No dia seguinte acordo tarde, onze horas. Lembro-me dos últimos acontecimentos e sou obrigada a admitir o meu fracasso. Said me tem em suas mãos.
É detestável admitir, mas não sou imune a atração que ele exerce sobre mim. E o pior, ele está me afetando sentimentalmente. Eu estou pensando muito nele, e fico triste quando ele fica desapontado comigo e me sinto péssima mentindo a ele, demonstrando uma pessoa que não sou. Isso agora tem me preocupa.Triste coloco meu caftan branco e calço os chinelos. Zafira entra no meu quarto.—Said me disse ontem à noite que era sua folga, por isso não te chamei. Ele disse para eu pegar as roupas com você.Droga! Ele não se esqueceu! Eu tenho que me desfazer delas.Zafira fica me olhando enquanto eu, com raiva, retiro as roupas do guarda-roupa e jogo-as no chão.Toco com as mãos um vestido que me custPor um momento, eu fico sem saber o que dizer, meu coração se aperta no meu peito. Eu baixo a minha cabeça para fugir daqueles olhos hostis.— Com licença, não posso falar com os convidados da casa.— Você com essa aparência de pureza não me engana garota. Pau que nasce torto, morre torto. Você merece o encarceramento pelo resto da vida.Com a explosão de suas palavras eu sinto o sangue se esvair de meu rosto. Quando me afasto para me refugiar no meu quarto, ele segura o meu braço. Eu levanto os meus olhos, me sentindo impotente e horrorizada com seu gesto.Ouço a voz grave de Said:—Solte ela Rashid! — Eu volto meus olhos para Said, seus olhos são duros como aço para o homem. Contudo, ele ainda assim me fita com ódio e se demora em me soltar. Eu logo que me vejo livre sigo para o meu quarto me sentindo arrasada, nem tanto pelas
Andamos em uma parte que eu não conhecia na casa. Um corredor amplo em forma de arco muito bem iluminado pelos jardins de inverno que ficam dos dois lados dele. Lindo! Alcançamos então o lado de fora da casa. Nossa! Penso quando me deparo com o jardim magnífico mesmo numa região tão desértica. Há vários tipos de árvores, arbustos e flores. Um carro preto com um motorista uniformizado nos espera em frente à entrada.Said abre a porta para que eu entre. Ele se senta ao meu lado. Ele está tão perto que eu posso sentir o calor do corpo dele. Isso me perturba, então deslizo minha bunda para perto da janela, o mais distante possível dele. O veículo cheira seu perfume almiscarado. O ar condicionado está ligado a todo vapor.— Ela está no Al-Osrah?Eu o encaro séria.—Sim. Said dá as instruç&otild
SAIDQuando Adara some no corredor fico pensativo. Nada nela se encaixa. Ela mais que nunca me confunde. Agora a pouco, fiquei impressionado com seu gesto, sua espontaneidade de ir lá e ajudar a garotinha. Preciso investigá-la, o almoço que eu propus tem a finalidade de estreitarmos nossa relação. Eu quero mais que nunca entender quem é essa mulher de verdade, mas parece inútil isso. Nada bate, é como se eu estivesse com uma mulher completamente diferente. Parece que por mais que eu converse com ela, eu não jamais a conhecerei completamente. A sensação que tenho é que ela mente o tempo todo.Vou até a recepção do hospital. —Por favor, você pode verificar para mim quem está no quarto 6 da UTI? O recepcionista abre um livro e depois de um tempo me diz:— Adara Houssen Mahir—Não foi isso que perguntei
Abro meus olhos lutando contra a vontade de continuar dormindo e os fecho novamente.Não dormi bem à noite, e agora isso se reflete na minha disposição. Volto a abrir os olhos decidida a encarar a minha realidade. Um longo dia me espera... e o carneiro.Sinto meu corpo arrepiar ao pensar nisso.O que mais me deixa confusa é a profundidade dos meus sentimentos com relação a Said em contraste a tudo que a Europa representa para mim. É a minha razão lutando contra meu coração.Na minha lógica, o meu lugar é na Inglaterra. Eu amo poder dirigir meu carro, trabalhar para o meu sustento, participar de eventos sociais, me vestir sem me preocupar com o que pensariam de mim. Fora a ausência do véu....Allah! Mas só de pensar assim, de pensar em ficar longe dele, meu coração se afunda no peito me dizendo que eu não sou mais a mesma pessoa.
Eu não estou bem. Irritado, nervoso. Dou ordem ao meu motorista de me deixar na entrada e então ele estacionaria o carro. Não estou com paciência de esperar ele encontrar uma vaga.Caminho com passos firmes até a recepção.— Quero visitar a paciente, Adara Houssen Mahir, ela está no quarto 6 da UTI.O atendente abre o caderno e verifica para mim.— Ela saiu hoje da UTI está no quarto 18. Ainda é o horário de visita. Tome esse crachá e siga por esse corredor, depois vire à direita. — Obrigado.Allah! Eu preciso me acalmar! Passo a mão nos olhos.Não posso ser vítima do meu nervosismo. Mas não tem jeito, sinto-me irritado por .... Não me contar a verdade. Por eu ter que descobrir por outra pessoa. E a minha maior irritação é por eu estar tão mexido com essa história.
SaidSamira balança a cabeça, desgostosa, dizendo:—Said, meu filho, você não pode ficar sozinho nesse estado!—Eu estou bem mamãe. Quero ir para a minha casa. Sou rodeado de empregados, não ficarei sozinho. Só preciso descansar. Você ouviu o que o médico disse.—Você é muito agitado Said. Te conheço, vai ficar andando pela casa, arrumando o que fazer.Eu passo os dedos pelos cabelos enquanto Raissa coloca meus sapatos. —Prometo que ficarei bem! —Digo irritado pelo esforço de falar.—Olha sua cara de dor!—Claro! A senhora não colabora.Minha meia-irmã que só escuta coloca outro sapato. Me levanto da cama quando ela finaliza.—Obrigada. —Digo para ela.Raissa sorri para mim.—Said é inteligente. Sabe que não pode ficar andando, que deve descan
Muhafa foi ao quarto de Said. Agora com o remédio, é certo ele dormir bastante, já que essa fórmula dá muito sono.Vou então, até o meu quarto. Em frente ao espelho do banheiro, desmancho meu coque e escovo meus cabelos, os deixando soltos. Não dormi essa noite, ansiosa com a volta de Said. Agora estou cansada, precisando tirar um cochilo.Quando saio do banheiro, levo um susto ao ver Said em pé. Os cabelos estão em desordem. A camiseta branca evidencia os músculos peitorais e dos braços. A calça azul marinho do pijama o deixava mais sexy. Os olhos negros penetrantes sombreados por cílios espessos e sobrancelhas grossas estão sobre mim, agressivos.— Você deveria estar deitado. — Eu digo nervosa.Observo ele andar com dificuldade quando se move em minha direção. Para à minha frente, tão próximo que eu consig
Eu observo ele sair do meu quarto, caminhando com dificuldade, se segurando nas paredes.Eu me sento na minha cama. Como um filme revivo tudo que passei, desde que cheguei à mansão. E chego a conclusão que só quem vivesse na pele o que eu vivi aqui, entenderia que eu não tive condições nenhuma de confessar nada.Ele foi um juiz implacável e eu uma ré sem defesa. Mas, mesmo assim, a dor que vi nos olhos de Said, surte efeito e me sinto culpada. Além de aumentar minhas dúvidas com relação aos sentimentos dele.Ele apenas me enxergava como uma empregada. Por que ele estaria então, tão magoado por eu não ter lhe confessado tudo?Ele está realmente gostando de mim?Ou seu ego está ferido?Talvez sim, pois afinal, ele fora enganado por uma mulher.Mas por que, quando ele descobriu tudo, não me acusou?Então ele