A sala do consultório estava iluminada por uma luz suave e acolhedora, criando um ambiente de calma enquanto Laura e Daniel aguardavam ansiosamente o próximo momento decisivo. Era o dia da ultrassonografia, e a expectativa de saber mais sobre os bebês gêmeos crescia a cada segundo. Sentados lado a lado, de mãos entrelaçadas, os dois compartilhavam uma mistura de ansiedade e felicidade.A médica entrou com seu sorriso habitual, tranquilizando o casal.— Prontos para conhecer mais sobre os pequenos? — perguntou ela, já se aproximando da máquina de ultrassom.Laura se deitou, e o gel frio foi aplicado sobre sua barriga. Daniel se inclinou, fixando os olhos na tela, enquanto o som rítmico dos batimentos cardíacos dos gêmeos preencheu o ambiente. A sala parecia vibrar com a expectativa.— Aqui estão eles — disse a médica, apontando para a tela. — Um menino... e uma menina!O coração de Laura disparou. Um menino e uma menina! Ela e Daniel se entreolharam, os olhos cheios de surpresa e alegr
O sol já estava alto quando Ana estacionou o carro em frente à casa de Laura e Daniel. Tinha acabado de voltar de São Paulo, onde havia resolvido os últimos detalhes da venda da antiga fazenda da família. A viagem tinha sido longa, e o processo de documentação mais complicado do que esperava, mas finalmente, estava de volta ao lugar onde seu coração verdadeiramente pertencia: junto de sua família.Ao descer do carro, Ana observou o jardim bem cuidado e a fachada da casa, que parecia mais viva do que nunca. Sabia que, nos últimos meses, tudo tinha mudado para Laura e Daniel. A notícia da chegada dos gêmeos trouxe uma energia nova para todos, e agora que os bebês estavam prestes a nascer, Ana estava determinada a oferecer todo o apoio possível.Assim que entrou na casa, Ana foi recebida por Laura com um abraço caloroso. Laura, embora visivelmente cansada com o avançar da gestação, exalava felicidade. O brilho em seus olhos refletia o amor e a expectativa que carregava por Leonardo e Le
A rotina universitária de Lucas começava a pesar mais do que ele imaginava. As aulas de Fisioterapia eram intensas, cheias de detalhes técnicos e práticas que exigiam total dedicação. No início, o entusiasmo de estar finalmente na universidade o mantinha motivado, mas com o passar dos meses, a carga de responsabilidades aumentava, e a pressão começou a se acumular. Os trabalhos e provas se tornavam cada vez mais exigentes, e Lucas sentia que o tempo disponível para ele mesmo, para os amigos e até para a família estava ficando cada vez menor.O primeiro semestre passou voando, e Lucas se viu mergulhado nas matérias mais densas. Anatomia e Fisiologia ocupavam grande parte de seu tempo, e, mesmo gostando das disciplinas, ele começava a sentir o peso de conciliar tudo: as horas de estudo, as aulas práticas e o tempo que passava no laboratório. Sua relação com Jade, que também estava focada nos estudos de Medicina, estava ficando cada vez mais distante, já que ambos mal tinham tempo livre
Lucas estava tenso ao sair da aula naquele dia. As palavras e cobranças do professor, Dr. Martins, ecoavam em sua mente. Ele não conseguia entender como o professor tinha implicado com ele logo nos primeiros dias de aula. “É só por causa do meu sobrenome”, pensava. Aquele homem parecia determinado a provar que o filho do juiz Rossi não teria tratamento especial.Naquela tarde, encontrou-se com Jade no café perto da universidade. O sorriso dela sempre conseguia aliviar a tensão em seus ombros, mas, naquele momento, ele sabia que precisava desabafar. Depois de pedir um café, Lucas contou tudo o que estava acontecendo.— Esse cara me persegue, Jade. Já são três trabalhos que ele me deu notas baixas sem qualquer explicação. Eu não consigo mais aguentar isso. — Lucas suspirou, esfregando as mãos na testa em frustração.Jade ouviu com atenção, o rosto sério. — Dr. Martins? — Ela perguntou, e Lucas assentiu. — Eu conheço ele. Ele foi meu professor no primeiro semestre de Medicina. É um homem
Era uma manhã ensolarada quando Ana, recém-chegada de São Paulo, decidiu ir à praça do bairro para caminhar e respirar um pouco de ar fresco. Depois das últimas semanas intensas, onde havia resolvido os detalhes da venda da fazenda da família, ela sentia a necessidade de desacelerar. Laura estava cada vez mais envolvida com a chegada dos bebês, e Ana já começava a planejar como ajudaria a nora nos primeiros meses de vida dos gêmeos.Durante sua caminhada, Ana avistou um homem sentado em um dos bancos da praça. Ele tinha cabelos grisalhos e tinha uma expressão serena no rosto enquanto lia o jornal. Ana passou por ele algumas vezes, e, em uma dessas passadas, o homem a cumprimentou com um sorriso.— Bom dia! — ele disse, com uma voz suave, porém firme.— Bom dia! — respondeu Ana, educadamente.Nos dias seguintes, a cena se repetiu. Ana passava pela praça durante suas caminhadas matinais e, invariavelmente, encontrava o homem sentado no mesmo banco, lendo o jornal. Um dia, enquanto o sol
Era uma noite tranquila na casa de Laura e Daniel. O jantar já havia sido servido, e os dois estavam na sala, descansando após um dia longo. Laura, porém, sentia que era o momento ideal para tocar em um assunto delicado que vinha adiando há alguns dias. Observando Daniel sentado no sofá, distraído com o noticiário na televisão, ela suspirou profundamente antes de se sentar ao seu lado.— Daniel, precisamos conversar — ela começou, a voz suave, mas séria o suficiente para que ele soubesse que algo importante estava por vir.Daniel abaixou o volume da TV e olhou para Laura, curioso.— Sobre o quê?Laura hesitou por um momento, escolhendo bem as palavras. Não queria pressioná-lo, mas sabia que a situação entre ele e Ana não podia continuar daquele jeito.— É sobre sua mãe. E o Antônio — disse ela calmamente, observando a reação imediata de Daniel, que franziu a testa e desviou o olhar.— Laura, eu já disse, estou tentando lidar com isso. Só que... é complicado para mim.— Eu sei que é, D
A madrugada estava silenciosa quando Laura acordou sentindo uma leve pontada no abdômen. Inicialmente, pensou que era apenas mais um desconforto comum da gravidez. Afinal, nas últimas semanas, os gêmeos haviam se movimentado bastante, e as noites de sono eram frequentemente interrompidas por chutes e viradas. Contudo, dessa vez, a sensação era diferente.Ela se levantou com cuidado, tentando não despertar Daniel, que dormia profundamente ao seu lado. Caminhou até a cozinha, bebeu um copo de água e voltou para o quarto. No entanto, ao se deitar novamente, outra pontada, e sentiu que estava toda molhada, a bolsa tinha rompido. Tinha certeza que o momento chegara, Laura olhou para o relógio: 2h45 da manhã.— Daniel… — ela chamou, e contou que estava com dor e estava toda molhada.Daniel deu um pulo da cama e perguntou:— Está na hora? — indagou, já preocupado.— Sim — disse Laura, com um misto de nervosismo e expressão de dor.Daniel correu para pegar a mala que já estava preparada há di
Laura olhou pela janela do carro enquanto Daniel dirigia calmamente pelas ruas a caminho de casa. Letícia e Leonardo estavam seguros, cada um em sua cadeirinha própria, dormindo tranquilamente. Ana os aguardava em casa, já com tudo preparado para a chegada dos netos. Apesar da serenidade do momento, a mente de Laura estava a mil. A emoção de finalmente estar indo para casa com os gêmeos misturava-se com uma crescente preocupação: como seria a vida a partir de agora?Ao chegarem, Daniel estacionou o carro cuidadosamente em frente à casa. O portão já estava entreaberto, uma cortesia de Emily, que tinha passado por lá mais cedo para garantir que tudo estivesse pronto para receber os novos moradores. A casa estava organizada, os berços montados, e um lindo buquê de flores, presente de Emily para dar as boas-vindas aos gêmeos, enfeitava a sala.— Pronto, chegamos — disse Daniel com um sorriso largo, saindo do carro e abrindo a porta para Laura. Ele tirou Letícia da cadeirinha com cuidado,