..... UM MÊS DEPOIS .... — Obrigado, pessoal — agradeço, após abraçar cada membro da equipe — Isso significa muito para mim. Sinto-me honrado em ter uma despedida feita pelos amigos que fiz durante os meus seis meses de mentoria do bistrô francês, com direito às garrafas de champanhe acompanhado de votos de saúde e sucesso. Despeço-me deles e vou encontrar a Chef Sophia, a qual desapareceu após a festa de despedida. Vou até o seu escritório no piso superior do salão do bistrô francês, bato na porta e adentro a sala. — Chef Sophia, eu vim me despedir — digo ao vê-la sentada em sua cadeira. A Chef Sophia olha-me com um sorriso caloroso. — Ah, Vicente, é hora de você seguir em frente — disse ela. — Eu estou muito orgulhosa de você e do que você conquistou aqui. Sorrio em gratidão pela oportunidade que a Chef Sophia havia lhe oferecido. — Obrigado, Chef Sophia. — agradeço — Eu nunca vou esquecer o que você fez por mim. — Você sabe que precisa agradecer outra pessoa. — ela dá uma
..... DIA SEGUINTE — SÁBADO ..... Quando a Lana me recebe em sua casa, sua expressão é neutra. — O que você quer? — perguntou ela. Admito que eu nutria esperança de que a reação de Lana seria de êxtase ao me ver, após semanas distantes. Mas a realidade é como um tapa na cara. — Eu vim te avisar que eu estou indo embora por um tempo. — conto. Lana levanta uma sobrancelha: — Onde você vai? — Eu vou para a minha cidade natal. Eu tenho alguns assuntos para resolver lá. — respondo. Lana olha-me com uma expressão de desinteresse. — E por que você está me contando isso? — perguntou ela. Creio que não consegui esconder a expressão de mágoa pela reação de Lana. — Eu queria que você soubesse — falo — Eu não sei quanto tempo eu vou ficar fora, mas eu queria que você soubesse que eu estou pensando em você e no... — hesito por um momento antes de continuar — ...no nosso filho. Os meus olhos descem para barriga que está começando a ficar visível apesar da camiseta larga que Lana usa. L
Fizemos a refeição juntos, com o uso de poucas palavras. Ao terminarmos, o garçom vem retirar os pratos e avisa que logo a sobremesa será servida. Decido dar continuidade da conversa, agora perguntando algo que já devia ter perguntado muito antes: — Vicente, você parece ter muitas experiências para alguém... relativamente jovem... — faço pequenas pausas para encontrar as melhores palavras para fazer a seguinte pergunta — Quantos anos você tem? — Tenho vinte e oito anos, ainda estou descobrindo o mundo. — Vicente responde com um sorriso. Eu tinha razão! O Vicente é jovem, não tem nem trinta anos. Onde eu estava com a cabeça para dar atenção a um rapaz com esta idade?! Sei que fiz algumas caretas de surpresa e decepção ao ouvir a resposta dele, ajeito-me na cadeira para transparecer estar bem. — Você... É muito jovem. — é difícil esconder o desconforto na voz. — Isso importa? — é a primeira vez que sinto ironia na voz do rapaz. — Não... Não deveria. — falo com hesitação. Vice
LANA Enfim, a sala de reuniões é deixada pelos gestores e posso sentar-me em uma das cadeiras. Com esse movimento, os meus músculos relaxam e solto um longo suspiro de alegria. A última reunião da semana com os gestores sobre o desempenho financeiro da empresa. Apresentei os dados financeiros como: balanços, demonstrativos de resultados e identificar riscos financeiros. Todos saíram satisfeitos. Apesar dos anos de experiências na área, admito que o nervosismo sempre está presente nestas reuniões. A atitude de relaxar sozinha na sala de reuniões após cumprimentar todos os colaboradores é um rito particular. ..... No caminho de volta para a minha sala, tenho a infelicidade de encontrar Eduardo, o encarregado pelo setor de produção, vindo no caminho oposto. — Senhorinha Lana. — Eduardo sorri ironicamente — Surpreende-me que ainda esteja aqui, ao invés de sua sala, a reunião já se encerrou tem trinta minutos. — Eduardo, o que você quer? — mantenho a postura e o tom de voz
Escuto uma batida na porta, em seguida a mesma é aberta revelando a presença de Ágatha, a tesoureira da empresa. — Bom dia, Lana! — Ágatha abre um sorriso. — Bom dia, Ágatha! — retribuo o sorriso. A tesoureira é uma mulher de meia-idade muito calorosa e gentil. — Vim ver se você já revisou os contratos e acordos financeiros da semana passada. — Ágatha informa o motivo de sua visita. — Já sim, na verdade, iria pedir para levarem em sua sala daqui a pouco. — conto. — Que gentileza, porém, estou precisando destes contratos, por isso a pressa. — ela se explica — Como esta é a sua última semana antes de se ausentar, não quero que nada fique pendente. — Entendo. Estou com este intuito também. — afirmo. Estendo os muitíssimos papéis de nossos clientes para a mulher que caminha até a minha mesa e sorri: — Obrigada, Lana. Faço um movimento de agradecimento com a cabeça e volto a atenção para o meu monitor. Sem mais de longas, a Ágatha pede licença e se retira da sala.
..... ALGUNS DIAS DEPOIS ..... Não sou alguém de ter muitos passatempos, os últimos anos tenho estado concentrada em meu trabalho e não tive tempo para desenvolver lazeres, mas algo que não negocio é ir à casa da minha mãe e aproveitar o tempo juntas, é claro acompanha da minha irmã gêmea fraterna, Luna. De gêmeas, apenas a gestação mesmo, pois a Luna e eu somos totalmente diferentes. Durante o café da tarde, servido na sala de visitas, estou confortavelmente sentado em um dos sofás com uma xícara de chá enquanto a minha irmã Luna escolheu a poltrona. — Obrigada, mãe. — Luna agradece quando a nossa mãe, Maria Helena, entrega um generoso pedaço de bolo. — Lana, você precisa casar e ter filhos. — a minha mãe diz de forma inesperada ao se sentar ao meu lado no sofá. — Como? — pisco algumas vezes — Como a conversa chegou neste assunto mesmo? — A mãe não espera cerimônias para começar assuntos embaraçosos, Lana. — Luna lembra, seu olhar é de diversão. — Você precisa formar
..... DOIS DIAS DEPOIS — DOMINGO ..... Solto outro suspiro de tranquilidade, enquanto tomo o meu café matinal na varanda do apartamento, apreciando o dia ensolarado. A viagem não foi tão longa, se eu fosse dirigindo de carro levaria em torno de 3 horas para chegar, mas de avião foi uma economia de tempo. Ainda assim, ao fazer o check-in no hotel, fui para o apartamento e dormi até o dia seguinte. ✓ Colocar o sono em dia. Pedi o serviço de quarto nesta manhã para poder tomar o café matinal sozinha, ao invés de me juntar aos demais hóspedes no salão. Há uma particular peculiaridade minha que prefere lugares reservados e estar sozinha, não me admira ter poucos amigos. Quando a empresa onde trabalho aprovou o meu período de um mês afastada do trabalho, pensei em procurar por um hotel fazenda para ter a paz do campo. Porém, não seria proveitoso para mim no quesito lazer, pois não sinto vontade alguma de interagir com os demais hóspedes nas atividades propostas por estes ho
Deixo o celular de lado após tirar algumas fotos e viro-me para ver quem é o homem que está insistindo em puxar assunto comigo. Ao meu lado está um homem alto, — os meus olhos estão na altura de seus ombros — vestido com um dólmã, o cabelo está escondido em uma bandana e a sua atenção está no “stand”. — Não sou muito fã de comida de rua. — conto. A sua atenção se volta para mim e agora, os seus olhos verdes me fitam, a propósito, lindos olhos verdes. — Não há com o que se preocupar, a vigilância sanitária é bem rigorosa aqui. — o homem afirma. — Que bom! — é o que digo — Você é o chefe neste “stand”? — pergunto. — Na verdade, estou apenas assistindo a um amigo chefe preparar o seu prato. — o rapaz conta, ele faz um movimento com a cabeça para cumprimentar o outro chefe e o mesmo corresponde ao gesto. — Interessante. — é o que digo. A olhar pela aparência do rapaz, percebo que ele deve ter menos que trinta anos. Uma pena, tão novinho. "Pare de se encantar por um estranho!" —