado rápido, as últimas semanas têm sido uma correria com os preparativos para receber o Hugo. Enquanto o Vicente está em casa, temos preparado o quarto do bebê — se dependesse de mim teria contratado uma decoradora para a organização do quarto, mas o Vicente insistiu no assunto de nós ficarmos responsáveis por isso — e tenho que admitir que tem sido divertido, além de tornar a espera para conhecer o Hugo impaciente.A organização do enxoval gerou diversos momentos, como o Vicente tentando montar o berço, enquanto eu tentava ajudá-lo com as instruções: — .... Agora você precisa... hum... girar a coisa... não, não, a outra coisa! — falo atrapalhada.— Qual coisa? — Vicente olha-me confuso.— Ah, você sabe, a coisa que faz a outra coisa funcionar! — começo a rir.— Eu acho que você está me confundindo de propósito! — Vicente se ajunta a mim na risada.Ou então, quando o Vicente pegou um livro de histórias infantis e começou a ler em
Fizemos a refeição juntos, com o uso de poucas palavras. Ao terminarmos, o garçom vem retirar os pratos e avisa que logo a sobremesa será servida. Decido dar continuidade da conversa, agora perguntando algo que já devia ter perguntado muito antes: — Vicente, você parece ter muitas experiências para alguém... relativamente jovem... — faço pequenas pausas para encontrar as melhores palavras para fazer a seguinte pergunta — Quantos anos você tem? — Tenho vinte e oito anos, ainda estou descobrindo o mundo. — Vicente responde com um sorriso. Eu tinha razão! O Vicente é jovem, não tem nem trinta anos. Onde eu estava com a cabeça para dar atenção a um rapaz com esta idade?! Sei que fiz algumas caretas de surpresa e decepção ao ouvir a resposta dele, ajeito-me na cadeira para transparecer estar bem. — Você... É muito jovem. — é difícil esconder o desconforto na voz. — Isso importa? — é a primeira vez que sinto ironia na voz do rapaz. — Não... Não deveria. — falo com hesitação. Vice
LANA Enfim, a sala de reuniões é deixada pelos gestores e posso sentar-me em uma das cadeiras. Com esse movimento, os meus músculos relaxam e solto um longo suspiro de alegria. A última reunião da semana com os gestores sobre o desempenho financeiro da empresa. Apresentei os dados financeiros como: balanços, demonstrativos de resultados e identificar riscos financeiros. Todos saíram satisfeitos. Apesar dos anos de experiências na área, admito que o nervosismo sempre está presente nestas reuniões. A atitude de relaxar sozinha na sala de reuniões após cumprimentar todos os colaboradores é um rito particular. ..... No caminho de volta para a minha sala, tenho a infelicidade de encontrar Eduardo, o encarregado pelo setor de produção, vindo no caminho oposto. — Senhorinha Lana. — Eduardo sorri ironicamente — Surpreende-me que ainda esteja aqui, ao invés de sua sala, a reunião já se encerrou tem trinta minutos. — Eduardo, o que você quer? — mantenho a postura e o tom de voz
Escuto uma batida na porta, em seguida a mesma é aberta revelando a presença de Ágatha, a tesoureira da empresa. — Bom dia, Lana! — Ágatha abre um sorriso. — Bom dia, Ágatha! — retribuo o sorriso. A tesoureira é uma mulher de meia-idade muito calorosa e gentil. — Vim ver se você já revisou os contratos e acordos financeiros da semana passada. — Ágatha informa o motivo de sua visita. — Já sim, na verdade, iria pedir para levarem em sua sala daqui a pouco. — conto. — Que gentileza, porém, estou precisando destes contratos, por isso a pressa. — ela se explica — Como esta é a sua última semana antes de se ausentar, não quero que nada fique pendente. — Entendo. Estou com este intuito também. — afirmo. Estendo os muitíssimos papéis de nossos clientes para a mulher que caminha até a minha mesa e sorri: — Obrigada, Lana. Faço um movimento de agradecimento com a cabeça e volto a atenção para o meu monitor. Sem mais de longas, a Ágatha pede licença e se retira da sala.