Encontro às Cegas
Encontro às Cegas
Por: Simone Tissot
Laura e Daniel

Laura

Laura acordou cedo, como fazia todos os dias, com o som insistente do despertador. Ela tinha criado o hábito de acordar às seis da manhã, que fazia parte de sua rotina apertada para poder encaixar todas as atividades do seu dia. Seu apartamento no centro de São Paulo estava decorado elegantemente no estilo minimalista, refletindo sua personalidade organizada e focada.

Ela tomou um banho rápido, usou um terninho impecável e amarrou o cabelo em um coque elaborado. Para o café da manhã, um detox verde e torradas integrais. Enquanto ela se sentava à mesa enquanto verificando e-mails em seu telefone, revisando mentalmente o que precisava ser feito naquele dia.

Laura é uma executiva de marketing da agência de publicidade mais prestigiada da cidade. Tendo construído uma carreira e posição com a empresa, ela se tornou extremamente bem-sucedida graças aos seus talentos e trabalho duro. No entanto, nem tudo é brilhante em relação à vida amorosa de Laura, assim como é sobre sua carreira; depois de passar por muitos desgostos, ela se excluiu completamente do amor concentrando todas as energias no trabalho.

No caminho para o trabalho, Laura sentiu as borboletas habituais no estômago pensando na importante apresentação que ela teria esta manhã. Uma nova campanha publicitária para um cliente internacional exigiu o máximo desempenho deles.

No trânsito, sua mente viajava para o tempo em que ainda acreditava no amor. Era sempre um pensamento fugaz, rapidamente afastado pela lembrança das decepções passadas.

No escritório, Laura foi recebida com sorrisos e cumprimentos de seus colegas. Emily, sua colega otimista e romântica incurável, veio ao seu encontro com uma xícara de café extra forte.

“Bom dia, Laura! Pronta para arrasar na apresentação?” Emily perguntou, seu entusiasmo contagiante.

Laura sorriu, apreciando o apoio da amiga. “Sempre pronta, Emily. Vamos fazer isso acontecer.”

A reunião foi um sucesso. Laura comandou a sala com confiança e clareza, conquistando a aprovação do cliente e os elogios de seus superiores. Quando tudo terminou, um alívio a percorreu, mas também uma pontada de solidão. O trabalho lhe trazia satisfação, mas não preenchia completamente o vazio deixado pelas relações falhadas.

Daniel

Enquanto isso, do outro lado da cidade, Daniel estava acordando para mais um dia de desafios. O despertador tocou, e ele suspirou ao se levantar. Sua casa, localizada em um bairro tranquilo, tinha uma atmosfera acolhedora, mas um ar de melancolia ainda pairava no ar desde que sua esposa falecera. Ele estava agora focado em reconstruir sua vida e cuidar do filho adolescente, Lucas.

Daniel, um advogado, estava tentando se adaptar à nova rotina de pai solteiro. A morte de sua esposa havia sido devastadora, deixando cicatrizes emocionais em ambos. Lucas, um menino adolescente, estava passando por dificuldades na escola e problemas de relacionamento.

“Lucas, hora de levantar!”, chamou Daniel, batendo na porta do quarto do filho.

“Já estou indo, pai”, respondeu Lucas, embora sua voz deixasse claro que ele não estava nem um pouco animado para enfrentar o dia.

Daniel desceu para a cozinha, preparando um café simples enquanto organizava mentalmente suas tarefas. Ele sabia que precisava ser forte e presente para Lucas, mas a carga emocional da perda ainda pesava. Como advogado, ele estava habituado a lidar com problemas, mas nada o preparara para os desafios da vida pessoal.

A caminho do escritório, Daniel refletia sobre o rumo de sua vida. Ele amava seu trabalho e era bom no que fazia, mas sentia falta de algo mais. Havia um vazio deixado pela ausência de uma parceira, alguém com quem pudesse compartilhar suas vitórias e derrotas.

No escritório, ele foi recebido pelos colegas com um misto de respeito e simpatia. Sabiam que ele estava passando por um momento difícil, mas admiravam sua capacidade de seguir em frente. Seu chefe, sempre direto, entrou em sua sala.

“Daniel, temos um caso complicado hoje. Precisamos de toda a sua expertise.”

“Pode deixar, estou pronto”, respondeu Daniel, colocando um sorriso confiante no rosto, mesmo que por dentro ainda estivesse se recuperando das dores do passado.

Ao longo do dia, ele mergulhou nos casos legais, encontrando no trabalho uma fuga momentânea das questões pessoais. Mas sempre havia momentos em que a realidade voltava com força, especialmente quando pensava em Lucas e na necessidade de ser um bom pai.

Encontro Acidental

Naquela mesma noite, Daniel esbarrou com Laura por acaso em um café no centro de São Paulo. Ela estava segurando um copo de café e, em um momento de distração, acabou derrubando o líquido na blusa de Daniel.

"Meu Deus, me desculpe!" Laura exclamou, apressando-se a pegar guardanapos para limpar a bagunça. "Eu não vi você, sinto muito!"

Daniel, surpreso mas não irritado, deu um sorriso compreensivo. "Não foi nada. Acontece. Eu sei que não foi intencional."

Enquanto Laura continuava a pedir desculpas, Megan observava a cena do outro lado do café, mal contendo um sorriso. Elas estavam ali para uma reunião informal, e Megan não perdeu tempo em provocar.

"Ei, Laura, que entrada triunfal! Já fez uma nova amizade, pelo jeito."

Laura riu, um pouco embaraçada, mas aliviada pela reação tranquila de Daniel. "Essa é a Megan, minha amiga que adora ver graça em tudo."

"Prazer em conhecê-lo," Megan disse, acenando animadamente.

"Prazer é meu," Daniel respondeu, ainda sorrindo. "Bom, acho que vou pegar um cappuccino agora para substituir o café perdido."

Enquanto ele se afastava para o balcão, Laura e Megan se sentaram, ainda rindo do incidente. Megan, sempre observadora, notou o olhar de Laura seguindo Daniel e comentou: "Ele parece ser um cara legal."

Laura, ainda um pouco vermelha, concordou. "Sim, parece. Foi um jeito interessante de terminar o dia."

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